A conversa com Draco
“Draco, preciso falar com você. Me encontre perto da estufa numero três, após as aulas da manhã, durante o almoço. Tenho algo muito importante para falar com você. Acho que também é de seu interesse. Me encontre lá se quizer saber o que é”. (V.W.).
Esse foi o recado que a ruiva Weasley mandou para o loiro sonserino. Será que ele atenderia ao chamado? Talvez sim, talvez não.
Virgínia Weasley passou a manhã toda impaciente. Não conseguia se concentrar, muito menos assimilar alguma coisa dita durante as aulas. Snape já havia tirado dez pontos da Grifinória por isso, e parece que a professora McGonagall também estava a fim de fazer isso. Não que Virgínia não quisesse se concentrar, pelo contrário, ela achava necessário que isso acontecesse, porque, quem sabe assim, ela esquecesse um pouco de Draco e da conversa que teria que ter com ele.
As aulas pareciam se arrastar tão vagarosamente quanto um duende manco e velho. O relógio grande, pesado e velho de Hogwarts não queria badalar o fim das aulas. A ruiva ficava a cada minuto mais impaciente. As palavras em sua mente se confundiam. A essa altura do campeonato, quase o horário marcado, ela já não sabia mais o que teria que dizer para Draco. Ela estava pensando em recuar a tudo aquilo, deixar como estava. Mas depois ela pensava que isso não adiantaria e que se fizesse estaria agindo da mesma forma como ela fez com Harry.
“Se ele realmente gosta de mim, não vou deixar ele sair por aí voando como fiz com o Harry. Eu tenho meu direito de tentar ser feliz. Tomara que dessa vez eu não me engane. Eu espero que ele não me faça sofrer...”.
...oooOooo...
Draco, em sua sala também parecia estar interessado no que Gina tinha a lhe dizer. Ele não parecia muito interessado nas aulas e sua ansiedade era algo um tanto visível.
-- Hey kara, você não vai se concentrar? O morcegão tá te mirando faz tempo.
-- Eu bem que tô tentando, mas não tá dando.
-- Mas porque você tá assim?
Draco passou para ele o bilhete de Virgínia. Blaizi leu rapidamente o bilhete e devolveu.
-- Saquei o porque... Você vai?
-- Não sei. Acho que sim... Eu não te contei o que rolou na festa antes de você chegar, não é? Rolou muuuuuuuuita coisa! --- ele soltou uma risada irônica.
-- Sério? Conta aí kara...
-- Vinte pontos a menos para a Sonserina. E agradeçam aos senhores Zabini e Malfoy. --- a voz de Snape calou a boca dos dois. Mas assim que ele se virou para o quadro negro, Draco voltou a sibilar para Zabini.
-- Depois eu te conto. Você nem vai acreditar... --- um riso “safado” podia ser notado nos lábios de Draco.
Ele realmente deixou o amigo curioso.
As aulas prosseguiram lentamente para ele também. O tempo de arrastava vagarosamente, mas ele não estava tão ansioso quanto a ruivinha.
Faltando apenas uma aula para a hora marcada, ela não sabia absolutamente nada do que os professores estavam falando. Seu nervosismo era evidente e marcante. As pessoas que a observavam ficavam bobas de ver como ela estava agitada. Mas, para a satisfação da ruiva, o tempo passou mais rápido durante aquela ultima aula. Pontualmente ao meio-dia soou o sinal anunciando o fim da aula.
“Aff! Finalmente! Pensei que isso nunca fosse acabar. Tomara que o Draco já esteja lá me esperando...”.
A ruiva cortou o salão principal sorrateiramente. Atravessou o jardim e em menos de dez minutos estava na estufa marcada. Ela estava nervosa, não se sabe se era por medo de ser vista com Draco, ou se era ansiedade de falar com ele. Estralava os dedos. Mexia no cabelo. Andava de um lado para o outro.
“Ele não vem! Ele não vem! Eu sabia que ele estava me enganando. Eu sabia que eu estava me enganado. Porque eu fui acreditar?”.
Mas, enquanto ela menos esperava, ele chegou.
-- Oi.
-- Até que enfim! Pontualidade não é seu forte!
-- Já vai começar Weasley? Me chamou aqui para brigar?
-- Não, não é isso... Quero falar com você sobre o que aconteceu na festa!
