1º ano
CAPÍTULO 2
- 1º ANO -
No dia seguinte, Rose estava tomando café com Alvo, James, Roxanne e Glenn enquanto lhes contava como fora a detenção.
- Bem, eu ainda acho que você é uma menina de muita sorte, priminha – falou James – Roxanne e eu tivemos que polir todos os troféus da escola sem usar magia.
- Tem uns troféus lá da pré-história – contou Roxanne, comendo um sanduíche natural – Tipo os do Dumbledore e do Tom Riddle por serem alunos-modelo.
- Pois é... – disse James, pensativo – Se bem que tem umas coisas interessantes por lá também. Os troféus que o papai ganhou quando jogava no time de quadribol da escola, por exemplo.
- Prêmios por serviços especiais prestados à escola do tio Harry e do tio Ron – acrescentou Roxanne.
- Troféus da época do meu avô James! De quadribol, é claro – exclamou James, entre surpreso e feliz.
- Então, de um jeito ou de outro, vocês acabaram se divertindo na detenção, certo? – observou Rose, bebendo suco de laranja.
- Talvez... mas meus braços acabaram ficando com cãibra – reclamou James – E ainda estão doendo.
- Bem, veja pelo lado bom, James: isso é sinal de que você exercitou seu muque e agora ele vai se desenvolver – zoou Glenn.
- Justamente – concordou Rose, rindo – Você devia limpar os troféus toda semana pra ficar, assim, com os braços bem musculosos.
Alvo gargalhou.
- Não achei graça, Al – falou James – E qual é a tua, Rose? Resolveu se unir ao cachinhos marrons pra ficar me alugando?
- Ah, James, não seja tão chato... qual é o problema de te zoar um pouco? – respondeu a prima.
- Olha, Rose, não ‘tô defendendo o James, mas se você soubesse o quanto é ruim limpar aqueles troféus, pensaria duas vezes antes de falar essas coisas – disse Roxanne.
- Se isso não é defender o James, então eu não sei o que é – comentou Alvo.
- Eu não vou saber, prima – respondeu – Sou uma aluna exemplar, não vou pegar detenções.
- Ah, jura? Então você colheu abóboras ontem por pura vontade de ajudar o Hagrid? – questionou Roxanne, erguendo uma sobrancelha.
- O que eu quis dizer é que nunca mais vou ficar em detenção – explicou Rose.
- Acho difícil, Rose... – interveio Alvo.
- E posso saber por quê? – perguntou ela, curiosa.
- O motivo de sua detenção acaba de chegar – explicou apontando para Scorpius, que acabava de entrar no Salão Principal rodeado de colegas da Sonserina. – E conhecendo o seu pavio curto, acho bem improvável que você consiga deixá-lo sob controle total durante sete anos. Na primeira provocação do cara, você meteu a mão na cara dele!
James e Roxanne gargalharam com a constatação de Alvo.
- Quer apostar como eu nunca mais vou ficar em detenção? – falou Rose, petulante.
- E o que estamos apostando? – perguntou James, interessado.
- O que você quiser – respondeu ela, confiante.
- Cuidado, Rose – advertiu Alvo – Nunca diga a ele que aposta o que ele quiser.
- Não preciso ter medo, Al. Eu vou ganhar – disse, sem tirar os olhos de James.
- Opa, agora essa história está ficando bem interessante... – comentou Glenn, interessado.
- Quer apostar também, Glenn? – sugeriu Rose, animada.
- Rosie, por favor, cuidado com essas coisas – pediu Alvo, em tom de súplica.
- Obrigada pela preocupação, Al, mas eu sei me cuidar muito bem – respondeu a ruiva, encarando James e Glenn seriamente.
- Bem, se eu ganhar a aposta, você vai ter que dar um beijo daqueles no Malfoy – disse James – E eu ainda vou tirar uma foto e mostrar para todos os nossos primos. Mas tem que ser um beijo tipo daqueles do cinema trouxa, e eu ainda vou cronometrar o tempo: tem que ser, no mínimo, cinco minutos.
- Cinco? – repetiu Alvo, pasmado – Não é muito, não?
- É, nesse ponto o Alvo tem razão – concordou Roxanne.
- E o que vocês sabem de beijo? Nunca beijaram ninguém! – retrucou James.
- E você já? – quis saber Roxanne, displicentemente.
- Não é essa a questão agora – falou Rose – Não estamos discutindo quem é BV ou não. Estamos discutindo os termos da aposta.
- Livrou a sua cara, James – disse Roxanne, um pouco irritada.
- Que fique bem claro, Rose: se você não completar os cinco minutos, terá que continuar tentando até conseguir – completou James.
- Se não... ? – perguntou ela.
- Se não, eu diminuo o tempo, mas aí você terá que beijá-lo aqui no Salão Principal. E quando tiver um banquete – acrescentou.
- Certo – concordou ela, ignorando Alvo, que afundou o rosto nas mãos – Se eu ganhar, você terá que sair correndo pelo centro de Londres sem roupa.
James gargalhou.
- Ok – disse, concordando.
- E quanto a você, Glenn? O que vai apostar? – quis saber Rose, fitando-o seriamente.
- Olha, agora não me ocorreu nada – disse ele, coçando a cabeça – Podemos fazer tipo um contrato de risco?
- Por mim, tudo bem – disse, encolhendo os ombros. – Aí a gente combina os termos quando soubermos quem ganhou a aposta?
- Fechado – disse Glenn, sorrindo.
- Olha só, eu acho que essa aposta não pode ficar só de boca, não – disse Roxanne – Eu sugiro que vocês façam um Voto Perpétuo pra garantir o cumprimento dela.
- Roxanne, menos, por favor – disse Alvo, angustiado – Não precisa pôr mais lenha na fogueira, não.
- Nenhum de nós sabe fazer isso – comentou Glenn.
- É só pedir pro Fred – sugeriu ela.
- Não precisa disso – falou James, categórico – Confio na minha priminha exemplar.
- Eu também confio em você, James – disse Rose – Além do mais, estamos fazendo a aposta com palavra de Weasley e de Potter.
- Justamente – concordou ele – Weasleys não quebram sua palavra. Potters também não.
Dito isso, terminaram de tomar café em silêncio.
Minutos depois, Alvo e Rose caminhavam para a aula de História da Magia quando ele disse:
- Você não sabe a besteira que fez, Rose.
- Alvo, eu vou falar pela última vez para ver se você entende: eu vou ganhar essa aposta, custe o que custar – disse ela, visivelmente sem paciência.
- Acho que você pegou leve com o James – continuou, ignorando as palavras da prima – Tem certeza que escutou o que ele disse que você vai ter que fazer?
- Não vou ter que fazer nada. Vou ganhar a aposta. Assunto encerrado – concluiu ela, caminhando em direção à carteira que escolhera e se sentando. Com um suspiro resignado, Alvo se sentou ao lado dela, deixando o assunto de lado.
