Quadribol



14º capítulo – Quadribol


 


 Eu sempre cumpri as expectativas ao meu redor. Como filho de Lucius Malfoy e sonserino, certas atitudes eram mais do que esperadas, eram necessárias. Eu era um daqueles clichês ambulantes, feliz com o que tinha porque achava que tinha tudo. Ginevra Weasley roubou tudo de mim. Ela roubou minha felicidade e deixou no lugar só um grande vazio. Eu sei que a amo tão pateticamente como sempre... É só que estou um pouco cansado dos joguinhos dela. Não vai ser fácil, mas vou quebrar o círculo vicioso.


 


Draco Malfoy


 


 Draco cruzou os braços e se encostou na porta de entrada do salão principal. Ele a viu descer as escadas rodeada de meninas, como se ela fosse a estrela de rock adorada pelos fãs. E talvez fosse mesmo.


 


-Precisamos conversar – ele falou quando ela passou.


 


 As garotas olharam tudo de olhos arregalados, congeladas e deliciadas com a cena. A namorada de Noah e a namorada do Theodore lançaram olhares reprovadores. Ginevra suspirou e colocou as mãos na cintura, como se não soubesse o que fazer e isso estivesse matando-a. Ele quase riu. Quase!


 


-Vejo vocês depois – ela disse para as duas “olhos reprovadores” e as outras garotas.


 


-Gina... – a namorada de Noah, Faith, ele lembrou, sussurrou ansiosa – Você sabe o que o Tad vai fazer...


 


-Ele vai se atrasar hoje – ela olhou séria para a amiga – Nos vemos depois.


 


 É verdade, Tad agora todo dia passava na sala de Snape para pegar uma poção e continuar seu tratamento. Draco sorriu levemente quando se deu conta de que as garotas tinham ido embora. Gina o encarava com seus lindos olhos verdes.


 


-Vamos – ele começou a andar – Lá fora é melhor.


 


 Ela não disse nada enquanto o seguia para o jardim. Draco queria odiá-la com todas as forças do seu corpo, ignorar o balançar suave dos seus quadris e o brilho incendiário de seus cabelos. Ele era tão estupidamente fraco. Por isso ela não podia amá-lo, não como ele a amava.


 


-Diga! – ela se virou e o encarou atentamente. Olhos verdes brilhando.


 


-Eu só quero dizer que eu estou desistindo – Draco torceu as mãos distraidamente, era como se seu corpo estivesse rejeitando as palavras dele – Tad fez algo horrível o suficiente para que gastassem muito tempo e dinheiro limpando tudo – ele suspirou – Eu e seus amiguinhos grifinórios fizemos de tudo, reviramos tudo em busca de respostas. A única explicação eu acho que você já até saiba... Tad matou alguém.


 


-Porque está me dizendo isso? – ela murmurou.


 


-Eu não estou desistindo só de descobrir a verdade sobre ele – Draco desviou os olhos e mirou algum ponto distante no jardim – Estou desistindo de você Ginevra. Chega dessa coisa de gato e rato, certo? – ele suspirou e voltou a encará-la – Você já tinha deixado bem claro, eu só demorei pra entender.


 


-Então é isso? – ela finalmente perguntou.


 


-Sim, é isso... Nós acabamos por aqui.


 


 Gina ficou encarando Draco se afastar. Ela só não podia acreditar no rumo das coisas.


 


 ***


 


 O céu estava tão nublado que parecia fim de tarde, não um domingo de manhã. Gina andou distraída pelo castelo, elétrica demais para conseguir dormir. Ela ainda pensava nas palavras de Draco... Duas semanas já tinham se passado e ela ainda pensava nas palavras, e como ele tinha estado sério enquanto as dizia.


 Ela se sentou em um banco parcialmente escondido por uma árvore a abriu os dois pacotes que recebera. Dakota já tinha realizado cinco tarefas sozinhas e uma com Huxley, porque a tarefa era dançar com Hux. Já Hermione tinha realizado três tarefas sozinhas e uma com Blaise Zabini. Gina riu quando viu as fotos que Hermione mandara. Blaise devia ter tirado as fotos. Nelas Hermione estava voando e rindo enquanto tentava fazer um gol.