-- Ah, sim. Eu imaginei que fosse isso. Olha...
-- Escuta, você pensa que você é quem para fazer aquilo comigo? Você acha engraçado ficar brincando com as pessoas? Qual é o seu problema?
Draco não respondeu uma só palavra. Apenas a encarava. Ela estava nervosa, ele a adorava quando estava assim. Ela já estava ficando constrangida com o silencio dele.
-- Você não me responder? Acha engraçado ficar tirando onda com a minha cara, não é?
-- Hey, você ainda não percebeu que tudo o que aconteceu na festa foi verdadeiro? Que eu estava falando a verdade?
-- Acontece, queridinho, que você é sempre muito falso e traidor, esqueceu?
-- Você realmente acha que eu estava mentindo aquele dia?
Ela parou, ponderou e não respondeu.
-- Virgínia, eu sei que você não pensa realmente isso. Sei que você acreditou em mim. Eu te observo desde sempre e sei muito bem como você reage em cada situação...
-- Nossa! Você me conhece tão bem assim? Parabéns! --- ela foi muito irônica Draco realmente percebeu isso.
-- Sei que você está sendo irônica. Eu te conheço sim. Sei de todos as suas manias, gostos, manhas...
-- Aé? Então me prove!
-- Isso é fácil! Toda vez que você está envergonhada abaixa os olhos e morde o lábio inferior. Toda vez que está nervosa fica vermelha. Tem mania de puxar os fios de cabelo da franja para detrás da orelha. Adora chocolate. Sua aula preferida é latim... Quer mais alguma informação?
Ela não sabia o que dizer. E para levar Malfoy ao delírio, baixou os olhos e mordeu o lábio inferior.
-- Não faz isso... --- ela ouviu Draco dizer.
-- Não fazer? --- ela o encarou. --- Não fazer porque?
-- Porque assim, --- ele se aproximou dela. Aproximou muito. --- Eu enlouqueço.
Antes que Virgínia pudesse tomar qualquer atitude, estava novamente sendo beijada pro Draco. Mais uma vez ela não conseguiu resistir. Novamente sentia suas mãos acariciarem o corpo de Malfoy. Ele era visivelmente mais alto que ela, mas isso não era problema. Ela o beijava como nunca beijou alguém. Seu coração batia forte e acelerado. A quentura de seu corpo aumentava grandemente. Nem um dos dois conseguia se controlar. Malfoy a beijava de uma forma dominante, apaixonada, ofegante, como se sua vida, seu ar dependesse daquele beijo. Ambos sentiam as sensações daquele beijo os dominar. Era intenso e praticamente irreal. Muita coisa passava pela cabeça dos dois, mas nenhum estava disposto a ouvir a voz da razão.
Mas, um barulho os fez parar. No pique do momento, os braços bateram em um vaso, que foi ao chão em pedaços. Sorte estar vazio. Estavam novamente sem ar. Ofegantes. Virgínia vermelha, Draco satisfeito.
-- Malfoy, isso não deveria ter acontecido.
-- A gente arruma outro vaso. --- ele brincou.
-- Não banque o bobo, você sabe muito bem do que eu estou falando.
-- Porque VOCÊ não pára de bancar a boba? Não precisa negar o que já está evidente... Pelo menos para mim! --- Ele deu um risinho.
-- Não tem nada evidente aqui! Você está alucinando.
-- Ah, não tem? Então acho que vou ter que te dar outro beijo. --- Ele caminhou até ela.
-- Não! --- ela gritou --- Pára! Okay, você venceu.
-- Bem, você disse que queria falar alguma coisa importante comigo, não é?
-- Sim... Quero falar sobre isso.
-- Do que? Sobre você gostar de mim?
-- Eu? Gostar de você? Quando? Quero falar é sobre essa sua mania de ficar beijando as pessoas!
-- Ah, sim. Esqueci que você não me correspondeu e quase me matou com uma maldição. --- ele ironizou ainda mais. --- Pare de negar Virgínia, assim como eu também já fiz.
-- E quem disse que eu acredito em você?
-- Não acredita? Que pena, vou ter que continuar lutando então.
-- Dá pra você parar de brincar e falar sério? --- ela já estava ficando nervosa com as gracinhas dele.
-- Eu não estou brincando. --- agora ele falaria sério. --- Nunca brinquei com você Virgínia. Tudo que sinto por você é verdadeiro. É tão difícil assim de você confiar em mim?