Durante o resto do dia, Alvo não falou mais sobre a aposta com Rose. Assistiram a todas as aulas sem mencioná-la, e como ele bem observou, a prima parecia estar correndo quilômetros de Scorpius: a simples menção do seu nome ou olhá-lo de relance já fazia com que ela fizesse questão de andar para a direção contrária.
Naquela noite, no Salão Comunal da Grifinória, Roxanne se aproximou de Rose e disse:
- Prima? Posso falar com você rapidinho?
- Claro que pode... – respondeu, puxando para junto de si alguns livros que havia esparramado na mesa e indicando a ela que se sentasse.
- Vocês querem que eu dê licença? – perguntou Alvo quando Roxanne se sentou, escrevendo a resposta de alguma pergunta do dever.
- Não precisa, Al, pode ficar – respondeu ela – Eu queria só pedir desculpas por ter sugerido aquela história do Voto Perpétuo. Não tinha necessidade nenhuma de ter sugerido isso.
- Não entendi, Roxanne – falou Rose, intrigada.
- Você teria feito o Voto, Rose? – perguntou Alvo, abismado. Em resposta, ela revirou os olhos, dizendo:
- Claro que não, Alvo. Só não ‘tô entendendo por que a Roxanne ‘tá me pedindo desculpas por causa disso.
- Eu fiquei com raiva do James na hora, Rose – começou a explicar – Por ele ter dito, sabe, que eu não sabia nada de beijo. E como eu acho que você vai ganhar essa aposta, sugeri que fizessem o Voto Perpétuo para garantir que o James cumprirá a parte dele. Eu não tive intenção de fazer parecer que queria te prejudicar ou que eu estava me colocando contra você. Nessa aposta, a minha torcida é toda sua. Quero muito ver o James perdendo pelo menos uma aposta na vida.
Rose sorriu para a prima, contente.
- Obrigada pela força, Roxanne – agradeceu – E não precisa se preocupar com essa história, ‘tá tudo bem.
- Só para eu entender o motivo de sua irritação, Roxanne... – começou Alvo, com um ar intrigado – Você sabe ou não alguma coisa de beijo?
Em resposta, ela suspirou, dizendo:
- Isso não vem ao caso.
- Mas é claro que vem! – retrucou Alvo – E mais: se você soubesse, não teria por que não falar. Então, só posso concluir que, realmente, você não sabe nada.
- Guarde as suas conclusões para você mesmo, certo? – falou Roxanne, levantando-se – Até mais para vocês.
- Pra quê esse assunto, Alvo? Não vê que assim você perturba a Roxanne? – disse Rose, observando a prima se afastar.
- É que eu não me contive, Rose. Eu fiquei muito curioso – justificou.
- Certo – respondeu, resignada – Vamos voltar aos deveres, então?
Sem mais falar na aposta, deram continuidade ao que haviam começado e só foram dormir depois de concluir tudo.
Na semana que se passou, Rose escreveu para Lily contando tudo que havia acontecido em Hogwarts na primeira semana de aulas: as matérias, os professores, a detenção, Scorpius e a aposta. No dia seguinte ao envio da carta, recebeu resposta da prima, que, ignorando tudo o que Rose dissera sobre as aulas em si, comentou a detenção, Scorpius e a aposta.
Sabe, Rose, não acho que o Scorpius Malfoy seja uma pessoa muito confiável. Pelo que sempre escutei, a família dele nunca foi lá muito agradável. Não que isso signifique que não mereçam uma segunda chance. Merecem, sim! Mas essa segunda chance tem que ser dada com um pé atrás, com um pouco de desconfiança sobre suas reais intenções. Acho um avanço que ele tenha te pedido perdão pela mãe, e me surpreendeu você me contar que te chamou de Rose. Mas não espere que isso se repita logo. Não sei exatamente o que esperar. Talvez ele seja uma pessoa legal. Ou não.
A detenção parece ter sido engraçada. Fala sério, colher abóbora? Se eu soubesse, teria pedido para alguém tirar uma foto para me mostrar.
Acho também que você é a melhor candidata ao prêmio de melhor aluna do 1º ano. Estamos torcendo muito por você.
Sobre a aposta, agora... olha só, como irmã do James, nunca presenciei ele perdendo aposta nenhuma, o que me permite dizer que ele só aposta em coisas de que tem certeza que vão acontecer. Acho até que seria engraçadíssimo você beijando o Malfoy, mas também queria muito ver o James perdendo uma aposta pelo menos uma vez na vida. Imagina a cara do loiro oxigenado se você simplesmente pedisse licença e o agarrasse! Mas espero que você não precise fazer isso, e dizendo o mesmo que o Alvo, cuidado com o que fizer daqui pra frente, certo? Afinal, são sete anos em Hogwarts!
No mais, espero que você aproveite bastante e continue me mantendo informada de tudo o que acontecer por aí, ok? Lembra sempre de que somos a melhor amiga uma da outra!
Beijo,
Lily
Ao terminar de ler a carta, Rose suspirou. Parecia que todos queriam convencê-la a desistir da aposta com James: nos últimos dias, todos os seus outros primos apareceram para dar opinião, e embora dissessem que torciam muito por ela, ninguém parecia acreditar de verdade no que falava. Mas ela não ia desistir. Era uma Weasley; não ia se dar por vencida tão facilmente.
Nos meses que se seguiram, Rose evitou ao máximo conversar com Scorpius, porque como Alvo e Lily vinham lhe alertando, era bem provável que perderia a paciência se o fizesse. Por sua vez, o loiro sempre fazia questão, ao ver Rose, de falar que seria o vencedor do prêmio de melhor aluno, o que só fazia com que disputassem cada vez mais cada resposta certa, cada ponto dos deveres e trabalhos e os fazia executar todos os feitiços com uma perfeição invejável a qualquer segundanista.
Quando dezembro chegou, todos os Weasley ficaram felicíssimos de poderem voltar para casa, mesmo que durante apenas duas semanas. Além de ansiarem pelo Natal, queriam muito saber como Victoire comunicaria oficialmente à família que estava namorando Teddy.
“Fala sério, o cara é muito corajoso”, comentou Fred, “se eu namorasse uma menina e tivesse que ser apresentado para os pais dela, os irmãos, os avós, os tios e os primos, considerando o tamanho da nossa família, eu cairia fora na primeira oportunidade.”
Ao que Alvo observou que, provavelmente, não seria tão difícil assim para Teddy, uma vez que ele já conhecia toda a família. “Concordo, Al”, respondera Fred, “mas todos o conhecem como afilhado do tio Harry e não como namorado da Victoire. Quero só ver como o tio Bill vai reagir. Isso eu não perco por nada.”
