Operação espionagem



  



A noite viera calma e silenciosa, de forma que muitos ali não haviam percebido a passagem do tempo e de como aquele dia parecera ter passado rápido. Após Scorpio ter cantado aquela musica, o grupo permaneceu mais um tempo no vagão, assistido uma pequena apresentação improvisada da banda, sendo que nenhuma das musicas que se seguiram pareceram ter causado tanto impacto quanto a primeira, mas nem por isso deixaram de ser aplaudidas e elogiadas, afinal todos ali eram muito bons no que faziam e seu talento era enorme. Alvo tentara se aproximar de Alice, mas, no entanto ela o ignorava simplesmente, ele entendia em parte a atitude da garota, após pensar melhor sobre o fato que ocorrera mais cedo, e vira o como fora um lerdo, sim ele admitia isso, a verdade é que como seu pai ele não lidava muito bem com a idéia de mostrar sentimentos como o Amor, ou simplesmente perceber que alguém gosta dele, como fora com seus pais, que só quando Harry vira que podia ter perdido Gina para sempre é que percebeu o que sentia, até hoje se faziam piadas por parte de Jorge que se referiam a isso. A verdade é que Alvo não sabia lidar muito bem com o fato de ter uma garota por você, ele não sabia muito bem o que sentia por Alice, não tinha certeza se realmente o que sentia por ela era verdadeiro, verdade que sentia ciúmes dela, mas e se fosse apenas isso e nada de mais, a verdade que de certa forma ele estava com medo, medo de dizer o que realmente sentia, não sabia colocar em palavras o que sentia quando estava com ela, e isso era horrível, chegava a pensar que Tiago tinha de certa forma razão, que ele iria perder a garota que ama sem nunca a ter tido. Eles finalizaram a ultima musica, com Alvo só percebendo isso quando ouviu as palmas daqueles que assistiam, pois sua cabeça estava em outro lugar, pensando nos eventos daquela manhã horrível que havia tido naquele dia. Todos já se retiravam da sala, enquanto a banda tentava dar um jeito naquele lugar que ficara um pouco bagunçado com a presença de tantas pessoas ali. Scorpio percebera que Alvo ainda observava Alice que agora caminhava ao lado das outras meninas pelo corredor do trem, de certa forma sentiu um pouco de pena do amigo por conta do olhar triste que ele dirigia a garota.

_ vai atrás dela – disse Scorpio para Alvo – tenta acertar as coisas...

_ deixa para outro dia – disse Alvo suspirando – não ia adiantar muito agora, é bom deixar as coisas esfriarem um pouco não acha? – o loiro dera de ombros e o mesmo fizera os gêmeos – eu preciso de tempo para tentar pensar num modo de me redimir com ela.

_ você tem que pensar num modo de se declarar para ela, isso sim – disse Lysander guardando o baixo no suporte que o havia encontrado e se dirigindo para fora do vagão ao lado dos amigos – e tem que ser algo bem grande e especial para compensar todo esse tempo, e o fato dela ficar na espera, fora o fato de você ter feito ela sofrer...

_ nossa, isso seria um incentivo para que eu ficasse melhor? – disse Alvo rindo – pois parece que não está ajudando.

_ não, isso seria mais uma idéia construtiva do que você deveria fazer – disse Lorcan guardando as baquetas no jeans – pelo menos é o que deu a entender...

_ certo – disse Alvo suspirando – até lá eu fico feliz se eu tiver uma boa noite de sono...

Eles abriram a porta do quarto e entraram, com um movimento de varinha de Alvo os castiçais se iluminaram e cada um caminhou para sua cama e se preparando para dormir, quando uma coruja entrou pela janela e após dar uma volta inteira voando pelo dormitório pousara de frente para Lorcan que a reconheceu, pois a coruja estendera a ele um pequeno pedaço de papel e tornara a voar se retirando dali, enquanto os garotos se aproximavam do loirinho que desdobrava o pedaço de pergaminho onde uma única frase que se encontrava escrita em uma letra retilínea e fina.

_ “Meus filhos, acabo de chegar, me encontrem perto da arena do torneio dentro de dez minutos”– disse Lysander lendo por sobre o ombro do irmão – assinado: R. N. Scamander, quem diria, papai veio mesmo.

_ lógico que ele veio, papai cumpre suas promessas – disse Lorcan – apesar de que... É você tem razão no que disse...

_ como sempre – disse Lysander – então... – ele se voltara para os outros dois – vocês vão com a gente?

_ tem certeza de que quer isso? – disse Alvo meio receoso – quero dizer, não seria um pouco que invadir?

_ vou tentar colocar de outra forma o que o Al falou – disse Scorpio - Vocês não preferem ir ver seu pai sozinhos?

_ como se fosse fazer muita diferença se vocês fossem – disse Lysander sarcástico, rindo para então tomar uma expressão um pouco seria ao olhar para a cara de Lorcan – e outra, seria bom que vocês fossem, pois ele vai cuidar dos assuntos da primeira prova... O que seria bom, já que seu irmão Alvo está no torneio, e uma pista poderia ajudar ele não acha?

_ ele tem razão – disse Scorpio – mesmo porque onde está no regulamento que os campeões não podem saber qual vai ser a prova que eles vão enfrentar antes dela ser realizada? Acho que seria bom saber, mesmo porque acho que terão outras pessoas espionando para avisar os outros campeões.

_ é você está certo, nos vamos – disse Alvo para os gêmeos – e acho que será melhor se usarmos a capa da invisibilidade, dessa forma não seremos vistos pelo seu pai nem por mais ninguém que talvez esteja com ele.

Alvo não sabia muita coisa sobre Rolf Scamander, o pai de dois dos seus melhores amigos, sabia que era um homem que trabalhava muito por conta da sua profissão, era um dos maiores magizoologistas da comunidade mágica britânica, vindo a ser conhecido internacionalmente por seus trabalhos, por isso eram raras as ocasiões que os gêmeos o viam ou tinham noticias dele, em geral mesmo nas férias eles não se viam, segundo Lysander fora um milagre que o pai tivesse comparecido ao aniversario de Alvo no Duende Irlandês, já que nem mesmo no St. Mungus na ocasião em que eles estiveram internados logo após o ataque dos Dementadores ele comparecera. E como os gêmeos reagiam à ausência do pai era que Lysander simplesmente agia com ironia e sarcasmo com ele ou falando dele, o garoto simplesmente guardava um grande rancor pelas varias vezes em que ele fez falta. Lorcan por sua vez, não agia dessa forma, ele sempre tentava aproveitar o máximo de tempo ao lado do pai, e da melhor maneira possível, Alvo não esperava atitude diferente do amigo.

