Doze fatos sobre um coral
Ontem eu tive uma onda de criatividade e inspiração no meio da aula, então resolvi fazer o capitulo a mão (o que foi mais rapido do que pensei) e deu nisso. O-O
Espero que gostem, xoxo.
Doze fatos sobre um coral
Lily POV:
- Da próxima vez que eu ouvir mais um barulho desses, é FORA! – me encolhi à bronca de Madame Pince me lançando um olhar nada agradável e voltando para a escuridão das mais profundas prateleiras da biblioteca. Sinceramente, aquela mulher me dá arrepios.
Recolhi os livros que deixei cair, ainda abalada. Bom, eu tinha um motivo.
Eu sabia que isso realmente não era da minha conta, e minha mãe sempre me ensinou que bisbilhotar era uma das coisas mais feias de se fazer, mas levaremos o crédito que não foi propositalmente.
Estava eu procurando um ótimo livro que eu sempre usava na hora de redações de Feitiços, quando me deparo com cochichos não muito longes.
- ... se você gosta dela, deve investir! – uma garota murmurava.
- Eu não gosto dela! Estou te dizendo que é apenas uma... grande atração.
- Grande atração o caramba! – reconheci a voz de Jennifer Schain, a monitora-chefe da Lufa-lufa. – Você fala dela pra mim o dia inteiro...
- Mas não tenho certeza. – o garoto murmurou. Tentei ver seu rosto na pequena fresta que havia se formado, mas não consegui ver muita coisa, só os cabelos castanhos de Schain.
- Simplesmente pare com isso! Você não está em dúvida sobre isso, ok? – ela continuou, então suspirou. – E onde estão seus amigos?
O garoto demorou pra responder, parecia incomodado.
- Com certeza azarando pessoas por aí. – ele disse com desgosto, e Schain bufou.
- E por que não está com eles?
- Eu não! Não sou assim, Jenny... – a voz foi abaixando, e por um minuto de silêncio percebi que já tinha ouvido demais.
Fui me virar e ir embora correndo dali quando a estupidez falou mais alto e resultado: tropecei nos próprio pés. Coisa comum sabe, coisa comum para idiotas que nem eu! E na pressa de tentar me segurar, tentei inutilmente alcançar uma prateleira e acabei me segurando em um livro, que é lógico, foi pro chão comigo. E mais o barulho do livro que eu já segurava, foi o bastante para a bibliotecária aparecer a todos pulmões e xingando ao vento, ou melhor, a mim.
- E arrume isso já! – ela brigou mesmo a quilômetros de distância, e eu, rezando para que os donos das vozes não me ouvissem ou me encontrassem, demorei um pouco para me levantar.
Devolvi o livro em seu respectivo lugar e, pegando o meu, caminhei até minha mesa onde minhas anotações estavam, e com surpresa, percebi mais alguém sentado lá.
- Hey! – cumprimentei Potter sentando na minha cadeira. Pra meu incômodo, ele segurava minha redação, e erguera os olhos dela quando me viu chegar.
- Olá, Lily. – ele sorriu, e tentei não me importar dessa vez com intimidade relacionada aos nomes.
- Que surpresa... – fingi espanto, colocando o livro calmamente na mesa com receio de que certa mulher olhuda aparecesse por aí. – James Potter na biblioteca, difícil de acreditar.
Ele riu.
- Sempre venho quando estou livre. – ele piscou, e fiz força para não revirar os olhos. – Mas – ele deu um longo suspiro -, estava procurando por você.
Pronto, agora Merlim deve estar rindo da minha cara. Me lembrei daquela maldita troca de bilhetinhos, mas tentei disfarçar.
- Sim? – franzi a testa.
- Bom, é sobre, bem... – ele tinha dificuldade para encontrar as palavras certas, e inesperadamente mudou de assunto. – Bom, primeiramente vamos falar sobre hoje no auditório, ok?
Fiquei um pouco mais aliviada, e acho que era isso que ele pretendia.
- Certo. O que quer saber? – comecei a folhear o livro para que não precisasse olhá-lo enquanto conversamos.
- Eu estava lá na sua primeira tentativa. – ele disse rindo, e eu o acompanhei apesar de corada. – Devo dizer que foi ótimo. Ou melhor, péssimo. Não sei. Você entendeu?
- Sim. – eu sorri para ele. – Eu me esforcei, mas pelo visto não foi o bastante para Moreau.
- Mas você não parece preocupada. – ele disse e não em tom de pergunta. Ponderei um pouco.
- Não sei te explicar, foi... – tentei dizer, minha cabeça procurando desesperadamente pela expressão certa. – Interessante, se é que podemos dizer assim. Quero dizer, um pouco mais que interessante...
- Inesperado? – ele chutou.
- É. – concordei. – Pode-se dizer que foi. Eu nunca tinha cantado assim na minha vida, então foi diferente. E pode me achar ridícula mas... Eu estou ansiosa para amanhã.
