Quente como o inferno
Inicio de Dezembro
Os corredores frios não eram mais iluminados pelo luar que ela tanto adorava, e não podia nem ao menos ir até a beira do lago e tragar um cigarro em sua árvore favorita durante a noite. E por mais entranho que fosse, o frio sempre causara em Sophia uma sensação desconfortável, uma espécie de arrepio nas cicatrizes de suas costas. Esses eram os motivos principais que a faziam odiar o inverno.
O inicio de dezembro também lhe traziam péssimas lembranças, as imagens do que passara em dezembro do ano anterior a fizeram levantar da cama e ir até o banheiro lavar o rosto, ao consultar o relógio se surpreendeu ao notar como havia acordado cedo, não passavam das 6:00 da manhã. Olhou para as camas das outras garotas, aparentemente todas estavam dormindo; vestiu o uniforme habitual e calçou suas botas de cano longo, faria uma longa caminhada durante à tarde e precisava estar preparada, colocou a varinha no bolso interno do comprido casaco preto e prendeu os cabelos para que não atrapalhassem.
O Grande Salão estava vazio com exceção de alguns professores, tomou logo seu café, se tivesse sorte, não teria que aturar os olhares de Harry como acontecia durante quase todas as refeições, não sabia o que o mantinha tão preso a ela, e porque ele se esforçava tanto para descobrir algo sobre ela, mas já estava mais do que na hora de dar-lhe alguma satisfação.
“Se ao menos os amigos dele não fossem tão estúpidos, eu já teria dado um jeito em tudo” pensou, as únicas coisas que atrapalhavam seus planos eram, Dumbledore, pois sabia de mais, e Rony e Hermione, que não gostavam dela e tentavam colocar na cabeça de Harry que ela não prestava, “talvez estejam certos” pensou com pena de si mesma, sabia que nada que tentasse mudaria a reputação que havia criado em torno de si dês de que chegara em Hogwarts, só não sabia porque Dumbledore não havia, aparentemente, contado a Harry tudo que sabia sobre ela.
Atravessou o castelo rumo à torre sul, não havia nada para se fazer, ainda era cedo e era domingo, todos estavam aninhados em suas camas quentes, menos ela. Parou abruptamente quando se viu entre dois caminhos, se fosse para a direita poderia chegar na sala comunal da Corvina, o que na verdade não lhe serviria para nada, e se fosse para a esquerda, pararia nas escadas para o terraço, com certeza o terraço seria mais interessante.
Abriu a porta com cuidado ao ouvir um som estranho, havia alguém ali, quando conseguiu abri-la suficiente para ver quem estava lá, seu coração disparou, era Harry. Hesitou por um instante e decidiu entrar.
- Oi – disse fechando a porta, ele ao vê-la, assustou-se.
- O que você está fazendo aqui?
- Nada. Só passei e pensei em sentar aqui para fumar um cigarro, e qual é a sua desculpa? – Puxou um banco e sentou-se, distante dele para evitar encará-lo muito.
- Só pensado – ele disse, mas ela sabia que estava mentindo, seus olhos estavam vermelhos, sinal de que chorara há pouco.
- Acho que está na hora de termos aquela conversa, lembra?
- Que conversa? – ele assustou-se mais uma vez, nunca ela havia decidido de livre e espontânea vontade contar algo sobre si mesma.
- Sobre tudo aquilo que aconteceu no Dia das Bruxas, decidi lhe contar algumas coisas já que, pelo que notei, você vai descobrir de qualquer jeito, então, que seja pela versão mais correta.
Ele apenas arregalou os olhos, puxou o banco mais para perto dela e ficou em silêncio esperando-a falar.
- Como você já deve saber, eu fugi da escola no ano passado quando soube que estava grávida, não foi um choque, mas era o melhor a se fazer, então larguei tudo e fui. Dumbledore soube e foi atrás de mim, não adiantou muito, não quis passar nove meses debaixo dos olhos dele até a criança nascer, nós dois sabíamos que era uma gravidez de muito risco, algumas medidas drásticas foram tomadas, e o bebê nasceu prematuro. Foram os piores meses da minha vida. – O que mais o espantava não era o que Sophia dizia, mas sim a forma como se mantinha calma e simulada.
- Sophia...só...só me diga uma coisa, e, por favor, fale a verdade, quem é o pai? – ele lhe perguntou com a voz carregada de angustia.
- Você não o conhece...nem eu o conheço bem, foi um cara que conheci em Hogsmeade, já tínhamos nos visto antes, ele havia terminado Hogwarts no ano anterior, se chama Nickolas Ogden. Nós bebemos muito e...bem, aconteceu.
- Seu pai é um Comensal, certo?
- Sim, ele é.
- Mas você disse que já tinha morado com trouxas.
- E morei, passei três anos num reformatório para trouxa. Tem mais alguma coisa que você queira saber? – Levantou-se, já estava na hora de esconder os fatos, se continuasse falando, o assustaria.
- Tem sim – ele levantou-se e foi se aproximando, Sophia notou o quanto estava corado.
- Então fale - Ele não disse uma palavra, tomou-a nos braços e a beijou, a principio, o choque a fez estremecer, mas acabou cedendo.
Harry ainda não conseguia acreditar no que estava fazendo, pela primeira vez, tomara a atitude, puxou-a para si, surpreso com fato dela ser tão pequena para alguém com 18 anos, ali não estava a jovem imponente, arrogante e majestosa que ele conhecia, em seus braços ela era uma menina pequena e que ainda sim o enlouquecia. Seus lábios tão macios e vermelhos eram quentes e o incendiavam causando sensações que ele nunca esperara sentir. Tinha nascido para aquilo, era tão envolvente e convidativa, uma menina que sabia o que fazer. Segurou-a pela cintura enquanto sentia suas mãos quente causando arrepios em sua nuca.
Ele se sentia como se o tempo tivesse parado, e que passara uma eternidade a beijá-la, quando os lábios se soltaram à única coisa que ouviu antes dela sair correndo foi um sussurro quase inaudível.
- Você não sabe onde está se metendo.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!