Scorpio pegara a capa da invisibilidade de Alvo que estava jogada sobre a escrivaninha, quando a puxou algo caira no chão e ao se agachar para ver do que se tratava sua expressão foi de surpresa. Em sua capa de couro vermelho gasto e muito velho, suas paginas amareladas com o tempo, estava ali o livro de Animagia que naquela mesma manhã parecia ter desaparecido do quarto deles, ele o pegara no chão e todos se aproximaram para ver do que se tratava, todos trocaram olhares confusos, afinal eles haviam pensado que aquele objeto tinha desaparecido do quarto. O loiro que segurava o livro, olhou a capa confuso, lembrando que fora por ele que brigara com Rose, a pior briga que eles já tiveram em sua opinião, no entanto não pode deixar de sorrir, pois se lembrara de que ela ouvira sua musica e saira antes dele terminar de cantar, se perguntava se teria sido ela a devolver o livro, se fosse isso significaria que ele estava certo e que a ruiva mentira sobre não ser ela que os espionou aquela noite, e que entrara no quarto deles para pegar o livro, de qualquer modo, isso não tinha importância agora.

_ vamos – disse Scorpio jogando a capa para ele – quero voltar o quanto antes...- o loiro encarara os amigos para mas estes pareciam um pouco confusos e os olhos ainda se mantinham no livro que ele acabara de jogar por sobre o criado mudo – algum problema?

_ você pergunta assim tão calmo? – disse Lysander – é o livro de Animagia, você disse que ele tinha desaparecido.

_ e desapareceu – disse Scorpio encarando a capa do livro – mas parece que quem o pegou, se arrependeu do que fez, e resolveu devolver.

_ não me diga, que pensa que tenha sido ela não é? – disse Alvo e Scorpio o encarou – pois se foi, por que devolveria o livro, alias por que ela o pegaria para começar...

_ para evitar que nos tornássemos animagos? – disse Scorpio simplesmente – sua prima como sempre tenta estragar nossa diversão.

_ se foi realmente ela, talvez ela tenha feito por medo – disse Lysander – não acham?

_ como? – disse Alvo – como assim medo?

_ ela viu você criar cascos Al, e nós nos tornarmos aberrações – disse Lysander – talvez ela pense que se roubasse o livro não tentaríamos de novo, pois assim como eu ela sabe que o que fazemos é errado e que podemos acabar nos dando mal com isso...

_ então sugere que ela pegou o livro para nos proteger? – disse Lorcan para então encarar Scorpio – sendo assim você vai precisar se desculpar com ela...

_ ótimo, vou me desculpar com uma ladra que nos roubou – disse Scorpio rindo secamente – esse livro aparecendo aqui, só prova que eu estava certo e ela errada, para variar um pouco, não vou me desculpar com ela, ela que tem que fazer isso.

_ você é tão cabeça dura quanto ela, até que não formariam um casal tão mal assim – disse Alvo ao que Scorpio revirou os olhos e os gêmeos riram – estou falando serio...

_ certo, tanto faz – disse Scorpio pegando a capa de Alvo e cobrindo os dois - vamos andar logo... – e os quatro saíram do quarto, caminhando pelos corredores do trem, sendo que os gêmeos iam à frente e os dois iam invisíveis atrás – mas mesmo assim sua prima me deve desculpas.

_ ela tentou se desculpar, você que não notou isso ainda – disse Alvo com um tom de voz cansado.

_ serio? Quando foi isso? – disse Scorpio irônico – esqueceram de me avisar.

_ ela devolveu o livro – disse Lysander olhando por sobre o ombro para o espaço vazio que ele julgou ser onde eles estavam – apesar de não saber o motivo que a levou fazer isso, mas acho que podemos considerar isso um pedido de desculpas.

_ não é suficiente, ela tem que dizer – disse Scorpio e todos os outros três reviraram os olhos – sei que vai ser difícil para ela, mas eu vou adorar o som das palavras dela, principalmente quando se desculpar...

_ eu nunca entendi essa implicância de vocês dois – disse Alvo – vocês tem muitas coisas em comum, poderiam tentar se dar bem para variar?

_ eu e a Weasley tendo algo em comum, me poupe Alvo – disse Scorpio – nos não temos nada em comum...

_ até parece – disse Lysander rindo - vocês são muito parecidos, se parassem de implicar um com o outro, e tentassem viver um pouco em paz, talvez vocês acabassem, sei lá, namorando quem sabe...

_ pirou de vez Scamander – disse Scorpio – a idéia de eu e a Weasley juntos chega a me embrulhar o estomago...

_ melhor mudarmos de assunto então – disse Alvo rindo enquanto o grupo deixava o trem e seguia pelos jardins – se você acha melhor pararmos de falar da Rose... Talvez não se sinta bem tendo seus sentimentos por ela revelados assim... – ele usara um tom de voz brincalhão e irônico o que fez Scorpio revirar os olhos e os gêmeos rirem.

_ que tal falarmos sobre o modo como a Alice agiu hoje? – disse Scorpio – seja o que tenha acontecido na briga de vocês foi séria, pois ela foi fria quando você tentou se dirigir a ela.

_ é, ela foi – disse Alvo um pouco triste – queria poder reparar meu erro...

_ diga que a ama é tão simples – disse Lorcan, para ele é fácil dizer isso, pensou Alvo, o garoto nem se tocou que está apaixonado pela Chloe – está na cara que vocês gostam um do outro.

_ não é tão fácil Lorcan, ele não sabe a hora que deve dizer, como deve dizer é confuso e palavras como essas são, sei lá, muito difíceis de dizer às vezes – disse Lysander e Alvo sorriu, o gêmeo sabia muito bem como era amar alguem e não saber como demonstrar isso, ou como se aproximar dessa pessoa – mas vamos falar de algo menos deprimente do que a Alice ignorando o Alvo e ele ficando com a cara mais triste do mundo? – todos riram até mesmo Alvo, que agradeceu ao amigo por ter desviado o rumo da conversa.

_ souberam que nosso Lorcan vai virar professor? – disse Alvo e Scorpio o encarou confuso – vai dar aulas para a Chloe de bateria...

