Um pedaço da realidade
Dia das Bruxas
Hogwarts parecia estar paralela ao resto do mundo bruxo. Mortes de um lado, seqüestros do outro. Muitas das criaturas mágicas já apoiavam Voldemort, os gigantes estavam ao lado de Dumbledore, mesmo assim, a Ordem estava em desvantagem. E Hogwarts continuava como sempre havia sido, nada nem ninguém se atrevia a chegar perto da escola, ou de Harry. Alguma coisa estava muito errada. Durante todo o mês de outubro, as únicas coisas com que Harry teve que se preocupar, foram provas e deveres de casa, e é claro com Sophia Neveu. Ela era a garota mais misteriosa e belamente arrogante que ele já conhecera.
Harry esperava ansiosamente ao pé das grandes escadas de mármore no saguão de entrada. Ela logo desceria. Dumbledore havia organizado um Baile de Dias das Bruxas para animar os alunos, e depois de muito esforço, Harry conseguiu convencê-la a ir com ele. Cada vez que a via, seu coração disparava, as palavras lhe faltavam à boca, e sua vontade de beijá-la aumentava a cada dia. Nunca haviam nem se quer trocado um abraço, ela se mantinha sempre fria, auto manipulada e calma. Mas aqueles olhos o derretiam, a cada dia que passava, eles o enfeitiçavam, tão negros e impenetráveis, pareciam muralhas inquebráveis, mas que ele teimava em destruir.
Olhou para o alto das escadas ao ouvir passos, era ela. Seus cabelos estavam presos num coque onde grandes mechas caiam até seus ombros em seus cachos perfeitamente enrolados, não usava maquiagem alguma, seu rosto já estava por si só, perfeito. Um vestido preto, sensual e justo delineava suas curvas enlouquecedoras. Usava um lindo colar de pedras que descia numa corrente muito fina até o meio dos seios, terminando na parte do decote onde os olhos não alcançavam. A cada degrau que ela descia, o estômago de Harry afundava.
- Nossa...vo...você está...está linda – gaguejou, estendendo o braço para que ela o acompanhasse.
- Obrigada, você também – ela respondeu sem ao menos sorrir ou corar, mas Harry percebeu um repentino brilho de alegria em seus olhos, o que quase nunca acontecia.
- Vamos indo? – disse estendo o braço para que ela o acompanha-se.
- Claro.
Quando pararam logo na entrada do Grande Salão, Harry sentiu que todos os olhos de lá estavam fixos neles. Dumbledore o encarava com os olhos arregalados, Snape, contorcia o rosto, parecia apavorado, e Cho, para a surpresa de Harry tinha os olhos cheios de lágrimas e o encarava num ódio intenso e ciúmes. Desviou sua atenção ao ouvir a risada sarcástica de Sophia ao seu lado.
- Você conseguiu chamar a atenção mais uma vez Potter, todos devem estar se perguntando o que você faz comigo. – seu tom ríspido e ameaçador o deixou intimidado, realmente aqueles olhares o incomodavam.
Desceram as escadas o mais rápido possível e se misturaram em meio aos casais que dançavam. Harry procurava com o olhar onde estariam Rony e Hermione. Os viu sentados em uma mesa perto do palco.
- Podemos sentar com meus amigos se você não se importar.
- Claro que não - Ao se aproximarem da mesa, Hermione lançou um olhar desconfiado para Sophia, mas foi educada quando se cumprimentaram. Rony apenas a examinava perplexo.
- Você deve estar louco, aparecer com ela na frente de todo mundo!
- Cale essa boca, ela vai ouvir – Harry repreendeu-o de imediato. Felizmente, Sophia não demonstrou sinal nenhum de ter ouvido.
A noite seguia calmamente, Harry e Sophia dançaram pouco, poucos alunos estavam animados, mesmo assim, alguns pareciam nem se importar, Gina, por exemplo, não parou um minuto se quer. A musica era agradável, novamente as Esquisitonas tocavam. O jantar foi ótimo, Dumbledore mandou preparar pratos exóticos, alguns até diferentes de mais. Harry e Rony falavam sobre quadribol, quando pararam abruptamente, Malfoy se encontrava em frente de Sophia, com um sorriso malicioso.
- Não pensei que alguém poderia sair de tão alto para descer tão baixo, você me surpreendeu Sophia.
- E eu não pensei que você perdesse o seu tempo em vir até aqui só para me dizer isso.
- Mas não foi só por isso que eu vim até aqui – estendeu-lhe a mão, Harry sentiu-se corar de ciúmes.
- Não obrigada, não quero dançar – ela respondeu quebrando o sorriso malicioso de Malfoy.
Sem dizer uma só palavra e deixando apenas um olhar vingativo para Sophia, Draco afastou-se. Harry sentiu que Rony puxava a manga de seu paletó, virou-se, ele indicava que deveriam sair dali.
- Vocês duas podem conversar melhora gora, eu e Harry já voltamos – e o puxou para longe, quando chegaram ao Saguão de entrada, ele parou.
- O que foi, Rony?
- Porque você não contou que estava saindo com ela?
- Mas eu não estou saindo com ela, somos apenas amigos!
- Harry, tem uma coisa que eu preciso lhe contar sobre ela, e me escute com muita atenção. Sabe porque todos estavam olhando para vocês daquele jeito?
- Não, por que?