-- Sim, é muito difícil acreditar em você.
-- Escuta, eu não vou me rastejar aos seus pés pra você acreditar em mim. Você me conhece e bem sabe que eu nunca faria isso. Mas, se você quizer, eu posso te dar uma prova de que eu realmente gosto de você. E não adianta você negar. Eu sei que você gosta de mim, não negue, por favor.
Olhando para Draco, Virgínia não conseguiu mais mentir.
-- Okay Draco, não vou mais me enganar. Eu realmente gosto de você. --- Draco se deu ao luxo de dar um sorriso. --- Mas, já que você está com tão boa disposição assim, eu realmente quero uma prova de que você gosta de mim.
-- E o que você vai querer?
-- Eu ainda não sei, tenho que pensar... Hey, espera. Já sei o que você vai ter que fazer.
-- Pode dizer.
-- Você vai ter que ir falar com a Pansy. Deve pedir desculpas a ela por tudo que você já fez de ruim pra ela. E também tem que contar tudo o que está acontecendo entre a gente. Não quero que ela fique com raiva de mim. Quero continuar sendo amiga dela.
Virgínia não sabia que Pansy já sabia de toda a história. Não podia imaginar que Pansy era a pessoa que estava por trás de tudo. Draco gostou da missão que teria que completar. Sentiu vontade de contar para Gina que era Pansy quem estava ajudando em tudo, mas achou melhor ficar quieto.
-- Tudo bem, se essa for sua vontade, eu faço. Mas não me responsabilizo por nada...
-- Okay, agora eu tenho que ir. Meus irmão deve estar me procurando...
-- Espera! --- ela parou --- O que você enfrentaria por mim, Virgínia?
De momento ela não sabia bem o que responder. Virou-se para ele. Encarou-o nos olhos. Ponderou e respondeu o que lhe veio à mente:
-- Acho que faria tudo. Enfrentaria família, amigos e todo o resto. E você? O que faria por mim?
-- Faria o dobro do que você estiver disposta a fazer, sem nem ao menos pensar.
-- É bom saber.
Essas foram as ultimas palavras da ruiva antes de sair da estufa. Após alguns minutos, o loiro também saiu.
Ambos tinham muita coisa na cabeça. Virgínia agora tinha certeza dos sentimentos de Draco. Ele também sabia que a ruivinha sentia alguma coisa por ele. Ambos sabiam que teriam que enfrentar muita coisa para ficarem juntos, mas parecia que estavam realmente dispostos a tudo.
...oooOooo...
“Será que ele já falou com a Pansy? Como será que ela reagiu? Ai, não vou ter coragem de encará-la! Porque fui pedir justo aquilo pro Draco? Sou uma burra!”.
Já havia se passado um dia desde a conversa com Draco. Depois disso a ruiva Weasley não conversou nem com ele, nem com sua amiga, Pansy. Tinha medo da reação da garota. Estava totalmente convencida de que a garota estava pensando horrores sobre ela. Mas logo Gina saberia que estava bem enganada.
Era quarta-feira e Gina estava com muita vontade de estudar. Mesmo depois que já haviam se acabado suas lições, ela decidiu continuar estudando, queria dar uma revisada nas coisas, para não ser pega de surpresa. Estava na biblioteca. Ficou uns trinta minutos procurando os livros desejados. Já estava com todos os livros em uma das diversas mesas da biblioteca quando recebeu um recado de Pansy:
“Gin,
Quero falar com você, agora. Me encontre no salão principal. Precisamos por os assuntos em dia, okay? Tô te esperando. Larga essa pilha de livros e vem logo.
Bye”.
“Pronto, agora ferrou! O Draco já contou para ela e ela deve estar fula da vida comigo. Ai meu Merlin!”.
Sem mais delongas, ela deixou os livros e seguiu até onde Pansy a aguardava. Um frio percorria seu corpo. Quando deu de cara com Pansy, quase teve um colapso.
-- Gina, o Draco me contou tudo. E pediu perdão também...
-- Olha Pansy, não quero que você fique com raiva de mim. Entenda que...
-- Eu? Com raiva de você? De onde você tirou isso? --- ela sorria --- Finalmente vocês se deram conta...
-- Se deram conta? Que história é essa? --- a ficha pareceu cair para a ruivinha --- Peraí... Quer dizer que você sabia o tempo todo?
