Do outro lado



Nós vamos precisar conversar.



-Eu sei... – ela disse quase sonolenta, acariciando as madeixas dele. – Mas eu não estou com presa Harry. Eu não quero pensar agora... – ela o encarou.



Ele deu um sorriso tentando deixar de se preocupar e perguntou repentinamente. – Sabe o que quero?



-O que? – perguntou tentando se fazer de inocente.



-Você nem imagina?



-Deixa eu ver... Hmmm – e então ela pôs o indicado na ponta do nariz dele. – Eu não tenho idéia... Mas tem só uma coisa que eu quero, quero muito nesse momento.



-Mesmo? E o que é?



Ela sorriu marotamente e abaixando-se e quando bem próxima a ele, falou lentamente: - Dormir...



Ele ergueu a sobrancelha e sem vacilar a puxou para si, beijando-a.

Algumas horas depois, Harry de despedia dela.



*****

-Eu vou sentir saudade - ela o abraçou.



-Eu também, Mione – murmurou no ouvido dela.



Estavam no escritório dele, portas fechadas. Ainda era cedo e poucas pessoas haviam chegado ao ministério.

Ela suspirou, e então se voltou para olhá-lo, só pra guardar o brilho que ele emanava, que seus olhos nunca deixaria de ter.



-Tome cuidado! – ela apontou o dedo indicador para o rosto dele.



Ele deu um sorriso – Certo... Minha Senhora – falou sedutoramente aproximando-se.



-É sério Harry... – a mulher murmurou olhando-o preocupada.

“Por que ele não leva a sério?”



-Eu sei – beijou seu rosto. – Eu tomarei cuidado.



Hermione o abraçou mais uma vez. E então, afastando-se, encostou seus lábios no dele, queria senti-lo, só mais uma vez... O beijo era calmo e insinuante, numa estranha mistura de preocupação e desejo. Não era apenas carne, era cerne, eram almas se encontrando, – quase misturando-se – era sede e ao mesmo tempo tudo era saciado com o encontro de suas línguas... Era como se abandonar um ao outro. – em seus braços. - As mãos de Hermione seguravam carinhosamente o rosto do amigo. Enquanto este segurava sua nuca e cintura. Aquilo poderia durar para sempre, e intimamente, eles rezavam para isso.



-Harry? Você está ai?



Hermione deu as costas para a porta, respirando pesadamente.



Não preciso que ninguém veja o quando fico afetada quando estou com Harry...

Certas coisas não podem durar muito, foi melhor... – tentando me assegurar. – Porque, bem, não conseguiria me afastar mais de Harry de ficássemos mais alguns segundos – com ele minha mente fica fraca! – unidos.

Sinceramente, meu desejo é de estapear essa mulher, pô-la para fora e depois, trancando a porta, lançando feitiços e mais feitiços para que não fossemos interrompidos... Arrancar qualquer peça de Harry que não seja ‘natural’.

Respira fundo. Fecha os olhos... Respira novamente, abre os olhos e vire-se.



-Estou... – falou passando a mão pelo cabelo.



-Bem, Vamos...? – a mulher olhou para Hermione, que estava perto da mesa de Harry agora. – Estou atrapalhando algu-?



-Não. O que é isso... – Hermione a interrompeu, quanto menos a ouvisse, melhor seria. – Eu já estava de saída – falou forçando um sorriso. – Bem Harry. Como eu disse, se cuide – ela espalmou um beijinho em seu rosto. Enquanto o homem segurava levemente uma de suas mãos e apertava.



-Eu vou sentir saudade – ele disse com um sorriso um tanto infeliz e lhe dando um beijinho na testa.



Hermione suspirou e após pegar sua bolsa, que se encontrava no sofá, se retirou. – Eu também. Boa viagem...



Saindo do escritório de Harry sentia a cabeça a girar.