- De longe acho isso ridículo. – ele balançou a cabeça, adquirindo uma posição mais confortável em sua cadeira. – Confesso que no início achei meio idiota, mas quando vi vocês cantarem, ou pelo menos os outros cantarem, mudei meu ponto de vista.
- Eu teria ficado muito mais tranquila se não fosse por essas pessoas daqui. – soltei um suspiro.
- É impossível não ser julgado, por isso tento não me importar. – ele deu de ombros.
- Ora, pra você é fácil falar! – reclamei. – Esse negócio de ser maroto e tudo o mais... sempre irão te respeitar.
- Aluado é um maroto, e mesmo assim vi muitos apontarem para ele quando souberam que ele se inscreveu.
- Mas ele não é tão "oi-sou-um-maroto-popular-que-arrasa-na-escola". – falei fazendo aspas no ar com os dedos, e ele parecia se divertir.
- Isso não muda nada.
- Claro que muda. – insisti.
- Não, não muda.
- Se eu estou falando que muda, é porque muda. – falei, e ele riu.
- Só vou torcer pra você. – ele disse, novamente mudando de assunto do nada.
- Como?
- Torcer por você, sabe... Na competição. – ele mordeu o lábio, e eu já sabia o que vinha a seguir. – Amigos fazem isso pelo outro, certo?
Estreitei os olhos por um momento, mas respondi.
- E amigos devem saber que não devem insistir quando o outro tem razão.
Ele não poderia ter rido mais, afinal, ser amiga de James Potter não deve ser pior do que entrar para um coral onde serão eternamente julgados, é?
Não, não é. Pois nos próximos minutos que passei conversando bobeiras com ele, ora ele me ajudando em minha redação, ora perguntando do coral, percebi que dava para aguentar sua personalidade tão enigmática.
Dorcas POV:
- Francamente Dorcas, eu não me surpreenderia se Lily tivesse pulado em seu pescoço! – Emelina ainda reclamava, e adivinha o que eu estava fazendo? Ignorando é claro!
- Estava engraçado, não vou reprimir meu riso por causa dela. – justifiquei sem me importar muito.
- Precisava xingar ela daquele jeito? – Sophie perguntou, escrevendo rapidamente em sua lição de Astronomia. – Quero dizer, chamar de caranguejo-de-fogo sempre irritou muito ela...
- Por isso mesmo. – dei de ombros, e as duas reviraram os olhos simultaneamente. – E por falar nela...
Os cabelos "oi, cheguei" de Evans se destacaram no meio dos alunos presentes na sala comunal; apenas algumas cabeças se viraram para ela, afinal, essa fofoca de coral já estava ficando enjoativo.
Opa. Mas parecia ter uma nova fofoca esquentando! Ela não estava sozinha, e sim entrando pelo buraco do retrato, segurando sua pilha de livros habitual, com certo maroto quatro-olhos de cabelos bagunçados.
- Geeeeeeeeente... – murmurei. – Meus olhos estão vendo direito? Os dois estão juntos?
- Conversar não significa estar junto. – Sophie comentou sem erguer os olhos do que escrevia.
- Mas eles praticamente se odiavam, até onde eu sabia. – continuei, esticando o pescoço para ter uma visão melhor. – Quero dizer, acho que Evans odeia...
- Por que não se concentra a cuidar da sua vida? – Emelina tirou o resto dia para atormentar minha paciência. – Você tem muitas redações ainda, Feitiços, Poções, Defesa...
- Deixa que depois copio de você. – ouvi o suspiro nervoso de Lina, mas ainda observava com atenção o novo suposto casalzinho.
- Bom, vocês eu não sei, mas vou pra biblioteca ver se acho o livro que McGonagall passou. – Sophie disse recolhendo sua pena, seu tinteiro e os livros. – Você vem, Lina?
- Eu já terminei a redação. – ela deu um pequeno sorriso.
- Ah, é. Esqueci que você é a nerd. – ela riu. – Estou indo, até mais garotas.
- Obrigada por me chamar. – falei com irritação.
- E por acaso você gostaria de ir? Na biblioteca? – ela me olhou cética.
- Não, mas convidar não dói.
Sophie revirou os olhos e logo sumiu na nuvem de pessoas que conversavam (primeiranistas e segundanista desocupados) ou outros que estavam estudando. E eu, é claro, espiando Lily e James conversarem perto do dormitório feminino. Eles logo se despediram com um aceno e a caranguejo-de-fogo subiu as escadas. Vi Potter subir para seu dormitório também.
A partir dali vou ficar bem de olho nos dois, pois nada passa despercebido aos olhos de Dorcas Meadowes.
Maria POV:
- Pode dizer.
- Não tenho o que dizer.
- Você está mentindo.
- Não estou.
- Então me dê uma explicação.
- Você tá me assustando.
- Por que você não está sendo sincera comigo?
- Porque você está totalmente louca.
- Não estou.
- Louca.
- Mentirosa.
- Retardada mental.
- Cínica.
- Esquizofrênica.
- Trapaceira.
- Olá. – Lily entra no quarto, coloca os livros de lado e olha para mim e Alice, atualmente numa longa discussão. Era bem comum. – O que está acontecendo por aqui?
