Um terrível mal entendido.



Embora tivesse que ser escondido, a ruivinha se encontrava com Draco. Sempre conversavam a respeito do que pretendiam fazer. Não houve mais nenhum beijo desde então. Draco realmente a respeitava e visto que conhecia bem seus próprios impulsos, decidiu que era melhor eles não ficarem tão cheios de intimidade ainda. Virgínia também concordou. Não queria que nenhum “acidente” ocorresse. Eles sempre conversavam tentando encontrar uma solução para os problemas que nem ao menos tinham começado a surgir, mas queriam estar preparados para tudo, até mesmo para uma separação forçada. Gina se sentia segura nas palavras de Draco. Sentia que podia realmente confiar nele. Draco depositava toda sua confiança na ruivinha. Sabia que ela não era capaz de encanar.

Tudo estava indo perfeitamente bem. Até que um dia o castelo de cartas desabou para Gina.

Era uma sexta-feira feira. Estava meio frio. Ventava forte e gélidamente. Virgínia estava bem acomodada em sua cama quando uma coruja bicou o vidro de sua janela. Ela reconheceu a coruja de imediato: era a coruja de Draco. E ela trazia um bilhete em sua pata esquerda. Cuidadosamente Virgínia abriu a janela para que a coruja entrasse. Retirou o bilhete da ave e deixou que ela saísse voltando ao seu lugar de costume, o corujal. Depois se sentou na cama para ler o bilhete:

“Querida Gina, me encontre naquela salinha do fim do corredor que vai para a Ala Hospitalar. Ninguém vai lá, poderemos conversar tranqüilos. Estou te esperando, não demore. (D. M.)”.

Sem mais demoras ela se aprontou e desceu para se encontrar com o loiro sonserino. Ela estava bem animada. Já fazia dois dias que ela não conversava com ele. Tinha uma imensa vontade de vê-lo. Descia descontraídos os degraus da escada. Mas antes que ela chegasse ao fim da escada encontrou com Potter, que a fez parar.

-- Oi Gin! Anda sumida, hein? Parece que quer desaparecer dos amigos! --- disse o rapaz sorridente.

“Ele tinha que aparecer para me atrasar? Não tenho mais desculpas para dar pra ele!”.

-- Que nada Harry. Eu só estou estudando mais esse ano. E... Bem, eu estou atrasada, estava descendo até a Ala Hospitalar, preciso ver uma poção com a Madame Pomfrey.

-- Posso te acompanhar? Se você quizer eu vou...

-- Não, eu não acho necessário. Eu vou e volto rapidinho.

Enquanto conversavam uma garota passou por eles, seguindo rumo a Ala Hospitalar. Era uma corvinal. Virgínia não sabia muito bem quem era, só sabia o nome: Christin Current. Era uma garota estrangeira que havia se mudado a um ano para Hogwarts. Virgínia só sabia seu nome porque ela foi a recordista com Draco, conseguiu ficar com ele durante uma semana inteirinha! Isso era um recorde! A garota era muito bonita. Tinha um porte muito fino, de gente extremamente rica. Tinha longos cabelos lisos e loiros. Muito bem tratados, via-se de longe. Seus olhos eram azuis, um azul tão extremo que se confundia com o azul do céu. Sua pele branca era perfeita. A garota tinha uma delicadeza natural que ofuscava qualquer candidata. Gina chegava a sentir inveja da garota.

“Não é a toa que ela conseguiu ficar uma semana com Draco. Ela é praticamente perfeita”.

Depois de reparar na garota foi que Gina percebeu que Harry ainda estava ali.

-- Bom Harry, deixa eu ir. Tenho que voltar logo. Nos vemos no salão comunal. Lá conversaremos.

Sem esperar mais nenhum minuto, ela seguiu seu caminho. Estava contente. Mal sabia ela que isso ia durar muito pouco.



...oooOooo...

Um barulho de porta se abrindo.

-- Que bom que você já chegou, pensei você fosse demorar mais...

-- Não sabia que você me esperava, querido.

-- Como assim? --- ele se virou para ver quem era --- Christin? O que você está fazendo aqui?

