CHIMARRÃO E BICHO-PAPÃO
CAPÍTULO 7
CHIMARRÃO E BICHO-PAPÃO
O barco, impulsionado por magia e tripulado por Hagrid, Dumbledore e Janine, singrava as águas do Lago Negro em direção ao ancoradouro. A noite de luar permitia ver a paisagem, em tons de prateado. De repente, um movimento na água chamou a atenção de Janine.
_O que poderia ser? _ perguntou ela.
_Bem, pode ser a lula gigante ou um sereiano, vindo matar a curiosidade. Não é comum que os barcos dos alunos naveguem fora da data de início do ano letivo. _ explicou Dumbledore para a garota _ Existem muitas criaturas vivendo no lago e Hagrid conhece quase todas ou todas elas.
_Mas são inofensivos. _ disse Hagrid _ Vivemos todos pacificamente, inclusive a lula gigante cuida para que nenhum nadador se afogue, durante o verão. No inverno, a superfície do lago congela e permite a prática de esportes de inverno e passeios de Troyka. Aliás, são as Troykas que transportam até Hogsmeade os alunos que vão passar o Natal com suas famílias.
_A paisagem deve ser linda. _ disse Janine.
_À noite não dá para ter a idéia de como é. _ disse Dumbledore _ Mas durante o dia você verá. Estamos no outono, portanto as árvores ficam ainda mais bonitas com as diferentes tonalidades das folhas.
_Mal posso esperar. Prof. Dumbledore, como é feita a seleção dos alunos para as Casas?
_Tradicionalmente, o aluno só fica sabendo na hora, Janine. Serve para manter uma mística de surpresa. Inclusive, um contrato mágico impede de dizer como ela é feita.
_Tradições, segredos e formalidades iniciáticas. Estou gostando cada vez mais daqui. Vamos ver para qual das Casas serei selecionada.
_Uma coisa é certa, a seleção sempre levará em conta seu perfil e sua índole mas, principalmente, seu coração. E o resultado acaba sempre sendo o mais adequado, ainda que possa não parecer, no começo. _ disse Dumbledore _ Veja, estamos chegando.
Com efeito, o barco adentrou um túnel e parou ao lado de um ancoradouro. Hagrid ajudou Janine a desembarcar e Dumbledore a conduziu até o saguão.
_Aguarde aqui, Janine. _ disse o Diretor _ Daqui a pouco você será chamada para a Cerimônia de Seleção. Deverá entrar com o capuz de sua capa cobrindo-lhe a cabeça e caminhar até o local que a Profª McGonnagall, nossa Vice-Diretora, lhe designar. Boa sorte.
Dumbledore e Hagrid entraram e Janine ficou esperando ser chamada. A garota imaginava como seria o critério de seleção daquela escola, que seguia os moldes tradicionais das escolas britânicas. Bem, não iria demorar muito para descobrir.
_O jantar está atrasando. _ comentou Rony.
_Calma. _ disse Gina, de mãos dadas com Harry _ Daqui a pouco o ruivinho guloso poderá forrar a barriguinha.
Todos riram com o comentário de Gina sobre o apetite do irmão.
_Na verdade, a função de estudar foi tanta, que hoje nenhum de nós almoçou direito, gente. _ disse Soraya _ E vocês notaram que o Prof. Dumbledore já está fora há vários dias?
_Ele comentou comigo que teria de viajar ao Brasil, parece que a pedido do Ministro Mafra, mas não me disse nada do que se tratava. _ disse Harry.
_Mas já chegou. _ disse Hermione _ Vejam, ele está entrando.
_E Hagrid está vindo junto. _ disse Gina.
_Geralmente Hagrid já está aqui a esta hora. Ele só chega assim no início do ano letivo, quando vêm os alunos novos. _ comentou Neville.
_Mas o ano letivo já começou. Só se houver alguma transf... _ disse Harry, sua frase ficando pela metade quando Dumbledore pediu a atenção de todos.
_Boa noite. Peço desculpas pelo atraso do jantar e pela minha ausência durante todos esses dias. Acontece que eu estava atendendo a um pedido pessoal do meu velho amigo Leonardo Mafra, Ministro da Magia do Brasil. A partir de hoje, Hogwarts estará recebendo uma nova aluna, transferida da Escola de Magia Sepé Tiaraju.
_Essa escola fica na região das Missões, no Rio Grande do Sul. Lembro-me de já ter lido sobre ela, uma vez. _ disse Hermione, em voz baixa _ Lá eles são bastante versados na magia dos antigos pajés Charruas e Minuanos.
_Como eu estava dizendo, vamos recebê-la com a alegria e hospitalidade que são características de nossa escola para que, em pouco tempo, ela possa sentir-se em casa.
_Vamos portanto receber para a Seleção nossa nova aluna, Janine Vargas Sandoval. Queira, por gentileza, adentrar o salão. _ disse Minerva McGonnagall, sobraçando o Chapéu Seletor e colocando o banquinho no lugar, enquanto Janine entrava e dirigia-se ao local destinado, com o capuz da capa de suas vestes cobrindo-lhe a cabeça.
A um sinal de Minerva, Janine sentou-se no banquinho e descobriu a cabeça, permitindo que todos a vissem. Um murmúrio percorreu as mesas, logo cessando com um olhar da professora. Porém permaneceram muitos olhares masculinos fixos naquela figura esbelta, de cabelos castanhos e olhos azuis, principalmente o de um certo loiro na mesa da Sonserina, que agradeceu por Pansy Parkinson não ter percebido. Hermione também achou que aquele rosto não lhe era estranho. Foi quando Minerva McGonnagall continuou.