- Maria é uma trapaceira. – Alice disse emburrada.
- Eu? Mas que diabos eu fiz? – perguntei mais uma vez, e ela apenas bufou. – Você é louca por falar coisas sem sentido!
- Não estou entendendo. – Lily sentou na beirada de sua cama, olhando de mim para Alice com sua sobrancelha ruiva erguida.
- Eu também não, acredite. – olhei para Alice em busca de alguma explicação.
- Sinceramente, eu também não sei. – Alice reclamou. – Seria mais fácil se Maria nos explicasse!
- Explicasse o quê? – viu, ela está louca! – Alice, pelo amor de Merlim, do que você está falando?
- De você! – ela levou as mãos ao alto. – De sua voz!
- O que tem a voz dela? – Lílian arregalou os olhos, olhando pra mim.
- É, o que tem a minha voz?
- É impossível ela ser sua! – Alice questionou, corada. Ah. – Como você consegue ficar tão afinada, você nem praticou!
- Meu chuveiro é meu amigo de hoje e sempre. – dei de ombros, mas continuava com um sorriso malicioso. – Tudo bem, acho que consigo aceitar sua inveja.
Alice pestanejou.
- Não estou com inveja, mas acho que você... você usou magia!
Estreitei os olhos e me virei para Lily.
- Existe algum feitiço que afina a voz?
- Não que eu saiba, mas provavelmente não. – ela deu de ombros. – Se fosse assim, qualquer bruxo poderia ganhar muito dinheiro na carreira artística.
E me virei para Alice de volta com um olhar enviesado.
- Traduzindo, você está com inveja.
Alice pareceu protestar, mas suspirou. Já estava pronta para o pedido de desculpas quando ela simplesmente diz:
- Falsa.
- Parva.
- Inepta.
- Hedionda.
- Mitômana.
- Néscia.
- Quando vocês pararem com os xingamentos cultos me chamem, ok? – Lily olhou para o teto, pegando um livro qualquer em seu malão e se jogando em sua cama.
- Beócia.
- Energúmena.
- Ignara.
- Calhorda.
Remo POV:
- Eu sei que esse suposto começo de amizade foi um pequeno progresso, mas, por favor, não continue a murmurar o nome de Lily durante a noite. – Sirius fez uma falsa expressão de desagrado, e Pontas jogou-lhe um travesseiro em sua cara.
- Isso é bom, Pontas. Eu disse que era só ter paciência. – falei enquanto Almofadinhas gargalhava.
- Sim. – ele sorriu para mim de forma estranha. – Olhe Aluado, me desculpe por achar que...
- Está tudo bem. – ergui as mãos, balançando a cabeça. – Suas crises de ciúmes não me afetam.
Pontas olhou grato pra mim, enchendo a boca de feijõezinhos de todos os sabores. Rabicho lia um livro despreocupadamente em sua cama, e Franco apenas observava a conversa, o que mudou completamente quando Sirius se virou para ele.
- E você e Brown, Franco, rola alguma coisa? – ele riu, e Franco suspirou.
- Eu já disse. Somos apenas amigos.
- Aham, sei. – Almofadinhas fez pouco caso. – Não é o que parece quando vocês estão juntos.
- Ao contrário de você Sirius, eu acredito em amizade entre homem e mulher. – Franco reclamou.
- Não estou dizendo que não acredito, mas especificamente você e Brown parecem estar avançados no quesito amizade.
- Impressão sua. – ele resmungou de volta.
- O que me lembra de uma coisa. – Rabicho diz repentinamente. – Pode me explicar seu grande interesse por Sophie McKinnon, Almofadinhas?
James começou a se engasgar com os feijões, e distraidamente eu batia em suas costas ao mesmo tempo em que fitava Sirius com grande curiosidade.
- Não sei do que você está falando. – ele tentou se esquivar, mas parecia incomodado com o assunto.
- Na hora que Moreau falou o nome dela na lista você praticamente pulou da poltrona, assim como quase aplaudiu quando elas terminaram a apresentação. – Rabicho comentou ainda de olhos fixos em seu livro.
- Ora, elas dançaram bem. – ele deu de ombros.
- Nada justifica o fato que você estava muito interessado. – James insistiu, recuperado do engasgo.
- Impressão sua. – foi a vez dele falar, e Franco gargalhou.
- É ótimo constranger os outros, não é mesmo? – ele disse dando um tapa brincalhão no ombro de Sirius, que resmungou coisas ininteligíveis.
- Cale a boca, vocês estão loucos. – ele disse, e gargalhei junto a James.
- Você é um mistério, Sirius Black. – Franco falou em tom brincalhão. – Bom, vou descer.
- Espera aí, estou descendo também. – falei pulando da cama e pegando meu material de Poções já separado.
- Aí tem coisa. – Franco comentou comigo enquanto descíamos as escadas. Eu podia ouvir a gargalhada alta de Pontas atrás de nós.