Apesar das previsões de Fred, tudo correu até bem durante a ceia de Natal, exceto pelo incidente de engasgamento de Bill com a farofa do peru. Fleur logo o socorreu, e depois de um copo de água, ele disse: “Antes alguém que eu conheço”.
Por sua vez, Lily ficou absolutamente encantada com a confirmação da notícia que James dera há alguns meses e perguntou: “Posso ser a daminha de honra do casamento?”, ao que Gina a repreendeu, dizendo: “Lily. O Teddy é namorado da Victoire e não noivo dela”. Mas a menina não pareceu se importar e continuou perguntando a Teddy e a Victoire se podia ou não, e Teddy respondeu, olhando furtivamente para Bill: “Tá muito cedo ainda, Lily. Mas prometo que, se for o caso, nós vamos nos lembrar de você, certo?” Radiante, ela continuou a comer.
A hora de distribuir os presentes foi a mais demorada da noite. Primeiramente, todos fizeram a revelação de quem haviam tirado no amigo secreto e, em seguida, todos entregaram os outros presentes que haviam comprado (ou feito, no caso da sra. Weasley, que, como sempre, fizera para cada um dos familiares um suéter tricotado à mão).
Na noite do Revéillon, a festa não foi na Toca e sim na casa de Harry e Gina. À meia-noite, aconteceu o tradicional beijo entre os casais presentes. Dentre os primos, Victoire foi a única a beijar alguém, observada de longe atentamente pelo pai, que dizia a Fleur estar cuidando da filha para que Teddy não ousasse encostar nenhuma mão boba nela. “Quanta bobagem”, dissera Fleur, “você fala como se tivesse sido um santo com todas as suas namoradas”.
Depois de poucos dias, os Weasley voltaram para Hogwarts e tudo continuou muito tranquilo por lá. Confirmando seu favoritismo, o time de quadribol da Grifinória ganhou o campeonato e acrescentou quatrocentos pontos para Casa, o que a deixava duzentos pontos à frente da Sonserina, para o encantamento de Rose. Sem mais problemas, os meses se passaram até abril, quando parecia que todos os estudantes da escola estavam entrando em uma espécie de paranoia por conta da proximidade dos exames.
Fred e Victoire estudavam como nunca haviam feito antes, afinal, iriam prestar os NIEMs e eles eram essenciais para qualquer emprego que almejassem. Molly, por sua vez, usava de suas prerrogativas como monitora para punir qualquer um que ousasse perturbar o silêncio do Salão Comunal e ela parecia estar ficando meio alterada com a perspectiva de prestar os NOMs. Queria conseguir doze e não se contentaria se conseguisse “apenas” onze. Até James e Roxanne deixaram as brincadeiras de lado e se juntaram a Glenn para rever cada mínimo tópico das matérias.
Rose e Alvo sempre estudavam juntos, e embora ela parecesse estar calma, o primo sabia que, no fundo, ela estava meio nervosa com a história de melhor aluno e de superar Scorpius em cada teste, por isso se esforçava ao máximo para não deixá-la chegar perto do loiro, que ultimamente dera para amedrontar todos os alunos do 1º ano.
Rapidamente, maio chegou e, com ele, os tão temidos testes. Para alegria dos professores, o nível parecia ter aumentado bastante, visto que vários alunos pareciam querer conquistar o tal prêmio, afinal, era um ótimo diferencial no currículo estudantil.
A cada prova feita, Rose parecia tirar um peso de cima dos ombros. Não teve dificuldade com nenhuma das provas teóricas, e só não concluiu as práticas perfeitamente por conta de um detalhe mínimo em um feitiço de DCAT, que Alvo, por sua vez, executou melhor que qualquer outro aluno da turma.
Terminadas as provas, os alunos de Hogwarts tinham mais uma semana para ficar no castelo antes de voltar para casa, que era o prazo para sair o resultado final de cada um, exceto de quem fizera NOMs ou NIEMs, cujo resultado só chegaria durante as férias.
Para Rose, Alvo e os outros Weasley, no entanto, principalmente para Victoire e Fred, a semana não foi exatamente de folga. Como tinham acabado de completar o último ano, eles participariam de uma festa para celebrar tal conquista juntamente com os outros setimoanistas. Dessa forma, haviam convidado todos os integrantes da família para participar, e agora todos tinham que providenciar seus respectivos trajes.
Victoire estava uma pilha de nervos; fazia questão de que tudo fosse perfeito e não parava de andar atrás dos irmãos e dos primos dando instruções para todos. Faltando dois dias para a festa, Fleur e Gina foram à escola entregar os vestidos das meninas. “Se vocês demorassem mais, acho que a Victoire botava um ovo”, disse Dominique, depois de verificar que todos os vestidos haviam ficado maravilhosos.
“Jesus, que eu não esteja por perto durante os preparativos do futuro casamento da Victoire”, desejou Molly depois de presenciar um ataque histérico da prima em que ela dizia que a cintura do vestido estava frouxa.
“Tenha a santa paciência, minha filha, é um minuto só para consertar!”, disse Fleur, irritada, corrigindo o defeito com um aceno da varinha.
A festa de formatura seria apenas um dia antes do banquete de final de ano, de forma que, para entrar, os alunos do 7º ano e os alunos convidados teriam que apresentar os convites na entrada. E esse foi o próximo motivo de mais um ataque histérico de Victoire.
Depois do almoço, Dominique reunira as primas no dormitório feminino do 6º ano, e enquanto estavam discutindo como fariam o cabelo e a maquiagem de cada uma, Victoire entrou, nervosa, perguntando se já havia entregado os convites para todo mundo.
- Já entregou sim, Victoire, eu estava com você no dia – respondeu Dominique, visivelmente cansada daquilo.
- Tem certeza? Porque se alguém estiver sem o convite, tem que me falar agora!
- Victoire, fica tranquila. Todas nós guardamos os convites muito bem – assegurou Lucy, pacientemente.
- Acho melhor você ir se arrumar – sugeriu Dominique – Ou você prefere estar horrorosa quando o Teddy chegar?
- Claro que não, Dominique! De onde tirou essa ideia horrível?
- Ué, Victoire, parece que você tá mais preocupada com a gente do que em ficar linda, maravilhosa e perfeita para o seu namorado... – disse Roxanne – Olha só, já são quase três horas e a festa começa às oito... os alunos do 7º ano tem que estar lá antes, não é?
- Ai meu Deus, estou completamente atrasada! – concluiu, levando as mãos à cabeça e saindo do quarto, apressada.
- Quase três? – perguntou Rose, sem entender – No meu relógio ainda é uma e meia!
- Se eu não assustasse a prima, é bem provável que ela não largaria do nosso pé tão cedo... – justificou.
- Certo. Mas agora que ela já foi embora, podemos resolver como vamos nos arrumar? – quis saber Dominique, visivelmente ansiosa para começar logo.
