Magia Negra

13º capítulo – Magia Negra

 

“Dizem que a maldade é herdada, que ela fica no sangue e vai passando de geração para geração, não morre. Eu acreditava que a maldade era criada. E que todos nós tínhamos um pouco, ou muito, dela. Agora eu sei que estive errada o tempo todo. A maldade é uma doença maligna, que se alastra tão rápido que, quando nos damos conta, é tarde demais para voltar atrás.”

 

Faith Maynard

 

 Faith sorriu instintivamente enquanto andava pelo corredor lotado de alunos. Segundas nunca eram as preferidas da sua agenda, mas hoje, só hoje, ela estava feliz pelo dia. A festa de Gina acabara mais de seis e meia da manhã, com a anfitriã agarrada ao namorado Tad e Draco Malfoy bebendo até cair com o time da Sonserina. Tudo um sucesso, é claro.

 

-Oi Faith! – alguém gritou quando ela passou.

 

 Ela sabia que a popularidade de Gina ia respingar nos amigos, só não imaginava que seria tanto. Todos sabiam seu nome, todos queriam um favorzinho e todos tinham algo valioso para dar em troca.

 

-Hei nerd! – Pansy parou na frente dela – Preciso falar com você.

 

-O que é? – Faith ergueu uma sobrancelha e encarou a sonserina. Várias pessoas já estavam sussurrando sobre aquilo, criando mil teorias sobre o que a princesa da Sonserina fazia com a amiga da rainha.

 

-Olha – Pansy se aproximou e abaixou o tom de voz. As duas ficaram encostadas em uma das paredes de pedra do corredor – Eu estou batendo contra a parede com essa informação. Parece que todo mundo tem medo do Tad, sabe que ele fez algo terrível, mas ninguém fala sobre isso... É quase como se...

 

-Todos tivessem se esquecido – Faith murmurou, seu estômago doía e ela sabia que tinha razão. A família de Tad era poderosa e, de alguma forma, tinham apagado a mente de centenas de alunos.

 

-Sabe, eu adoro mesmo o Tad – Pansy continuou séria e, pela primeira vez, parecia quase humana aos olhos de Faith – Mas acho que você deveria só alertar a Ginevra, mantê-la longe dele. Não acredito que vamos descobrir muito além disso.

 

-Harry e Rony estão envolvidos com Draco, procurando respostas – Faith olhou dos lados e constatou que os alunos tinham voltado para suas rotinas, ninguém prestava atenção nelas – Tenta descobrir o que eles sabem.

 

-Por quê? – Pansy a encarou.

 

-Quantas perguntas princesa – Faith zombou – Descobre e eu te passo a informação.

 

 ***

 

 Hermione suspirou impaciente e apoiou o queixo na mão. Ela estava exausta e morrendo de sono. A festa de Gina tinha ido até tão tarde (ou cedo, considerando que o sol já tinha saído) e no domingo ela tinha feito um trabalho gigante do maldito Snape, isso sem falar na ressaca sem proporções.

 Ela sorriu e olhou para Blaise que, surpresa das surpresas, estava olhando também pra ela. Os dois riram juntos. A festa tinha sido épica, essa era a verdade. Os dois piraram juntos, dançando até a última música, conversando sobre tantas bobeiras e só... Ela precisava admitir que Blaise Zabini era muitíssimo divertido.

 

-Alguma piada que os senhores queiram partilhar? – a voz de Snape trovejou na sala. Hermione fechou a cara e olhou emburrada para ele.

 

-Desculpa professor – Blaise falou em sua voz mais solene e Hermione se controlou para não rir mais uma vez – Eu só estava...

 

-Eu emprestei meu caderno para ele, professor – Harry falou de repente – Hermione só ia pedir de volta. Não é nada demais.

 

-Deixa que eu decido o que é ou não demais – Snape olhou irritado para Harry – Agora peguem seus caldeirões e abram o livro na página...

 

 Hermione se desligou novamente, mas dessa vez não ousou olhar na direção de Blaise.

 

-Hermione que porra é essa? – Harry e Rony olharam irritados para ela – Você anda trocando olhares com o bosta do Zabini? – Rony cruzou os braços.

 

-Deixem de hipocrisia, queridos amigos – Hermione abriu um lento e divertido sorriso – Harry está namorando Pansy Louca Parkinson e Rony ficou se agarrando com a ex do Colin, Elisha, a festa toda.