_ serio? – disse Scorpio sorrindo – ai Lorcan, você tem muita sorte...

_ por que diz isso? – disse Lorcan encarando um espaço vazio que ele julgou ser de onde vinha a voz – por que eu tenho sorte?

_ simplesmente porque ela é uma gata? – disse Scorpio – e que vocês vão passar algumas horas juntos... Boa sorte, quem sabe não seja ela a garota para você...

_ somos apenas amigos – disse Lorcan olhando para a frente, mas por uma estranha razão seu rosto corou – apenas amigos, e se vocês querem ver com seus próprios olhos e comprovar isso, apareçam nas aulas de bateria...

_ não obrigado – disseram os três ao mesmo tempo.

_ certo – disse Lorcan dando de ombros e Alvo juntamente com Scorpio tentaram segurar algumas risadas – o que é aquilo ali em frente? – ele apontara para um par de olhos que os observava das sombras, ele iluminou o local e a criatura correu de pressa na direção deles, os gêmeos permaneceram parados mas o par de amigos que se encontrava sobre a capa da invisibilidade recuou um pouco .

Fora muito rápido, um cão negro muito grande pulara sobre Lysander e começara a lamber seu rosto, em meio à feição do loiro que demonstrava que não estava gostando muito daquilo, Lorcan se jogara no chão abraçando o dorso do cachorro e lhe fazendo um pouco de carinho na orelha, logo ele perdera o interesse no que estava deitado no chão, e se voltara para o loirinho lhe dando uma grande saudação cheia de lambidas caninas. Alvo ainda estava em choque, primeiro que o cão parecia ser muito maior que qualquer um dos quatro sonserinos, e depois que tinha o fato mais bizarro mas que parecia não ter importância para os gêmeos, que era que aquele cachorro possuía três cabeças, algo que lembrou rapidamente ao moreno sobre as historias de seu pai em que uma delas ele havia passado por um cão como aquele para chegar a pedra filosofal. Scorpio abrira a boca e a fechara um monte de vezes, seus olhos estavam estalados, mas fora o estado de choque causado pela surpresa não parecia sentir medo.

_ é bom te ver Shake – disse Lorcan afananando a barriga do cachorro que agora havia se deitado na grama, e com o carinho seu rabo começou a balançar e a bater contra o chão, causando um pequeno tremor – você viu como ele está grande Andy?

_ é, bem grande – disse Lysander com a voz um pouco dura, enquanto limpava a enorme quantidade de baba que lhe cobria o rosto – e pesado, por Merlin, acho que desloquei minha coluna – ele esfregava as costas, enquanto o cachorro andara até ele com suas três cabeças contendo feições arrependidas, e começaram a cheirar o cabelo dele como um pedido de desculpas – o que você está fazendo? Sai para lá Shakespeare – ele fuzilara o cão com o olhar e saira de perto – por que ele tem sempre que levar-lo a todos os lugares?

_ pensei que gostasse do Shakespeare, afinal de contas Lysander ele foi o presente de aniversario de oito anos de vocês – disse uma voz que saira das sombras entrando no circulo iluminado pela luz – olá meus filhos...

_ não me lembro de com oito anos ter pedido um cão de três cabeças como presente de aniversario – disse Lysander – com oito anos, eu queria vejamos... a sim, eu queria receber o livro Os Contos de Beedle, o Bardo.

_ papai – disse Lorcan correndo para abraçar Rolf – que bom que veio... como está?

_ melhor agora por vê-los Lorcan, como tem estado? – disse Rolf fazendo um cafuné no filho – viu como o Shakespeare está enorme, falei com o Hagrid, ele disse que ele pode chegar a ficar do tamanho de uma casa trouxa.

_ sinistro – disse Lorcan – Andy, não vai cumprimentar o papai? – ele se voltara para o gêmeo que parecia mais interessado em encarar as arvores do jardim do que olhar para Rolf, Alvo pode perceber um pouco da expressão facial do amigo se retorcer quando ele se voltara para encarar o pai.

Rolf Scamander parecia muito com os gêmeos em questão de fisionomia facial, com exceção dos olhos e dos cabelos que eram idênticos com os de Luna, os seus olhos eram verdes enquanto os cabelos possuíam um loiro mais escuro, como cor de palha. Ele era alto, e não muito forte, mas mesmo assim um pouco, usava uma pesada capa de viagem negra, e óculos de aro retangular, muito semelhantes aos que Lysander usava para ler. Pelo que soubera de Lorcan, ambos dividiam a paixão pelos animais, e pelo que Alvo pode observar pelo pouco de contato que tivera anteriormente, era que Rolf gostava de contar historias sobre os locais que estivera e o que presenciara neles, falava muito sobre os animais fantásticos que havia estudado em suas viagens, algo que nem um pouco era de interesse de Lysander, na verdade, o moreno tinha duvidas se havia alguma coisa relacionada ao pai que aquele gêmeo pudesse se interessar, e o modo como ele encarara o homem diante das palavras do irmão, só demonstrava que o relacionamento de ambos não era dos melhores, chegava as vezes a sentir certa pena daquela situação, pois Alvo sabia que nem todos se relacionavam tão bem com seus pais como ele, e uma prova disso era dois de seus amigos, sendo um Lysander e outro Scorpio, sendo que este ultimo ainda tinha uma relação que podia ser considerada boa se comparada a do primeiro.

_ oi – disse Lysander frio.

_ oi filho – disse Rolf sorrindo fracamente – como está filho?

_ bem, mas já estive melhor – disse Lysander um pouco mais frio – então qual é o motivo de virmos até aqui?

_ você leu a carta que lhes mandei não? – disse Rolf um pouco confuso – ela chegou para vocês não? Eu disse para sua mãe colocar junto com a correspondência que mandaria a vocês...

_ sim recebemos – disse Lorcan sentindo o clima tenso – sabemos que vai cuidar da primeira prova do torneio.

_ sim, eu vou – disse Rolf com um tom orgulhoso na voz e sorrindo para o filho – ficarei até o termino da prova, ou seja, ficarei até...

_ dia trinta, nossa quem diria que vai passar uma semana inteira em apenas um lugar – disse Lysander com uma voz cheia do seu melhor sarcasmo – desculpe ter que ir logo ao assunto, mas será que dava para nos irmos logo a tal surpresa que você tem para nós? Se esquece que é domingo Rolf, e que amanhã nos temos aula.