Elas só discordaram em um ponto: quem iria para a festa com os cabelos presos em uma trança embutida. Rose preferia fazer tal penteado porque era mais prático, ao passo que Dominique não queria abrir mão do penteado simples e sofisticado.
- Você devia deixar a gente alisar seu cabelo, Rose – dissera ela – Essa história de alisar só a franja todo dia já tá ultrapassada.
- Mas eu quero a trança e não vou sem ela! – disse, de forma categórica.
- Meninas, sem briga, por favor – interveio Lucy.
- É só um penteado, pelo amor de Deus – disse Molly, revirando os olhos – Não há nada de mais em as duas fazerem a trança.
Elas discutiram durante mais algum tempo, o suficiente para Victoire escutar do dormitório do 7º ano e ir ver o que estava acontecendo.
Ao chegar lá e descobrir o motivo da discussão, disse:
- Deixa a Rose fazer a trança embutida, Dominique, já que ela não gosta de alisar o cabelo. Você deveria era fazer uma trança “espinha de peixe” já que seu cabelo é liso. Em minha opinião, fica mais sofisticado.
- Eu não sei fazer – resmungou.
- Meu Deus, que dificuldade, eu faço para você e te ensino a técnica – disse Lucy.
- Problema resolvido – disse Victoire, indo embora.
- Como é que ela ficou tão calma de repente? – perguntou Dominique, irritada com a irmã e sentando-se na cama mais próxima para Lucy fazer a trança em seu cabelo.
No mais, não houve discussões entre as Weasley. Embora não tivesse gostado muito da ideia de início, Dominique ficou absolutamente encantada com a trança que Lucy fizera e aprendeu rapidinho como fazê-la.
Rose trançou os cabelos da forma que queria: fez uma trança embutida lateral. Molly, mais prática, apenas alisou ainda mais os cabelos ruivos já lisos, enquanto Lucy fez um coque frouxo, de forma que alguns fios ruivos caíam por vezes em seu rosto. Roxanne, indecisa, por fim optou por um penteado complicado: fez duas tranças de cada lado da cabeça e juntou-as em uma só, fazendo uma terceira.
Escolher a cor dos esmaltes foi tarefa um pouco mais fácil, exceto pela parte que Molly queria usar esmalte azul, da mesma cor do vestido.
- Você endoidou, Molly? – perguntou Roxanne – Da mesma forma que a bolsa e o sapato não podem ter a mesma cor que o vestido, o esmalte também não pode!
- Por que a gente não passa um esmalte com efeito craquelado nas unhas da Molly? – sugeriu Rose.
- Ah, eu acho uma ótima ideia! – concordou Dominique imediatamente – Principalmente se for prateado.
- Esmalte com efeito craquelado? – perguntou Molly, sem entender.
- Vai quebrar toda a simplicidade do vestido e do cabelo – explicou Lucy para a irmã.
- Mas que raio é isso? – perguntou, confusa.
- Você vai entender – disse Dominique, revirando os olhos – Confie em nós.
Após terminarem de fazer as unhas umas das outras, usaram um feitiço para secá-los imediatamente e então passaram para a maquiagem.
- A maquiagem ideal é aquela que não mostra que estamos maquiadas – disse Dominique em tom professoral – Como a festa de formatura é da Victoire, ela é a única que pode carregar um pouco na mão.
Como ela já avisou que a maquiagem iria demorar, as meninas concordaram em parar para fazer um lanche básico: dois sanduíches naturais para cada uma e suco de uvas.
Depois de muito tempo fazendo a maquiagem, vestiram-se e calçaram os sapatos.
- Nossa, vocês estão lindas! – disseram as colegas de Dominique que voltavam para o dormitório já que não iriam para a festa e jantariam, portanto, no Salão Comunal.
- Seremos as garotas mais bonitas da festa – disse Dominique, olhando-se em um espelho e verificando cada fio de cabelo loiro.
- Quanta modéstia – disse Molly, revirando os olhos.
- Então, primas, vamos? – chamou Roxanne, ansiosa – Já são quase oito e meia.
- Vixe, passou da hora! – disse Lucy.
- Eu pedi para nossos primos nos esperarem no Salão, para irmos todos juntos – disse Rose – Eles já devem estar lá.
- E estão – disse uma amiga morena de Dominique – James estava impaciente; me perguntou se vocês não tinham passado mal ou algo do tipo, porque nada justificava tamanha demora.
Sem mais delongas, cada uma pegou seu convite e desceram para o Salão. Os primos já estavam lá, sentados em poltronas perto da janela.
Como o jantar estava sendo servido no Salão Comunal, ele estava anormalmente cheio. Quando as meninas desceram e caminharam até os primos, todos os meninos pararam para olhá-las, desde os calouros até os do 6º ano. Dominique, de todas, era a que mais chamava atenção: ela e Victoire haviam herdado o ar veela de Fleur, e como a irmã não estava presente, tornava-se, assim, o centro dos holofotes.
- Uau! – exclamou Louis – Se vocês não fossem minha irmã e minhas primas, eu pegava!
Dominique bateu nele com a bolsa.
- Isso é coisa de falar para sua irmã?
Lucy bateu nele também e acrescentou:
- E para suas primas?
- Calminha, galera – disse James, levantando-se – Deixem o Louis ficar vivo pelo menos até ver a Victoire.
- Podemos ir, então? – perguntou Glenn.
- Você também vai? – disse Rose, surpresa.
- Meu irmão está formando também – explicou – Matthew Wood, goleiro da Grifinória, lembra?
- Não lembra, não, Glenn – disse James – A priminha não presta atenção em nada que diz respeito a quadribol.
Rose não respondeu para não ser mal educada, mas não gostou do modo como James falou.
- Vamos descer, então, por favor? – sugeriu Alvo, impaciente – Toda a nossa família já deve ter chegado!
- Que tal se fôssemos em pares? – sugeriu Dominique – Para não chegarmos lá sem acompanhante.
Louis se adiantou para Molly.
- Eu te acompanho, Molly – disse, oferecendo o braço a ela – Sou mais novo e mais alto que você – completou, sorrindo.
- Certo – concordou, meio surpresa, segurando o braço dele.
- Nesse caso, eu vou com a Lucy – disse James, aproximando-se da prima e entrelaçando o braço com o dela.
- Não vai nem perguntar se aceito? – perguntou ela, fingindo indignação.
- Sei que você não resiste ao meu charme – respondeu, empertigando-se – Aliás, nenhuma fêmea resiste.
- Deus, o que eu fiz para merecer um acompanhante assim? – disse, entre risos.
Alvo, por sua vez, aproximou-se de Roxanne ao mesmo tempo em que Glenn caminhava até Rose.
- E a dona da ideia brilhante fica sozinha... – resmungou Dominique.
- Você reclama de barriga cheia, prima – comentou Roxanne – Todos os caras da sala estão praticamente babando por você; qualquer um toparia te acompanhar se você pedisse.