Aquela mulher não poderia ter aparecido em outra hora? Ou melhor, ela não poderia ter desaparecido? Aquele pensamento de Hermione quando mais cedo a dominando e por um instante parou no meio do corredor... Balançou a cabeça e tornou a andar.

Ela não chegara ainda a tal ponto. Mas... até seria bem interessante. Ela deu uma risada meio de deboche e andou, perdida em pensamentos.



*****

Hermione bateu mais forte do que esperava a porta de seu escritório. Mas pouco se importou com isso, se quebrasse, o ministério que arcasse com as despesas – Ou até ela mesma, não se importava. A mulher só queria ficar sozinha.

Jogou a bolsa em um canto e sentou-se pesadamente no sofá, quase se jogando. Bufou e prendeu os cabelos.

Certo, o que tinha pra fazer hoje? Droga, ela não queria pensar. Ela queria estar em casa, na sua cama, deitada, curtindo, quem sabe, uma dor de cotovelo... – Ow, quando tornara-se tão dramática? Por Deus, ‘dor de cotovelo’? – Hermione Granger onde está você?



Ela fechou os olhos massageando o pescoço. Aquilo a deixava relaxada.

Havia apenas dois dias que Harry tinha viajado e ela estava um pouco ‘amarga’ nesse meio tempo. Os dias pareciam ser mais longos e lânguidos – estressantes dias de obstinação -, as noites estavam sendo um inferno. Hermione passou a ter insônia depois de, no primeiro dia sem Harry por perto, ter tido um pesadelo, onde o próprio não voltava nunca mais de onde estava...

Ela nem conseguia pregar os olhos, lembrando do sonho. A mulher tinha medo de acordar e saber que tudo era realidade.



-Srta Granger? – chamou com cuidado sua secretária. – eu sei que a Srta havia pedido para não incomodá-la – falou rapidamente. – Mas achei que fosse importante... – a novata engoliu seco quando Hermione a encarou.



-Prossiga.



-Tenho uma carta. Chegou há poucos instantes – Hermione não pareceu se interessar. - É de, Hã, Harry Potter – ela baixou baixinho, como se não fosse digna de pronunciar.



-Quem?



A outra deu uma olhada nervosa para Hermione. – É do Sr. Potter. Eu trouxe, aqui está... – disse entrando finalmente no local e estendendo a mão para Hermione pegar a carta.



Hermione que estava estática, saiu de súbito do seu estupor e pegou a carta oferecida. – Obrigada.



A moça sorriu docemente e se retirou, quase aliviada. Hermione nem se deu ao trabalho de pensar, com cuidado rasgou o envelope.



Mione,

Espero que tudo esteja bem com você...

Aqui está tudo tranqüilo, não se preocupe. Não tive muito que fazer, você sabe... Buscando ainda pistas. A equipe que escalação é excelente, duvido ter algum problema com os integrantes.

Estou hospedado em um hotel trouxa, de acomodações, como você sabe, sempre exageradas...

Sábado estarei de folga, acho eu.

Aqui não é tão interessante como dizem, sabe? Ou talvez, me falte a companhia certa, para que eu possa finalmente aproveitar as noites belas (e frias), com suas estrelas (mas acho que não brilham tanto como você e seu sorriso) e a lua que vela pelos casais daqui.

Me despeço sem grandes novidades, mais uma vez: não se preocupe.



Sentindo sua falta,

H. James...



P.s.:Você não tem idéia do quando está frio aqui!



Ela sorriu triste. Bem, ao menos sabia que Harry estava seguro e inteiro, por hora ficou despreocupada. Até lembrar de algo...

A equipe, esta que Harry julgava excelente, realmente, havia pessoas boas ali. No entanto, também havia Maristela, não que estivesse menosprezando seu trabalho, o que é isso... – Talvez só um pouquinho... – mas Hermione não gostava – tinha um asco quase declarado – muito daquela lá.