_ Andy, por favor, não fale assim com nosso pai – disse Lorcan repreendendo o irmão, que desviara o olhar.

_ deixe seu irmão Lorcan, ele tem as razões dele para está assim, afinal de contas os tirei a essa hora da cama, e amanhã vocês tem aula e pelo que soube o Lysander é um excelente aluno, não iria aceitar se atrasar ou perder matéria – disse Rolf sorrindo para o filho em busca de sua reação, mas o gêmeo não dissera nada continuando com o mesmo olhar frio, e o sorriso que até então reinava em seu rosto se tornou triste – venham vou mostrar para vocês a surpresa, a propósito, avisaram que seus amigos sobre aonde vocês iam?

_ sim, eles sabem – disse Lorcan olhando para sobre o ombro, como se fosse poder localizar o lugar em que Alvo e Scorpio estavam sobre a capa da invisibilidade – pai, como é a prova do torneio você sabe?

_ tem certas coisas que não devo contar sobre o torneio filho, mas posso mostrar o que os campeões vão enfrentar, alias é por isso que estamos aqui – disse Rolf sorrindo para os gêmeos, mas ao notar a cara seria que Lysander possuía seu sorriso se desfez – e vocês, como estão na escola?

_ bem, não é muito diferente de Hogwarts, claro tirando os professores e a língua, mas o resto é igual, é a mesma matéria que estudaríamos lá – disse Lorcan – eu achei um pouco diferente a culinária, os jantares e o castelo, mas até estou me acostumando.

_ esse é meu garoto – disse Rolf sorridente abraçando o filho pelos ombros – lembre-se da seleção natural meu filho, a maior lei já inventada por um bruxo... de que apenas os fortes sobrevivem, isso está claramente visto na vida, assim como a adaptação que levou muitas espécies animais evoluírem enquanto outras simplesmente deixaram de existir.

_ concordo com o senhor papai – disse Lorcan sorrindo para se voltar para o irmão que caminhava alguns metros mais distante deles – Andy, o que faz ai atrás, venha para cá...

_ não, obrigado estou bem aqui – disse Lysander ríspido ao que Lorcan voltou seu olhar para frente – como se eu fosse querer ficar perto dele...

_ qual é o problema entre você e seu pai? – disse Scorpio sussurrando para que Rolf não os ouvisse – você o trata dessa forma, e ele parece tão legal.

_ vamos dizer que tenho meus motivos, e você também teria se seu pai preferisse um bando de animais estúpidos a própria família – disse Lysander um pouco rude enquanto Shakespeare, o cão de três cabeças o acompanhava de perto, cheirando seus cabelos, e após pensar o garoto acabou decidindo que era melhor permitir que ele fizesse aquilo, do contrario acabaria sendo pior, não era muito inteligente implicar com um cachorro maior que um carro desse modo preferiu deixá-lo de lado – ele vive viajando, não tem muito tempo para mim e o Lorcan, muito menos a nossa mãe, sempre foi assim, sabe depois que a gente nasceu, ela abandonou o trabalho como Magizoologista, para nos criar e cuidar de nos, desde então ela trabalha n’O Pasquim com nosso avô – ele então voltou seu olhar para as costas do pai – mas o Rolf não fez isso, ele ama o trabalho mais que tudo, eu acho que não se importa tanto com os filhos como tenta mostrar...

_ duvido muito disso, ele parece gostar muito de vocês – disse Alvo um pouco receoso – sei que deve ser difícil ter o pai tão distante assim... Mas você não pode culpá-lo...

_ pois ele tem culpa, podia ter desistido não acha? – disse Lysander – sabe que às vezes nós só o vemos uma ou duas vezes no ano? Pois as férias, ele raramente passa com a gente, sabe o ultimo natal que passou com a gente foi o do nosso primeiro ano...

_ e eu que achava minha relação com meu pai ruim, perto da sua a nossa parece uma relação perfeita – disse Scorpio – fala serio, é tão horrível assim? Pois, se fosse creio que o Lorcan não parecia se dar tão bem com ele.

_ O Lorcan não o vê da mesma forma que eu o vejo, temos opiniões diferentes sobre quase tudo, vocês sabem isso muito bem – disse Lysander – enfim, não vamos mais falar sobre o Rolf, eu não gosto muito desse assunto.

Eles de repente chegaram, era uma grande estrutura feita de madeira e vigas de metal, quem visse perceberia algumas poucas semelhanças com um estádio de Quadribol, mas a verdade é que aquele lugar não seria usado para se jogar, Rolf abrira o grande portão de ferro e ambos seguiram por dentro com exceção de Shakespeare que era grande demais para entrar, desse modo ficando do lado de fora, meio contrariado pelo que Alvo pode perceber pela expressão canina dele não lembrava nem de perto seu pai o cão que pertencia a Hagrid de nome Fofo. Os garotos e Rolf passaram por um caminho abaixo das arquibancadas e ao olhar para cima eles podiam ver o quão alto era, havia algumas escadas feitas de metal que levariam futuramente os telespectadores a seus lugares, o corredor de chão de terra levava a um novo portão, esse era feito de madeira, com um aceno de varinha ele o abriu, e finalmente os olhos dos garotos puderam ver melhor onde estavam. A grande arena do Torneio Tribruxo, possuía as paredes protetoras de ferro, com algumas pontas salientes, o lugar estava muito iluminado pelos postes de luz muito parecidas com os de estádios de futebol trouxa, no centro onde no futuro os campeões enfrentariam o que quer que fosse, se encontravam algumas jaulas, onde haviam outros bruxos ao lado para controlar as feras ali presas, muitas delas pareciam tentadas a fugir, ou atacar os seus guardas, mas os homens pareciam experientes naquilo que faziam. Rolf parecia ser o líder daqueles homens, pois assim que o viram muitos o cumprimentaram, e a mesma coisa foi com os filhos.

_ Sr. Scamander – disse um homem baixinho chegando ofegante próximo a Rolf – tivemos problemas...

_ que tipo de problema? – disse Rolf um pouco cansado – me diga...

_ foi o Robert, ele caiu no charme das Veelas e tentou libertá-las – disse o homem um pouco depressa demais – tivemos de estuporá-lo, e amarrá-lo para que ele não tornasse a fazer isso...

_ alguma delas escapou? – disse Rolf inquisidor.

