A tentativa de fuga



    Tiago destruía o que antes era a diretoria da escola, os armários tinham suas prateleiras arrancadas e gavetas arrancadas, livros, pergaminhos, entre vários objetos incluindo algumas peças de prata que se encontravam em uma mesa, os objetos pareciam bem antigos e muitos se quebraram, mas Tiago não se importava com aquilo. Após alguns minutos sem sucesso e se perguntando como ninguém ainda viera ver o causador de tanto barulho e onde estaria a pedra.

_ talvez possa ajudá-lo a responder essas varias questões que rondam sua cabeça Tiago - disse uma voz calma e que transmitia uma paz fora do normal.

_ o senhor não me entenderia Dumbledore - disse Tiago - sei que o que farei é errado, mas não tenho outro modo, os amo e trocaria o mundo pelo bem deles, não me importa a conseqüência dos meus atos, pensei que as pessoas que os amam assim como eu me entenderia, mas o Teddy que ama meu pai como se fosse o dele próprio não faria nada para tê-los de volta, sei que não me compreende senhor...

_ compreendo Tiago, muitos fazemos besteiras por amor... Muitas vezes amamos as pessoas erradas e deixamos de lado o que é realmente importante - disse Dumbledore com os pensamentos viajando - e muitas vezes cometemos erros...

_ cale-se Alvo - disse o quadro do Snape que observava a conversa do diretor morto com o Grifinorio - e não ouse entregar a pedra ao garoto, estaria condenando a toda a comunidade bruxa, o que são duas vidas comparadas a duas mil?

_ cale-se você Ranhoso, logo se vê que nunca faria nada por alguém que ama - disse Tiago duro e frio - nunca entenderia o que estou a ponto de fazer, que ama não mede esforços para ver as pessoas que ama bem, não importando o sacrifício que tenha que fazer, se os perder não sei o que será de mim - as lagrimas de desespero começaram a se formar em seus olhos e a escorrer pela sua face fracamente enquanto ele caia no chão de joelhos - desculpe, mas é que...

_ eu entendo... - disse Snape baixo - você não sabe o quanto sei sobre fazer essas coisas pelas pessoas que amamos... Mas o erro que irá cometer ira persegui-lo por toda a vida, por mais que tente concertá-lo sempre se sentira culpado - Tiago encarara o rosto do ex-diretor Sonserino que lhe desviara os olhos parecia refletir sobre o passado - mas se é assim que quer... Não teremos como impedi-lo - o professor saira de sua moldura deixando seu quadro vazio.

_ deveria ouvir os conselhos de Severo - disse Dumbledore - ele mais do que ninguém sabe o que é se arrepender amargamente de um erro que cometeu, assim como sabe até onde um homem pode ir movido pelo amor, vocês são mais parecidos do que pensa Tiago.

_ ele disse que o senhor estava com a pedra - disse Tiago que ignorara o comentário do quadro sobre ele ser parecido com o Snape - peço que a dê a mim - aquilo soara ridículo a seus ouvidos, pelo menos foi o que parecera, como um quadro estaria com a pedra, sendo apenas um quadro.

_ se levante rapaz e venha até mim - disse Dumbledore e assim Tiago o fez parando em frente ao quadro - pegue e a leve, ela é sua - o velho do quadro abrira as mãos longas e brancas e ali reluzia um anel com uma pedra que brilhava em seu centro marcado com o símbolo das relíquias da morte.

_ como farei isso senhor - disse Tiago que até então já percebera que Teddy era um bruxo fantástico de colocar um objeto real dentro de uma pintura, talvez ele soubesse como tira-lo, mas ele não estava ali para dizer, então como faria aquilo - senhor não sou dos melhores em feitiços e transfiguração, desconheço o modo como o professor Lupin colocou o anel ai dentro, como irei retira-lo se ele está preso dentro do quadro?

_ para toca-lo deve apenas desejar e esticar sua mão - disse Dumbledore - pode faze-lo não é mesmo?

Tiago esticara o braço e com a ponta dos dedos da mão tocara a pintura cuja a imagem sintilara como as águas calmas de um lago quando alguem lhe toca desmanchando o reflexo, pelo menos fora isso que parecera. Os dedos começaram a afundar e com medo o garoto retirara rápido, e observara a mão para ver se não havia se alterado.

_ não tenha medo meu caro - disse Dumbledore - todos tememos o que desconhecemos, mas a coragem está em superar seus medos e não em não tê-los, e sei que é corajoso.