- É, mas eu não quero qualquer um... – ela soltou um suspiro pesado – Mas já que não tem jeito, vamos andando, então?
- Vem comigo, maninha – disse Louis, oferecendo o outro braço à irmã – Também sou mais alto que você e não me importo de acompanhar duas belas damas – acrescentou, galanteador.
Sem resistência, Dominique aceitou a oferta e, resolvido o problema, foram todos para o Salão Principal, que já estava se enchendo lentamente.
Apresentaram os convites para um bruxo de ar ranzinza que estava na porta e que só os autorizou a entrar depois de confirmar a autenticidade deles.
Ao entrarem, perceberam que o Salão Principal havia sido magicamente ampliado: metade dele estava ocupado por mesas enquanto a outra metade comportava uma enorme pista de dança e um palco já cheio de instrumentos.
- Gente, aqui! – gritou Victoire ao vê-los entrar, sentada ao lado de Teddy em uma imensa mesa em que já estavam com todos os outros Weasley, inclusive Charlie.
Eles caminharam até lá e, antes de se sentarem, cumprimentaram todos os parentes, um a um. Depois de cumprimentar os pais e o irmão, Rose se viu arrastada por Lily, que a fez se sentar ao seu lado na ponta da mesa.
- Conhece? – perguntou Lily, indicando os ocupantes da pequena mesa ao lado.
Rose olhou e viu Scorpius sentado com os pais e os tios Daphne e Thomas. Havia um lugar vago na mesa.
- O que ele está fazendo aqui? – perguntou ela para a prima em um cochicho.
- Boa noite para você também, Weasley – disse Scorpius, elevando o tom de voz.
- Boa noite – respondeu a contragosto. Os parentes de Scorpius a cumprimentaram também, e Astoria sorriu alegre ao vê-la.
- Bem, pelo que o papai me falou, o primo dele está formando hoje também. Ele é filho da Daphne, irmã da mãe do Malfoy – explicou.
- E por que nós nos sentamos justamente aqui?
- O resto da mesa estava praticamente ocupado – disse Lily – E mais: você tem que ir se acostumando à presença do Malfoy, afinal, vai ter que aguentá-lo por mais seis anos sem arrumar confusão com ele para vencer a aposta – concluiu.
Sem conseguir contra argumentar, Rose não disse nada.
- Cadê o Glenn, Lily? – perguntou, para mudar de assunto.
- Foi sentar com os pais e o irmão Matt – respondeu, apontando uma mesa do outro lado do Salão – Glenn me contou que o Matt é doido para ficar com a Dominique.
- Quando ele disse isso? – perguntou Rose, perguntando-se internamente por que ele não a contara também.
- Nas últimas férias de verão – explicou – Fiquei sabendo também que o Matt já ficou com a Victoire quando eles estavam no 4º ano. Acho que é por isso que o Teddy não gosta muito dele.
Rose não disse nada. Ficou pensando no quanto Lily parecia mais bem informada do que ela.
As duas tiveram que parar de conversar em particular porque logo James, Alvo, Hugo, Roxanne, Louis, Lucy e Dominique ocuparam as cadeiras vazias que estavam próximas a elas e começaram a conversar, animadamente, sobre o que pretendiam fazer nas próximas férias de verão.
A festa foi bastante animada, e não faltaram comida nem bebida em momento algum. Mais tarde, Neville sentou-se com eles, levando junto a esposa Hannah e os gêmeos Frank e Alice, que tinham a mesma idade de Lily e Hugo. Para tanto, foi necessário juntar mais uma mesa à já imensa mesa dos Weasley, que, mesmo antes disso, já era a maior do local.
Embora seus sapatos tivessem um salto muito pequeno, Rose sentia os pés doendo quando o fim da festa se aproximava, afinal, dançara com todos os seus primos, com os tios, com o pai e com o irmão, além de Glenn e do irmão Matthew.
Quando já eram quase duas da manhã, a profª. Minerva subiu ao palco e a banda parou de tocar. Ela disse que haveria um concurso de dança com as próximas três músicas que a banda tocaria: uma mais agitada, uma lenta e uma de ritmo peculiar à Grã-Bretanha. O melhor casal seria escolhido por votação dos professores. Aqueles que quisessem participar deveriam escrever seus nomes nos pergaminhos que estavam em cima da mesa e, em seguida, cada rapaz receberia o nome de sua parceira, escolhido por sorteio, e teria que tirá-la para dançar.
- Lembrando que, uma vez tendo escrito o nome no pergaminho, não é possível voltar atrás e não participar nem trocar os nomes das parceiras com outra pessoa – alertou ela – O pergaminho foi enfeitiçado para garantir que isso não ocorra.
Na mesma hora, Neville se retirou da mesa para compor o júri junto aos demais professores, ao mesmo tempo em que havia um corre-corre geral para escrever os nomes nos pergaminhos.
Todos os Weasley inscreveram seus nomes. De todos, Lily era, sem dúvida, a mais entusiasmada.
- Espero que eu saia com o Teddy – disse para Rose quando, com um aceno de varinha, a professora recolheu todos os pergaminhos das mesas.
Com outro aceno da varinha, vários pedaços de pergaminho foram cortados, contendo apenas os nomes das mulheres. Com um terceiro aceno, eles saíram voando por todo o Salão em direção a cada um dos homens, que imediatamente começaram a procura por seus pares.
Ao receber seu pedaço de pergaminho, Frank mirou-o assustado e mostrou-o para a mãe.
- Vai, filho – incentivou – Você tem que dançar com ela.
Timidamente, ele se aproximou de Victoire, mostrando o nome dela escrito no pergaminho.
- É claro que aceito dançar com você, Frank! – disse gentilmente, segurando a mão do menino e caminhando com ele para a pista de dança.
Lily sorriu ao ver que Frank mirava a prima, abobado, mas parou quando Teddy se aproximou dela, dizendo:
- Concede-me a honra desse dança, senhorita?
- Eu saí com você? – perguntou, encantada. Quando ele assentiu, Lily o abraçou com força e em seguida saíram de mãos dadas para a pista de dança.
Rose suspirou e olhou para a mesa: todos já tinham saído de lá, exceto ela. Viu Glenn com Astoria, Matt com Hermione, Ron com uma mulher que ela não conhecia, Lily e Teddy, Victoire e Frank, Alice e Harry, Hannah com o pai de Glenn, Oliver... “Onde se meteu meu par?”, pensava, vendo que todos os familiares já tinham ou estavam se resolvendo.
Nem bem pensou isso e Scorpius se aproximou dela, dizendo:
- Dança comigo, senhorita? – ela o olhou, abismada, e disse:
- Você não pode estar falando sério! Nós dois? Dançando juntos?
Ele a mostrou o pedaço de pergaminho em que estava escrito Rose Weasley e ela reconheceu a própria letra. Sentiu um solavanco no estômago.