Concordei com uma risada, e Franco repentinamente adotou uma posição mais tensa avistando Alice do outro lado da sala comunal. Ele acenou para mim e foi em seu encontro. Procurei por algum lugar mais tranquilo pra fazer a bendita redação. Ali estava muito abafado, muitas conversas, e pensei seriamente em ir para biblioteca quando avistei Emelina Vance sozinha no meio de uma montanha de livros. Me lembrei que devia um obrigado a ela.
- Vance. – cumprimentei quando me aproximei. Ela ergueu os olhos e sorriu. – Posso?
Ela assentiu, e me sentei depositando com dificuldade meus livros na mesa, já que o resto do espaço estava ocupado com seus vários livros.
- Como vai? Espero não estar incomodando...
- Não está. – ela falou se espreguiçando. – Dorcas acabou de sair daqui para falar com Gravelle, pode ter certeza que perto dela você é uma calma a meus ouvidos.
Nós rimos juntos, e ainda estava um pouco surpreso que ela conversava tão espontaneamente. Como era conhecida por ser tímida, pensei que não seria fácil conversar com ela.
- Bom, eu vim aqui, sabe... Para agradecer. Por aquele dia. – tentei explicar da melhor maneira possível, e ela apenas sorriu.
- Tudo bem. De nada, foi bom ajudar.
- É, acho que tenho que ficar longe da comida de Rabicho. – menti, e ela deu uma risada fraca, só depois me toquei. – Rabicho, apelido de Pedro.
- Ah sim. – ela corou. – Bem, fiquei com essa dúvida.
Ficamos um pouco em silêncio, até ela voltar a falar.
- Redação de Poções? – ela apontou para minha pilha de pergaminhos. – Vou começar a fazer a minha agora, podemos fazer juntos.
- Ótimo. – concordei.
Fiquei até meio envergonhado por sua inteligência – tanto quanto fico perto de Lily. Quero dizer, eu até que ia bem nas matérias, mas nem tanto quanto elas...
Enfim, conversávamos nos intervalos de parágrafos complicados, enquanto eu me interessava enquanto ela me falava sobre o que passava com suas duas amigas tão temperamentais. Não falei muito, mas não me importei, afinal estavam engraçadas suas histórias. E, quem sabe, se Sirius realmente tiver certa queda por McKinnon, será muito útil a ele.
Ficamos ali até a hora do jantar, e gentilmente convidei-a para me acompanhar. Afinal, eu precisava saber mais sobre o coral, já que agora nos veremos com mais frequência.
Sophie POV:
Acho que perdi a noção do tempo. Fiquei horas na biblioteca fugindo de Madame Pince e fazendo a tal redação de McGonagall que parecia não ter fim. Meu relógio digestório anunciou oito horas, e com certeza o salão deve estar lotado no jantar. Afinal, pra que relógio se seu estômago anuncia o horário das refeições pra você? Seria útil na hora de acordar, já que minhas "amigas" não são capazes de fazer isso...
Recolhi minhas coisas e sai finalmente daquele lugar infernal. Quero dizer, não é porque eu fiquei grande tempo ali que eu gosto de ficar ali. Uma coisa que eu não sou é inteligente, não. Só tento me esforçar o máximo possível, afinal, desde que entrei nessa escola percebi que McGonagall vive me marcando.
E lá estava eu, divagando as possibilidades de eu ter chutado McGonagall pensando que é um gato velho (odeio gatos), andando lentamente, pois se eu apressasse mais era capaz do meu estômago ficar pra trás. Dramático.
E para atrasar aquele barulho incômodo na minha barriga, ainda dou um encontrão com alguém. Não é ótimo?
- Me desculpe. – falei de má vontade. Eu estava com fome!
- Deveria prestar mais atenção por onde anda, afinal – reconheci a voz com uma leve surpresa -, ainda deve ter muitas poças por aí.
Ah, sim. O indivíduo. O indivíduo que me deixou plantada esperando-o como uma companhia pra próxima aula. Suspirei.
- Me desculpe. – repeti, e retomei o meu caminho. O que eu poderia fazer? Só porque escorregamos numa enxurrada não quer dizer que somos íntimos!
Porém, notei ele caminhar ao meu lado. Me assustei com sua rapidez.
- Posso te fazer companhia? – ele perguntou, e quando eu o olhei tinha um sorriso torto em sua cara.
- Adiantaria alguma coisa eu dizer que não? – falei irônica, e ele riu.
- Bom, vejo que está mal-humorada.
- Tô com fome. – respondi como uma criança emburrada.
Ele demorou um pouco pra falar mais alguma coisa, e enquanto isso caminhávamos rápido pelo corredor em direção ao Salão Principal.
- Você canta muito bem. – disse inesperadamente.
Parei de andar para fitá-lo, minha expressão misturada entre choque e indagação.
- Como... Você não estava lá. – afirmei, e eu tinha plena certeza de que não estava. Não estava! Meu estômago roncou.
- Mesmo que você não tenha visto, eu estava. – ele deu de ombros com um sorriso convencido. – E saiba que eu gostei da sua voz.
- Ah. – foi a única coisa que consegui pronunciar, ainda estranhando seu comentário, e, acima de tudo, seu comportamento repentinamente amigável.