-- Vi você entrando e resolvi vir fazer uma visitinha.

-- Sai daqui. Não quero que ninguém nos veja juntos aqui!

-- E porque não? Você não era tão discreto assim? O que houve, hein querido?

-- Sai logo daqui!

-- Draco, não nega eu sei que você tá louquinho por isso.

Christin foi se insinuando para cima dele. Enquanto falava, abria os botões superiores de sua blusa, já decotada. Draco agora já via seu sutiã, vermelho. Conhecendo a si próprio, ele logo percebeu que não conseguiria resistir a garota. Pensava em Virgínia. Logo ela chegaria ali. Enquanto falava, a garota se aproximava. Cada vez mais, até que não teve mais jeito: Christin se jogou nos braços de Draco. Enlaçou seu pescoço e tascou-lhe um beijo. A garota o beijava intensamente, mas Draco não correspondia. Enquanto tentava desgrudá-la de si ele ouviu outro barulho, mas não soube discernir bem o que era. Por fim, viu que já era hora de usar a força bruta para arrancar a garota de cima de seu corpo. Esta já estava sem a blusa. Foi quando a garota quis reclamar algo que ambos ouviram um outro barulho. Era o barulho de um soluço. No mesmo momento Draco soube de quem era.

-- Não é nada do que você está pensando.

-- Com quem você está falando Draco?

-- Gin, eu tinha marcado com você. Eu não mandei ela vir aqui. Ela veio porque é uma oferecida. Eu juro.

-- Bem, parece que alguém aqui tem que explicar. Bem, querido, outro dia continuamos nosso papo.

A garota loira sai da sala, deixando Draco e a pessoa que se escondia na penumbra.

-- Gina, eu juro que não fiz nada. Juro...

Ela continuou quieta. Ele já estava ficando preocupado.

-- Hey, você não vai dizer nada? Não faz isso comigo, por favor.

Finalmente a ruiva resolve sair da penumbra e falar. Seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que vertiam. Seu rosto já estava marcado com aquele risco salgado.

-- Você quer realmente que eu diga alguma coisa? Pois então eu digo: VÁ PARA O INFERNO!

Seu choro era evidente. Ela não conseguia controlá-lo.

-- Não faz isso comigo! Eu não tive culpa. Ela entrou aqui, pensei que fosse você. Só depois percebi que não era...

-- Depois? Depois quando? Quando já estava quase fazendo um filho nela? --- ela já não se importava com o tom de voz. Falava alto e raivosamente.

-- Não! --- ele tentava manter a calma, afinal conhecia bem o gênio da ruivinha --- Você viu bm que eu tentei me safar dela! Não confunda as coisas!

-- Eu confundi desde sempre! Não onde eu estava com a cabeça quando pensei que você estava sendo sincero comigo! Não sei de onde eu tirei que você realmente pudesse gostar de mim!

As palavras saiam raivosas. A garota estava profundamente ressentida. Nada do que Draco pudesse dizer naquele momento a faria se acalmar.

-- Gina, me ouve. Você está sendo injusta comigo! Não aconteceu nada! Você está confundindo tudo, deixa eu me explicar, por favor.

-- Não perca seu tempo se explicando nem se humilhando Malfoy! Não quero mais nada de você. Ferre-se! Você e suas amiguinhas loiras!

Virgínia não queria ouvir nem mais uma palavra de Draco. Sua cabeça doía muito e ela não estava passando bem. Passou as mãos pelo rosto enxugando as lágrimas. Assim ela saiu da sala, deixando o escuro Draco Malfoy. Ele desistiu de se explicar e achou ser melhor deixá-la ir. Tentaria de outra forma provar para a garota que tudo aquilo não passou de um terrível mal entendido e que ele não havia sido o culpado.



...oooOooo...