 Se Hermione ao menos pudesse enxergar como estava feliz. Gina suspirou, repentinamente cansada. Ela só queria fechar os olhos e parar de tentar resolver o mundo. Ou melhor, ela queria que as pessoas pudessem ver o que ela via tão claramente.


 


 ***


 


 Faith sorriu para sua imagem refletida no espelho. O cabelo estava preso em um complicado coque e a maquiagem parecia ter sido feita por outra pessoa. Tudo graças a magia que agora a ajudava em tudo. Palavras apareciam em sua prova quando ela não sabia a pergunta. Seu cabelo era arrumado em segundos por mãos mágicas.


 Na sexta-feira mesmo ela esqueceu que tinha um trabalho para entregar, e quando foi falar com o professor ele só a olhou, um pouco confuso, e então sorriu e disse que não tinha problema. Faith amava ver as coisas acontecendo simplesmente porque ela pensara. Ela se sentia tão poderosa.


 O quarto estava um completo caos agora que todas as meninas tinham saído para o café da manhã. Música alta ecoava nas paredes de pedra e sua cama estava se arrumando sozinha.


 


-Faith! – uma batida na porta. Em um segundo o quarto estava no mais completo silêncio – Faith!


 


-Pode entrar – Faith terminou de abotoar o casaco vermelho. Estava nublado e frio.


 


-Oi – Delilah olhou insegura para ela. A garotinha não sabia o que era, mas parecia perceber que algo estava errado, fora de ordem – Posso falar com você?


 


-Diga – Faith sorriu distraída. Ela estava pensando no jogo e em como queria que uma chuva torrencial caísse. Só para, você sabe, dar uma emoção a mais.


 


-Você quer mesmo encerrar tudo? Parar de cavar? – Delilah olhou para Faith, os pequenos olhos azuis da loirinha pareciam desconfiados.


 


-Sim, sim – Faith reforçou o batom vermelho nos lábios. Sua nova cor favorita – Harry e Rony já resolveram o problema, como você deve saber. Tad está sendo tratado e parece limpo de magia negra. Absolutamente limpo.


 


-Sei que Pansy Parkinson também parou de procurar – Delilah era inteligente demais para a pouca idade que tinha – Você pediu, não é? O problema da Tad não interessa mais, é isso?


 


-Absolutamente – Faith sorriu levemente, ela parecia apressada para dispensar a garotinha – Estamos procurando há tanto tempo e se não descobrimos nada agora, não vamos descobrir de jeito nenhum. Só não quero ver você perder tempo.


 


 Delilah observou a pose confiante de Faith. Ela tinha mudado um pouco depois que Lexie ferrou seu cabelo, meses atrás, mas isso era diferente. Delilah sentia a energia ruim daquilo, ela tinha um péssimo pressentimento.


 


-Você está diferente Faith – ela comentou brevemente.


 


-Bem, eu me sinto diferente – Faith olhou irritada para Delilah – Agora vamos, eu não quero perder o jogo.


 


 Delilah observou Faith partir. Você quase podia ouvir as engrenagens na pequena cabeça loira. E então um sorriso.


 


-Faith sabe o que aconteceu – Delilah murmurou.


 


 ***


 


 Lexie acordou com a agradável sensação de plumas em suas costas. Ela não abriu os olhos, não precisou fazer isso para saber que era Colin beijando-a, desde o pescoço até o meio das costas. Beijos tão suaves.


 


-Você é tão linda – ele murmurou.


 


 Ela sorriu e continuou imóvel. Talvez estivesse sonhando ainda. Na última noite recebera uma carta de Colin com instruções para a Sala Precisa. Tudo com a ajuda de seu cunhadinho querido, Harry, que parecia sempre encontrar lugares para encontros a dois. E não se importava em compartilhar a informação.


 


-Eu amo você Alexandra – Colin colocou a mão suavemente nas costas dela.


 


-Eu amo você Creevey – Lexie se virou lentamente e sorriu para ele – Amo tanto que dói dentro de mim.