 

-Como você sabe da Elisha? – Rony sussurrou e ignorou a cara de choque de Harry – E foi só na festa, eu nem vi a garota no domingo.

 

-Rony como é... – Harry começou a falar, chocado.

 

-Vamos trabalhar meninos – Hermione começou a pegar os ingredientes – Eu ainda quero dormir um pouco antes do jantar.

 

 Do outro lado da sala Blaise sofria com os interrogatórios da Scarlett, Pansy e Terrence. Draco estava distraído demais para se importar com alguma coisa além dele.

 

 ***

 

 Draco foi atingido com força no ombro na saída da aula. Scarlett e Terrence ainda estavam interrogando Blaise e ele só não tinha paciência para isso. Tad cruzou os braços e o encarou, parecia um galinho de briga.

 

-Ela não fez aquilo por você – ele começou – A festa é só parte de mais uma jogada sobre o lance de rainha.

 

-Ah tá! – Draco forçou uma risada só para irritá-lo – Então é por isso que você veio se explicar? Você sabe que ela está querendo voltar pra mim.

 

-Eu vou te mostrar o que... – Tad já estava com o punho erguido quando Snape apareceu. Ninguém disse nada por alguns segundos.

 

-Tad, me acompanhe – Snape falou e saiu caminhando rapidamente.

 

 Draco olhou vitorioso para Tad.

 

-Hei Malfoy – Harry e Rony surgiram do lado dele. Bem... Hermione também estava ali. Draco a encarou por alguns segundos, tentando entender o que seus amigos viam nela. Não que Hermione não fosse bonita... Ela era só tão nerd, calma... O tipo de garota que seguia as regras certas.

 

 Draco não gostava disso. Ele gostava do fogo de Ginevra, gostava de se queimar nele... De suspirar e morrer nas chamas dela.

 

-Ele está divagando – Hermione suspirou – Eu quase sinto saudades do Malfoy mordaz e chato. Você agora só está sendo...

 

-Eu não vou ouvir isso de você! – ele a olhou com raiva – O que vocês dois querem?

 

-Snape e Minerva vão falar com o Nott sobre a magia – Harry cruzou os braços e apoiou o ombro na parede – Já que nossa busca deu em nada, porque ninguém consegue lembrar o que ele fez, e a Gina continua envolvida com aquela escória...

 

-Foi a única opção – Rony o cortou – Deixemos nas mãos de quem pode resolver.

 

-Isso não vai afastá-la dele! – Draco gritou – Eu tenho que saber o que ele fez.

 

-Deixa de escândalo – Hermione olhou irritada para Draco. Ninguém estava perto o suficiente para escutá-los, o que era bom. Ela colocou as mãos na cintura e se aproximou dele – Ginevra é grandinha e sabe o que é bom pra ela. Deixa ela escolher o caminho que quer seguir e cuida da sua vida – Hermione se virou para Harry e Rony, que olhavam chocados para ela – Vocês dois também. Ninguém mais viu o Tad fazendo nada, provavelmente as doses cavalares de poção que o Malfoy enfiou nele a semana inteira já o curaram. Achem uma nova missão e deixem a garota em paz.

 

 Os três meninos observaram, ainda chocados e sem palavras, Hermione ir embora com a altivez de alguém da realeza. E Draco teve que assumir que a garota tinha fibra, e coragem. E parecia bem mais bonita quando irritada. Talvez fosse isso que Terren e Blaise viam.

 

 ***

 

 Tad cruzou os braços e olhou impaciente para Minerva McGonagall e Snape. Os dois falaram por quase meia hora sobre todo o histórico de violência na vida dele. Como se ele não soubesse como era ferrado. Falaram sobre a magia negra e a necessidade de um tratamento de um mês, só para garantir.

 

-Vocês querem me fazer acreditar que a maldade tem cura? – Tad olhou debochado para os dois – Isso é absurdo.

 

-A maldade não é uma coisa só Tadwyn – Minerva o encarou seriamente – Você deve entender que a magia negra é como uma doença, ela é viciante. E como todo vício, você perde o controle sobre o que está fazendo ou vai fazer.

 

-Eu posso contaminar alguém? – Tad se viu perguntando o que tanto temia.