Aquele jeito sonso, aquele sorriso plástico e brilhante, aquela falsa simpatia, toda prestativa com Harry – não que este demonstrasse perceber - A mulher em si já era algo que incomodava Hermione – parecia demonstrar ser o que nem de longe era, ou talvez, seja e sempre fora ciúmes. – E aquela vozinha estridente? Era demais!



Harry estava sozinho, quem sabe, carente... E agora com aquela mulher ao seu lado.

Só soube depois que ela estava escalada junto a seu amigo... – O que podia fazer? Era estranho chamá-lo de amante... E Harry não era, ainda, seu... (ela estava corando!) namorado - Tudo bem, ela confiava nele, o problema era a outra. E, de modo algum Hermione colocaria a mão no fogo por Maristela...



Hermione fechou os olhos e ali estava ele, Harry, aquele moreno de olhos verdes sorrindo para ela. E Hermione quase pôde sentir o cheiro dele, sentir seus lábios no dela, as mãos dele lhe segurando, lhe trazendo alento. Sua voz e seus olhos somente para ela, aquilo era egoísmo, mas quem a recriminava?

Era espantoso como ele conseguia a tomar por inteiro. No quanto ficava absorta quando pensava em Harry, como sentia uma calmaria lhe invadir, em como seus olhos lhe fascinavam, no quanto seu sorriso era verdadeiro, no quanto ela o queria para si, no quanto se sentia imperturbável quando ele estava ao seu lado.



-Eu também estou sentido sua falta – murmurou.

*****



-Harry! – ela chegava entusiasmada na porta dele.



Soubera que eles já haviam voltado.

Ela abriu a porta mais não encontrou ninguém lá. Franziu a testa, onde será que poderia estar? Estava com saudade... Queria vê-lo.



-Ele não está aqui – Maristela estava encostada na porta.



-Então...? – esperou que completasse.



-Você sabe muito bem – falou rispidamente.



-Não sei não – respondeu indignada pela grosseira da mulher. Não havia feito nada! – Você... Por acaso pode me dizer? – perguntou tentando, em vão, parecer calma.



-Não se faça de cínica – cruzou os braços, olhando-a desafiadora.



-Qual é o seu problema, afinal? Acordou de mal humor? – perguntou sarcástica.



-Você sabe muito bem qual é o meu problema, Granger! – exclamou nervosa. – Ele não está aqui, porque ele está morto! – gritou chorando.



-O... O que? – ela sentiu pânico.



-A culpa é sua Granger! – ela gritou – Totalmente sua! – e avançou ferozmente para a mulher. [i]



Hermione remexeu em sua cama, em agonia. O rosto contorcido, no que parecia horror. Ela estava encolhida as mãos no joelho, e murmurava coisas sem nexo, no que se tava para reter algo, por exemplo, nome de feitiços.



[i] De repente Hermione não está mais na sala de Harry. E sim numa praia, aparentemente deserta, aquele lugar era simplesmente fantástico, quase inacreditável, de tão bonito.



O sol bate em seu rosto como uma caricia, o vento sobra em seus cabelos, seu vestido flutuando, o barulho das ondas é delicioso, quase um calmante.

Fechando os olhos, ela sente alguém tocar seu ombro, atrás de si. E virando-se, não se sente surpresa ao ver aquele homem ali, ela apenas sorri, vendo o cabelo dele ainda mais arrepiado com o vento.



-O que foi?



-Oh! Não é nada... eu apenas gosto de ver esse ar rebelde de seu cabelo.



-Só o ar rebelde? – perguntou fingindo desapontamento.



-Não, não – ela acariciou o rosto dele. – Também tem seu sorriso, e seus lábios e seus olhos... E, por fim, você – falou flertando. Ele sorriu.



-Ah. Meu anjo... – e a abraçou. Não faltava nada ali, era um abraço doce, demonstrando todo carinho.



Hermione, em sua cama, suspirou, teve suas expressões suavizadas e parecia mais relaxada.

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