Caminhamos por mais um tempo, e dissipando a dúvida que atualmente remoía minha cabeça, decidi perguntar de uma vez.
- Afinal, qual é o seu problema? – questionei tentando manter minha voz sensata.
- Problema?
- É, problema. – continuei. – Você nunca falou comigo na vida, só quando aconteceu aquele incidente da poça, e agora...
- Não tenho mais nada pra fazer. – ele deu de ombros novamente. Devo dizer o tanto que aquilo me irritou?
- Desculpe, mas não estou nem um pouco com vontade de ser seu objeto de uso, ou algo do tipo. – senti meu rosto esquentar.
- Fica calma. – ele riu, e aconteceu totalmente ao contrário. – A não ser que comece a se coçar novamente, é claro.
Estreitei os olhos, e me controlei para não falar palavras totalmente censuradas.
- Cale a boca. – foi o que eu disse, simplesmente. Deveria ter falado mais! Mas agora já estávamos na entrada do salão lotado, e como eu conhecia a fama de Sirius Black de não ser visto com nenhuma garota por aí, fiquei tranquila e corri para me sentar entre Emelina e Dorcas. Por sorte elas deviam estar falando sobre o coral amanhã, não sei. Não prestei atenção.
Ainda estava nervosa, e com fome. Vou comer tudo o que eu tenho direito e mais um pouco. É a única coisa que me resta fazer.
Lily POV:
- Falei pra você que ia acabar perdendo a hora. – Alice ainda xingava Maria; e eu pensava que no dia seguinte elas parariam de implicar uma com a outra. Mesmo eu não dando importância – pois sabia que uma hora elas parariam com essas bobeiras – às vezes incomodava.
- Eu acordo na hora que eu quiser. – Maria retrucou.
- Olha, o correio! – interrompi Alice, quando a nuvem de corujas adentrou o Salão Principal.
Minha mãe me mandou uma carta falando das habituais crises de Petúnia, ou falando do trabalho de papai. O Profeta Diário cheio de notícias sobre o Ministério caiu no colo de Alice, e pelo visto Maria recebeu uma carta da família também.
Mas isso não impediu que as discussões sem sentido continuassem, e eu apenas comia minhas torradas sem olhar fixo, mais dormindo do que acordada, quando ouvi alguém me chamar.
- Evans, ei Evans! – a voz feminina vinha atrás das minhas costas e quando me viro, sinto meu estômago revirar.
Jennifer Schain acenava pra mim, querendo visivelmente chamar minha atenção. Fiquei em dúvida se devia ignorar. Ai meu Merlim! Será que ela sabia que eu tinha escutado a conversa com o tal menino desconhecido na biblioteca? E ela queria me ameaçar pra que todo mundo ouvisse? Será que ela ia me matar? Droga, vou ter que recuperar meu testamento... Mas seria impossível ignorá-la, afinal, eu já havia me virado.
- Olá, Schain. – falei forçando um sorriso, e mesmo me olhando desconfiadamente – minha cara deve estar denunciando tudo – continuou.
- Bom, eu queria avisar que teremos uma reunião de monitores na próxima semana.
Ah. Era isso.
Reunião de monitores.
Quase comecei a rir na cara dela tal meu alívio, mas para não parecer louca apenas sorri.
- Claro. Me avise a data e o horário. – respondi. Ela deu um último aceno com a cabeça e voltou a conversar com seus colegas.
Voltei à atenção para a minha comida, e acabei percebendo que Maria e Alice tinham parado de brigar para me encarar.
- O quê? – perguntei intrigada.
- Nós que perguntamos. – Maria disse com uma expressão nada sana. – O que foi isso?
- Schain apenas estava me avisando que teremos uma reunião dos monitores semana que vem. – falei, bebericando meu suco.
- Mas pra isso você precisa ter ficado pálida desse jeito? – Alice questionou.
Bom, como perfeitas amigas curiosas, tive que contar toda a conversa que eu tinha ouvido – até fiquei surpresa por ter esquecido. E quando eu já estava no final da história, Alice fez o favor de nos lembrar que tínhamos que ir pra tal sala 12 no terceiro andar. Já que Moreau não havia mencionado o horário, tiramos a conclusão que seria às onze horas também.
E eu ainda divagava como era participar de um coral, já que nunca tinha feito parte de um antes em toda minha vida. Deve ser algo muito monótono, fazendo anotações de notas musicais, quem sabe? Bom, eu teria que ver com meus próprios olhos.
Sirius POV:
- Ei Aluado, pra onde você está indo? – perguntei quando ele fez menção de se levantar.
- Coral. – resmungou, e eu soltei uma gargalhada.
- Cara, isso está muito...
- Idiota? Bom, não foi o que você achou quando viu McKinnon cantar, não é mesmo? – ele retrucou.
- Um a zero para Aluado. – Pontas riu ao meu lado.
Claro que eu não ficar calado.
- Bom, pelo menos você irá encontrar Vance lá, não é mesmo? – falei.
Remo bufou.