_ não senhor – disse o homem – mas tomamos a precaução de colocar um feitiço ante-som na caixa, para impedir que o canto delas nos afete.

_ deviam ter feito isso desde o inicio, antes da viagem – disse Rolf – alias, eu tinha pedido para você fazer isso, mas acho que você não se lembrou, bom trabalho mesmo assim.

_ então é essa a primeira prova – disse Alvo olhando para um caixote de madeira que parecia ter sido repregado as pressas e com alguns reforços a mais na madeira, e depois seus olhos foram para um jovem de alguns vinte anos ou mais, amarrado em uma cadeira – Veelas... eles terão que enfrentar Veelas, que pelo que sei são bem ferozes quando querem.

_ como assim? – disse Scorpio sussurando – bem ferozes quando querem...

_ elas podem tomar outra forma quando estão nervosas – disse Lysander sussurrando para os amigos invisíveis –As veelas nascem mulheres e apresentam pele lisa e cabelos dourados que esvoaça atrás dela mesmo na ausência de vento. Também têm o poder de se transformar em pássaros semi-humanos - semelhantemente a harpias - que são capazes de atirar bolas de fogo. Têm um temperamento muito forte e por vezes esnobe. – eles não responderam então o gêmeo pareceu um pouco confuso, pensando que eles poderiam não estar mais perto – vocês estão ai?

_sim, mas se odeia tanto assim esse lance de Magizoologia como você sabe disso? – disse Scorpio confuso.

_ em primeiro lugar, eu não odeio Magizoologia, acredito que é uma importante ciência dentro da Magia, o estudo de animais mágicos trouxe grande avanço para a comunidade bruxa, e ajudou varias outros ramos científicos, e muitos ramos da arte mágica – disse Lysander – mas vamos dizer, que eu não deixo isso muito claro, por dois motivos.

_ que viriam a ser – disse Alvo um pouco curioso.

_ primeiro, não quero que o Rolf venha a me perturbar, pois não sei se sabem mas durante sete gerações os Scamanders são Magizoologistas, tanto que meu avô foi morto por Mortalhas-vivas em uma missão de estudo a elas e o Rolf teve que ser criado pelos avós dele – disse Lysander - o avô dele, no meu caso Bisavô foi Newt Scamander, escritor do livro Animais Fantásticos e onde habitam, professor de Trato de Criaturas Mágicas em Hogwarts e Diretor...

_ alguem da sua família já foi diretor de Hogwarts? – disse Scorpio surpreso falando num tom um pouco mais alto, o que resultou em Alvo lhe batendo na nuca e ele contorcer a cara numa careta de dor – certo... – ele tornara a sussurrar – em que casa ele estudou e em que ano ele foi diretor?

_ ele foi da Lufa-lufa, e o ano que foi diretor não sei ao certo, pois não sabemos muito sobre ele – disse Lysander - eu e o Lorcan não chegamos a conhecê-lo, pois ele morreu de Cólera de Dragão, agora acho que sabem a segunda razão para eu não gostar de Magizoologia não é mesmo? – eles ficaram em silencio – bem, eu não vou entrar nos negócios da família e seguir esse legado, não quero ser devorado por nenhuma criatura perigosa ou contrair alguma doença letal.

_ algum problema Lysander? – disse Rolf que parecera ter notado que o filho falava sozinho – por que não se aproxima da gente, eu e Lorcan estamos conversando e você tão distante de nos...

_ não, obrigado – disse Lysander sorrindo forçadamente – não quero interromper a conversa de vocês – e virou as costas para continuar a andar pelo acampamento -

_ pai, essas são as criaturas que os campeões terão que enfrentar? – disse Lorcan num tom um pouco mais alto para ter certeza que Alvo e Scorpio iriam ouvir – então são Veelas? Mas essas caixas estão... sei lá, um pouco estranhas, não parecem que se tratam de simples Veelas - olhando para os grandes caixotes que tremiam.

_e não são apenas Veelas, o ministério francês quis causar um impacto maior que o causado no ultimo torneio – disse Rolf – quando os campeões enfrentaram Dragões, desse modo tentaram fazer algo mais, digamos, sofisticado.

_ como assim? – disse Lorcan parecendo interessado, não deixando de olhar para Lysander que fez um pequeno sinal dizendo que os amigos estavam próximos deles – o que o senhor quer dizer como sofisticado?

_ para começar olhe para os caixotes filho – disse Rolf mostrando os vários engradados espalhados pela arena – em cada um deles, temos algo diferente, não serão dragões, como no ultimo...

_ serão o que então? – disse Lorcan – alem das Veelas o que mais temos?

Lysander se aproximava de um dos caixotes sem que ninguém percebesse, e olharara por um buraco feito na caixa, o que vira fora um amontoado de olhos brilhantes a olhar para ele da escuridão, ele podia ver as siluetas das criaturas, suas varias pernas cobertas de pelos rastejavam pelas paredes e chão de madeira do grande engradado, pela pouca luz que entrava pelas frestas dava para ver a aparência daqueles monstros, assim como a cortina de fios prateados que os rodeava assim como a carcaça do ultimo animal que eles deviam ter comido durante a viagem. Alvo e Scorpio olhavam tensos para os outros caixotes, um era simplesmente enorme e vibrava, e a criatura ali dentro parecia soltar fortes assobios, quase como se fossem grasnados fortes, esse estava preso por correntes e parecia que o animal ali dentro estava furioso, fora necessário que alguns bruxos lançassem jatos de algumas poções tranqüilizantes que evaporaram em uma fumaça densa e esverdeada que fugiu um pouco por entre os espaçamentos das tabuas de madeira.

_ tenho pena de quem vai pegar o que tem naquela caixa – disse Scorpio num sussurro no ouvido de Alvo – o que será que tem na caixa que o Lysander está olhando? – mal ele acabou de dizer isso e o gêmeo pulara de repente para longe do buraco, e por onde até então ele observava, saira um grande jato muito semelhante a uma corda de fios brancos num tom um pouco prateado, ela atingiu e se prendeu ao chão, e ficara então estendida como fortes cabos de aço – o que diabos é isso? – ele perguntou para Lysander que estava a pouco mais de trinta centímetros deles.

_ é uma teia de aranha – disse Lysander – esse engradado está cheio delas...

_ aranhas bem grandes – disse Scorpio – tipo, Acromantulas...