_Para o terceiro ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, transferida da Escola de Magia Sepé Tiaraju, Janine Vargas Sandoval. Que seja feita sua Seleção e que ela seja bastante feliz na Casa para a qual for designada. _ disse a professora, colocando o Chapéu Seletor sobre a cabeça da garota. Então o chapéu fez suas considerações.
_Humm... você parece possuir um perfil semelhante ao de um rapaz que eu selecionei há dois anos _ e Harry ficou alerta ao ouvir aquilo _ Determinação, obstinação, astúcia, inteligência e capacidades mentais privilegiadas. Um coração meigo, bondoso e romântico. Não teme o perigo, pratica esportes radicais, perita em artes marciais, supera limites. Uma rara combinação, com um perfil que se enquadraria perfeitamente na Sonserina, na Corvinal ou mesmo na Lufa-Lufa. Mas considero que a sua parte dominante a torna mais indicada para fazer parte da... GRIFINÓRIA!
Entre os aplausos dos professores e alunos, principalmente dos Leões, Janine foi conduzida à mesa da Grifinória, onde franquearam um lugar para ela, à direita de Soraya e em frente a Harry e Gina.
_Seja bem-vinda à nossa querida e antiga Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. _ disse Hermione, que estava à esquerda de Janine _ Espero que logo se acostume e seja feliz. Meu nome é Hermione Granger.
_Neville Longbottom.
_Gina Weasley.
_Rony Weasley.
_Harry Potter.
_Algie Potter.
_Soraya Black.
_Fred Weasley.
_George Weasley.
_Percy Weasley, Monitor-Chefe.
_Seamus Finnigan.
_Dean Thomas.
_Parvati Patil.
_Lilá Brown.
_Angelina Johnson.
_Katie Bell.
_Alícia Spinett.
_Obrigada. Estou certa de que logo estarei integrada à Casa. _ disse Janine, depois das apresentações.
_Seu Inglês é muito bom, quase sem sotaque. _ comentou Soraya. Já ouvi pessoas falarem com essa entonação diferente. Onde aprendeu?
_Sou nascida trouxa. Minha mãe era professora de idiomas e, depois da morte do meu pai, em um acidente de paraquedismo, creio que voltará a lecionar. Aprendi com ela e em cursos, principalmente o CCAA, onde concluí os níveis avançados. Além disso, vivemos durante algum tempo nos EUA e na Austrália, devido às missões do meu pai. _ disse Janine, somente omitindo os dois anos que vivera na Inglaterra, pois deveria haver um lapso de tempo que justificasse sua permanência em outra escola de magia _ E talvez a entonação se deva ao sotaque gaúcho, que nunca perdi, mesmo tendo vivido em vários outros lugares.
_O Chapéu Seletor mencionou artes marciais. _ disse Harry _ Nós também praticamos, mesmo que nosso instrutor esteja fora, em uma missão para os Aurores. Qual é a que você pratica?
_Karate estilo Shorin-Ryu, um pouco de Tae-Kwon Do, Hoda-Korosu, Kung-Fu estilos Bajiquan, Baguazhang e Ying-Jow-Pai, alguma coisa de Tai Chi Chuan, Krav-Magá, Kali Silat e Escrimo filipinos, mas principalmente o Ninjutsu de Togakure. _ disse Janine, enquanto os Inseparáveis ficavam de queixo caído.
Enquanto isso, Hermione continuava tentando se lembrar de onde já havia visto aquele rosto. A um gesto de Dumbledore, a comida apareceu nas travessas. Todos se deliciaram com os pratos, resultado do talento dos elfos domésticos.
_Hmm, dizem que a culinária britânica não é boa, mas eu não concordo com isso, de maneira alguma. _ disse Janine _ Já estava com saudades.
Hermione não deixou de prestar atenção naquele detalhe.
Ao término do jantar, recolheram-se às Casas, seguindo os Monitores. Como o dia seguinte seria um sábado, poderiam dormir um pouco mais tarde. Então, os Inseparáveis e Janine ficaram em frente à lareira, para se conhecerem melhor.
_Então você veio da Sepé Tiaraju. _ comentou Hermione _ Eu soube que lá a magia xamânica é bastante estudada.
_Sim, é verdade. Dizem as lendas que o próprio Sepé era muito versado nessas artes, mas acabou não resistindo às armas de fogo. _ disse Janine, lembrando-se do que estudara sobre a Escola de Magia Sepé Tiaraju, instruída por Dumbledore, a fim de poder compor seu “passado” e não despertar suspeitas _ Correndo o risco de parecer meio bairrista, amo meu estado. O local é lindo, a região das Missões guarda muita história.
_E você já praticou todas essas artes marciais? _ admirou-se Neville, ao se lembrar do que Janine dissera.
_Sim, Neville. Minha origem é trouxa, como eu já disse, meu pai era militar, Coronel de Cavalaria, praticava artes marciais e esportes radicais desde garoto e acabou me passando o gosto pela coisa. Por isso que, além das artes marciais, costumo correr, nadar, mergulhar, fazer montanhismo e também saltar de paraquedas. _ disse ela, enquanto pegava algumas coisas em uma bolsa de couro, diante dos olhares curiosos de todos.
_Até paraquedismo? _ admirou-se Harry _ Sempre tive curiosidade, mas nunca tive oportunidade de tentar. Deve ser algo emocionante.