- Um a um. – foi a vez de Rabicho contar.
- Ontem só a acompanhei no jantar. – Aluado insistiu.
- Sorrindo e com cara de paspalho? Ah, claro... – sorri perversamente, e Aluado corou.
- Franco tem razão. Você não entende amizade entre homem e mulher. – Remo revirou os olhos. – Não duvido nada que já esteja tendo alucinações sexuais com Sophie.
- Dois a um para Aluado. – Pontas gargalhou junto a Rabicho.
- Prefiro Beth. – falei com mais naturalidade do que o necessário. – E pelo menos eu tenho opções.
- Dois a dois. – Rabicho falou.
- Vê se cresce, Sirius. – Remo resmungou e saiu caminhando em direção a saída.
- Ganhei. Aluado desistiu. – falei vitorioso, mas Rabicho e Pontas balançavam a cabeça.
- Aluado saiu daqui com uma frase de efeito. – Pontas justificou, se divertindo.
- Foi ponto pra ele. Ele ganhou. – Rabicho concluiu, dando de ombros.
- Injustiça. – murmurei, e os dois voltaram a rir.
Dorcas POV:
- Ainda não entendo esse Black. – Emelina comentava enquanto caminhávamos em direção ao terceiro andar. Pra minha felicidade, Jason estava com a gente. Tentei fazer de tudo para ficar bem perto dele.
- O que ele fez? – ele perguntou com aquela voz linda e angelical. Parece que acordei inspirada hoje.
- Muito estranho, ficou me perturbando hoje perto da hora do café. – Sophie falou com desgosto.
- Se ele ficar te importunando muito é só me avisar. – ele disse e eu quase suspirei. É esse tipo de homem que eu preciso: protetor, atencioso e cavalheiro.
- Obrigada, maninho, meu guarda-costas. – Sophie riu o abraçando, e mesmo sabendo que são irmãos, senti inveja, porque ele é somente meu, e só eu posso abraçá-lo.
Ainda sentindo uma raiva interior, chegamos até a tal sala. Nunca foi usada, era uma daquelas vazias que geralmente eram usadas para amontoar carteiras não usadas. Nunca tinha notado muito nela, afinal, só vivia trancada. E agora estava intitulada como "Sala de Música".
Mas quando chegamos me surpreendi. A parede norte era desocupada, usada apenas para posicionar cadeiras que eu supus aonde íamos nos sentar. As outras paredes tinham algumas estantes com livros em capas com aparência novas, e eu podia reconhecer alguns discos aqui e ali. E pra minha surpresa, do lado defronte a nossas cadeiras, tinha vários instrumentos musicais, de guitarras até um piano de cauda pintado com um marrom brilhante. E havia pessoas lá. Homens e mulheres. Conversavam entre si, vestidas de vários jeitos diferentes – de vestes bruxas até trouxas, excêntricas até sombrias. Todas elas ocupavam um instrumento, ocasionalmente soltando algumas notas.
E Moreau já estava lá vestido com vestes anormais das que sempre usava. Apenas uma calça jeans e uma camisa simples e meio apertada que mostrava seu corpo musculoso. Meu Merlim, se não fosse professor...
Ele conversava com o pianista, e ergueu os olhos para nós, deixando de remexer em seus papéis sobre o piano, e sorriu charmosamente.
- Olá, bem-vindos. – falou animadamente. – Fiquem a vontade, vamos esperar os outros chegarem.
Nos sentamos nas cadeiras – fiz uma careta por não sentar perto de Jason -, e esperamos. Ainda observava os tais músicos lá, e eles pareciam bem concentrados em seus instrumentos, e também ouvia a conversa de Emelina e Sophie sobre a sala.
Não demorou muito pra mais pessoas chegarem. Logo veio Remo Lupin (um dia descobrirei seu segredo) acompanhado de Khan, a Peste. Eles nos cumprimentaram com um aceno de cabeça, e logo chegava, pro meu desagrado, Evans, Maria, Longbottom e Brown. Sorri de forma irônica para a caranguejo-de-fogo.
Já vi que a aula seria desagradável.
Lily POV:
Depois de me demorar observando a sala e a apreciando – achei bem interessante -, comecei a anotar mentalmente como é participar de um coral.
Primeiro fato: Tem uma sala de música disponibilizada para o grupo, cheia de instrumentos, gente com ar musical, e livros e discos de música.
Segundo fato: Você nunca viu essas pessoas na sua vida.
Terceiro fato: Você acaba descobrindo que seu professor é legal.
- Bom, sejam todos bem-vindos. – Moreau disse saudosamente. – Aqui será nossa sala de música daqui em diante, e espero que tenham gostado do visual. Pra mim ficou ótimo... Fui eu que fiz, é claro. – ele disse com falsa modéstia, e os risos ecoaram pela sala.
- E essas pessoas? Fazem parte da decoração? – Meadowes disse com azedume, indicando os instrumentistas com a cabeça.
Quarto fato: Dorcas Meadowes é uma presença terrível em um coral.