_ certo, até agora temos Veelas e Acromantulas – disse Alvo – e a criatura daquele engradado ali – ele apontara para um grande caixote a suas costas, para então perceber que só Scorpio o via, pois para Lysander eles continuavam invisíveis - bem, creio que cada uma das caixas é para um competidor não?

_ sim, sendo assim temos que descobrir o que as outras duas carregam – disse Scorpio – cara, seu irmão está ferrado Alvo, não que eu goste do Tiago, mas nem por isso quero ver ele morto.

_ Andy – disse Lorcan se aproximando do irmão, quase esbarrando nos amigos invisíveis – papai quer conversar com você...

_ o que ele quer? – disse Lysander frio e com uma voz cansada – será que ele não percebe que eu não quero falar com ele?

_ dá para deixar de ser cabeça dura, é nosso pai pare de trata-lo assim – disse Lorcan – parece até que não gosta dele, e eu sei que você gosta do contrario o seu bicho papão não teria tomado como uma das formas a dele ferido, a beira da morte...

_ você me pegou nessa, mas mesmo que sei lá, eu goste dele, eu simplesmente não consigo me dá bem com ele – disse Lysander cansado – algo nele me irrita, eu nãos sei...

_ pelo menos ouça o que ele tem a te dizer, olha ele percebeu que você está um pouco distante dele hoje – disse Lorcan – e quer falar com você sozinho, o que tem de mais isso? – o loirinho fizera uma cara triste, capaz de derreter até mesmo o mais frio e gélido coração.

_ tudo bem, eu vou – disse Lysander com uma voz derrotada caminhando até o lugar onde Rolf estava – e você, assume as coisas aqui.

_ pode deixar – disse Lorcan batendo continência com um sorriso – agora, me digam o que descobriram até agora das provas... – ele falara para um local que ele julgou estarem os amigos, quando na verdade estava falando para o vazio.

_ nos estamos aqui Lorcan – disse Alvo e o amigo então percebera onde eles estavam – mas não nos encare, aja normalmente.

_ certo – disse Lorcan respirando fundo – o que descobriram?

_ até agora? Que quem quer que esteja organizando esse Torneio é um grande filho da mãe, fala sério eles querem matar alguém por acaso? – disse Scorpio.

_ vocês estão sentindo esse cheiro – disse Lorcan farejando o ar – parece, um cheiro estranho, sujo e podre...

_ Lorcan, o que foi vai dar uma de cão farejador agora? – disse Alvo tentando segurar o riso.

_ parece mofo, misturado com queijo podre e meias de ginástica cheias de suor – disse Lorcan, encarando novamente o nada, achando que seus amigos estavam ali – vocês realmente não conseguem sentir? É um fedor tão forte.


_ ainda bem que não sentimos, se é um cheiro tão horrível assim – disse Scorpio rindo – e desde quando tem um olfato tão bom? Pois francamente, não consigo sentir cheiro de nada.

_ acho que a capa impede isso, que sintamos o cheiro ai de fora – disse Alvo com uma voz reflexiva – mas Lorcan, esse cheiro por acaso não vem...

_ sim, vem de uma das caixas – disse Lorcan andando até um dos grandes engradados – dessa caixa para ser exato... É realmente o cheiro é mais forte ainda mais de perto...

_ algum de vocês sabe do que pode se tratar? – disse Alvo olhando para Scorpio ao seu lado, que deu de ombros.

_ existem muitas criaturas que cheiram mal, poderia ser qualquer uma – disse Lorcan tristemente.

_ voltamos a esta zero, sobre nossa terceira criatura misteriosa – disse Scorpio – Lorcan você não pode descobrir com seu pai quais são as... – ele dizia, mas fora interrompido por Lorcan.

_ papai me disse que não pode contar o que eles tem aqui – disse Lorcan – tentei tirar algo dele sobre isso, mas não adiantou, fora as Veelas não consegui saber mais qual seriam as outras criaturas...

_ ok, olha seu pai parece um cara organizado, ele não teria uma folha falando o que eles trouxeram para cá? Ou algum documento de registro, ou de sei lá, uma prancheta pelo menos que fale sobre as criaturas... – disse Alvo um pouco desesperado, afinal deveria descobrir sobre o que se tratava, pois desse modo poderia ajudar seu irmão – pense Lorcan, você viu algo desse tipo por aqui?

_ não, espere eu acho que vi algo desse tipo por ali – disse Lorcan apontando para um pequeno amontoado de caixas que servia de uma mesa improvisada, dentro delas eles julgaram ser a comida das criaturas, já que de certa forma se mexiam – venham... – eles se aproximaram das caixas apesar das varias coisas que se encontravam ali em cima, como cordas, ganchos correntes, lampiões, cafeteira, poções tranqüilizantes, nada parecia se assemelhar a prancheta que o gêmeo havia visto - pensei que ela estivesse aqui, mas desapareceu...

_ ótimo, sabe de alguém que poderia ter pegado? – disse Alvo e Lorcan maneou a cabeça negativamente – como eu pensei...

Alvo suspirara tristemente, quando finalmente se deu conta de algo estranho, havia alguém por de trás de uma das arquibancadas, ele não notaria isso, se um dos homens que havia vindo ajudar na entrega dos caixotes não caminhasse por entre elas, ele mostrara para Scorpio o que estava vendo, e ambos decidiram ir ver do que se tratava de mais de perto. Eles avisaram Lorcan que fariam isso, e o loiro falou para que tomasse cuidado, e assim foram ambos caminharam prestando atenção para não deixar em hipótese alguma a capa cair e serem revelados, pois seriam definitivamente punidos por estarem ali, isso eles sabiam desde o inicio. Enquanto perseguiam o rapaz por entre as arquibancadas, acabaram por notar que ele conversava com alguém. Eles realmente se surpreenderam quando descobriram de quem se tratava essa pessoa, mesmo vestida com um pesado casaco negro e capuz, eles puderam reconhecer por seu rosto extremamente belo, e branco de longos cabelos loiros platinados e olhos muito azuis, a professora de poções de Beauxbatons e vice-diretora da escola, Gabrielle Delacour. Alvo pode notar que a professora usava no homem seu charme de Veela, de modo que com isso conseguisse informações sobre a primeira prova do torneio, pois mesmo para ela isso era desconhecido. Scorpio tentara escutar a conversa, mas não estavam tendo muito sucesso, pois era arriscado se aproximarem mais do que já estavam, e não queriam ser descobertos, e também a conversa se realizava do lado de fora da arena, de modo que seria um pouco suspeito um grande portão de ferro se mover sem ninguém tocá-lo, afinal não era uma noite de muitos ventos.

