Velhos inimigos



Véspera de Natal



O clima entre Harry, Rony e Hermione havia melhorado dês do dia em que Harry decidira abrir o jogo sobre Sophia, contata sobre o beijo, sobre a caminhada na floresta, e para sua felicidade, os dois estavam começando a entendê-la, principalmente Hermione.



Alguns dias antes os três haviam ido juntos a Hogsmeade comprar os presentes, para Hermione, Harry havia comprado um novíssimo guia para encantamentos de beleza, e para Rony um fluido restaurados para vassouras. E estava curioso para saber o que os dois haviam lhe comprado. Depois de pensar muito decidiu comprar um para Sophia também, um lindo pingente na forma de um serpente cujos olhos eram pequenas esmeraldas, apesar da beleza era muito antigo, o dono da loja onde Harry o comprara disse que havia sido penhorado por uma estudante no ano passado dizendo se tratar de uma herança de família, e como ela não voltou para buscá-lo, colocou a venda. Aquela jóia transmitia uma sensação que Harry já estava se acostumando a sentir, desejo.



- Que tal darmos uma volta antes do almoço, Hermione? – Rony mais uma vez lançava a ela seus olhares maliciosos.

Os dois deixaram a sala comunal deixando Harry sozinho, era uma manhã nublada e sem vida, não havia nada a se fazer. Sem deveres, sem companhia, não tinha nem Sophia ao seu lado lhe dizendo coisas constrangedoras e arrogantes, dês do incidente na floresta ela se afastara mais ainda dele.



- Pensando – Gina apareceu do nada o despertou de seus pensamentos.

- É...pensando – respondeu sem animo, ela sentou-se junto à mesa.

- Você anda muito estranho Harry, está quieto, triste e nem vem jogando direito, desse jeito não vamos ganhar a Taça de Quadribol esse ano.

- Que se dane a Taça de Quadribol, Gina você sabe tão bem quanto eu que a guerra está estourando lá fora e ninguém em Hogwarts pode mexer um dedo. – cerrou os punhos e os bateu com tanta força na mesa, que o pequeno vaso de flores, caiu no chão e quebrou-se.

- Mas isso não quer dizer que não se pode ter uma vida, sei que é difícil, especialmente pra você, faz bem esquecer do resto e aproveitar. Acho que ao menos quando você está com ela esquece que deveria se manter longe. – disse levemente irritada.

- Você tem razão, só não entendo porque ninguém quer que a gente..sabe, não faz diferença nenhuma.

- Faz diferença sim Harry, se alguma coisa ruim acontecer a ela, Dumbledore não vai querer que você se arrisque a salvá-la ou tentar uma das loucuras heróicas que você faz todo ano, estão tentando deixá-lo o mais distante possível dos fatos, já que dessa vez o alvo é outro e não o querem metido no meio.



Harry não sabia o que dizer, só o simples fato daquelas palavras tão maduras e sérias virem da pessoa que ele menos esperava já o deixaram sem fala, e apesar de não admitir, sabia que ela estava certa.



- É tão estranho sabe, ouvir o que outros dizem sobre ela...não sei no que acreditar, é como se....quem eles dizem ser, é outra pessoa, não a mesma Sophia que eu conheço – as palavras lhe vinham à boca automaticamente, á tempo não se abria com alguém.

- Posso imaginar, os mais estranho boatos sobre ela circulam, você não sabe nem sobre metade, mas se acha que a conhece bem, e pelo que eu notei, gosta dela, não ligue, ninguém em Hogwarts a conhece realmente. – Ela disse com um sorriso reconfortante.

- Que bom que ao menos você não está me julgando.

- E porque eu o julgaria? Não está fazendo nada errado, está apenas seguindo o seu coração, isso não é crime.



Harry mantinha uma ardente chama de esperança enquanto caminhava na direção das masmorras depois do almoço debaixo de sua capa de invisibilidade, um pequeno embrulho em uma das mãos e milhões de palavras entaladas na garganta, se tivesse à sorte de encontrá-la já seria um grade feito.



Aqueles corredores largos e úmidos não tornavam a procura mais fácil, porém o silêncio em que se encontravam ajudaria a distinguir os sons. O coração batia acelerado a cada passo que dava, olhando atentamente para as sombras a procura de algum sinal dela, tropeçou e caiu destrambelhado no chão frio.



