As serpentes



O garoto levantou desorientado e rumou para a mesa da sua casa. Laura, que estava sentada com outras garotas sonserinas, não lhe deu nem um olhar de desdém, mas ele deciciu deixá-la em seu canto, sossegada para fazer amizade com as garotas do primeiro ano. Haveria tempo para falar com ela mais tarde e Teddy sentia que seria bom se Laura tivesse mais alguns amigos. Sentou-se ao lado de um menino de sua idade, muito animado, no início da mesa.


– Oi! É Ted, não é? Sou Allan.


­– E aí, allan?!


Teddy passou o resto do jantar com seu novo colega. Conversaram sobre quadribol, sobre suas expectativas para o ano letivo, fingiram que ouviam o que a diretorafalava e jantaram a melhor refeição de suas vidas.


Ao término do banquete, um menino do quinto ano identificou-se como monitor da Sonserina e iniciou um pequeno discurso que falava sobre o caminho para o salão comunal e pedia para seguí-lo com atenção, para não perderem-se. Teddy, contudo, não pôde prestar tanta atenção, porque Sam veio da mesa da Corvinal em sua direção puxando-lhe, com o semblante sério, para conversar em um canto próximo.


– Você é filho do lobisomem, não é? Aquele que fez parte da Ordem da Fênix! Por que você não contou? – Sam falou animado?


– Não pensei que fosse necessario, eu... espera aí! Quem te contou?


– Não se fala outra coisa na mesa da Corvinal. Alguns estão com medo de você agora. – Teddy não gostou de ouviresta informação, a julgar pela cara que fez, então Sam tentou concertar: – Mas alguns acham o máximo a história da sua família. Eu particularmente, não vejo nada errado. – Teddy deu um meio sorriso, um tanto desapontado. Sam parecia preocupado agora


– Deixa eu te dar um conselho, Teddy: cuidado com o pessoal na Sonserina. Tenho que ir, até mais. – E dizendo isso, afastou-se, deixando mistério no ar.


Teddy ficou um tanto confuso. Em seu entendimento, não tinha por que ter cautela com a casa escolhida para si. Nem sabia por que as pessoas falavam tão mal; não era tão ruim assim, afinal. Ele sentiu-se bem recebido lá e conseguiu fazer amizade com Allan rapidamente. E havia Laura também, completamente sonserina, com quem, até então, ele se dera muito bem. “É... talvez, não tão bem assim”, pensou ele.


O garoto voltou para o aglomerado de alunos sonserinos, procurando Allan e tentando prestar atençõ no caminho que os outros começaram a tomar. Encontrou-no com alguns outros garotos, que estavam lhe falando algo aparentemente muito sério. Quando Allan avistou-o, foi até ele:


 – É verdade o que estão dizendo? Você é filho de um lobisomem? – Allan falou indignado, como se Teddy tivesse lhe traído a confiança.


– Sou! Não achei que isso fosse problema... – Teddy falou confuso.


– Tem todo o problema! Um lobisomem? Isso mancha o nome da Sonserina – e foi embora arrogante.


Neste momento Teddy entendeu o que Sam quis dizer: os membros da Sonserina são elitistas, com mania de sangue-puro, e não conservam fama de tolerantes. Sua jornada em Hogwarts seria difícil, mas ele não se deixaria abater. Iria encarar a situação e começou a fazer isso seguindo aqueles com verde e prata no uniforme, mesmo que alguns olhares acompanhassem-no. Pelo meio do caminho, avistou Laura, caminhando tranqüila. Neste momento, passou-lhe pela cabeça que a garota não falara com ele por causa de sua polêmica origem. Teddy, porém, decidiu que precisava falar com ela, mesmo contra sua vontade. Escondeu-se, então, em um canto mais escuro e aproveitou-se do seu dom, mudando de aparência depois de muito tempo sem fazê-lo. Tornou-se mais branco, escureceu um pouco o castanho de seus cabelos, concentrou-se para mudar a forma do nariz, deixando-o mais arrebitado e mudou a cor dos olhos, antes âmbar, para castanho claro esverdeado e saiu de deu esconderijo. Já disfarçado, apressou-se por entre as pessoas e quando alcançou Laura puxou-a pelo braço e arrastou-a para um corredor próximo.


– Q-quem é você? – Laura estava assustada.


– Calma, calma, sou eu! – disse Teddy voltando a sua forma habitual.


– O QUE É ISSO? Agarrando meu braço desse jeito? Machucou, sabia? E como você faz isso? – enquanto Laura falava, Teddy estava mudando o nariz, encarando-se no vidro de uma janela. Ela estava brava e um tanto assustada também.


– O nariz dá sempre mais trabalho! Já fazia algum tempo que eu não mudava... Perdi a prática. Você acha que desta jeito tá igual ao meu nariz de antes?


A garota não compreendia o que estava vendo.


– Entao, Laura, tá me evitando por quê? – Teddy falou muito sério.


– Você é filho de um lobisomem! – Laura disse como se isso fosse um bom motivo para não falar com ele de novo.


– E daí?


– E daí que eu não posso andar com alguém como você por aí...