_ parece que a Mademoiselle Delacour resolveu espionar também? E olhe para aquilo, é nossa prancheta com as informações... – disse Scorpio para Alvo que estava ainda tentando ouvir o que os dois estavam conversando – desiste Alvo, é uma distancia muito grande.

_ espere, não em desconcentre – disse Alvo que tentava ler os lábios e desse modo decifrar a conversa que se estendia a cerca cinco metros deles – droga, eu não consigo, só o Fred consegue fazer leitura labial, tenho que dizer para ele me ensinar um dia desses...

_ ele sabe? Por quê? – disse Scorpio um pouco confuso com essa revelação – qual a razão dele saber algo desse tipo?

_ disse que ajuda a descobrir alguns assuntos secretos, segredos, e também informações que podem ser importantes – disse Alvo – importantes do tipo, descobrir sobre a melhor chance para pregar peças e como conquistar uma garota – o loiro revirara os olhos – é, eu sei... Idiota essa ultima parte...

_ e como – disse Scorpio voltando a retornar os olhos para a conversa que eles não conseguiam ouvir – espera, você ouviu o que eles disseram? – Alvo olhou para ele confuso – eles disseram algo como... Trasgo Montanhês? É, acho que foi...

_ Trasgo Montanhês? Será uma das criaturas? – disse Alvo e Scorpio pareceu concordar – certo, isso faz que ao todo tenhamos três caixotes ocupados, falta o ultimo...

_ deve ser a criatura do caixote fedorento – disse Scorpio – você sabe, que Trasgos não são nem de perto considerados criaturas politicamente corretas, muito menos quando se trata de banho...

_ é, isso é verdade – disse Alvo que ainda olhava para Gabrielle que conversa com o homem, ele de repente entregou a ela uma prancheta e os olhos do Sonserino estalaram de repente – são as informações das criaturas, mas que vaca, ela acusou Hogwarts de trapacear tendo dois campeões, e olha ela ali, roubando informações sobre a primeira prova...

_ Alvo, não fale nada, pois nós também estamos aqui pelo mesmo motivo – disse Scorpio ao que o moreno lhe encarara serio – odeio quando você usa esse olhar...

Gabrielle após receber a prancheta, a guardou em um dos bolsos das vestes que usava e se inclinou para beijar o rosto do rapaz a sua frente, e após isso ergueu a varinha e apontou para ele, os dois se surpreenderam ao ver a professora alterando a memória do homem, e em seguida sair dali andando tranquilamente como se o que acabara de fazer fosse a coisa mais normal de todas. Ambos ficaram encarando a figura da loira que sumiu na escuridão alguns poucos metros depois de deixar a arena, o homem então parecera despertar de um transe e levou a mão a cabeça, talvez o feitiço da memória cause alguma espécie de sintoma como esse, de toda a forma ele caminhou normalmente passando pelos sonserinos que tiveram que se moverem um pouco para que o homem não esbarrasse neles. Os dois aproveitaram desse modo para entrar novamente dentro da arena, e acompanharam o homem de perto até o centro, mas depois quando voltaram seus olhos para o lugar a procura de um dos gêmeos acabaram por não encontrá-lo. No entanto puderam ver a quarta e ultima criatura até então desconhecida por eles, de um dos engradados se rompeu por meio de algumas tabuas soltas, e por breves momentos eles tiveram a visão da criatura ali escondida. Era grande, isso eles puderam notar, possuía um porte forte, uma pelagem ruiva densa, garras afiadas sendo que suas patas dianteiras eram como as de um grande pássaro predador, um bico forte e potente, como laminas cortantes, asas enormes de águia e um rabo esguio com uma grande e densa pelugem na ponta. Alvo agradecera imensamente por aquela criatura esta dormindo, do contrario seria um estrago e tanto vê-la solta naquela arena lotada, rapidamente alguns bruxos ali presentes recolocaram as tabuas relançando um feitiço, para tornar ainda mais impossível que fosse derrubado de novo, mas antes parecera ter visto certo flash surgir atrás deles, como se alguém tivesse tirado uma foto, mas ninguém ali levava uma câmera, o que era um pouco estranho.

_ aquilo era um... – disse Alvo um pouco chocado – Grifo?

_ sim – disse Scorpio serio – agora, acho que temos todas as criaturas que vão ser enfrentadas não acha? Veelas, Acromantulas, Trasgos e Grifo sendo que esse Grifo é um Imperial, o mais perigoso que existe...

_ ótimo, obrigado por me acalmar, afinal de contas meu irmão pode enfrentá-lo – disse Alvo um pouco nervoso – apesar de que é muito azar se ele acabar pegando esse...

_ muito azar, realmente – disse Scorpio – mesmo dormindo essa criatura conseguiu me deixar um pouco nervoso.

_ nervoso ou com medo? – disse Alvo olhando o amigo nos olhos.

_ os dois – disse Scorpio que então vira um dos gêmeos vindo em direção a eles – olha é o... – o garoto esbarraria neles, mas Alvo puxou Scorpio para o lado para impedir isso, e o loiro passou com uma feição um pouco alterada, e nervosa, e ambos os amigos trocaram olhares e haviam pensado a mesma coisa assim que o vira – você acha que o Lysander... e o pai...

_ talvez – disse Alvo - venha, vamos procurar o Lorcan para irmos embora.

Lorcan se encontrava ao lado do pai sentado em uma das arquibancadas da arena, Rolf parecia um pouco triste e o filho tentava animá-lo, mas parecia algo muito difícil de fazer. Alvo no momento concluiu que o pensamento que ele e Scorpio tiveram agora pouco era verdadeiro, ao que tudo indicava Lysander e Rolf haviam tido uma briga, e por uma estranha razão o moreno sentira certa pena do pai dos gêmeos, afinal ele não tinha culpa de ser um pai ausente, duvidava muito que fora opção dele ficar tanto tempo longe da família. Scorpio ajudara Alvo a subir nas arquibancadas, ambos tinham que coordenar seus movimentos para não deixarem a capa cair e assim se tornarem visíveis de novo, ambos acabaram por ficar em pé próximo de onde pai e filho se encontravam.