- Quem disse que a vida é justa? – perguntou Scorpius – Vê só, agora eu tenho que te aguentar por três músicas...
- Garanto que não vai ser mais difícil do que eu te aguentar – respondeu, levantando-se e caminhando ao lado dele para a pista de dança.
Ao ver Rose com Scorpius, Ron encarou a filha de longe, abismado, e só não disse nada porque naquele instante a professora ordenou à banda que começassem a tocar, uma vez que todos já tinham achado seus pares.
A primeira música a tocar foi a rápida, e Rose deu graças a Deus por não precisar se aproximar tanto de Scorpius. Dançavam tentando ignorar um ao outro ao máximo que podiam sem que parecesse que dançavam individualmente.
- Você não dança mal, Weasley – disse Scorpius no ouvido da ruiva quando se aproximou para segurar a mão dela e girá-la.
Terminado o giro, ela disse para ele, irritada:
- Se continuar me olhando, dou um tabefe na sua cara – ele a ignorou, puxando-a para outro giro – E acho bom parar de me fazer girar – acrescentou.
A música acabou naquele instante e a música lenta logo começou, sem intervalo. Rose e Scorpius se entreolharam ao ver que em todos os pares ao seu redor os parceiros já tinham se abraçado para dançar.
- Eu não vou fazer isso – disse ela.
- Não temos escolha – respondeu o menino – Ninguém te obrigou a participar. Aceitou as regras, agora tem que cumpri-las. Caso contrário, punição.
Na mesma hora, a ruiva se lembrou da aposta. “Antes abraçar o oxigenado do que beijá-lo”, pensou, aproximando-se dele.
Dançavam girando no mesmo lugar, e Rose achava extremamente incômodo sentir Scorpius abraçando-a. Fechou os olhos; não queria ver a feição do pai se a visse abraçada ao loiro.
Para alegria de ambos, a música logo acabou dando início à música de ritmo peculiar. Embora não soubessem, a banda estava tocando forró e era nítida a confusão de todos os casais sobre qual seria o jeito de dançar aquele ritmo esquisito.
- E agora? – perguntou Scorpius, confuso.
- Temos que nos virar – disse Rose, começando a dançar de um jeito totalmente maluco, no que foi imitada por ele. Ela olhou furtivamente para a mãe, que dançava com Matthew e, pelo que parecia, Hermione estava ensinando-o a dançar a tal música.
Rose olhou ao seu redor, sem parar de dançar. Cada casal dançava de um jeito; uns de forma engraçada, outros pareciam imitar o que haviam dançado no ritmo rápido. Pelo jeito, somente Matt e Hermione dançavam em ritmo remotamente semelhante à música.
Terminada a música, cada um dirigiu-se à mesa que estava sentado antes de começar o concurso. Ansiosa por se ver livre de Scorpius, Rose foi a primeira dos Weasley a voltar para a mesa.
Instantes depois, quando todos estavam acomodados em seus lugares, a profª. Minerva subiu ao palco para anunciar os vencedores:
- Bem, esta noite, o casal que ganhou o concurso foi... – pausa para tirar o pergaminho de um envelope roxo – Hermione Weasley e Matthew Wood.
O Salão prorrompeu-se em aplausos enquanto Hermione e Matt caminhavam até o palco para receber os troféus prateados: cada um tinha um casal que dançava junto sobre o suporte.
Quando Hermione voltou para a mesa, todos desataram a falar:
- Parabéns, Mione! – disse Gina.
- Tia, que ritmo era aquele último? – perguntou Victoire.
- Aff, tia, dançar com o Matt? – disse Dominique em tom de desaprovação.
- A Mionezinha não é número 1 só no serviço, veem? – comentou George.
- Por favor, calem a boca! – disse a sra. Weasley sobrepondo-se aos demais – Deixem a Hermione respirar!
Ela sorriu, agradecida, e explicou:
- Aquele último ritmo chama-se forró. É típico do Brasil, aprendi a dançar quando estive no Recife fazendo um curso para meus serviços no Ministério.
- Sozinha que não aprendeu, não é, Hermione? – disse Ron, estreitando os olhos – Quem te ensinou?
- Ronald, por favor, poupe-me de seus ataques de ciúme – disse, irritada.
As orelhas de Ron ficaram muito vermelhas, mas ele não disse mais nada.
Pouco tempo depois, os Weasley resolveram ir embora, não sem antes levar os filhos e sobrinhos até a entrada do Salão Comunal da Grifinória. Enquanto se despediam, Lily perguntou, olhando em volta:
- Cadê o Teddy?
- Lily, fala baixo – advertiu Dominique, olhando furtivamente para o pai, que se despedia de Louis – Ele deu uma saída com a Victoire – completou, com um olhar significativo.
- Aaaahhhh... – disse Lily – Para ficarem um pouco sozinhos? – perguntou, abaixando a voz.
- Exato – confirmou, trocando um olhar com Lucy, que sorriu diante das palavras de Lily.
- Qual é a graça, Lucy? – questionou Rose – Lily e eu perdemos a piada?
- Não – disse, apressadamente, voltando a ficar séria.
Àquela hora, o Salão estava completamente vazio. Apesar disso, ninguém se demorou conversando e foram direto para seus respectivos dormitórios.
Rose resolveu tomar um banho antes de ir dormir. Escovou os dentes, vestiu o pijama e, ao se deitar, dormiu imediatamente.
No dia seguinte, ela acordou mais tarde que de costume: eram quase onze horas e o dormitório já estava vazio, exceto por uma coruja marrom pousada sobre sua mesa-de-cabeceira. Rose logo a reconheceu: era Rex, a coruja de James.
Esfregando os olhos e se espreguiçando, ela disse, puxando o pedaço de pergaminho preso à perna da coruja:
- Bom dia, Rex. Trouxe recado do James para mim? – ele piou baixinho e Rose coçou sua cabeça carinhosamente – Obrigada! – a coruja saiu voando pela janela, satisfeita consigo mesma.
Ao abrir o pergaminho, a ruiva leu a seguinte mensagem:
Bom dia, priminha! Hoje é você a dorminhoca da família! Acho que é porque o Malfoy te deu uma enorme canseira na festa e imagino como você deve ter passado o tempo todo se segurando para não meter a mão na cara dele de novo, não é?
Enfim, espero que você veja esse recado do Rex logo, porque o negócio é o seguinte: como você deve saber, só servem café no Salão Principal até as dez nos fins de semana. Como teve festa, os professores estão servindo café para os alunos que estiveram lá na sala da diretora Mimi (o Fred é que chama ela assim!). Mas como bons Weasley e Potter que somos, Fred e eu fomos até a cozinha para pegar café da manhã só para a família e convidados (leia-se Glenn e Matthew). Só para você ter uma noção, estamos na Torre de Astronomia e nosso café particular começou às 10:45 . Já estamos todos aqui, só falta a senhorita. Não nos dê o bolo, hein? Já trouxemos o suficiente para todos.