 

-Não é comum, é raro... Mas acontece. Já aconteceu diversas vezes – Snape falava agora – Dependendo do tipo de magia negra envolvida na história o problema fica maior. Você deve entender que a magia se torna parte de você, ela invade sua alma e sua mente. Você faz coisas terríveis, coisas que não faria jamais, e não se sente remorso nenhum.

 

-Eu viro um monstro – Tad murmurou, os olhos fixos em algum ponto no chão. Ele só conseguia pensar em Faith e as asas negras que saiam dela... Todo aquele poder prestes a explodir.

 

-Você não vai virar um monstro – Minerva olhou mais branda para ele, quase serena – Não se tomar o cuidado necessário. É como uma entidade Tad, que assume sua vida em todos os aspectos. O poder é tentador e perigoso.

 

-Siga os nossos conselhos, ou morra se rebelando – Snape sentenciou enquanto entregava um fraco para ele – Busque um novo toda manhã na minha sala.

 

 Tad estava ansioso demais pensando em Faith para se preocupar com ele mesmo.

 

 ***

 

 Lexie e Elisha estavam esparramadas na grama do jardim, matando aula e não se preocupando com nada. Estavam flutuando, sorridentes, um tanto quanto bobas e totalmente nada sonserinas.

 

-Você vai atrás do Rony Weasley? – Lexie perguntou enquanto ajeitava os óculos de sol no rosto. Ela tinha prendido o cabelo em uma linda trança embutida.

 

-Claro que não! – Elisha olhou chocada para a amiga – Eu cansei de correr atrás. Colin, Blaise... Chega disso!

 

-Você tem que parar de ser tão orgulhosa – Lexie comentou distraída. Ela sentia tanta falta de Colin que seu corpo doía.

 

 Os dois tinham se beijado por tanto tempo do sábado, beijos tão maravilhosos... Ela não via a hora de por as mãos nele de novo. Alexandra Parkinson, princesinha da Sonserina, Branca de Neve Malvada, Vadia sem coração... Era uma garotinha apaixonada. Acreditem ou não.

 

-Eu não vou atrás dele – Elisha estava falando – Isso é meio patético. Eu só vou surgir no caminho dele, por coincidência, e se ele fizer alguma coisa... Aí aconteceu né!

 

 As duas riram alto, divertidas.

 

-Hei! – Elisha se apoiou nos cotovelos e observou com atenção uma movimentação anormal em uma janela do térreo – Tem gente fugindo da aula?

 

 ***

 

 Gina foi a primeira a saltar. Ela estava rindo e usava óculos de sol estilo aviador. Faith e Brooke a seguiram. Depois Colin, Rich, Valentim, Myron e por fim Hayden. A aula do professor de História da Magia estava sendo entediante, para variar, então uma garota chata da Sonserina tinha tido um ataque de pânico ou algo assim e o professor tinha saído com ela.

 

-Aonde vocês vão? – duas sonserinas chatas perguntaram quando Gina levantou.

 

-Em nenhum lugar da conta de vocês – Gina respondeu, cortante – Todo mundo de boca fechada – ela correu o olhar por todos os rostos, grifinórios e sonserinos. Lexie e Elisha não estavam na aula também.

 

 Os alunos olharam ansiosos para Gina. Iam concordar com qualquer idéia dela, é claro. Ninguém queria cometer suicídio social. Então Gina simplesmente abriu a janela com um empurrão, subiu na mesa do professor e pulou.

 

-A Lyss me olhou com uma cara – Brooke comentou quando o grupo começou a andar rumo a Floresta Proibida – Acho que ela se sente sozinha.

 

-Ela é uma cobra – Faith cortou – Não se esqueça disso.

 

 Colin seguiu o grupo enquanto sua mente vagava para um canto especial do jardim. Lexie e Elisha estavam camufladas, mas não tão camufladas assim. Ele conseguiu ver um pedaço das duas e isso era o suficiente para revirar todo o seu estômago. Caramba, ele era tão colegial.

 

-Eu e Faith temos esse lugar incrível – Hayden estava falando, o braço enrolado na cintura da Faith – Vocês vão adorar.

 

-Eu estou tão pronto para as férias – Rich reclamou.

 

 ***  

 

 Tad revirou o colégio atrás da Faith. Perguntou aos alunos de sexto ano, ninguém sabia de nada... Só que ela, Gina e mais um bando de gente pulou a janela e sumiu no jardim. Ele não queria se preocupar, claro que não.