 


 Colin a observou, estático. Lexie sorriu e se sentou na cama. O lençol deslizou e deixou o corpo dela descoberto. Não que ela se importasse, Lexie era tão além de timidez.


 


-Você é a coisa mais linda que eu já vi – Colin sorriu. Ele só não conseguia acreditar na sorte que tinha. Era o homem mais feliz do mundo.


 


-Você é o único homem que eu já amei – Lexie segurou as mãos dele – De verdade Col. Eu não sabia o que era amor, não até... Você.


 


 O mundo poderia ter acabado naquele momento e nenhum dos dois teria escutado.


 


 ***


 


 Hermione estava deitada em um dos bancos de madeira do imenso saguão de entrada, a cabeça repousando no colo de Rony, que por sua vez estava conversando com Harry.


 


-Nem vou assistir ao jogo hoje – Harry cruzou os braços e olhou indignado para o amigo – A porra da Corvinal nos esmagou no último jogo Rony, não tem sentido assistir esse maldito jogo hoje.


 


-Harry – Hermione suspirou – Deixa de drama. A Grifinória ganhou os últimos cinco campeonatos.


 


-Você não entende – Rony olhou irritado para a amiga – O nosso último ano e não vamos levar a taça.


 


-Prometo conseguir a taça das Casas por mais pontos – Hermione sorriu levemente – Continuarei sendo Hermione encantadora até o final de ano e vou conseguir todos os pontos na sala de aula.


 


-Você sempre consegue – Harry cruzou os braços e olhou emburrado para ela.


 


-Meninos mimados – Hermione sorriu e se levantou – Vou pegar uma blusa de frio e encontro vocês em meia hora pra almoçar.


 


 Hermione riu da cara deles, suas duas crianças mimadas, e atravessou o saguão. Várias pessoas sorriram e acenaram pra ela. Hermione ainda não tinha se acostumado com a explosão de popularidade.


 Hoje era o último jogo no ano, Corvinal e Sonserina, o melhor levaria a taça. Todo o castelo estava tremendo em expectativa, apostas rolando por todos os cantos. Hermione não sabia em quem apostar. Por um lado, Hux era muito competente no que fazia... Mas por outro lado, Draco era tão feroz quando queria ganhar. E ele queria ganhar.


 


-Hermione! – Lilá e Parvati gritaram – Espera!


 


-O que foi? – Hermione sorriu para as duas.


 


-Você vai torcer pra quem hoje? – elas perguntaram juntas.


 


-Ainda não sei. Mas vocês vão torcer para a Corvinal, pelo visto – Hermione apontou as faixas azuis que Lilá carregava.


 


-Sim – Parvati respondeu pela amiga – Nós estamos entregando faixas pra quem é Corvinal.


 


-Bem, eu vejo vocês no almoço então – Hermione sorriu.


 


-Tudo bem! – Lilá falou – E nos avise de decidir ser Corvinal – ela agitou as faixas no ar como um pompom.


 


 Hermione ainda estava rindo quando terminou o terceiro lance de escadas e chegou no corredor da Grifinória. Lilá e Parvati eram bem intensas em tudo o que faziam.


 


-Hei! – alguém gritou e ela se virou.


 


 Blaise estava andando na direção dela. O cabelo um pouco mais bagunçado que o habitual, nos lábios o mesmo sorriso relaxado de sempre.


 


-Oi – Hermione sorriu involuntariamente. A amizade deles era só... Tão estranha – Você não tem jogo em duas horas?


 


-Três horas, na verdade – Blaise sorriu e colocou as mãos nos bolsos da calça jeans escura – Eu só queria te ver antes pra fazê-la prometer que você vai torcer por mim.


 


-Blaise, por favor – Hermione revirou os olhos e sorriu – Eu sou total Grifinória, não posso torcer pela Sonserina.


 


-Está falando sério? – ele olhou emburrado pra ela.


 


-Não – Hermione riu – Eu vou torcer pela Sonserina, prometo.


 


-Perfeito, agora eu tenho minha grifinória da sorte torcendo por mim.


 


-Como é isso? – ela o encarou divertida – Grifinória da sorte?