James
Rose sorriu com a piadinha de James, anotando mentalmente o que gostaria de falar sobre ela quando o encontrasse. Apressada, levantou-se da cama, lavou o rosto e pôs um vestido branco que Ron lhe dera no último Natal.
Saiu da Torre da Grifinória o mais rápido que conseguiu sem correr, pelo menos até chegar ao corredor. Quando viu que estava sozinha, saiu correndo em disparada para a Torre de Astronomia e quando estava quase lá, trombou em ninguém mais ninguém menos que Scorpius Malfoy.
- Olha por onde anda, Weasley! – gritou, irritado, ao ver o copo de suco que carregava cair no chão e sujar sua roupa.
- Deus, quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece... – resmungou, revirando os olhos e continuando a correr.
Ao chegar à Torre de Astronomia, encontrou todos os seus primos lá, acompanhados de Matt e Glenn. Dominique não parecia muito feliz: estava sentada entre Louis e Matt.
- Bom dia! – disse Rose, animada.
- Bom dia! – responderam todos.
- Priminha! – disse James, surpreso – Até que você foi rápida, hein?
- Claro... e o Rex é muito eficiente. Aliás, infame a piadinha do bolo.
- Ele vai ficar feliz se souber que você disse isso. E a piada não foi infame; foi a melhor de todas.
- James, Fred... quanta coisa, hein? – comentou, passando os olhos pelo café que eles haviam providenciado e que estava sobre uma toalha vermelha estendida no chão, feito em um piquenique. Ignorou completamente a resposta de James sobre a piada.
- Senta aqui para você comer também, Rose – chamou Dominique, afastando-se de Matt e abrindo espaço para a prima se sentar entre ela e o rapaz.
- Não senhora – interveio Fred – Hoje a Rosie vai sentar perto de mim – disse, abrindo espaço para a ruiva se sentar entre ele e Victoire, defronte a Dominique.
Agradecida, ela acatou a sugestão de Fred imediatamente e sorriu internamente ao ver a loira fechar o rosto, visivelmente emburrada. Rose entendeu na hora que a intenção de todos era aproximá-la do garoto e viu-se concordando com a ideia, embora achasse que não fosse essa a melhor estratégia.
- Sujou o vestido, Rose? – perguntou Molly, percebendo a mancha de suco no pano branco.
- Ah é... – disse, distraída, servindo-se de ovos mexidos – vim correndo e trombei com o Malfoy saindo da sala da profª. Minerva, carregando um copo de suco, que derramou todo em mim.
- Conheço um feitiço ótimo para tirar manchas de roupas – disse Lucy – Se quiser eu posso fazer para você depois, Rose.
- O Malfoy... – disse Alvo – Sempre o Malfoy. Isso é tão engraçado. Será que coincidências existem de verdade ou isso é o destino?
- Aff, vira essa boca pra lá, Alvo! – retrucou Rose, levando uma garfada de ovos mexidos à boca – Se isso é destino, pelo jeito o meu vai ser bem infeliz.
Terminado o café cerca de meia hora depois, as meninas foram limpar a torre para tirar os vestígios de que haviam estado lá enquanto os garotos iam para a cozinha levar as vasilhas, os copos e os talheres de volta para os elfos. Aproveitando que estavam sozinhas, Victoire perguntou para Dominique:
- Curtiu o café ao lado do Matt hoje, irmãzinha?
- Aff, Victoire, nem me fala – respondeu, irritada – Já disse a vocês mil vezes que eu não quero ficar com ele e vocês insistem nisso.
- Ele é louco por você – justificou, dobrando a toalha cuidadosamente – E é um amor de pessoa; acho que vocês formariam um ótimo casal.
- Concordo – disse Molly.
- Tudo bem, mas acho que sou eu quem tem que escolher – disse Dominique.
- O mais importante é eles gostarem da gente – opinou Lucy – Por isso eu acho que não custa nada você dar uma chance a ele.
- Justamente – concordou Rose.
- É só deixar bem claro que você só quer ficar com ele para ver se vai dar certo ou não – sugeriu Victoire – E dizer que, se der certo, aí vocês decidem o que fazer. Ele vai entender e vai aceitar.
- Eu já disse: EU NÃO QUERO NADA COM O MATT! – disse Dominique, perdendo completamente a paciência – Agora querem fazer o favor de me deixar cuidar da minha vida?
As meninas não disseram mais nada ao longo do dia sobre o Matt. Passaram o dia com os primos, ele e Glenn, visitando cada cantinho de Hogwarts para que Victoire, Fred e Matt pudessem se despedir. Rose e Alvo foram apresentados à Sala Precisa e ficaram conhecendo algumas das passagens secretas da escola. Além disso, visitaram Hagrid e jogaram uma partida de quadribol bastante divertida, substituindo as bolas por tomates pegos na cozinha.
Às 18h, foram tomar banho para ir ao último banquete do ano e conhecer, finalmente, os melhores alunos de cada série.
Rose estava ansiosíssima quando se sentou com os primos à mesa da Grifinória. Não conseguia se esquecer das zombarias de Scorpius durante todo o ano e fazia questão, mais do que antes, de ganhar o prêmio, especialmente depois de vê-lo sentado à mesa da Sonserina já sendo parabenizado pelos amigos, que tinham como certa a sua vitória.
Antes de começar a divulgação dos resultados, a profª. Minerva destacou o quanto o nível dos alunos havia melhorado ao longo do ano e disse, ainda, que todos os professores tinham terminado o ano bastante satisfeitos com os resultados. Lembrou-os de que os alunos de 5º e 7º anos seriam premiados em julho ou agosto em uma cerimônia mais solene, porque suas premiações seriam baseadas nas notas dos NOMs e dos NIEMs.
- E temos uma novidade para vocês – acrescentou ela, satisfeita – O prof. Longbottom sugeriu que não premiássemos somente o melhor de cada ano, mas também o melhor aluno de cada matéria. Assim, por exemplo, premiaremos o melhor aluno do 3º ano, que teve o melhor aproveitamento geral e também aqueles colegas que se destacaram em uma matéria específica, como Feitiços ou Herbologia. Agora, daremos início à entrega dos troféus.
Primeiramente, a diretora chamou os melhores alunos do 1º ano por matéria, e Alvo ganhou o troféu por DCAT.
- Filho de peixe, peixinho é – brincou Fred ao ver o primo ir à frente receber seu troféu.
Pelo 2º ano, James também foi o melhor em DCAT, o que fez Fred repetir a frase. Roxanne foi a melhor em Transfiguração e Glenn, em Poções. Em seguida, passou-se para o 3º ano. Pelo 4º ano, por sua vez, Lucy destacou-se em Herbologia e Louis, em Aritmancia. Pulou-se, então para o 6º ano, e Dominique foi agraciada como a melhor em Feitiços.