_Muito, Harry. Quem sabe um dia vocês não experimentam? Parece que há boas escolas em Londres, inclusive dirigidas por ex-membros do SAS. _ respondeu Janine.
A garota tirou da bolsa uma chaleira, que pendurou no suporte existente na lareira, uma outra bolsa de couro rígido, de onde pegou uma garrafa térmica, uma vasilha meio diferente revestida de couro, nas cores vermelho e branco, com um símbolo no qual entrelaçavam-se as letras “S”, “C” e “I”, uma haste oca de metal, com uma das extremidades cheia de furinhos e um pacote fechado por uma presilha, que ela retirou, abrindo-o e enchendo a vasilha até uma certa altura com um pó verde. Satisfeita com o resultado, abriu a tampa da chaleira.
_ “Aguamenti”. _ disse ela, fazendo com que um jorro de água enchesse a chaleira até onde ela achou adequado. Em seguida, moveu o suporte, para que a chaleira recebesse o calor das chamas da lareira, aquecendo a água _ Eu poderia conjurar diretamente a água quente, mas do modo tradicional fica melhor, para dar o ponto da água. Ela não pode ferver para não deixar o sabor excessivamente amargo.
_O que você está fazendo, Janine? _ perguntou Rony e Hermione respondeu.
_Ela está preparando um chimarrão, Rony. É uma infusão de erva-mate, uma bebida típica da terra dela. Já experimentei uma vez, é um pouco amargo mas gostoso e dizem que faz muito bem à saúde. _ disse Hermione, prestando atenção na varinha de Janine _ Além disso em outras partes do Brasil, que fazem fronteira com o Paraguai e a Bolívia, há o costume do “Tererê”, que é feito com a erva-mate moída um pouco mais grossa, às vezes adicionada de hortelã, cevado com água gelada em vez de quente e tomado em uma “guampa”, um copo feito com chifre de boi. Já o chimarrão é tomado em cuias feitas com a casca de uma fruta chamada “porongo” ou “cabaça”, comum no Brasil, principalmente no Sul e também existente aqui na Europa, onde é conhecida como “abóbora-de-peregrino”, já que era utilizada como cantil por viajantes, antigamente.
_Eu não teria explicado melhor, Hermione. _ disse Janine, com um sorriso, verificando que a temperatura da água estava adequada. Moveu o suporte e passou a água para a garrafa térmica. Com um disco de fibra de vidro que tinha o mesmo símbolo da vasilha, tampou-a e inclinou-a um pouco. Em seguida, colocou a vasilha na vertical, despejou um pouco de água quente e introduziu a haste de metal. Sugou o líquido, verteu mais água até o nível da boca da vasilha e tomou, novamente _ Hmm, acho que ficou bom. Alguém me acompanha? Cuidado, pois está bem quente.
_Eu. _ disse Hermione, pegando a cuia que Janine lhe oferecia e tomando, devagar, para não queimar os lábios, até que a cuia roncasse _ Faz muito tempo que tomei, a gente quase não vê chimarrão na Europa, só com alguns brasileiros em viagem, mas me lembro que o costume é tomar até que a cuia faça barulho. Que bom! A erva é do Rio Grande do Sul?
_Sim, Hermione. Minha mãe já se comprometeu a me mandar um estoque, periodicamente. As corujas terão de fazer força, pois os pacotes são de 1 Kg.
Todos riram e continuaram a perguntar coisas sobre o Brasil.
_Sinto muito por termos nos apresentado muito rapidamente, durante o jantar. Mas agora teremos mais tempo. _ disse Harry.
_Eu já os conhecia de nome, o Prof. Dumbledore falou bastante de todos, principalmente de Harry.
_Espero que tenha falado bem. _ disse Harry.
_Muito bem, Harry. E também conheci seus pais, lá no Ministério, quando fizeram o “Traço” (E Hermione ficou conjecturando sobre por que uma aluna transferida teria sido levada ao Ministério para o “Traço” aos treze anos de idade, por que a garota possuía aquela varinha tão diferente e onde já havia visto aquele rosto). Minha mãe gostou bastante de conhecer Lílian e também conhecemos Arthur Weasley, o pai de Gina e Rony. Foi ele quem tecnomagizou meu celular.
_Ainda bem. _ comentou Algie, que também resolvera experimentar o chimarrão, tomando e fazendo a cuia roncar _ Caso contrário ele poderia derreter no seu bolso, aqui em Hogwarts. Gostei do sabor.
_A concentração de energia mágica é muito grande aqui. Aparelhos eletrônicos não tecnomagizados ou não funcionam ou então podem até mesmo explodir. _ disse Neville, também experimentando o chimarrão _ Muito bom, Janine. Acho que vou ficar freguês. É verdade que faz bem à saúde?
_Sim, Neville. Contém antioxidantes e ajuda a manter o peso.
_Você mencionou o Ninjutsu de Togakure. _ disse Hermione, de mãos dadas com Rony, que também resolvera experimentar o chimarrão _ Nosso professor titular de Defesa Contra as Artes das Trevas é o sucessor da linhagem bruxa.
_Derek Mason? _ perguntou Janine.
_Já ouviu falar dele? _ perguntou Soraya.
_Sim, seu nome é conhecido até lá no Sul do Brasil. E coincidentemente o meu mestre de Ninjutsu foi Masaaki Hatsumi, o sucessor da linhagem trouxa.
_Com tanta experiência em artes marciais, acredito que você já deva ter ouvido falar do Budokai. _ disse Hermione, casualmente.
_Já, inclusive participei de três edições do torneio... _ disse Janine, somente muito tarde percebendo seu ato falho e interrompendo a frase.