- Eles nos ajudarão daqui pra frente. – Moreau olhou sério pra ela. – Em todas nossas reuniões eles estarão aqui, assim como nas competições eles tocarão pra gente.
- E quem tocará para a casa com que vamos competir? – Alice perguntou.
- Bom, serão eles mesmos. – Moreau sorriu.
- Mas eles vão passar informações! – Sophie protestou.
- Não irão. – Moreau riu, junto aos próprios músicos. – Do mesmo jeito que Stanley pode pegar informações de nós, ela fica ciente que nós podemos ter informações também.
Quinto fato: Deve-se manter distância de Nina Stanley.
- Essa sala será usada por eles também? – Remo perguntou.
- Sim, mas em dias alternantes, é claro. Para não haver confusão. – Moreau explicou. – Mais perguntas?
- Sim. Quais são as regras da competição? – Emelina perguntou no mesmo tom que ela usava na sala de aula.
- Bom, de acordo com o que sei, teremos uma competição por mês, e terá um mês que teremos uma a mais. Cada equipe tem o direito de cantar até três músicas, é claro, se quiser. – Moreau citava, e mais uma vez Emelina ergueu a mão.
- E a questão da pontuação?
- Isso é totalmente normal. – Moreau deu um sorrisinho, e senti Maria suspirar ao meu lado. – Cada casa começará zerada. Quando ganhar uma competição, ganhará um ponto. A casa que tiver mais ponto no final, ganhará a competição.
- E qual o prêmio? – Meadowes perguntou despreocupada.
- Bom, no seu caso, seria um grande murro na sua cara. – falei alto demais, na verdade era só pra Maria ouvir! Os risos foram gerais e eu fiquei igual a uma beterraba. Moreau me lançou um olhar repreensivo.
Sexto fato: Não falar nada ofensivo muito alto na sala de música.
- Espero não ter brigas por aqui. – ele disse. – Mas em todo o caso, o prêmio é um gigante troféu, assim como no quadribol.
Ouvi Meadowes resmungar algo do tipo "pobreza", e meus olhos reviraram.
- Er... Quando será a primeira competição? – Franco perguntou.
- Ótima pergunta! – Moreau sorriu novamente. – Bom, a abertura será dia 31, dia das bruxas. Até lá teremos muito que nos preparar. Escolher música, figurino, e claro, vozes principais.
Acho que não só eu, mas como todos pareciam entusiasmados com isso. Sétimo fato: Não era tão mal quanto eu pensava.
- E quando serão as nossas reuniões? – Sophie perguntou agitada.
- Domingos, quartas e sextas. E espero que ninguém falte. – ele nos olhou desconfiado, talvez ainda achando que desistiríamos. Antes eu pensava seriamente que sairia correndo, mas não era lá o bicho de sete cabeças. – Os treinos são importantes. Na audição percebi que vocês andam muito tímidos, cantam baixo demais...
- E desafinam terrivelmente. – Dorcas acrescentou, lançando um olhar significante a Alice, que corou.
- Sim. Mas com o tempo e com treino, vocês vão ficar na medida certa e cantarão como cantores profissionais. – ele deu um sorriso encorajador e houve alguns segundos de comentários duvidosos e animadores.
- Muito bem. – Moreau bateu as mãos. – Hora de treinar.
Certo, fiquei com medo na hora. Treinar? Pra quê? O que ele vai fazer?
Mas então ele nos mandou fazer exercícios de voz. Sabe, ficar o tempo todo murmurando vogais, alternando o volume e o ritmo. Vi Dorcas fazer de contragosto, mas pouco me importo, eu estava me divertindo, afinal. Era engraçado ver todo mundo tentando afinar a voz – tinha uns bens desafinados ali (tenho quase certeza que é Franco). Maria parecia jogar na minha cara que era a mais afinada ali, mas eu não parecia perceber minha voz ruim. Oitavo fato: clubes de corais são divertidos.
Ficamos uma boa meia hora ali, e depois que Moreau disse (para nossa felicidade) começar a fazer o mesmo exercício no ritmo de uma música a sua preferência, foi uma balbúrdia. Digamos que todo mundo tinha escolhido músicas bem diferenciadas, e foi engraçado. Nono fato: clubes de corais podem ser engraçados. Eu ainda entoava People, da Barbra, enquanto Maria cantava Katy Perry. Foi uma bagunça, quando já havia passado uma hora.
- Certo, pessoal, podem parar. – Moreau disse, ainda rindo. – Já está bom como aquecimento, eu já vi melhoras. Agora está na hora da prática.
Engoli em seco, nervosa. Por favor, não me dê um solo ou algo do tipo!
- Muito bem, percebi aqui que temos vários afinados. – ele disse com certo orgulho na voz, indo até o piano e pegando alguns pergaminhos. – E vamos aproveitar e já nos prepararmos, pois num piscar de olhos o dia das bruxas já está aí.
Eu o seguia com o olhar enquanto distribuía as folhas, e quando passei os olhos pela letra da música, percebi que meu nome não estava citado, e também não conhecia a música. Soltei um suspiro de alívio.
