Velha magia
Caminhavam de mãos dadas debaixo da capa da invisibilidade, Harry não fazia idéia de para onde iriam, Sophia ia um pouco à frente com a varinha em punho, sua expressão apreensiva indicava que poderiam haver contratempos, quando chegaram no saguão de entrada, Harry segurou-a pelo braço.
- Para onde vamos?
- Você vai ver, basta ficar quieto e me seguir – respondeu secamente.
Adentraram as masmorras, a cada passo Harry sentia uma pequena pontada dolorosa em sua cicatriz, alguma coisa estava prestes a acontecer. Pareceram andar por horas, ele virava os olhos pelos corredores apreensivo, como se a qualquer momento alguém fosse surgir das sombras e ataca-los, sentia o coração bater no pomo-de-adão.
De repente enquanto olhava para trás, chocou-se com algo, ao virar-se viu que Sophia havia parado e o encarava como alguém que tentava explicar algo muito simples a um burro. O lugar em que se encontravam era familiar para Harry, estivera naquele corredor na véspera de Natal. Sophia saiu de debaixo da capa e abriu a pequena porta lateral com um toque da varinha, ele entrou atrás dela.
- É aqui – ela disse num suspiro cansado.
- Não quero parecer idiota, mas você não usou a chave para entrar aqui, e não vejo mais nada aqui que precise ser aberto. – disse confuso.
- Detesto admitir, mas você não é idiota, qualquer um faria a mesma pergunta – disse ela caminhando em direção a cama.
Num puxão súbito, Sophia afastou a cabeceira da cama da parede, Harry inclinou-se para ver melhor. Ali, quase imperceptível, havia uma pequena fechadura prateada. Ela agachou-se e inseriu a chave, Harry parecia assistir aquilo em câmera lenta, tal qual eram a sua curiosidade e o seu temor. Sophia retirou a chave, e no cômodo aparentemente nada havia mudado.
- E agora? – Harry perguntou de imediato com os nervos a flor da pele.
- Você pensou que seria assim tão fácil? Eu disse que te mostraria pra que ela servia, e isso você já descobriu.
- Mas.....mas não pode ser só isso...- gaguejou, não sabia o que mais dizer.
- Lembra de quando fomos até a floresta e eu disse que pegaríamos um atalho para os pântanos?
- Sim, é claro.
- Pois bem, digamos que essa chave é o que abre o atalho, se não fosse tão tarde eu poderia leva-lo até lá – bocejou - mas é longe e eu realmente estou com sono, acho melhor você voltar para o seu dormitório – terminou secamente.
- Então você me trouxe até aqui para isso? – perguntou transtornado.
- Na verdade o trouxe até aqui para pegar a minha chave de volta – sorriu com sarcasmo.
- Então aquilo no terraço foi só mais um dos seus joguinhos! – gritou sentindo a raiva percorrer suas veias.
- Harry, por favor, pare de confundir as coisas...aqui...aquilo foi...- foi interrompida
- Foi o que Sophia? Uma infeliz conhecidência? – gritou.
- Não – ela disse baixinho, estava sentada ao pé da cama olhando fixamente para o chão.
Harry agachou-se perto dela e pousou a mão sobre seu joelho, fazendo-a encara-lo. Não havia mais raiva nos olhos dele, e sim compaixão.
- Só quero que você saiba, que pra mim é impossível dizer o que eu sinto, pare de me fazer perguntas, de querer ouvir que eu gosto de você, de me procurar com esperança. O que aconteceu conosco foi bom, o problema é que você sabe de mais Harry. – o silêncio frio da sala permaneceu por alguns minutos, Harry levantou seu queixo com a mão forçando-a a encara-lo novamente.
- Confie em mim. – sussurrou ao seu ouvido, estavam sentados ao pé da cama.
A ultima coisa que Harry viu antes de fechar os olhos foi uma lágrima solitária escorrendo pela face dela. Cegamente beijou-lhe o rosto enquanto sentia as mãos dela afrouxando sua gravata. Suas mãos passeavam pelo corpo dela explorando os seios firmes e as coxas torneadas, aquela sensação o embriagava por dentro, literalmente Harry não sabia de onde vinha tudo aquilo, quando no meio daquele silêncio cômodo, ouviu a voz dela sussurrar ao seu ouvido enquanto ela desvencilhava-se dos seus braços.
- Acho melhor pararmos Harry.
Ele abriu os olhos e quando se deu conta de que a blusa dela estava semi-aberta e sua respiração ofegante, de súbito corou envergonhado.
- Me...me..des...desculpe, eu não pretendia.
- Não foi sua culpa...foi apenas o momento – fechou a blusa e arrumou os cabelos enquanto se levantava.
- É....foi só o momento...agora...bem, acho que eu vou voltar para o meu dormitório.
- É...e eu vou fazer o mesmo – pela primeira vez dês de que se conheceram ela estava envergonhada.
- Boa noite – disse Harry vestindo sua capa da invisibilidade e saindo dali a passos rápidos, não sabia onde estivera com a cabeça.
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