_Então, que tal abrir o jogo e dizer a verdade sobre sua vinda para Hogwarts? Não se preocupe, pode confiar em nós. _ disse Hermione.
_O que está dizendo, Mione? _ perguntou Gina.
_Janine é muito mais do que aparenta ser. E ela não estudou na Sepé Tiaraju, apesar de conhecer muita coisa de lá. _ disse Hermione _ Na verdade, ela era aluna do Colégio Militar do Rio de Janeiro e antes disso já viveu na Inglaterra.
Todos, inclusive Janine, ficaram pasmos com a revelação precisa da garota.
_OK, Hermione. O Prof. Dumbledore já me alertou sobre sua inteligência e raciocínio dedutivo. Você está completamente certa. _ confessou Janine, olhando para Hermione e cevando mais um chimarrão _ Mas como chegou a essa conclusão?
_Você me forneceu todas as pistas, Janine. _ disse Hermione _ Para que o Prof. Dumbledore fosse ao Brasil, a pedido do Ministro Leonardo Mafra, não poderia ser para tratar da transferência de uma aluna comum. Assim que você tirou o capuz, fiquei tentando me lembrar de onde já havia visto o seu rosto. Você disse ter saudades da culinária britânica, sugerindo que já devia ter vivido na Inglaterra. Seu poder é grande mas você ainda não o controla muito bem, tem alguma hesitação, que não seria esperada em uma aluna do terceiro ano. Sua varinha não é comum e é extremamente nova. Mas eu terminei de ligar os fatos quando você mencionou a morte de seu pai em um acidente de paraquedismo e que já havia participado do Budokai, um torneio seletíssimo, do qual somente se participa a convite. Você não só participou, como sagrou-se tricampeã, vencendo consecutivamente categoria Sub-18 das três últimas edições, realizadas na Austrália, Inglaterra e Brasil. Quando estávamos no primeiro ano, passei os olhos em uma revista do Prof. Mason, que trazia uma matéria sobre o Budokai de Londres, com uma foto da campeã da categoria dos menores de dezoito anos e era a sua foto. O cabelo estava um pouco diferente e ainda não era mechado, mas o rosto não mudou nada. Eu sempre recebo o London Times e, de vez em quando, leio o Pasquim, cujo dono é Nigel Xenophillus Lovegood, pai da namorada de Neville e colega de Algie e Gina no segundo ano, Luna. Vou pegar as edições que interessam, esperem um pouquinho.
Hermione Granger foi ao dormitório e retornou dali a pouco, trazendo um exemplar do Times e um do Pasquim. A notícia do jornal trouxa dizia: “Ex-Adido Militar da Embaixada do Brasil e futuro comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista morre após sofrer um acidente de paraquedismo” e trazia uma foto do Coronel Adriano Sandoval, tirada alguns dias antes do acidente, em uma formatura geral do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Ali estavam o Coronel, Marilise e Janine, esta em uniforme de gala. Nas três fotos do Pasquim, que eram fotos-bruxas, Janine aparecia na primeira delas no palanque com sua mãe, facilmente reconhecível. As outras duas fotos captavam o momento em que Janine saltava do palanque e desaparecia e o momento em que reaparecia no local em que seu pai havia caído. A legenda das fotos era: “Bruxa desconhecida? Imagens obtidas pelo celular de um bruxo presente em uma solenidade militar no Rio de Janeiro”. E a matéria falava sobre uma aluna do Colégio Militar do Rio de Janeiro que, ao ver o pai morrer quando seu paraquedas não abriu, saltou do palanque e desaparatou, aparatando onde ele havia caído, salientando que não havia registro algum sobre ela no Ministério da Magia do Brasil e que, aos treze anos, ela não deveria saber aparatar.
_Como o Pasquim é uma revista que a maioria da Bruxidade considera muito sensacionalista, não deram muita importância à matéria. Mas Luna me deu um exemplar de cortesia e as fotos me chamaram a atenção por eu já tê-la visto no Times e também pelo uniforme de gala dos Colégios Militares do Brasil, que é bastante bonito. _ disse Hermione _ Meus amigos, aqui à nossa frente está a tricampeã da categoria Sub-18 do Tenkai Chi Budokai, a incrível “Janine Saiyajin”, fenômeno infanto-juvenil das artes marciais.
_Esse apelido me dá um pouco de tristeza, pois me lembra da morte do meu pai, ocorrida poucos dias depois. Inclusive, coloquei meu título à disposição da Comissão Organizadora do Budokai e abandonei o circuito de lutas. _ disse Janine _ OK, Hermione, você me pegou. O motivo do Prof. Dumbledore ter ido ao Brasil foi para me trazer a Hogwarts em segurança. E ele também me disse uma coisa muito importante.
_O que foi? _ perguntou Gina.
_Que eu poderia confiar totalmente em vocês e, quando fosse seguro, dizer toda a verdade.
_E qual seria ela? _ perguntou Harry.
_Que até há alguns dias eu sequer cogitava a existência de magia, magos, feiticeiros e bruxos nos dias atuais. _ respondeu Janine _ A solenidade do dia da Independência do Brasil neste ano marcou o primeiro contato com magia da minha vida.
_Então a sua desaparatação... _ e Neville deixou a frase pela metade.
_... Foi a minha primeiríssima manifestação de magia. _ respondeu Janine.
_Emissão Mágica Involuntária. _ disse Hermione _ Isso significa que você é a primeira pessoa em toda a história a manifestar magia após a puberdade.