- Conheço essa música! – Maria exclamou, sorrindo. Me perguntei como ela conhecia, afinal era um típico cantor trouxa.
Décimo fato: bruxos conhecem músicas trouxas.
- Isso é ótimo, mais uma prova que o mundo bruxo está cada vez mais conectado com o mundo trouxa. – Moreau concordou, lendo meus pensamentos.
- Espera aí! – Remo falou de repente, com cara de susto. – Meu nome está aqui! Eu não vou cantar!
- Remo, entenda que você precisa aumentar seu tom de voz na hora de cantar, sem falar que você é a única voz masculina daqui. – Moreau falou com veemência. – O que vocês e eu temos com que se preocupar. Eu conto com a ajuda de vocês para achar novos membros, pois para competir precisamos de doze.
- Eu duvido que alguém vá entrar. – Jason murmurou, mas foi audível para todos. Pelo visto ele não tem conhecimento do sexto fato.
- Pode ser difícil, mas se vocês tiverem alguém disposto, será ótimo. – Moreau nos lançou um olhar preocupado. – Precisamos de mais dois, então se tiverem algum amigo interessado, ou algum outro conhecido, seria ótimo. Pode até mesmo fazer voz de apoio, é o que mais tem aqui...
- Ganharemos alguma coisa se convencermos alguém? – Maria perguntou hesitante. Eu já sabia que ela literalmente forçaria alguém a entrar, típico dela. E tenho quase certeza que ela envolveria uma aposta nisso.
- Sim. A chance de competir. – Moreau deu um leve sorriso. – Mas agora, vamos à prática. Remo, você consegue. E o verso é pequeno.
- E quem vai fazer essa parte grande aqui? – Alice perguntou, indicando o parágrafo maior.
- Eu. – Moreau falou com uma piscadela e um pouco corado, e a sala se encheu de risadas e urros de dúvida.
- Maria, pode começar quando quiser. – Moreau falou.
Maria pigarreou, e começou a cantar.
Ouvir: Gold Digger
- She take my money – Maria praticamente nos humilhou! Risadas assustadas ecoaram pela sala -, when I'm in need, yeah! She's a trifflin friend indeed… Oh she's a gold digga way over town! – mais risos entusiasmados - That dig's on me…
Moreau fez um sinal para os músicos, e começamos a cantar, eu meio perdida.
- She give me money, when I'm need…
E ficamos assustados com a voz de Moreau enquanto ele fazia seu "rap". Caramba, Moreau cantava! Eu não sabia se parava para observá-lo (fazendo alguns movimentos legais, devo dizer) ou se olhava rapidamente para o papel, pois não sabia a letra.
- Now I ain't sayin' she a gold digger, but she ain't messin wit no broke bro… - Moreau cantava e dançava pela sala, enquanto o pessoal dos instrumentos faziam seu papel.
- I gotta leave... I gotta leave... – eu cantava junto ao resto do grupo, que cada vez ia se soltando. Ainda mais pelo fato de Moreau andar pela sala balançando nossos ombros e nossas pernas. Por fim ele fez uma coreografia legal, e lá estávamos nós o imitando. John humilhava todos nós, pois seus passos eram os mais legais.
Agora era Remo que fazia a voz de fundo, e parecia melhorar bastante – eu já podia ouvir sua voz estando bem longe dele.
E eu devo dizer o quanto Moreau cantava bem também? Tenho certeza que isso abalou Maria mais do que de costume, e já estou desconfiando muito desse comportamento.
Moreau ainda cantava (pelo visto já decorara a música) e agora apenas Maria fazia coro.
- If you ain't no punk holla we want prenup… - ele fez um gesto para nós.
- We want prenup! YEAH! – cantamos/gritamos e ainda rindo, aplaudimos o professor. Por fim, a música tinha ficado muito legal, e acho que não era só eu que achava isso.
Décimo primeiro fato: clube de corais são legais.
Ainda recuperando do entusiasmo, quase não parei para escutar Moreau novamente.
- Foi ótimo, gente, parabéns! – ele disse, e pelo menos parecia satisfeito.
- O senhor canta muito bem, professor. – falei, seguida por comentários concordando.
- Obrigado. – ele fez uma reverência. – Bom, e por hoje é só. Sigam o exemplo de nossa amiga Maria e pratiquem no chuveiro! – mais risos na sala. – E lembrem-se de achar novos membros. Nos vemos na aula de Defesa, e quarta por aqui.
Ainda agitados com o número contagiante, seguimos pra fora da sala, comentando o progresso.
- Meu Deus, além de bonito, charmoso, inteligente e jovem, ele canta bem! – Maria falou com uma risada.
- Vê se não se apaixona, Maria. – Alice disse, balançando a cabeça.
- Só estou comentando. – ela deu de ombros, e Alice me lançou um olhar nada confiante.
Mas decidi não insistir. Ainda estava absorvendo o fato de quanto os poucos minutos atrás foram algo legal para variar. Acho que também por ser diferente. Isso me entusiasmou.
Décimo segundo fato: eu gosto de participar de clubes de corais.
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