-Corvo 5-
Corvo - 5
Meu nome... Por que ela chama meu nome...?
Essas palavras... Não estão tão fortes quanto aquele beijo venenoso que vi rasgar o céu...
O comensal parece estar inseguro.
Por que entoaria uma maldição imperdoável com insegurança?
São realmente essas palavras que ele diz...?
Ou talvez não as quer dizer...
Ele me ignora.
Quem sabe na verdade eu nem esteja aqui...
- Avada Kedav...
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Draco voltou à realidade antes de ouvir a maldição completamente, porém dessa vez não
estranhou. Ele vinha tido essa visão dês de muito tempo. Nem se lembrava exatamente de
como reagiu quando a tivera pela primeira vez, em Hogwarts.
Até hoje não descobrira o que é. Talvez um feitiço, ou até mesmo apenas um tipo de sonho
idiota.
Ele a olhava sem ter entendimento total daquele momento. Já ela que havia deixado de
procurar Bichento, encarava-o intensamente.
Desconfortado com a situação fingiu-se indiferente, deixando com que escapassem algumas
palavras costumeiras:
- O que foi? - Falou, já cruzando os braços, esperando impaciente a resposta.
- O que faz aqui? - Ela perguntou um tanto quanto relutante.
- Em primeiro lugar, você não respondeu a minha pergunta...
- Respondi, é que, era isso que eu estava me perguntando... - Interrompeu-o sem pensar.
Draco sentiu-se um tanto ofendido, mas então continuou, olhando-a com desaprovação:
- ...E em segundo lugar, se comentar com QUALQUE PESSOA QUE SEJA QUE EU ESTIVE
AQUI... - Deu uma pequena pausa, e aproximou-se mais ainda do portão do qual já estava
bastante próximo - ... Eu mato você. - Terminou com naturalidade.
- Vejo que anda seguindo direitinho os passos de seu pai.
- Nunca. - sibilou secamente - Há pegadas dele por aqui? Quando que meu pai andaria em meio a trouxas?
- Não sei... Talvez pra matar alguém... - Sentiu-se bem desconfortável após dizer essa frase,
porém empenhou-se o quanto pôde para demonstrar o contrário.
- Não sou um comensal, se é isso que está pensando. - Virou o rosto um tanto inferiorizado
ao admitir.
- E o que faz aqui? - Ela insistiu, já bem aliviada ao ouvir sua confissão.
- Fugindo.
- Na minha casa?
- É claro que não.
- Então volto a perguntar, "O que faz aqui?" - Hermione via-o ficar cada vez mais irritado e
sem jeito. E de fato divertia-se muito com isso.
- Heim? -Ela forçou um pouco mais.
Por um instante ele pensou em não responder, mas não estava em condições de pensar.
- Vi seu gato mais de uma vez hoje. Achei que talvez fosse um anim...
-Cala a boca - Ela sussurrou depressa - Esse é um bairro trouxa. Não deveria dizer essas
coisas por aqui.
- Eles não entenderiam nada mesmo.
- Não importa, De qualquer forma, achou mesmo que Bichento fosse...? - Deu uma breve
risada falsamente disfarçada. - Não sabe a diferença entre reais ou não? Ta certo que
muitos são inclassificáveis, mais Bichento definitivamente...
- Não Granger, não sei. Não sou eu o sabe-tudo.
Draco estava de fato zangado.
- Que seja. - cortou seu próprio discurso um tanto contrariada - Foge deles por que?
- O que você acha?
Encobriu seu berro num sussurro. Seus olhos pareciam que saltariam-lhe das órbitas para
atacá-la assim que possível.
- Sabem que está por aqui?
- Não faço idéia.
Hermione fitou-o por alguns instantes. Ele carregava uma aparência péssima.
Suas vestes parcialmente trouxas eram encobertas por seu sobre-tudo amarrotado. Seus cabelos loiros que estavam sem corte cobriam-lhe os olhos azuis avermelhados destacados por sua face agora mais pálida do que de costume. Seus compridos dedos ossudos apoiavam-se às grades.
- A quanto tempo se esconde, Malfoy?
- Dês de que meu pai me viu com idade o suficiente pra começar.
- Onde estava esse tempo todo?
- Finghton.
- Bairro trouxa?
- Quanto mais trouxa, mais seguro estou.
Ela olhava-o com certa pena. Seu estado estava absolutamente deplorável.
- Eu posso odiar trouxas, posso desejar a morte de todos os sangues-ruins nojentos. Mas não
vou ajudar alguém que pode me matar assim que lhe der vontade.
Seu bolso liberava escassos verdes suplicantes que cintilavam dentre as dobras do
sobre-tudo. Ela sabia o que era, mas fingiu não ter nem mesmo visto.
Tinha pena, mas relutou quanto a ajudá-lo. Pensou por alguns instantes, até que percebeu
que Malfoy poderia lhe ser útil. Ela agora sabia o que fazer, como sempre.
- Malfoy, acho que concordaria comigo se eu disser que eles jamais o procurariam aqui.
Draco olhou-a incerto.
- Vai me ajudar? Ou vai me entregar como comensal?
- Não tenho a menor intenção de te passar a perna. Mas se quiser ficar aqui vai ter que me
dar algumas informações, logo, sua estadia não será de graça. Por isso, não terá dívida
nenhuma comigo.
Draco baixou a cabeça não sabendo o que fazer. Tinha poucas moedas no bolso, e sabia que
uma pessoa não muito apresentável andando pelas ruas chamaria atenção. Por outro lado, não
confiava em Granger de jeito nenhum. Ela era amiga de bruxos poderosos como Dumbledore,
além de conhecer membros da Ordem e diversos Aurores.
- E se eu me recusar? - sussurrou ainda olhando para seus pés.
- Daí o problema é seu. Não tenho nada a ver com filhinhos que fogem dos papais. - Ela
falava em tom irônico, caçoando dele indisfarçavelmente.
Draco já muito irritado suspirou fundo na intenção de se acalmar. Não costumava agüentar
desaforos, mas sabia aproveitar chances únicas em situações nada convencionais. Naquele
momento via-se encurralado, até que julgou comensais assassinos mais perigosos para ele do que Aurores, afinal, ele não seguia Voldemort; fugia dele.
Levantou os olhos vagarosamente.
- Que tipo de informações? - metralhou sem se importar com o atropelamento de palavras as
quais disse o mais rápido possível, antes que mudasse de idéia.
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