_Incrível. _ disse Algie, tomando mais um chimarrão _ Estamos frente a frente com “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”. Não há outra definição para o que aconteceu com você, Janine. Mas como isso pode ter ocorrido?
_O Prof. Dumbledore tem uma teoria de que todas as pessoas possuem potencial para a magia. _ disse Janine _ Além disso ele também acredita que paranormalidade e mediunidade podem predispor a pessoa a manifestá-la, embora não se saiba quando. No meu caso, foi aos treze, há alguns dias.
_Paranormalidade? Mediunidade? _ perguntou Rony.
_Sim, Rony. Embora não haja nenhum registro de bruxos em minha família, coisas diferentes aconteciam comigo desde criança. Eu via coisas que ninguém mais via, tipo criaturas estranhas nos jardins e parques, animais diferentes, mas havia algo que me assustava, um ser alto e encapuzado, todo negro, que parecia sugar a felicidade à sua volta e que só desaparecia quando eu comia um pouco de chocolate. Inclusive havia um no quarto do hospital, onde fiquei em choque durante dois dias, catatônica, sem dormir ou comer. Um pedaço de chocolate, de uma barra que um Tenente abriu foi o que o espantou, depois que venci a catatonia e o comi.
_Espere aí, Janine. Quer dizer que você já chegou a encarar um Dementador? É uma das piores criaturas do mundo mágico. _ espantou-se Algie _ Mesmo que os trouxas não possam vê-los, sentem sua presença, manifestando quadros de depressão.
_E um dia eu conversei sobre tais fatos com o orientador do centro que eu frequentava e ele me disse que poderiam ser episódios de paranormalidade, pois eu tinha uma percepção diferente das coisas. E também de mediunidade, porque eu podia contactar pessoas que já haviam desencarnado.
_Centro? O que é isso? _ perguntou Neville.
_Um centro espírita, Neville. Eu sigo o Espiritualismo, embora respeite todas as religiões. Deus é um só, os homens que dão a Ele vários nomes.
_Concordo plenamente. _ disse Harry, tomando o chimarrão, fazendo a cuia roncar e devolvendo-a para Janine _ Hogwarts reúne alunos de todas as religiões, sem distinção. Há anglicanos, católicos romanos, espiritualistas, ortodoxos, protestantes, islâmicos como Soraya (“Embora eu não seja nem um pouco radical”, disse a bruxinha) e também praticantes do Judaísmo, como Anthony Goldstein, da Corvinal e mesmo hinduístas, como Parvati Patil e sua irmã gêmea, Padma. Todos convivendo em harmonia.
_Além disso essa percepção me ajudou bastante nas competições de artes marciais, pois me permitia praticamente antecipar os movimentos dos adversários. De acordo com o Prof. Dumbledore, se eu não tivesse essas habilidades a magia poderia permanecer latente em mim por toda a minha vida. O que desencadeou a Emissão Mágica Involuntária foi o choque de ver meu pai sofrer o acidente e morrer daquela maneira, associado a elas.
_Certamente ele também deve tê-la trazido para cá por segurança, antes que bruxos das Trevas tomassem conhecimento do seu caso. _ disse Soraya _ Uma ocorrência tão incomum quanto a sua seria algo que eles iriam querer explorar como arma.
_Ou então iam querer dar um sumiço em você, para que ninguém mais soubesse que aconteceu algo que foge ao que sempre se soube, algo que possa vir a perturbar o Status quo, abalar as crenças da Bruxidade. _ disse Rony _ Quando um bruxo não manifesta magia durante a infância, surge uma condição rara conhecida como “Aborto” ou “Squib”. É o inverso de um bruxo nascido trouxa, em uma família sem linhagem bruxa conhecida.
_Há registro de um na família Black, chamado Marius. _ disse Soraya.
_Você terá um trabalho difícil pela frente, Janine. _ comentou Algie _ Fazer três anos em um. Mas algo no seu Ki me diz que você conseguirá.
_Vocês conseguem sentir o Ki? O Sr. Hatsumi me ensinou, anos atrás.
_Conseguimos, aprendemos com o Prof. Mason. _ disse Gina _ Que símbolo é esse na cuia? Algum brasão de família? Pois o “S” poderia ser de “Sandoval”.
_Não, Gina. _ disse Janine, com um sorriso _ É o escudo do meu time de Futebol, o Sport Club Internacional de Porto Alegre. Sua cor principal é o vermelho e por isso ele tem o apelido de “Colorado”.
_Dean Thomas também aprecia bastante o Futebol. _ disse Harry _ Ele torce para o West Ham. Eu jogava como Atacante no time da escola trouxa que eu freqüentava antes de vir para Hogwarts e cheguei a receber uma proposta para as categorias de base do Chelsea.
_E agora joga Quadribol, como Apanhador. _ disse Janine _ Mal posso esperar para assistir a uma partida, o Prof. Dumbledore me falou bastante sobre o esporte.
_Há outros times grandes em Porto Alegre? _ perguntou Neville.
_Só um outro, que se acha o maior de todos porque venceu uma Intercontinental que eles insistem em chamar de Mundial e que já conheceu o inferno astral da Segunda Divisão. É o “Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense”, apelidado de “Tricolor” por ter as cores azul, preto e branco no uniforme mas, para nós Colorados, suas listras lhes valeram o apelido de “Bananas de Pijamas”. _ explicou ela, enquanto eles riam.
_E como é que você vai freqüentar os três anos em um, Janine? _ perguntou Gina.
_O Prof. Dumbledore tomou providências para isso, Gina. Só posso dizer que tudo dará certo no final.
