Rosas
Naquele sábado Harry acabou sozinho, pela primeira vez dês de que puseram os pés na escola, Rony e Hermione haviam ido para Hogsmeade juntos, era um encontro. Rony a havia convidado, foi um momento constrangedor para os dois, mas engraçado para Harry, que assistia de perto os rostos corados e as palavras atrapalhadas dos dois. Depois de tantas brigas, estavam se acertando.
Fazia sol, mas o frio já se instalava nos jardins da escola, haviam muitos alunos pelo gramado. Algumas garotas sentadas numa roda á beira do lago, dois ou três casais caminhando e uma porção de gente que parecia se separar da vista de Harry, seus olhos procuravam Sophia. Examinou todo o seu ângulo de vizão, mas não a encontrou. Caminhou até o grande carvalho onde a havia visto pela primeira vez, levantou os olhos para a copa da árvore, lá estava ela. Sentada num galho, olhando para o lago, com um cigarro na mão, balançando as pernas e cantarolando algo em outra língua.
- Parece que você gosta mesmo dessa árvore – disse para chamar a atenção dela, mas tudo que conseguiu foi um desastre, ela se assuntou e se desequilibrou do galho, Harry jogou-se para frente tentando apanhá-la antes que caísse no chão. Quando se deu conta ela estava em seu colo.
- Desculpe – disse com um sorriso amarelo soltando-a.
- Não foi nada, apenas não chegue perto me mim enquanto eu estiver lá em cima e estará tudo bem – disse ríspida referindo-se ao galho – já é a segunda vez que você aparece sem ser convidado.
- Desculpe...eu só queria conversar...quer dizer, eu preciso conversar com você – disse sem jeito.
- Então fale, estou ouvindo - disse arrumando as roupas amassadas.
- Será que podemos dar uma volta......sei lá......se você quiser, eu gostaria de conhecer você, Sophia.
- Não sei o que eu tenho para que você queira me conhecer, mas não vejo problema algum, não tenho nada melhor pra fazer mesmo – ela respondeu com seu habitual tom arrogante, ele não era o primeiro garoto tolo e atrapalhado que a convidava para sair, mas algo nele chamava sua atenção.
Passearam pelos jardins, Sophia não dizia uma palavra, apenas analisava Harry com seus estranhos olhos negros, aquilo já o estava incomodando.
- Em que ano você está? – perguntou Harry tentando quebrar o gelo.
- No último e você?
- No sexto – respondeu envergonhado, não era a primeira garota mais velha com quem ele saia, e lembrando-se de como havia sido a anterior, suas expectativas não eram boas.
- Então você tem sorte, os professores pressionam muito, duas ou três matérias a mais dependendo da carreira que você escolher.
- Deve ser horrível
- Você não faz idéia – Mesmo falando seus olhos eram fixos em Harry, seus cabelos ao vento e sua voz agradável não pareciam combinar com eles.
- Aposto que você também adora o professor Snape – disse descontraído, a conversa estava se tornando agradável.
- Na verdade não – tirou do bolso interno das vestes um cigarro e um isqueiro – importa-se?
- Não, você é a primeira pessoa em Hogwarts que eu vejo fumando, já viveu com trouxas? – perguntou, pois aquele hábito era muito pouco comum entre os bruxos.
- Já – respondeu secamente desviando os olhos para o castelo enquanto caminhavam.
- Seus pais eram trouxas? Porque, a maioria dos que entram para a Sonserina são sangue-puro, então eu pensei que... – ela o interrompeu.
- Isso não é da sua conta – em menos de um minuto o clima já estava tenso outra vez.
- Desculpe, eu apenas achei que...
- Pense melhor antes de fazer perguntas a pessoas que você não conhece – ela disse soltando a fumaça do cigarro pela boca, aquele odor incomodava Harry – Quer? – Ofereceu-lhe uma tragada, seus olhos não demonstravam um só brilho de irritação, como se nada tivesse acontecido.
- Não obrigado.
- Você não acha essas flores lindas? – disse apontando para um canteiro de rosas cuja cor Harry nunca havia visto iguais.
- São bonitas sim.
- Não são só bonitas, são mágicas – agachou-se e arrancou uma do pé – Ai! – exclamou levando a mão até a boca, se espetou num espinho – isso sempre acontece.
- Tudo bem? – perguntou Harry tentando ser atencioso, mesmo sabendo que não havia sido nada.
- Claro, o problema é que são venenosas, parece estranho já que são rosas, mas essas são, repare na cor, um vinho tão escuro que se assemelha ao preto. Por isso o arame em volta do canteiro – ela mantinha-se calma e fria, nem ao menos um sorriso amarelo pairava em sua face, ele a encarava pasmo.
O vento tornou-se mais forte, e ao olhar para o céu, Harry deu-se conta do tempo que passaram andando pelo castelo, o sol já se punha.
Despediram-se um tempo depois, Sophia estava tendo tontura e ao pousar a mão sob a testa dela, ele constatou que ela estava com febre, o veneno estava fazendo efeito e ela foi para a ala-hospitalar. Harry ainda segurava em uma das mãos, a rosa que ela havia pegado, tomou cuidado para não encostar nos espinhos. E ao examiná-la com mais calma entendeu porque Sophia a achava tão bonita. Suas pétalas pareciam ser de veludo além é claro da cor peculiar, e ao toque, se desmanchavam como líquido, derrubou-a no chão pelo choque, a pétala que ele tocara, se desmanchava em sangue sobre o chão. Observou-a até a ultima de suas pétalas, fundir-se na pequena poça de sangue.
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