 Uma hora depois ele estava preocupado. Já tinha olhado os jardins, as torres, o campo de quadribol, as ruínas, a ponte, a área ao redor da Lago Negro... Eles tinham desaparecido. Ou estavam na Floresta Proibida.

 E foi pra lá que ele marchou. A tarde já estava acabando e o céu tinha aquela cor linda de rosa e laranja que Gina tanto gostava. Tad esperou a espetada de Magia Negra que sempre sentia ao entrar na Floresta Proibida. Dessa vez ele não sentiu nada.

 Absolutamente nada.

 Não era como antes, quando ele apenas ignorava todo aquele poder ao redor dele, esperando pacientemente. Não, era como se a magia tivesse simplesmente evaporado. Simples assim, bum! Acabou! Ele poderia ter se sentido livre, feliz, extasiado até. Estava curado! Milagre!

 Mas isso era bom demais pra ser verdade. Ele apertou o passo, cada vez mais preocupado. Foi então que ele ouviu o suave murmúrio em latim. Alguns passos depois a cena inimaginável: Faith estava em pé com os olhos fechados, ao seu redor todos estavam caídos imóveis, como pássaros abatidos.

 Ela tinha as asas de novo... Asas negras imensas e poderosas. Magia pura, viva... Se enroscando na alma imaculada de Faith.

 

-Tad! – ela abriu os olhos de repente, eles estavam vermelhos. Ela sorriu e olhou diretamente para ele.

 

-Feche isso! – ele gritou.

 

 Faith piscou uma, duas, três vezes. E então ela estava olhando horrorizada para ele.

 

-O que houve? – ela gritou enquanto se jogava em Tad. Ele a abraçou com força – Eu não me lembro de nada.

 

-Calma, está tudo bem! – ele mentiu.

 

 Estava claro porque ele não sentia mais magia negra. Estava tudo em Faith, tudo! Ele a contaminara. Ele tinha acabado com a vida dela.

 

-Você precisa me ajudar – ela soluçou.

 

-Eu vou, eles não vão lembrar de nada – Tad a apertou com mais força em seus braços – Vamos cuidar de tudo... E então vamos cuidar de você.

 

 ***

 

 Lexie olhou ansiosa para a janela da sala de aula vazia. Era só uma daquelas salas assustadoras que pareciam encher o caminho até as masmorras. Ela se deitou em cima de uma mesa grande e ficou olhando pela janela. Podia ver o céu e muitas estrelas. Tantas estrelas... Ela suspirou. Como pequeninos pontos de luz. Ela sorriu.

 

-Lexie? – a voz de Colin fez com que seu coração disparasse desesperadamente. Ela se sentou em um segundo, as pernas balançando no ar.

 

 A luz da lua iluminou todo o caminho dele até ela. Os dois ainda não tinham se visto desde o beijo. Colin estava doente por ela.

 

-Como me achou? – ela sussurrou quando ele se aproximou e tocou o rosto dela.

 

-Harry tem um mapa especial – ele sorriu e continuou tocando-a levemente – Eu ia atrás de você antes... Mas a coisa mais estranha do mundo aconteceu.

 

-O que houve? – ela perguntou e se controlou para não fechar os olhos. O toque dele era tão bom.

 

-Eu e meus amigos dormimos na Floresta Proibida – ele riu levemente – Foi tão estranho. Nós matamos aula e fomos pra esse lugar... Eu acordei quando estava quase anoitecendo. Todos nós dormimos.

 

-Eu vi você pulando a janela – ela sorriu.

 

-Eu também vi você – ele murmurou antes de segurar o rosto dela com as duas mãos e então beijá-la.

 

 E foi ainda melhor do que ela se lembrava. Porque Colin a beijava de uma forma que ninguém tinha feito antes... Ele a beijava com todo seu coração. Lexie podia ser um pouco inexperiente nas questões do amor... Mas ela sabia que jamais encontraria alguém que a amasse como Colin.

 

 ***

 

 Blaise fingiu estar ocupando procurando um livro na fileira dos livros sobre quadribol. Ele estava mesmo é de olho em Hermione, que estava sozinha em um canto estudando. Ou fazendo algum trabalho que ele provavelmente deveria fazer também.