Permaneceram um pouco mais, até que Percy os chamou para subirem. Janine despejou a erva usada em uma lixeira e usou um Feitiço de Desaparição, fazendo com que sumisse. Em seguida, recolheram-se.
Na segunda-feira seguinte, os alunos do terceiro ano estavam todos na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, agrupados em frente a um guarda-roupas que sacudia, de vez em quando. Remus Lupin adiantou-se e perguntou à classe:
_Alguém faz idéia do que há no guarda-roupas?
_Provavelmente um bicho-papão. _ responderam ao mesmo tempo Hermione e Janine (“De onde foi que elas vieram?”, pensou Harry, pois não haviam sido vistas entrando na sala com o restante da turma) _ Eles gostam de lugares escuros.
_Muito bem, Srta. Granger e Srta. Sandoval. Aliás, seja bem-vinda a Hogwarts. Espero que seja feliz aqui. _ disse o professor, com aparência cansada _ Cinco pontos para a Grifinória. E qual é sua aparência?
_Não há registro. _ respondeu Draco _ Por ele ser um metamorfo e mudar muito rapidamente, ninguém sabe como eles são, já que ele sente se alguém está perto e logo se transforma em algo diferente.
_Ótimo, Sr. Malfoy. _ disse Remus _ Cinco pontos para a Sonserina. Sabemos que um bicho-papão percebe o que mais causa medo em uma pessoa e logo assume sua forma. Alguém sabe o que neutraliza o bicho-papão?
_Se não me engano, o riso e a alegria são capazes de destruí-lo. _ disse Soraya, puxando pela memória _ Mas é muito difícil rir de algo que se transforma no que mais lhe assusta.
_Exato. Cinco pontos para a Grifinória. _ disse Lupin _ É preciso, portanto, bastante concentração e agilidade mental para executar o feitiço que o derrotará. E esse feitiço chama-se “Riddikulus”. Funciona da seguinte forma: quando o bicho-papão perceber sua presença, logo irá se transformar naquilo de que você mais tiver medo. Para executar o feitiço, deve-se pensar em como transformar a coisa que mais lhe amedronta em algo engraçado ou bonito, que lhe deixe alegre. Eis a razão da agilidade mental e da concentração. Por exemplo, Sr. Longbottom, venha cá.
_Sim professor. _ disse Neville, avançando.
_Diga-me, o que é que mais lhe assusta? _ perguntou Lupin.
_O Prof. Snape. _ respondeu Neville _ Não é propriamente medo, mas sim ansiedade. Mesmo que eu não seja tão ruim em Poções, me preocupo com o fato de que ele sempre estará procurando uma falha, por menor que seja.
_É, Severo é assim mesmo. E você mora com sua avó, Augusta, estou certo?
_Sim, ela me criou desde que os Death Eaters torturaram meus pais. Mas também não seria engraçado o bicho-papão se transformar na minha avó.
_Não, não foi o que eu quis dizer. _ disse Remus _ Para ficar engraçado, faça o seguinte...
E Remus Lupin sussurrou algo ao ouvido de Neville, fazendo com que o garoto desse uma pequena risada. Naquele momento, Snape entrou na sala.
_Remus, acabei de preparar sua poção. Ora, ora, Sr. Longbottom. Espero que seu desempenho aqui seja melhor do que em minhas aulas. Embora o senhor não seja ruim, ainda precisa melhorar muito.
_Não se preocupe, Severo. _ disse Lupin, olhando para Neville e vendo a expressão do rosto do garoto, após o comentário de Snape _ Garanto que ele irá se dar muito bem.
_Tomara que sim, Remus. _ disse Snape, dando meia-volta e saindo da sala.
_Já estou acostumado com o jeito do seu pai, Nereida, afinal estudamos juntos e aprendemos a nos conhecer. Bem, quais são as nossas vantagens no momento?
_Podemos tentar bloquear a mente, para que ele demore a perceber nossos medos ou não os perceba. Isso nos dá tempo para executar o Riddikulus. _ disse Nereida.
_Bom, cinco pontos para a Sonserina. Há ainda uma outra vantagem. Quem pode me dizer qual é ela? _ perguntou Lupin e Janine levantou o braço _ Srta. Sandoval, nossa nova aluna. Pode falar.
_Bem, Prof. Lupin, se ele precisa sondar nossas mentes para detectar nossos maiores medos, o fato de sermos muitos irá deixá-lo confuso. Ele não saberá em que se transformar primeiro.
_Ótimo. Cinco pontos para a Grifinória. Vamos nos preparar, então. Pensem no que mais lhes amedronta e em um meio de deixar a coisa com uma aparência engraçada ou bonita, que os deixe alegres. Vocês têm quinze minutos.
Passados os quinze minutos, Lupin reagrupou os alunos e deram início à prática. Neville foi o primeiro da fila e, quando o guarda-roupas foi aberto, todos viram o Prof. Snape saindo, com uma expressão ameaçadora no olhar e a varinha em punho. Vencendo seu medo inicial, ele executou o feitiço.
_ “RIDDIKULUS”! _ imediatamente, as vestes negras do Papão/Snape foram substituídas por um vestido verde, uma bolsa de couro vermelha, uma estola de raposa e um chapéu com uma cabeça de urubu empalhada. Neville imaginara o bicho-papão com a aparência de Severo Snape vestindo as roupas de Augusta Longbottom, avó do bruxinho. Todos riram, até mesmo Nereida.
Muito bom, Sr. Longbottom. Sr. Weasley, é a sua vez.
