A Cabana do Penhasco



Um barulho como assovio ressoou no ar. Um estrondo fez estremecer o chão. E uma forte luz banhou a excêntricas árvores daquele lugar. Os bruxos foram transferidos para uma floresta lúgubre graças á chave de portal. A floresta possuía poucas árvores, porém dentre as poucas sobressaiam-se enormes salgueiros que mais pareciam prédios. Algumas árvores eram finas com os galhos longos e pontiagudos; em um jogo de sombras os galhos pareciam garras. Ao leste estendia-se um lago negro. Deste saia um vapor escuro e denso. A lua pouco se mostrava, parecia ter medo daquele local (estava certa, aquele local não era agradável nem mesmo para algo inofensivo, como a lua); as nuvens por solidariedade inibiam a sua beleza, brilho e esplendor daquele excêntrico lugar.


Ao oeste estendia-se um penhasco com uma velha cabana em sua ponta. Se naquele local um vento forte soprasse, de fato levaria a cabana. Tendo ela uma porta marcada (como se fosse corte de espada), janelas quebradas e um telhado com diversas partes descobertas pela péssima madeira, dava a impressão de que aquele lugar era uma base de defesa ou refúgio.
Não demorou muito para que o grupo de bruxos percebesse a velha casa, que chamava a atenção por possuir em seu telhado uma estátua de um alto e esbelto bruxo.


      ―― Aquela deve ser a sede da velha Armada – disse Bruna apontando para a velha casa.


      ―― De fato! – exclamou Niel se colocando de pé (até então todos se encontravam no chão, abarrotados de poeira e com as capas amassadas. A passagem de um lugar para outro através de uma chave de portal pode causar grandes quedas por aqueles que não souberem a utilizar.)


      ―― Vamos! Exclamou Alessandra empunhando sua varinha. – Mas vamos com cautela, não sabemos quem ou o que reside naquela cabana.


   ―― De fato! Pronunciou Niel.


   ―― De fato... de fato! – iniciou Thales debochando. Tudo é de fato? Sabe falar outra coisa não?


   ―― O que foi? - indagou Niel levantando a sobrancelha. Você está incomodado com o meu vocabulário apurado? Pois se for isso, eu posso descer para o seu nível.


   ―― Vocabulário apurado? - prosseguiu Thales deixando escapar um leve sorriso de escárnio. Olha aqui garoto...


   ―― CALADOS! - exclamou em alta voz Alessandra, com um olhar intimidador para os dois. Isto são horas? Se quiserem podemos fazer uma fogueira, sentar, jogar papo fora, e deixar o mundo bruxo a mercê dos inimigos.


   ―― Desculpa - disse Niel com ar de envergonhado.


   ―― Desculpa... desculpa! Balbuciou Thales cruzando os braços. Agora vai querer ser o certo da história?


   ―― Chega gente! – exclamou Dennys. Vamos nos concentrar em nossa missão. Pode ser?


   ―― Vocês ouviram isso? – perguntou Luana virando-se para a cabana. Acho que veio de lá!


   ―― Ai meu Deus! – disse Amanda esfregando as mãos suadas sobre a capa, manchada pelo velho musgo daquela floresta. Não devíamos ter vindo.


   ―― Que nada! – exclamou Alessandra. Nada como um pouco de aventura para relembrarmos dos velhos tempos.


   ―― Concordo Alessandra – disse Hemerson.


   ―― Pois bem. Saquem suas varinhas! – exclamou Alessandra tomando a frente. Vamos entrar na cabana.


   ―― Entrar? Na cabana? – indagou Amanda. Ah, mais eu não vou mesmo.


   ―― Por quê?


   ―― Vocês estão loucos? – respondeu ela com ar de espanto. Vocês pretendem ir para a cabana? De onde veio o barulho? Vocês não veem filme de terror não? Os bonzinhos sempre seguem o barulho, ou a coisa nos filmes e acabam se dando mal.


   ―― Que besteira! – disse Niel. Isto são coisas de trouxas.


   ―― Bem... Ou você vem conosco ou fica aí sozinha – propôs Alessandra.


Amanda ficou parada e pensativa por alguns segundos. Mordeu os lábios com tanta força que chegou a sangrar. Seus olhos se encheram de lágrimas e sua pernas tremiam como vara verde.


   ―― E então? Você vem ou não?


   ―― Tudo bem, mas com uma condição.


   ―― E qual seria?


   ―― Que não demoremos muito.


   ―― Tudo bem. Agora vamos, já perdemos tempo demais.


Alessandra tomou frente, e levantando a varinha exclamou: Protego!


   ―― Se eu não voltar viva dessa aventura eu juro que mato minha irmã – resmungou Amanda retirando sua varinha do bolso com rispidez.


Niel e Dennys riram e seguiram logo atrás com suas varinhas a punho. 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.