 Ela estava com o cabelo preso em um coque alto, meio desleixado. Estava meio que... É, ela estava gracinha. Quase como se pudesse senti-lo olhando-a, Hermione ergueu os olhos bem no rumo dele.

 

-Blaise! – ela sorriu. Ele teve que assumir que a nerd perdera aquela aura de tristeza desde que Pansy e Harry começaram o namoro. Ela parecia radiante.

 

-Ah... – ele puxou rapidamente o primeiro livro que achou e andou até ela – Como vai você? – Blaise se sentou de frente para ela.

 

-O que você faz aqui? – ela ergueu uma sobrancelha.

 

 Blaise tinha uma resposta rápida e mordaz... Mas ela virou a cabeça um pouquinho e ele percebeu uma marca de nascimento no pescoço em forma de estrela. Aquilo o distraiu com uma força assustadora.

 

-Quadribol para iniciantes? – ela observou o livro nas mãos dele e sorriu novamente – Tentando ser capitão de novo?

 

-Ah... Não! – ele piscou e voltou a olhar pra ela – Aquilo já era. Muito estressante e nada gratificante – Blaise riu – Eu não gosto muito de passar nervoso.

 

-É – Hermione concordou – Melhor deixar o trabalho com o Malfoy.

 

-Ser capitão é a cara do Draco – os dois riram juntos – Ele é tão estressado.

 

-Eu tenho pavor de quadribol – ela comentou – Gina até fez uma lista absurda de coisas que eu tenho que fazer e... Uma das tarefas é isso.

 

-Jogar quadribol? – ele perguntou.

 

-É – Hermione suspirou – Mas não vou nem tentar. Difícil demais.

 

 Blaise ia responder alguma coisa quando Scarlett e Terrence apareceram na biblioteca. Os dois pareciam afobados e irritados.

 

-Que foi? – ele perguntou, irritado com a interrupção.

 

-É o Draco! – Scarlett soltou a bomba sem nem olhar na direção de Blaise – Vai falar com o patético do seu amigo.

 

-Tudo bem! – Blaise suspirou alto e levantou – Tchau nerd!

 

-Tchau Hermione! – Terrence sorriu para ela.

 

-Tchau meninos – ela respondeu com um enorme sorriso, só para enfezar Scarlett. A sonserina olhou vermelha pra ela, suspirou irritada e por fim seguiu o namorado.

 

 ***

 

 Gina e Zéllie estavam de muito bom humor. Os irmãos Nott, Tad e Theo, estavam jogando baralho e se xingando como os bons irmãos que eram. As duas estavam sentadas no sofá azul da Corvinal, batendo papo com Luna e de olho em Hux, que estava rodeado de garotas. Para variar.

 

-Você é um lixo – Tad comentou enquanto embaralhava de novo – Vou fazer você passar vergonha na frente da sua namorada.

 

 Zéllie não podia se importar menos com o placar. Ela pensou em Theodore, e em como eles estavam ficando sérios... E como isso era nada do que ela queria no momento.

 

-Foi tão estranho Luna – Gina estava dizendo – Nós dormimos ali no chão mesmo. Eu lembro apenas que estávamos andando, seguindo Hayden e Faith... E então nada! Absolutamente nada.

 

-É só a Floresta Proibida mexendo com a sua mente – Luna comentou. Ela sorriu lindamente quando o namorado, Zacarias Smith, entrou no salão comunal da Corvinal e andou até ela – Até mais meninas.

 

-Eles vão casar – Gina suspirou e se virou para Zéllie – Eles ainda estão jogando e brigando? – ela observou o namorado e o irmão – Isso é tão tedioso.

 

 Um segundo depois elas estavam contando as últimas fofocas de Hogwarts. É bem certo que entre meninas a conversa não morre.

 

 ***

 

 Blaise entrou no quarto como um furacão. Draco nem olhou na direção dele, continuou deitado na cama, imóvel e se sentindo a pessoa mais miserável do mundo. Ele realmente tinha achado que as coisas iam mudar quando a pequena Delilah entrou na Sonserina e falou que ele e Tad deviam acompanhá-la por ordens expressas da rainha. Talvez, estupidamente pensou, ela fosse escolhê-lo agora... Talvez fosse a vez de Tad ficar plantado esperando uma resposta.

 

-Isso é tão ridículo – Blaise começou a falar enquanto parava do lado da cama de Draco, os braços cruzados – E tão típico de você.