Rony avançou e o bicho-papão assumiu a forma de uma avantajada Acromântula. Mesmo que ele tivesse ódio e não mais pavor de aranhas, elas ainda o assustavam um pouco.
_ “RIDDIKULUS”! _ com o feitiço de Rony, cada uma das patas da enorme aranha passou a calçar um patim, fazendo com que ela começasse a circular descontroladamente pela sala, totalmente desequilibrada. As risadas da turma continuaram.
_ “RIDDIKULUS”! _ bradou Seamus Finnigan, quando a aranha se transformou em uma Banshee, que começou a gritar e logo emudeceu, com uma banana entalada em sua garganta.
Um a um os alunos iam transformando seus maiores medos em coisas bonitas ou engraçadas e rindo, enfraquecendo o bicho-papão até que chegou a vez de Janine. Ao ver a criatura transformar-se na figura de seu pai caído no meio da sala, com o corpo deformado após o acidente de paraquedas, ela lançou o feitiço.
_ “RIDDIKULUS”! _ a figura deformada do Coronel Adriano Sandoval transformou-se em um anjo, que foi subindo cada vez mais, enquanto os colegas não só riam, mas também batiam palmas.
_Sua vez, Harry. _ disse Lupin.
Harry Potter avançou e o anjo transformou-se em... um Dementador. Todos os alunos se arrepiaram vendo aquela figura asquerosa e apavorante. Mas, antes que Harry pudesse fazer qualquer coisa, Lupin saltou na sua frente e o bicho-papão mudou de forma, transformando-se em um brilhante globo prateado que o professor transformou em um balão, o qual foi se esvaziando e voando pela sala, até que Neville novamente utilizou o feitiço e a criatura reassumiu a forma de Snape com as roupas de Augusta. As risadas resultantes foram o suficiente para que ele se desfizesse em fiapos de fumaça.
_Parabéns, turma. _ disse Lupin _ Vocês são muito bons. Cinco pontos para todos os que o enfrentaram e dez para Neville Longbottom, que o fez por duas vezes. A aula está encerrada e estão liberados. Harry Potter, permaneça na sala. Quero falar com você.
Os alunos saíram e Harry ficou.
_Acho que você quer saber porque eu enfrentei o bicho-papão em forma de Dementador no seu lugar.
_É, eu gostaria, Remus. _ quando estavam a sós, Harry o tratava com menos formalidade.
_Bem, primeiro eu pensei que a criatura assumiria a forma de Lord Voldemort e não seria nada bom termos o velho “Cara-de-Cobra” surgindo no meio dos alunos. Mas então vi que ele se transformou em um Dementador e todos na sala começaram a ficar assustados. Não é demérito nenhum, Harry, quase todos na Bruxidade os temem e poucos sabem como lidar com eles.
_Eu sei, Remus. Na verdade não temo os Dementadores em si, mas o que eles provocam, a evocação de nossas piores lembranças. O atentado à minha família, do qual tivemos a sorte de escapar, não sei como. Mas o que mais tenho medo é de, caso chegue a hora de uma necessidade, eu congele, não consiga agir.
_Muito sensato de sua parte, Harry, temer o medo. Conhecer nossos medos é o primeiro passo para enfrentá-los e vencê-los. _ disse Lupin.
_Papai me disse que você poderia me ensinar o Feitiço do Patrono e que você é um dos melhores em sua execução.
_Tiago sempre encheu muito a minha bola. Posso sim, mas não por enquanto. Não tenho me sentido muito bem, por isso tomo a poção que Severo prepara e que é a única coisa que me faz sentir melhor. Mas eu o ensinarei, assim que possível. Pode ir.
_Muito obrigado. _ disse Harry, saindo da sala.
No pórtico, Janine e os Inseparáveis do terceiro ano esperavam por Harry, curiosos para saberem o que Remus Lupin havia conversado com ele.
_Calma, gente. _ disse Harry _ Não foi nada de mais, ele só me explicou porque tomou a frente contra o bicho-papão. Se bem que eu já havia pensado no que fazer. Eu iria transformá-lo em uma pipa e fazer o vento levá-la para longe. Mas agora já foi, precisamos nos concentrar nas matérias e eu no Quadribol.
_Ah, sim. _ comentou Janine, que chegara ali naquele momento, com Luna, Gina e Algie (“De onde foi que ela veio?”, pensou Harry) _ Estou curiosa para vê-lo jogar. O Prof. Dumbledore falou bastante de suas habilidades.
_Mas o jogo não será contra a Sonserina. _ disse Nereida _ O Apanhador está ferido e houve um consenso em mudarem a grade.
_Mudando de assunto e já que você mencionou a Sonserina, notei que havia um rapaz em sua mesa ontem que não tirava os olhos da nossa. _ disse Janine.
_Quem? _ perguntou Nereida.
_Um loiro bonito, com o braço direito em uma tipoia.
_Ah, sim. _ disse Soraya _ Coincidentemente era o Apanhador da Sonserina, Draco Malfoy. Um primo em terceiro grau.
_Malfoy?
_Sim. Já ouviu falar?
_Quando vivi na Inglaterra, ouvi falar de um bilionário excêntrico, um magnata do comércio internacional que não gostava de aparecer em público. Seu nome era Lucius Malfoy.
_Ah, sim. Seu nome é conhecido mesmo entre os trouxas. _ disse Hermione, que também acabara de chegar, sem ser percebida (“Está virando moda esse negócio de surgir do nada, assim de repente”, pensou Rony) _ Mas ele é um bruxo.