-- Mas é claro que sim! Você não se lembra que eu disse que sabia por quem o Draco estava apaixonado? Não se lembra? Eu estava por trás o tempo tudo. Cada encontro foi projetado. Hogsmeade, a festa...
-- Foi você o tempo todo? Foi você quem me fez apaixonar por ele?
-- Sim, sim... Foi! --- Ela tinha um imenso sorriso estampado no rosto.
-- Mas porque você fez isso? Você não pensou nas conseqüências? Eu posso sofrer muito por causa desse amor que sinto por ele...
-- Calma Gin, eu fiz isso pensando no melhor. Ele gosta de você desde o quinto ano, compreenda. E você também precisava de alguém que realmente te ame. Draco é essa pessoa. Lembra-se dos seus objetivos? Lembra-se que queria ser mais forte, comandar sua vida, esquecer o Potter, arrumar um namorado, ser diferente? --- a ruiva consentiu com a cabeça --- Então amiga, veja no Draco uma chance para tudo isso. Eu sei que pode parecer muito complicado e que vai ser muito difícil, mas acredite em você mesma.
-- Eu sei Pansy, mas pense: tem todo esse lance das brigas das nossas famílias. Não sei se vamos conseguir lutar contra tudo isso!
-- Gin, você não vai deixar isso abalar você, vai? Pensa bem. O Lucio já se foi. Lutar contra o resto dos Malfoy’s não será tão complicado.
-- O problema não é só eles! Tem a MINHA família! Já conversei com minha mãe. Ela disse que pode até me apoiar, mas que todo o resto ficará contra mim.
-- Não se preocupe amiga, eu estarei ao seu lado. Ajudarei você a ser feliz.
-- Ainda bem que pelo menos você está do meu lado. Estava morrendo de medo que você fosse ficar com raiva de mim, por eu gostar do Draco.
-- Não se preocupe, sempre vou estar do seu lado... Menos agora! Tenho que ir. Marquei de ensinar o preparo de uma poção a uma sonserina. Fofa, poções dos sétimo-anistas não é brinquedo, acredite! Uff!
-- Okay, foi bom falar com você hoje. Nos vemos amanhã?
-- Claro! Beijoca, fofa. Bye.
Depois disso ela seguiu seu rumo à Sonserina. Virgínia ainda ficou ali por um tempo. Estava bem mais aliviada de saber que ainda tinha sua amiga. Ficou muito aliviada em saber que aquela era realmente sua amiga. Mais um tempinho, e a ruiva subiu as longas escadarias que levavam até o salão principal grifinório. Passou pela mulher gorda e logo deu de cara com quem menos queria encontrar: Harry Potter! Parecia que ele a esperava. Ultimamente Virgínia tinha impressão: Harry Potter a seguia! Essa situação a incomodava grandemente.
-- Oi Gin! Te procurei o dia todo! Faz tempo que não conversamos. Quer tomar uma cerveja amanteigada comigo? Podemos conversar...
Ela bufou internamente. Respondeu com educação.
-- Ahn, sabe Harry, eu realmente gostaria, mas agora não dá. Tô com umas matérias para estudar e preciso dormir cedo hoje. Pode ficar para outro dia?
Ele fez uma cara, visivelmente, de decepcionado, mas novamente libertou a ruivinha da sua presença. Enquanto ela subia, ela pensava.
“Aff, que raios ele tanto quer comigo? Ainda não percebeu que eu não quero ficar com ele? Porque ele não vai atrás da garota que ele tanto quer?”. --- Virgínia parou com tudo, pensava em suas próprias palavras. Depois caiu em si --- “Não, não posso acreditar nisso! Como a vida pode ser tão irônica assim? Será realmente? Harry Potter está apaixonado por mim! É patético e sarcástico! Então foi por isso que ele brigou com o Draco naquele dia. Porque Draco me acompanhava. É muita coisa para mim. Ninguém merece!”.
Ela voltou a andar. Ria-se por dentro. Podia sentir o peso do olhar de Harry atrás de si, mas não se atreveu a olhá-lo. Ela se sentia vingada agora. Por tanto tempo ela amou Harry e ele nunca correspondeu. Agora era a sua vez. Sua vez de mostrar seu valor e fazê-lo sofrer por ela. As coisas não podiam estar “melhores”.
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