_ pai, olha eu sei que o Andy às vezes faz isso, mas ele te ama assim como eu – disse Lorcan – mesmo que vocês briguem de vez em quando, isso não quer dizer que ele não te ame.

_ Lorcan, você sabe muito bem que seu irmão sempre teve um temperamento difícil, e acho que em parte sou o culpado – disse Rolf – sempre estou trabalhando, nunca paro em casa, ele tem razão de ficar furioso comigo, sou um péssimo pai eu admito isso, deveria tentar ficar do lado de vocês mas meu trabalho me impede, estou sempre viajando, mas isso não quer dizer que não pense em vocês sempre, pois eu penso – ele abraça o filho pelos ombros e lhe beija a cabeça – tenho muito orgulho de vocês dois... São o que há de mais importante para mim.

_ o Andy, ele não entende pai, ele pensa que o senhor não gosta da gente, que por isso não quer a gente perto de você – disse Lorcan tristemente – mas ele está errado em relação a isso, pois o senhor ficaria com a gente se pudesse.

_ sim, eu ficaria, assim como levaria vocês comigo para não ficarmos tanto tempo sem nos vermos – disse Rolf sorrindo fracamente – mas eu não faço isso, por causa de que quero que vocês tenham uma vida tranqüila, e também atrapalharia muito o seus estudos em Hogwarts.

_ eu sei disso pai, mas parece que o Andy não entende – disse Lorcan um pouco revoltado – logo ele que é tão inteligente não consegue pensar nisso, apenas briga com o senhor, como se fosse realmente culpado de tudo.

_ seu irmão diferente do que muitos pensam, às vezes deixa de se levar pelo racional e ouve o emocional dele, e eu sei que o coração dele está ferido com o rancor da minha ausência – disse Rolf – entendeu o que eu disse Lorcan?

_ sim, eu entendi – disse Lorcan – acho que é isso então... – o loirinho se levanta da arquibancada onde estava sentado e se volta para o pai – até mais pai, te vejo em breve?

_ sim, ficarei para ver a prova do torneio – disse Rolf sorrindo – ficaremos uma semana perto um do outro Lorcan.

_ bom saber – disse Lorcan se despedindo do pai com um novo abraço – até amanhã então... – ele começara a descer as arquibancadas parecia um tanto desanimado pelo que deu para seus amigos notarem, Alvo e Scorpio o seguiram até o lado de fora da arena bem de perto.

Ao saírem da arena os amigos saíram de baixo da capa da invisibilidade, e abordaram Lorcan, nunca nenhum dos garotos havia visto o garoto daquele jeito antes, ele já ficara triste outras vezes, mas parecia algo realmente horrível para ele ter o irmão e o pai naquela situação. Alvo e Scorpio ao verem a face triste do amigo, decidiram por caminhar para o trem em silencio, sem comentar mais nada do que havia acontecido, ao chegarem encontraram Lysander já deitado em sua cama, com o cortinado da cama fechado, os três se dirigiram para dormir, mas antes de se deitar, Lorcan dirigira um olhar triste a cama do irmão. Lysander crescera muito rapidamente, diferente dos amigos sempre foi maduro e responsável, e a verdadeira razão disso era que ele tinha que ser assim, não tinha o pai para cuidar dele e da família, então o gêmeo acabara por assumir a posição de homem da casa, tentando ajudar sempre a mãe no que precisava conseguindo isso com eficiência, e também mesmo que Lorcan nunca dissesse isso para ele ou qualquer pessoa, sabia que o irmão fazia a função de pai no lugar de um irmão mais velho, ele cuidava do loirinho como se ele fosse seu próprio filho, era por isso que sempre tentava colocá-lo em ordem, e estava sempre o questionando, não era porque não aceitava o jeito dele, simplesmente porque queria protegê-lo dos outros que não aceitariam. Lysander sempre teve certo rancor do pai, uma raiva por ele deixar sempre sua família em segundo plano, já sentira vontade de mata-lo, todas as vezes em que pegara sua mãe chorando por Rolf, por não ter noticias dele, ou simplesmente pela ausência que as vezes a afligia, o odiara por cada momento importante da vida dos filhos que ele perdera, não estava lá quando eles tiveram de embarcar em Hogwarts, não esteve presente quando os dois foram atacados por Dementadores, a verdade é que as vezes se perguntava se ele realmente foi feito para ser pai, o se os dois seriam realmente filhos dele.

Lysander respirara fundo, novamente se envolvendo na cama, não iria conseguir dormir, ainda ecoavam pensamentos em sua cabeça em relação a Rolf, não conseguiria pegar num sono, ele então pegara seu diário, sim ele tinha um diário, mas nunca revelara a ninguém por achar que talvez fosse zoá-lo por conta disso, afinal em geral são garotas que tem um, mas ele sempre se viu na necessidade de escrever o que ele sente e os fatos que ocorreu em seu dia-a-dia, talvez mostrasse a alguem um dia, mas claro que teria que arrancar algumas paginas antes, como as que falam de Lily, ele praticamente vivia escrevendo sobre ela, e os seus sentimentos com ela, o que sentira a cada encontro que tiveram, mesmo que não fossem realmente considerados encontros, sorrira ao se lembrar da imagem dos dois a algumas semanas atrás, quando ela caira da escada e ele a ajudara, e seu sorriso aumentou ao se lembrar da conversa dos dois no St. Mungus, onde de certa forma ele achou que conseguiu conquistar a confiança dela, ao abrir o diário e pegar uma pena para escrever nele ele viu cair três fotos em uma era a foto de Lily que ele há anos trás roubara do álbum de Alvo e a outra era de seus amigos, não só do quarteto mas das garotas e de Fred e Tiago também, ele se lembrava que a foto fora tirada a alguns anos no lago negro em Hogwarts, a ultima era dele com Lorcan, sua mãe Luna, seu avô Xenophillius e por milagre seu pai, não tinha muitas fotografias dele, uma que seu pai não gostava de ser fotografado, a outra que o garoto não queria qualquer lembrança de Rolf, no entanto ainda guardava a foto, como uma lembrança da família, por mais que ele não quisesse admitir, considerava seu pai alguém importante, afinal de contas era um membro da família. Aquelas pessoas ali retratadas, eram as mais importantes para ele e as que ele mais amava, e sempre protegeria a protegeria de todos.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.