 


-É só uma coisa idiota que estão dizendo por aí, sobre como Noah e Tad têm suas namoradas grifinórias e tudo dá certo pra eles – Blaise riu e olhou distraído para Hermione – Mas eu só te chamei porque, e sei que você vai negar isso, mas somos amigos. Aceite o fato nerd.


 


-Eu já aceitei Zabini – Hermione sorriu – Harry e Rony provavelmente vão torcer comigo, já que estão tão revoltados por terem perdido para a Corvinal.


 


-Bem – Blaise olhou o relógio – Vamos descer para o almoço, já vai começar.


 


 Só quando estavam quase no saguão Hermione se lembrou da blusa de frio.


 


-O que foi? – Blaise perguntou quando viu que ela tinha parado de andar.


 


-Eu subi naquela hora pra pegar uma blusa de frio, acabei esquecendo – ela suspirou – Não tem problema, eu pego depois.


 


-Não precisa – Blaise falou enquanto tirava o casaco cinza. Hermione ia protestar, mas ele já tinha entregado pra ela – Você me devolve depois, na festa da vitória.


 


-Tudo bem – ela sorriu. Era um daqueles casacos de couro mole, que se ajustavam com perfeição.


 


-Tchau Hermione – ele falou enquanto piscava um olho pra ela e se afastava.


 


 Hermione demorou dois segundos para voltar a respirar. Coisa que, obviamente, ela ignorou totalmente. Os dois eram amigos. Ponto. Ela encontrou Harry e Rony na mesma posição em que os deixara.


 


-Vamos almoçar homens – ela chamou, as mãos na cintura e a pose de mandona de sempre – Deixem de choramingar. Já era.


 


-Hermione você é muito dura com as palavras – Harry olhou amuado para ela.


 


-Muito, muito dura – Rony assentiu.


 


 Hermione passou uma mão no ombro de cada amigo e os conduziu para o salão principal. Quadribol e homens, uma paixão e uma maldição.


 


 ***


 


 Gina sorriu quando Tad a beijou na frente de todo o time de quadribol. Antes, quando era uma ninguém, esse tipo de atenção a incomodava. Agora era só o que ela queria. Draco sequer olhou na direção dos dois, estava ocupado demais falando alguma coisa com Blaise e Noah. Gina sentiu o estômago revirar.


 


-Você é meu amuleto da sorte – Tad sussurrou para ela. Ele estava tão elétrico.


 


-Sim, eu ouvi sobre isso – Gina riu – Eu e Faith somos as grifinórias da sorte.


 


-Você é a minha lindíssima grifinória da sorte – Tad a abraçou com vontade.


 


 Gina fechou os olhos e deixou. Ela sabia agora que ele tinha se livrado da magia negra. Ela não podia explicar como sabia, mas ela só precisava estar por perto para saber. Tudo estava perfeito... Ou deveria estar. Seus olhos correram para Draco novamente, e ele continuava falando com Noah e Blaise. Ela quis gritar de raiva e frustração.


 


-Faithie – Tad sorriu quando a outra garota apareceu na entrada no vestiário – Já estávamos perguntando onde estaria a grifinória de sorte do Noah.


 


 Faith estava uma coisa naquela tarde. A maquiagem permanecia perfeita, assim como o cabelo. Gina observou a amiga atentamente, percebendo que ela estava muito mudada. Quando isso tinha acontecido? Faith estava tão confiante e linda. Ela simplesmente puxou Noah pelo braço e o beijou na frente de todos.


 


-Oi amor – Noah sorriu todo derretido para ela.


 


-Oi – Faith sorriu e se virou para Gina – É melhor irmos logo, as arquibancadas estão lotadas. Hermione está segurando um lugar para nós duas.


 


 Gina percebeu o rápido olhar que Blaise dera na direção de Faith. E um pequeno sorriso. A ficha caiu naquele momento, e ela se lembrou de onde reconhecera a jaqueta que Hermione estivera usando desde o almoço. Era dele, Blaise.


 


-Até Harry e Rony estão na Sonserina – Faith falou divertida.


 


-É o fim do mundo mesmo – Draco falou alto – Se aqueles dois estão ali o céu vai desabar, tenho certeza.


 


 E quase como um agouro, o primeiro trovão sacudiu o lugar.