 

-Anda pegando conselhos com a Granger, Blaise? – Draco olhou irritado para ele.

 

-Ginevra A Rainha Malévola, é como aqueles que foram prejudicados pela rainha a estão chamando agora – Blaise continuou e fingiu não se dar conta da cara feia de Draco – E acha que ela se importa? A Weasley está rindo na cara de todos eles.

 

-Blaise... – Draco respirou fundo e tentou se controlar – Por que isso é relevante?

 

-A Ginevra gosta de poder, Draco. Ela gosta de homens poderosos, e controladores... Ela gosta de tentar controlá-los, assim como faz com você. E se continuar desse jeito ela nunca vai deixar o Tad, nunca. Está na hora de você voltar a agir como homem, Malfoy, sonserino... Não me importa. Vá pegar umas meninas, transar até desmaiar... Sai disso!

 

-Você não entende...

 

-Claro que não! Você parece um idiota há meses, correndo atrás e implorando por atenção... Como você acha que ela vai querer voltar pra você se não precisar se esforçar um pouquinho? Aquela vadia gosta de lutar pelas coisas, gosta de sentir o prazer de vencer, conseguir, tomar posse. Você não pode se apaixonar e entregar os pontos. Juro Draco, você pegava mais meninas namorando a Pansy do que agora que está solteiro.

 

 E foi como um clique. Draco piscou duas vezes, encarou Zabini e então percebeu que... Ele tinha razão! Não só ele como a nerd da Granger.

 

 ***

 

 Harry Potter estava na Sonserina. Os sussurros iam por todos os lados. Pansy revirou os olhos quando viu Roxy, Stacie e Millie de olho nos dois. Como se todo mundo não soubesse que eles estavam juntos. Ela estava sentada no colo dele, os pés apoiados no sofá. Scarlett e Terrence estavam no sofá da frente, também enroscados.

 

-É verdade que a Elisha ficou com seu amigo? – Scarlett perguntou a Harry. Ela agora estava sendo toda simpática com o namorado da amiga, já tinha percebido que era sério.

 

-Parece que sim – Harry e Terrence se encararam e riram. A rivalidade dos dois tinha caído por terra agora que eles meio que conviviam. Harry não era tão bom a ponto de simplesmente perdoar o que acontecera entre ele e Hermione.

 

 Mas era passado agora... E tudo estava bem enterrado. Ou talvez fosse Pansy, Harry reconsiderou. Ela enchia seu coração tão completamente que não havia mais espaço para ódio ou rancor.

 

-Que coisa estranha! – Scarlett suspirou – Eu achei que ele fosse apaixonado por aquela francesa chata.

 

-Dominique – Harry e Terrence riram novamente. Dominique era lindíssima, isso sim – Ele gostou dela sim, só que acabou. Ela foi embora, ele ficou.

 

-Hei – Pansy deu um beijinho no pescoço do namorado – Quer conhecer meu quarto?

 

 Scarlett revirou os olhos quando Harry subiu as escadas com Pansy nas costas dele. Ela era a macaquinha particular de Harry Potter, quem diria!

 

 ***

 

 Ela ouviu o primeiro tink na janela. E depois outro. E outro. E outro. Hermione suspirou e se mexeu na cama. O tink tink continuou por mais um minuto. Ou dois. Ou talvez tenha sido só um segundo. Ela abriu os olhos de uma vez, ofegante. O barulho continuava. Hermione abriu as cortinas ao redor de sua cama e observou seu quarto. Todo mundo dormindo, é claro. Quando já pensava em deitar novamente, ouviu o tink. E olhou a janela.

 Um grito de terror ficou entalado em sua garganta. Ela se controlou e se aproximou. Olhos a observavam. Sim... Blaise. Com um suspiro de irritação e resignação ela andou até a janela e a abriu.

 

-Você demorou quatro minutos – Blaise apontou enquanto cruzava os braços.

 

-E você está voando na minha janela às duas da manhã por quê? – ela ergueu uma sobrancelha.

 

-Vamos dar uma volta e realizar alguma tarefa da lista – ele sorriu – Estou entediado, sem sono e não agüento mais a chateação de Draco. Vou te ensinar quadribol.

 

-Jura é? – Hermione colocou as mãos na cintura e arregalou os olhos ao não sentir o shorts do pijama – Droga! – resmungou enquanto corria para procurar roupas. Ela estava só de calcinha e sutiã.