– Alguém como eu? Meu pai lobisomem foi um grande homem e eu sou apenas um bruxo.


– Mas você mentiu pra mim. Não me contou nada. – agora, ela falava com raiva. No fundo, a menina sabia que não havia bons motivos pra abandonar alguém que disposto a fazer amizade consigo de tão bom grado e isso deixava-a aflita. Ainda assim, ela tentava convencer-se do contrário.


– Tecnicamente, eu não menti. – esclareceu Teddy – Eu apenas não contei a minha situação familiar... mas eu ia, eu juro. Bem na hora que o trem chegou em Hogwarts. – Laura não conseguiu achar mais argumentos, então calou-se, mas não ficou satisfeita, a julgar pela sua expressão. – Laura, eu não quero que você me julgue e se afaste de mim, mas eu também não quero sua amizade de mau gosto ou por pena. Mas procura lembrar que quando você não tinha ninguém, eu estava lá. – Teddy disse em tom de quem não tem mais nada a dizer e foi embora decidido, deixando Laura só, no canto deserto próximo ao corredor.


 



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Teddy entrou no salão principal para tomar café da manhã no dia seguinte à cerimônia de seleção preguiçosamente. Não tinha muito ânimo após a primeira noite em seu dormitório: ocasião em que todos decidiram fingir que ele não existia. Logo avistou Laura e foi sentar-se ao seu lado. Não sabia se já tinha acertado as coisas com ela, mas não tinha mais não tinha nada a perder mesmo.


– Toma! Peguei um horário pra você. – Disse Laura sem olhar direito para Teddy, que apenas sorriu, pegando seu horário de aulas.


E o primeiro dia de aulas em Hogwarts passou arrastado para o desgosto dos alunos novatos, mas Teddy, apesar de cansado, sentiu-se bem por estar ali. Havia alguns olhares importunos que lhe acompanhavam por seu caminho, mas ele tinha Laura e Sam ao seu lado.


Os três combinaram de almoçar depressa eencontrarem-se em uma sala de aula que sabiam estar vazia.


– Atchim!


– Teddy! Acho que é bom eu te avisar, sua sombrancelha tá azul! – disse Sam.


– Poxa! Não suporto quando isso acontece. – Teddy respondeu naturalmente.


– Você ainda não me contou como faz isso. – comentou Laura.


– Ah, é mesmo... eu sou metamorfomago, como minha mãe. – explicou Teddy e continuou ao ver a cara interrogativa dos outros dois: ­ ­– Quer dizer que qu posso mudar minha aparência. Minha avó conta que, todo dia, eu mudava a cor do meu cabelo quando era bebê. Verde, azul, roxo... eu já vi em algumas fotos. Eu já estou há algum tempo desta forma aqui. Tem dado certo para mim.


Tiveram que separar-se após o “encontro pós-almoço”, já que pertenciam à casas diferentes, porém deixaram combinado que iriam fazer juntos, na biblioteca, o trabalho de poçoes, aula que Sonserina e Corvinal assistiam no mesmo horário.


Após as aulas, Teddy e Laura seguiram juntos para o salão comunal ornado com verde e prata, localizado nas masmorras, acompanhados por seus livros e alguns deveres de casa. Sentaram no lugar mais quieto do salão que encontraram para tentar adiantar seua deveres. Tentar apenas, pois o que realmente se seguiu foi algum tempo de conversa e risadas.


– Gosto desta parte do salão. – comentou Laura. – Não reparei nela ontem. É tranquila, bem decorada, perto destes castiçais...


– Sem um monte de gente, com seus olhares de julgamento... – interrompeu Teddy.


– É... isso também. Depois me mostra uma foto da sua mãe metamorfomaga. Eu gostaria de ver.


Teddy sorriu ao ouvir aquilo, e refletiu que não era um dom muito comum, metamorfagia. Pelo contrário, era raro, valioso. Era um dom que despertava interesse em pessoas sonserinas, pessoas como Laura. O garoto nunca havia pensado neste tipo de caráter e agora teria de conviver com vários donos dele.


– Sabe, eu recebi um convite. – disse Laura pegsndo um pedaço de pergaminho e mostrando-o a Teddy. – Para um clube. Só para a Sonserina.


– Você quer um prêmio por isso? – Teddy falou brincalhão.


– Não. Eu quero que você vá comigo... eu não gostaria de ir sozinha.


– Mas não vão me deixar entrar. Eu sujo o nome da Sonserina ou coisa parecida.


­– Mas você não precisa ser você! Você pode ser qualquer pessoa. – Teddy não gostou da idéia, então laura tentou de novo – olha, eu não quero que voce vire membro... só que apareça comigo. Uma vez só.


– Que dia é isso? – Teddy parecia contrariado, mas Laura sorria. Sabia que iria conseguir convenser seu amigo.


– Será nesta quinta. O nome é “Aprendizes de Sonserina”. Deve ser legal!

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Comentários (1)

  • Tarí Tinuviel

    Pobre Teddy, foi parar justamente na casa que não queria. Estou curiosa para ver se ele vai conseguir se adaptar bem, e se essa Laura vai ser amiga dele de verdade. 

    2012-09-16
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