 


-Tchau – Gina deu um beijo rápido em Tad – Bom jogo meninos.


 


-E vençam, por favor! – Faith completou enquanto se soltava de Noah.


 


 Faith olhou ansiosa para Gina enquanto as duas iam para seus lugares. Ela sabia que Gina podia sentir magia, ela mesma lhe contara isso. Então Faith desejou que todos os traços ficassem escondidos. E foi isso que aconteceu. Gina continuou tagarelando sobre as apostas dos alunos e outras coisas irrelevantes sobre o jogo. Em nenhum momento ela sentiu a magia.


 Faith sorriu. Ela estava se saindo melhor que o esperado.


 


 ***


 


-Vamos lá, dê um sorriso – Pansy cutucou Harry com força – Fique feliz por mim.


 


-É meio difícil Pansy – ele suspirou infeliz – Esse jogo era pra ser nosso.


 


-A taça devia ser nossa – Rony completou com um lamento.


 


-Deuses como vocês são chatos! – Scarlett olhou emburrada para os dois – E cadê o Terrence? – ela se levantou e pegou os binóculos de Pansy.


 


 Não foi preciso procurar muito. O maldito estava conversando todo animadinho com duas garotas da Lufa-lufa que parecia ansiosas em enfiar os peitos na cara dele. Scarlett ficou irada, mas não disse nada quando Terrence finalmente apareceu, dez minutos depois.


 


-Oi amor – ela sorriu docemente e o beijou de leve.


 


 Podem chamar a garota de fraca, mas ela demorou tanto pra conseguir o namorado que não pode nem pensar no fim. Eu a entendo.


 


-Pansy, você viu a Lexie? – Elisha perguntou. Ela estava com outras duas garotas.


 


-Eu... – Pansy olhou em pânico para Harry – Eu...


 


-Pansy se esqueceu de mandar uma carta importante para os pais – Harry falou calmamente – Lexie foi fazer isso. É melhor ficar por aqui, ela pode demorar.


 


 Elisha ia protestar quando seus olhos foram direto no ruivo infeliz ao lado de Hermione Granger. A nerd estava em silêncio, apenas observando tudo com o binóculo vermelho e dourado.


 


-Tudo bem – Elisha concordou com um sorriso. Ela dispensou as duas amigas, empurrou uma garota nada discretamente e, por fim, se sentou ao lado de Rony – E aí Weasley, ainda lamentando a derrota vergonhosa?


 


-Que garota simpática – Rony falou alto e sua voz soou tão dramática que todos ali riram, até mesmo Harry.


 


-Sempre Weasley, sempre – Elisha deu uma piscadinha pra ele.


 


 Foi bem nesse instante que Gina e Faith apareceram. Elas se sentaram entre Hermione e um garoto da Sonserina totalmente fanático. Ele tinha até mesmo pintado o rosto.


 


-Gina – Faith sussurrou pra ela – O mundo é muito engraçado.


 


-Nem me fala – Gina sorriu – Olha que grupo estranho nós somos.


 


 Scarlett, Terrence, Pansy, Elisha, Hermione, Rony, Harry, Faith e Gina. Sim, que grupo estranho. E que mundo engraçado.


 


 ***


 


-Você viu o Colin? – Hayden perguntou para Zéllie enquanto os dois se ajeitavam no único espaço que sobrara na arquibancada da Corvinal – Não vejo ele desde... Acho que desde ontem a noite. Ele foi dormir cedo, porque fechou as cortinas ao redor da cama e não eram nem nove horas.


 


-Não vi não – Zéllie desconversou e puxou o binóculo para observar o campo. Ela precisava fugir do assunto, porque Hayden não precisava saber que Colin e Lexie estavam perdidos por aí.


 


-Então você não vai torcer para seu namorado? – Hayden perguntou. O assunto Colin já esquecido em sua mente volúvel.


 


-Sangue Corvinal – ela riu – Brincadeira. É só que... Sonserina não dá, né!


 


-Então porque você sai com aquele idiota? – Hayden perguntou na lata. Ele era bem direito quando queria. E extremamente charmoso – Você sabe que os grifinórios são bem melhores. É só perguntar para qualquer garota.