 

 Blaise ainda estava rindo baixinho quando ela abriu novamente a janela, ainda sonolenta, vestindo jeans e uma jaqueta vermelha.

 

-Não diga nada! – ela o advertiu enquanto se inclinava para sair pela janela.

 

 Blaise se aproximou e a ajudou a montar na vassoura. Os dois riram juntos enquanto saiam disparados pela agradável noite de primavera. Tão felizes e distraídos que não repararam na garota andando até a Floresta Proibida.

 

 ***

 

Every day I wake up
Every day I wake up alone
Every day I wake up
Every day I wake up alone

 Ela estava pensando sobre o tempo. Não o tempo passado, presente e futuro. Sobre as horas. E segundos. E quão longos eles poderiam ser, ou como corriam quando decidiam fazer nosso dia virar pó. Então pensou sobre a palavra que não saia da sua cabeça, por mais que tentasse. Magia negra! Magia Negra! Magia Negra! Magia Negra!

 Faith sabia agora o que corria em suas veias, ela entendia o poder que parecia rodeá-la. Ele era tão tentador, tão divertido e sedutor. Ela queria usar só um pouquinho, ver do que era capaz. Depois disso, jurou a si mesma, ia seguir o conselho de Tad e se tratar.

 Pansy lhe mandara uma carta naquela noite. Contou sobre Harry falando com Snape, e como Tad estava sendo tratado agora. Faith não quis dizer nada, mas na Floresta Proibida, quando colocou os olhos em Tad ela soube. Ele não tinha mais magia negra nenhuma dentro dele, ou ao redor dele. Talvez fosse esse o efeito da poção, tornar a pessoa um repelente de magia negra.

 Aquilo de perder o controle jamais aconteceria com ela, não a centrada Faith. Ela riu sem humor. Jamais poderia contar que estava ciente de tudo o que aconteceu na Floresta Proibida. Antes, enquanto descobria do que era capaz, ela pensou que poderia contar tudo a Tad, desabafar. Mas o olhar dele... Não, ela não falaria com ninguém. Seu segredinho particular.

 

That my good book told me, And all the lost souls say

 Faith entrou na Floresta Proibida e andou por horas. E então estava amanhecendo e o céu parecia fogo. O caminho foi fácil, como se seu corpo reconhecesse tudo. Ela andou por algum tempo, até chegar a uma clareira. Seu coração estava bombeando sangue tão rapidamente, e as mãos dela pareciam feitas de fogo, tão quentes.

 

Every day I wake up, Every day I wake up alone
(kill me, just kill me or get me out of the sun)

 Faith sorriu e girou os dedos no ar, como se estivessem dançando lentamente. Ela demorou dez segundos para perceber que dezenas de pássaros pretos tinham se aproximado e agora dançavam no ritmo dos dedos dela.

 

-Que coisa linda – ela murmurou sem fôlego. Talvez aquela magia não fosse tão ruim.

 

 O canto dos passarinhos foi ficando mais e mais alto, até começar a parecer um grito. Faith olhou assustada a forma como eles voavam agora, sem controle, frenéticos. E então percebeu que suas duas mãos estavam do mesmo jeito. Ela gritou desesperada quando os passarinhos caíram mortos ao redor dela. Ela os matara. E a dor em seu coração… Deuses! Ela olhou estática para os pássaros mortos… Não havia dor nenhuma em seu coração. Ela não conseguia sentir nada. Absolutamente nada. Ela se sentiu abençoada. Pobre Faith, não percebeu que estava, na verdade, amaldiçoada.

 

Every day I wake up alone
kill me just kill me or get me out of the sun
(Kill Me – The Pretty Reckless)

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N/A - Gente desculpa a demora. Antes de tudo o meu apelo: beta cadê vc?? Mais um cap betado por mim, o q significa q foi meio na correria de sempre né. Gente queria agradecer os comentários e contar que estou com um milhão de idéias. Os capítulos estão maiores, vcs vão perceber, mas é pq tive umas idéias e tenho só até o cap 22 pra por tudo em prático. Ainda estou escrevendo o cap 16, por isso tenho demorado muito.

Idéias são bem vindas. Tb me falem o q vcs estão achando dos casais e do rumo da história.

bjoooooooooooooooooooooo

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