Já em seu quarto, Virgínia remoia todos os fatos. A lembrança de Draco beijando aquela garota a torturava. Suas lágrimas eram impossíveis deter. Seu coração estava apertado. Em sua mente passavam mil pensamentos. Cada segundo daquela cena a enojava. A cada cena ela sentia uma flechada em seu coração. Ela já não sabia o que sentir, o que pensar. Seus sentimentos se misturavam. Ela não sabia se sentia mais ódio de Draco, ou de si própria por gostar dele. Aquele beijo, o que havia de verdade nele? A alma de Virgínia pesava sobre seu corpo. Ela olhou no relógio: meia noite e quarenta. Ela não conseguia pegar no sono. Sua dor era imensa. Seu coração parecia querer parar de bater. Seu fôlego se perdia em meio às lagrimas. Sentia o gosto salgado de cada uma delas a cada soluço. Ela se sentia muito mais que traída, se sentia idiota, imbecil, incompetente. Em certos momentos se negava a aceitar que estava chorando por um homem novamente, ainda mais sendo esse homem Draco Malfoy.

“Porque? Porque ele fez isso comigo? Ele não disse que gostava de mim? O que eu fiz de errado?... Como eu sou idiota! Deveria ter percebido que ele só queria brincar comigo. Deveria ter me afastado e matado essa paixão antes que ela virasse esse amor que eu sinto por ele... Porque a vida é tão injusta comigo? Não basta tudo que eu já sofri com o maldito do Potter? Eu precisava realmente disso? Como ele foi capaz? Não precisava ter feito isso. Ele não tinha esse direito! MALDITO MAlFOY! Porque? Porque ele fez isso?”.

Ela estava inconformada. Não conseguia aceitar que tivesse sido enganada por ele. Não conseguia aceitar que havia se enganado. Estava desoladamente amargurada.

Sua noite foi muito difícil. Ela quase não dormiu, quando conseguiu pegar no sono já eram mais que quatro horas da manhã. Em sua mente passavam-se muitos pensamentos, entre eles o de vingança. Ela queria se vingar, fazer algo para pagar o que Draco havia feito a ela. Ela só tentava maquinar um jeito de fazer isso.



...oooOooo...



Em um dos quartos sonserinos, dois alunos também não dormiram por causa dessa história: Draco e Blaizi.

Assim que saiu da salinha onde era para ter se encontrado com Gina, Draco subiu para seu quarto e foi atrás de Blaizi. Tinha certeza que juntos eles conseguiriam encontrar a melhor solução para essa situação.

-- kara, você tá ferrado. Como você pensa resolver tudo isso?

-- Não sei, mas você vai me ajudar.

-- Eu? Como?

-- Não sei! Tenho que provar para Virgínia que eu não estava me esfregando com aquela oferecida!

-- Já pensou em mandar ela ir lá contar tudo pra ruivinha? Elas são garotas, talvez se entendam.

-- Blaizi, de todas as idéias idiotas que você já teve, essa foi a pior! Você acha que a Virgínia realmente acreditaria?

-- Você tem razão... Mas e agora? Kara, acho que sua única salvação seria você voltar no tempo...

-- Zabini, é isso! Você arrumou a solução!

-- Arrumei? Qual?

-- Você disse tudo! Eu tenho que voltar no tempo! Só preciso voltar até aquele momento e mudar tudo! Eu posso voltar e desmarcar o encontro com Virgínia. Assim ela não me ver com Christin! Arrumei a solução!

-- É? Você tem certeza? Só me diz uma coisa, o Sr. Inteligência, como você vai voltar lá?

-- Com um gira-tempo, claro...

-- Ah sim... E por acaso você tem um?

-- Eu não, mas sei perfeitamente quem tem...

-- Quem?

-- A professora McGonagall!

-- A tá! E você acha que ela vai te emprestar? Tipo, você chega nela e diz: “Professora, me empresta seu gira-tempo? É que eu preciso voltar no tempo para resolver um problema amoroso”. Realiza Draco, você não vai conseguir. Só se você roubar o gira-tempo dela...

-- É exatamente isso que eu vou fazer. Amanhã tem uma visita a Hogsmeade. Como eu sei que ela vai para lá, eu aproveito para pegar na sala dela.

-- Você está louco? Perdeu o pouco da noção que tinha?

-- Não! Acontece que pela Virgínia eu faço qualquer loucura!

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