 


-Cara de pau – Zéllie riu.


 


-Estou falando sério Zéllie – e para provar, Hayden parou de sorrir – Não saio com ninguém há tempos, você sabe disso.


 


-Hayden eu... – ela olhou insegura pra ele.


 


-Não precisa dizer nada – ele a cortou – Só pensa sobre isso.


 


 Zéllie ia dizer mais alguma coisa, mas o alto falante estralou e Luna começou as apresentações. E ela era uma comentarista tão divertida que o assunto morreu. Pelo menos por aquele momento.


 


 ***


 


 Uma hora depois o jogo parecia longe do fim. Os pontos estavam quase iguais, o pomo não tinha aparecido ainda e a chuva era tão forte que não dava para enxergar todo o campo de quadribol. Todos estavam roucos de tanto gritar, a voz de Luna mal era ouvida com todos aqueles trovões.


 


-Deviam cancelar o jogo – Gina cutucou Faith – Não acha?


 


-Imagina Gin – Faith sorriu. Ela parecia irritantemente calma mesmo debaixo de toda aquela tormenta – Mais dez minutos e o jogo acaba.


 


 Gina voltou sua atenção para o jogo. Faith se concentrou em Draco, o único que poderia realmente vencer a partida naquele momento. Ela pensou na tragédia que seria se Draco fosse atingido por uma goles por engano.


 Um raio caiu ridiculamente perto do campo e quando Faith voltou a olhar o jogo... Viu o exato momento em que Draco foi atingido. Ela tremeu, não de frio, mas assustada. Ela não queria isso, que as coisas acontecessem só por pensar. Não se isso significasse machucar todo mundo.


 


-Você viu isso? – Gina olhou em pânico para ela – Ele foi atingido na cabeça.


 


-Ele está bem – Faith olhou com o binóculo – Calma Gin.


 


 Faith sentiu o comichão de quando a magia se manifestava. Mas dessa vez estava mais forte, como se ela estivesse presa no meio de um furacão e não conseguisse sair. Os pensamentos em sua mente eram... Não eram dela! Não podiam ser.


 Faith assistiu, incrédula, Draco sendo atingido novamente.... E então Blaise. Mesmo com o barulho da chuva e dos gritos ela ouviu Pansy, Gina e Hermione arfando.


 Tad parecia ser o único que ela não conseguia atingir. Era quase como se ele fosse imune. E talvez fosse mesmo. Ele estava curado para usar magia e ser usado.


 E foi como se um raio tivesse caído dentro dela. Faith ficou em pé e tentou observar tudo, ela se aproximou da grade, a única coisa que a impedia de despencar de cabeça no chão. E se Gina não estivesse tão horrorizada vendo Huxley sangrar sem parar pelo nariz, talvez tivesse puxado Faith para o banco.


 E então o verdadeiro caos começou. O vento ficou pior ainda, os jogadores pareciam presos em um furacão, só balançavam de um lado para o outro. Faith ouviu Scarlett gritar, e então Elisha.


 


-Nós precisamos ir embora! – Harry estava gritando, tentando organizar uma fila e evacuar todo o lugar.


 


 Ele era tão bonzinho, Faith sorriu. Pena que sair dali fosse... Impossível. Tudo balançava, eram pessoas demais, as escadas pareciam tão perigosas. O barulho do vento era tão alto, parecia uma música. Rony estava puxando Elisha para um abraço, como se tentasse protegê-la. Faith respirou fundo e fechou os olhos.


 Ela pensou na garoa da manhã, a chuva fraca e silenciosa. O céu nublado triste, tão aterrorizador como naquele momento.


 


-Meu Deus! – Pansy murmurou perto de Faith.


 


 Ela ficou um minuto de olhos fechados, sentindo o vento ficar mais calmo, mais calmo... Até que a garoa estivesse de volta. Por alguns segundos todo mundo ficou no mais completo silêncio. Assustados demais para tentar entender aquilo.


 


-O POMO! – alguém gritou.


 


 E o jogo continuou.