Levantou-se com cuidado limpando as vestes, procurou o objeto no qual havia tropeçado, encontrou um grande pedaço de pedra cinzenta, curioso, pegou-a, já havia visto algo parecido. Era todo talhado com símbolos rúnicos, a menos que estivesse enganado aquilo já fora uma penseira.

Olhou ao redor, num canto escuro quase invisível aos olhos, havia uma pequena porta, com cerca da metade do tamanho de uma porta comum. Largou a penseira quebrada ali mesmo e foi até lá. Por sorte não estava trancada.



Era uma pequena sala mal cheirosa e escura, uma cama, uma cadeira, uma escrivaninha e uma prateleira com alguns livros foi tudo o que viu a principio, mas depois de um olhar mais apurado, viu também outra penseira muito bem escondida debaixo da cama. Abaixou-se e colocou-a em cima da escrivaninha. Lembrou-se da ultima vez que estivera dentro de uma penseira, o que viu não foi muito bom, e estava temeroso sobre o que fazer com esta, sua curiosidade era grande, mas seu medo também.



Ficou alguns minutos pensando no que faria, decidiu deixar a penseira onde a encontrou e olhar as gavetas da escrivaninha em busca de algo não tão perigoso. Na primeira haviam apenas pergaminhos limpos, alguns comidos pelas traças, outro ainda brancos. Abriu a segunda gaveta, haviam diversas fotos espalhadas, tirou o maço e as colocou sobre a escrivaninha para olha-las melhor. Todas eram de paisagens, e ao prestar mais atenção Harry notou que eram de castelos, museus, ruas e catedrais famosas de Paris.



Guardou as fotos novamente na gaveta, abriu a terceira, estava vazia. Abriu a quarta, também vazia. Já estava prestes a reconsiderar a hipótese de pegar a penseira, quando o som de passos e vozes o assustaram, sem saber o que fazer, cobriu-se novamente com a capa e foi para debaixo da cama.



- Reconsidere a idéia, será melhor para você – disse uma voz masculina enquanto a porta era aberta e duas pessoas entravam, Harry conseguia apenas ver os pés.

- Já disse que não! Quantas vezes vou ter que repetir, você e seu mestre que me matem, mas ninguém coloca as mãos no meu filho! – Harry reconheceu de imediato a voz de Sophia.

- Não seja tola Sophia! – gritou a voz masculina – dês do começo você sabia que um dia teria que nos dar algo em troca! A não ser que você prefira voltar pra Paris e viver com sua mãe – terminou com um tom provocador.

- Como você consegue pai! – ela dizia aquilo com puro ódio e parecia estar chorando – sa...saia daqui, nunca mais quero ver essa sua maldita cara – o homem encaminhou-se até a porta – esse foi o melhor presente de Natal que eu já ganhei – falou em tom sarcástico e bateu a porta.



Harry não sabia o que fazer, se continuava ali, ou se saia de seu esconderijo e a consolava. Ficou apenas olhando, Sophia escorregando aos poucos pela porta e sentando no chão sujo, chorando, esfregava as mãos na barriga de cima para baixo como se quisesse tirar algo de lá. Aquela foi a única vez em que Harry teve pena dela. E num salto, sem saber ao certo o que estava fazendo, tirou a capa e saiu de debaixo da cama. Ela só percebeu sua presença quando ele a abraçou.



- Porque você sempre está por perto quando eu deveria estar sozinha? – disse ela ao pé de seu ouvido, os dois abraçados no chão frio.

- Talvez porque devemos estar juntos – disse sentindo seu rosto corar e sorrindo para si.

- Acho...acho melhor você ir embora – disse com a voz amarga, deixando a felicidade de Harry em pedaços. Os dois se levantaram.

Depois de pegar sua capa e lançar um ultimo olhar de pura tristeza para ela Harry saiu dali sem dizer uma só palavra, deixando claro para ela, sua decepção.

Mesmo que ela nunca admitisse, e Harry nunca tivesse certeza do que realmente aconteceu naquela tarde, uma coisa era certa, nunca seriam feitas perguntas.



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