_Que por sinal é meu pai. _ disse Draco, que chegara ali, silenciosamente, com Pansy Parkinson a seu lado _ Bem-vinda a Hogwarts. Sou Draco Malfoy.
_Janine Sandoval. _ disse a garota, estendendo a mão, que Draco apertou e que pareceu demorar um pouco para soltar _ Então você é o Apanhador da Sonserina.
_Como vai o braço, Draco? _ perguntou Harry.
_Melhorando, Harry. Mas infelizmente não a tempo de jogarmos contra vocês.
_Então será mesmo contra a Lufa-Lufa. _ disse Algie.
_Foi um prazer, Srta. Sandoval. _ disse Draco _ Sabe, quando a senhorita tirou o capuz para a Seleção, o pensamento que veio à minha mente foi: “Se os anjos realmente existem, um deles acabou de descer à Terra”... AI, PANSY!!! Então eu não posso mais ser gentil?
_Poder, pode. Mas sem exageros. _ disse a garota, dando um olhar de secar planta para Janine. Todos podiam jurar que o local do beliscão que ela dera em Draco estava fumegando _ Vamos indo, Draco? Aliás, não sabia que existiam índios de olhos azuis.
Todos ficaram tensos com o comentário de Pansy, visivelmente insultuoso. Mas Janine sequer se abalou e respondeu com voz calma.
_Os olhos azuis eu herdei do meu pai. Mas, quanto aos índios, você acertou de certo modo. Pelo lado da minha mãe, parte da família é de índios Charruas. Não há nada confirmado, mas alguns historiadores acreditam que a linhagem inclui o próprio Sepé.
_Ah, sim. Já ouvi falar dele e de sua frase: “Esta terra tem dono”. _ disse Pansy, com um olhar bastante significativo para Janine.
Despediram-se e saíram, para a aula de Poções. Harry e os outros do terceiro ano também foram, logo depois.
_E aquela garota, que parecia ter medo de que eu tirasse um pedaço de Draco? Quem é ela? _ perguntou Janine _ Parecia até que tinha um neon escrito “CIÚME” brilhando na testa dela.
_Pansy Parkinson. _ disse Nereida _ Colega nossa, da Sonserina. Seu pai é Whitmore Parkinson, dono e principal acionista da Rede Radiofônica dos Bruxos.
_Ela não desgruda de Draco, é apaixonada por ele desde a infância e extremamente ciumenta. _ disse Soraya _ Parece que Lucius Malfoy e Whitmore Parkinson fizeram um acordo, no qual Pansy e Draco estariam prometidos em casamento, ao atingirem a maioridade. Parece absurdo para você?
_Nem um pouco. _ respondeu Janine _ Ainda existe muito disso por aí, inclusive no Oriente Médio e em outros lugares. Acredita que, no Afeganistão, homens adultos casam-se legalmente com meninas cuja média de idade é entre oito e doze anos?
_Já ouvi falar algo sobre essa barbaridade. _ disse Rony _ Parece incrível, mas ainda ocorre nos dias de hoje.
_Nem me fale. _ disse Soraya _ Imaginem vocês que minha mãe havia sido prometida durante a infância a um árabe misterioso mas, graças a Deus e a Merlin, manifestou magia e o acerto foi desfeito. Depois ela veio para Hogwarts e conheceu meu pai.
_Quem era o árabe? _ perguntou Janine.
_Um tal de Bin Laden. Osama Bin Laden.
Os outros arregalaram os olhos.
_O quê?! _ espantou-se Hermione _ “O” Osama Bin Laden?
_Sim. Digamos que isso não nos envaidece nem um pouco.
_Não é para menos. _ disse Janine _ O líder da Al-Qaeda, responsável pelo atentado ao WTC.
_Digamos que ele está para os trouxas como Voldemort para a Bruxidade. Um dos homens mais perigosos da atualidade. _ disse Harry _ Falando de outra coisa, vocês notaram bem a frase de Pansy?
_Sim. Ela deu a entender que eu não deveria dar bola para Draco. Não sei por que ela se preocupa tanto. Mal cheguei a Hogwarts e ainda estou me ambientando ao lugar. E a última coisa que quero é entrar em uma disputa por um rapaz. Primeiro, não tenho interesse em Draco Malfoy. E segundo, isso o reduz à condição de um prêmio, um objeto. É extremamente desonroso e uma coisa muito infantil. _ disse Janine.
_Mas parece que ela não pensa assim. _ disse Hermione _ Além do fato dela te ver como uma ameaça, também cabe lembrar que, como você mesma disse, ele não tirava os olhos da nossa mesa.
_É melhor abrir o olho, Janine. _ disse Gina _ Na semana passada ela azarou uma garota que estava se insinuando para Draco.
_E o que aconteceu com ela? _ perguntou Janine.
_Dois dias sem conseguir sentar direito, por causa dos furúnculos no traseiro. Madame Pomfrey teve um trabalhão para reverter. _ disse Nereida.
_Tomarei cuidado. _ disse Janine _ Agora vamos para a aula de Poções, antes que seu pai tire o nosso couro. Pelo que eu soube, ele faz jus ao nome.
Todos concordaram e foram para as masmorras. Janine adaptava-se rapidamente. Ainda bem, pois ela iria precisar muito, para poder ajudar Harry.
Comentários (1)
"e Harry ficou alerta ao ouvir aquilo"??????????????????não é só a pessoa que esta sendo selecionada pode ouvir o Chapéu??????????????boa fic!!!!!!!!!
2013-10-19