 


 ***


 


 Draco cerrou os olhos e sobrevoou o campo mais uma vez. Com toda a sorte que ele andava tendo nos últimos tempos, era bem capaz do pomo estar quilômetros de distância por causa de todo o vento sinistro. E o jogo duraria até o fim da sua vida.


 Ele queria não ter percebido o vermelho no momento em que passou pela torcida da Sonserina. Mas ele seria um incrível mentiroso. Lógico que ele a vira, completamente encharcada, tremendo de frio e conversando com Hermione Granger.


 Tad já estava vindo atrás dele como um corvo maldito.


 


-Draco cuidado! – Pansy gritou no histerismo de sempre. Potter estaria surdo em menos de um mês.


 


 Ele e Tad não trombariam, não eram tão idiotas assim. Porra, Tad também queria ganhar o maldito jogo.


 


 ***


 


 Hermione viu, incrédula, Draco e Tad trombando no ar como dois caminhões de carga se chocando. Os dois rolaram no ar e então caíram numa velocidade incrível. A torcida da Corvinal delirou, os sonserinos gemeram infelizes.


 


-Hermione – Gina se aproximou e falou baixinho. Uma urgência preocupante na voz – Estou sentindo magia negra.


 


 No mesmo instante Harry se virou para trás e encarou Gina. Ele não precisou dizer nada. E Harry era como um radar personalizado por causa de sua cicatriz.


 


-Droga... – Hermione murmurou – Não é o Tad.


 


-É alguém aqui... – Gina sussurrou e tremeu. Não pelo frio – Alguém com a gente.


 


 Ela e Hermione vasculharam a arquibancada, tentando observar todas as pessoas. Mas era impossível. Tantos rostos, tantos sonserinos.


 


-Gina – Hermione sussurrou – Alguém está brincando com fogo. Até eu senti a intensidade disso.


 


-Hei! – Faith sorriu para as duas – O que foi?


 


-Nada não – Gina tentou sorrir, e o sorriso saiu um tanto quebrado, deprimido – Estou congelando aqui. Esse jogo precisa acabar logo.


 


-Não se preocupe – Faith continuou. Ela tinha colocado um casaco com capuz e seu cabelo estava seco e perfeito – O jogo não vai durar tanto assim.


 


 Gina estava preocupada demais com ela mesma para perceber o sorriso sinistro de Faith. Draco e Tad já estavam de volta ao jogo, só que pareciam cansados e machucados. Huxley era a imagem da satisfação em campo. Para ele o jogo já estava ganho.


 


 ***


 


  O reluzente pomo brilhou no céu cinza como uma bola dourada divina. Draco esqueceu as dores no corpo, o sangue em sua roupa, a costela possivelmente quebrada e o braço que tremia quando ele tentava segurar a vassoura com muita força. Ele nunca tinha sofrido tanto em um jogo. Fora atingido mais de uma vez por uma goles, caiu depois de trombar com o estúpido Nott.


 Dando uma última olhada em Gina, seu amuleto da sorte, ele partiu rumo a vitória. Quando mais rápido a vassoura ia mais rápido seu coração batia... E mais rápido sua visão escurecia. A torcida da Corvinal estava histérica, a da Sonserina já cantava vitória. Cedo demais, Draco pensou.


 Ele mal podia ver o céu agora, só conseguia enxergar o brilho dourado. A vitória. Ele precisava disso. Seu ano tinha saído tão errado desde o começo... Ele queria e merecia. A taça seria sua.


 


-DRACO! DRACO! DRACO! – a torcida clamava.


 


 Draco sempre quis isso. A fama, o poder. A sensação de ser o único. Era seu momento de glória. Ele continuou subindo em busca do pomo, que agora era só um pontinho dourado.


 


-DRACO! DRACO! DRACO!


 


 Sua mente começou a ficar leve. Ele podia ouvir o apanhador da Corvinal gritando e tentando alcançá-lo. Draco esticou as mãos e viu outra mão ali, do apanhador da Corvinal. Ele estava mais perto que o esperado. Draco esticou a mão mais e mais, sentiu pontadas agudas nas costelas, dor, tão forte... E então escuridão. Gina gritou quando o viu cair inconsciente na areia fina que cobria o chão do campo de quadribol.

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