- Porque não está certo, o pai dela, pelo que eu ouvi a Ordem dizer, é um dos comensais mais prestigiados de Voldemort, nunca ouvimos falar nele porque ele não mora na Inglaterra, mas eu acho melhor você ficar longe dela, se não fizeram nada contra você até agora, é porque estão tramando algo, está tudo muito obvio, você não acha?
- Eu não sei de onde você tirou tudo isso Rony, mas eu sei que é mentira, nos conhecemos sem querer, e fui eu quem correu atrás dela, não há como... – gaguejou incrédulo, aquelas palavras não faziam nenhum sentido.
- Abra os olhos Harry! Você está caindo na armadilha deles – fez uma pausa para tomar fôlego e encarou com um olhar penoso - já está apaixonado.
Aquilo lhe cortou o coração, sabia que o que sentia por Sophia era diferente e que seria difícil tirá-la da cabeça, mas não desistiria dela pelo simples fato de seu pai ser um Comensal. A hipótese de ela o estar seduzindo por ordem de Voldemort era absurda. Empurrou Rony e saiu correndo de volta para o castelo, precisava falar com Sophia. Seus olhos estavam umedecidos, mas não se atrevia a chorar na frente de todos.
Parou abruptamente antes das escadas do salão, mal podia acreditar no que via. As luzes estavam apagadas, não havia música alguma, e todos os olhares se voltavam para o teto. Ao levantar a cabeça, leu devagar, e quando terminou, sentiu que no fundo, aquelas palavras faziam muito sentido. Escritas em grandes letras brilhantes estava a seguinte frase. “Minha, minha garotinha triste, estou esperando por você. Minha, minha garotinha triste, você sangrou como uma rosa. Minha, minha garotinha triste, você foi tudo aquilo que eu amei e odiei.” Por mais que tentasse, não conseguia tirar os olhos das letras, sentia sua cicatriz latejando, mas seus músculos não se mexiam nem um centímetro. Minutos pareceram durar uma eternidade, de repente ouviu-se um grito agudo e penetrante, Harry varreu os olhos pelo salão, todos se mantinham imóveis, menos uma pessoa. Correndo na direção de Harry, vinha Sophia, ela jogou-se em seus braços, desesperada.
- Vamos embora daqui agora! – ela gritou puxando-o para o saguão.
- Espere Sophia....mas....mas o que aconteceu?
- Cale a boca e me siga. Agora! – Seus olhos brilhavam em chamas e seu tom amedrontador não deixaram duvidas de que alguma coisa séria havia acontecido.
Sem contestar, Harry deixou-se guiar para fora do castelo, atravessaram os jardins até um trecho do qual Harry se lembrava vagamente. Haviam estado ali um mês antes. Sophia parou abruptamente e tirando a varinha de dentro da bolsa, “Lumus” iluminou o mesmo canteiro de rosas que já haviam visto na tarde em que passeavam sem rumo.
- Veja como estão crescendo – ajoelhou-se e arrancou uma delas – Eles querem o bebê – disse numa voz quase mística, não parecia vir dela – E Dumbledore também – deu uma gargalhada cínica – Ele vai ser um menino muito bonito, apareceu pra mim num sonho.
- Sophia, você está bem? – Harry perguntou, ela parecia estar delirando, nada que dizia fazia sentido.
- Minha, minha garotinha triste, estou esperando por você. Minha, minha garotinha triste, você sangrou como uma rosa. Minha, minha garotinha triste, você foi tudo aquilo que eu amei e odiei. Foi isso que ele cantou pra mim. Todos os outros ouviram, mas não conheciam a letra.
- Quer dizer que aquilo que estava escrito no teto do salão era...
- Sim, era pra mim.
- Mas o que quer dizer? E...e quem escreveu?...como?
- Ele nos quer mortos – disse num sussurro e desmaiou, a rosa em suas mãos desmanchou-se em sangue.
Harry entrou em pânico, sacudiu o corpo inerte de Sophia com todas as suas forças na esperança de acordá-la, mas era inútil. Correu de volta para o salão a procura de ajuda. Todos dançavam e se divertiam, a música tocava e as luzes estavam novamente ligadas, Rony veio até ele com um ar de preocupação.
- Onde você e aquela garota se meteram?
- Onde esta a letra? O que Dumbledore fez?
- Como? – Rony perguntou.
- Você sabe, as palavras no teto, todos vocês estavam olhando pra elas e a Sophia gritou, e....e... – disse afoito
- Acho que você bebeu de mais Harry, não aconteceu nada, você apenas voltou para o salão, ficou parado feito um idiota olhando para o teto e Sophia o levou para fora, foi isso que eu vi.
- Mas....eu vi, tenho certeza, dizia o seguinte “Minha, minha garotinha triste, estou esperando por você. Minha, minha garotinha triste, você sangrou como uma rosa. Minha, minha garotinha triste, você foi tudo aquilo que eu amei e odiei.” Estava escrito no teto, você deve ter visto.
- Vamos nos sentar e comer alguma coisa, você está realmente maluco...
- A Sophia, ela desmaiou, precisamos ajudá-la.
Rony parecia assustado perante a seriedade com que Harry falava, os dois correram de volta para onde Harry havia deixado Sophia, ela continuava lá, imóvel, parecia não respirar.
- Como...como foi que isso aconteceu? – Rony perguntou, olhando para o corpo inerte da garota.
Harry não sabia como explicar, nada do que acontecera naquela noite fazia o menor sentido. Então, como que num susto, lembrou do que Lupin havia he dito “Orddu, Orwen e Orgoch”
- Rony, vá chamar Dumbledore.
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