Em seguida, a profª. Minerva chamou o melhor aluno do 6º ano, do 4º, do 3º e do 2º, todos da Corvinal. Antes de chamar o melhor do 1º ano, disse:
- Bem, no 1º ano, tivemos uma situação muito peculiar. Tivemos um empate entre dois alunos. – ela pausou a fala e esperou todos absorverem a informação. Alvo olhou de esguelha para Scorpius. Este não recebera troféu de destaque em nenhuma matéria, assim como Rose. – Os professores e eu – continuou a diretora – tentamos, de algum jeito, desempatar esses alunos. Mas foi impossível pelos critérios da competição. Além de terem ficado com a mesma nota em todas as matérias, esses alunos ganharam o mesmo número de pontos para suas respectivas Casas e, inclusive, pegaram apenas uma detenção que, diga-se de passagem, cumpriram juntos. – aqui, Alvo não teve mais dúvidas de a quem a professora se referia. – Pois bem, os melhores alunos do 1º ano são Rose Weasley e Scorpius Malfoy!
Feliz, Rose foi correndo para a frente e Scorpius foi um pouco mais devagar, arrogante. O Salão encheu-se de aplausos e Neville parecia satisfeitíssimo ao ver a diretora entregar o troféu para a ruiva. Em seguida, ela entregou o de Scorpius. Enquanto ambos voltavam para suas respectivas mesas, ele sibilou:
- Eu já sabia que ia ganhar. Tinha te falado, lembra?
- É, mas o senhor “eu sou o máximo” não sabia que não ia ganhar sozinho – respondeu ela – Quanto ao seu nível de frustração por não ter ganhado sozinho, diga-me: ele é altíssimo, muito alto, ou simplesmente alto?
- Não enche, Weasley – retrucou, com maus modos, caminhando para a mesa.
Ela sorriu, satisfeita, e voltou para perto dos primos. Afinal, tinham muito o que comemorar: além de terem ganho troféus pelas notas, o Salão acabava de se encher de bandeiras vermelhas e douradas: a Grifinória havia ganhado por cinco pontos de diferença em relação à Corvinal a Taça das Casas.
***
N.A.: bem, aqui está o segundo capítulo pessoas... finalmente! Tive uma semana cheia: trabalhos, provas e apresentação de seminário na faculdade, mas, no fim, deu tudo certo! Espero que gostem... e COMENTEM!
Se eu demorar a postar o próximo é porque estarei cuidando do meu projeto de pesquisa sobre o CNJ. Se algum erro de português tiver passado despercebido, avisem por favor. Bjos...
Comentários (6)
AAAAAH, adorei. Certo, levei séculos para ler este, mas porém... Foi ótimo! adorei mesmo! E esses dois não tem jeito, não é? James S. e Alvo Severo foram ótimos! Realmente ambos são filhos de Harry Potter UHASIHSAIHSAIHISAH. Rose já tá é sentindo amor pelo Scorpius, isso, sim! Mas fazer o que? Eles sempre negam. Mas é assim! Amei, amei!
2013-03-02""- É, mas o senhor “eu sou o máximo” não sabia que não ia ganhar sozinho – respondeu ela – Quanto ao seu nível de frustração por não ter ganhado sozinho, diga-me: ele é altíssimo, muito alto, ou simplesmente alto?"" eessa frase foi divina, eu dei trelaa demais *_* rsrsrs. parabens
2012-12-14O primeiro ano foi fantastico Eu ri muito aqui, da histeria da Victorie, gostei da arrumação das meninas kkkk serio foi muito legal, deve ser o máximo se arruma com primas por perto e tal, todo mundo se ajudando...Gostei da festa de formatura e do café da manhã do dia seguinte. Rose se controlando para não bater em Scorpius kkkkkkkkk e tanto foi que eles conseguiram não se meter mais em confusão o ano todo. Amei o capitulo, foi sensacional mesmo. Quero saber só quando é que eles vão se descontrolare e pegar mais uma detenção, eu imagino que sejá bem mais lá pra frente...bjoos *-*
2012-10-21kkkkk..muito engraçado..gostei bastante.. parabens.\0/
2012-08-06Woah, parabéns pela fanfic. Nossa, muita informação pra comentar em um capitulo só, porem, o que mais me chamou a atenção foi que Rose parece ser muito nervosa e cabeça-quente e, por vezes, meio rude e esnobe. Nunca a imaginei assim e, por isso, tive certa dificuldade de aceitar essa caracteristica dela. Por outro lado, Scorpius além de se mostrar bem arrogante, o motivo de ter se comportado daquela maneira no trem me parece algo que não condiz com a personalidade dele e a educação que ele teve, mas não consigo entender o porque dele ter agido daquela forma. E, ao contrario de Rose, ele parece ser bem calmo - coisa que aprecio muito, acho que pessoas esquentadinhas muito injustificaveis (por isso não entendo o porque Rose ser assim). Gostei bastante da forma como Astoria e Draco reagiram ao saber do filho, parecem bem exemplares - e Rose parece que percebeu isso, porque ela se irrita até com a presença de Scorpius? - , Hermione, como sempre, é uma coisa aparte, encanta em qualquer idade e sempre muito nobre, polita, sensata e sábia (nem amo essa mulher), já o Ron merece nada além de um olhar de repreenção pelo jeito que ele atiça a guerra contra os Malfoy. Rose pegou muito pesado apostando que não pegaria mais nenhuma detenção por sete anos, muito arrogante da parte dela (talvez devesse ter ido pra Sonserina, haha). Teddy e Victorie são realmente lindos, e eu acho que Rose e Gleen vão namorar mais tarde (o que me faz pensar se finalmente lerei alguém escrever um breve romance de Rose e James). Gostei bastante da dança e achei simplesmente divino Hermione ganhando o premio por saber dançar forró, mulher poderosa ela. Enfim, está aí meu desagrado com Rose-cabeça-quente porque a imagino como mais sensata e sóbria, como Hermione, mais delicada. Claro, o desagrado não é com a fanfic e sim com a personagem, porque você escreve muitissimo bem, vale resslatar, e é super leve o jeito, suave de ler. Está de parabéns pela fanfic, que tem cara de continuar ainda melhor, ansiosa pelo segundo ano de Rose, Alvo e Scorpius, quero ver as coisas se desenrolarem e quero ver esse relacionamento de Rose e Scorpius ao menos suavizar em algum ano da vida deles. Haha parabens de novo, é realmente ótima a fanfic. Beijos.
2012-05-18Amei o capítulo, muito boa a parte da dança, dava até para perceber que a Rose queria que tudo acabasse rápido! hauahauahauahauAdorei a parte que os dois ganham o troféu e Rose parece levar na esportiva enquanto o Scorpius fica frustado! (:Até o próximo capítulo e boa sorte com os seus trabalhos!
2012-05-09