Tiago suspirara e tentara novamente dessa vez toda sua mão deslizara para dentro do quadro, era como se tivesse mergulhado sua mão em águas profundas, era difícil de movê-la ali dentro, mas por fim sentira tocar algo pequeno e solido, o prendera fortemente com os dedos para que não escapasse e retirara lentamente. Agora encarava o anel em suas mãos, enquanto o quadro de Dumbledore sorria e os dos outros diretores aplaudiam, ele estava prestes a agradecer quando ouvira barulhos na porta.

_ quem está ai dentro? - era a voz da diretora - Potter é você? Abra, todos estão te procurando pelo castelo.

_ deve ir agora Tiago - disse Dumbledore - Minerva não entenderia o que está para fazer, assim como os outros.

_ está bem, mas como? - disse Tiago enquanto ouvia as estridentes batidas na porta - estamos em uma torre e aquela é a única saída até onde sei.

_ use o tapete Potter - disse Snape que surgira novamente no seu quadro - esse tapete é mágico, possui a capacidade de vôo como as vassouras, saira voando pela janela sem dificuldade.

Tiago caminhara até um tapete estendido ao centro ele possuía um grande mosaico de estrelas e linhas em cores vivas, possuía ainda o brasão de Hogwarts e o lema da escola, ele pisara sobre ele e sentira uma sensação estranha de como se estivesse pisando em algo quase insolido leve e macio, era como uma nuvem, certamente era mágico, ele dera um pisão forte e o tapete deixara o chão flutuando cerca de dez centímetros de altura.

_ pegue as pontas do tapete para não cair, é como uma vassoura é só inclinar o corpo na direção que deseja ir e para subir é só inclinar o corpo para trás e descer é inclinar o corpo para frente, e para parar é só puxar as pontas com força - disse Snape enquanto

Tiago se posicionava sobre o tapete voador - acho que é o básico para se dizer, não é tão complicado assim que um cérebro minúsculo como o seu não entenda.

_ nunca pensei em dizer isso Snape - disse Tiago e o ex-diretor lhe encara com uma sobrancelha arqueada - obrigado, estava enganado a seu respeito, você é legal, não tanto quanto é rabugento e mau humorado, mas é legal.

Tiago saira voando velozmente pela janela deixando para trás uma sala completamente destruída, Dumbledore sorrira para o homem que fora retratado usando vestes longas e pretas, Snape fizera uma careta frente aos olhares do quadro do velho bruxo de longas barbas brancas.

_ parece que finalmente está se afeiçoando aos Potters - disse Dumbledore que recebera um grunhido indignado de Snape em resposta - e não negue, pois acaba de ajudar o garoto meu caro Severo.

_ só queria que esse garoto fosse logo embora, tê-lo aqui estava a me deixar irritado - disse Snape - apenas queria ele longe, apenas isso.

_ sei... tem um bom coração Severo, pena que não quis compartilhá-lo com o mundo enquanto esteve vivo - disse Dumbledore.

_ tudo que tinha de bom em meu coração morreu no dia em que eu a perdi Alvo - disse Snape - tudo o que era de mais importante para mim se perdeu quando ela foi morta.

Tiago aterrissara as margens da floresta proibida, onde podia encarar o castelo, deitara sobre o tapete que havia se estendido em uma aterrissagem perfeita na grama, nem parece que sou novo nisso pensou, encarou o céu que já estava escurecendo, sentia bastante frio, claro pensou, só agora notara que se mostrava sem camisa e apenas de calça jeans e tênis, encarara o ferimento que possuia no abdômen e notara que as bandagens se mostravam sujas de sangue, voltara a sangrar, ele mexeu nas mãos o anel e para finalmente estende-lo contra a luz do sol que já se despedia, era bastante belo, mas será que funcionaria assim como Teddy falara.

Quando pensara em testá-la ele ouvira uma voz estridente e grave a lhe atingir os ouvidos tão fortes quanto trovões de uma noite de tempestade, seria o feitiço Sonorus? Não sabia dizer, mas nem mesmo o feitiço que amplificava a voz podia aumentar tanto o volume quanto aquela voz estava.

_ vejo que tem a pedra - ele reconhecera a voz já se levantando rapidamente com a varinha em punho, a voz pertencia a Rodolfo Lestrange, se levantara tão rápido que sentira uma forte pontada no ferimento - não faça esforços Potter, está ferido lembra? Lembro-me muito bem, afinal, fui eu que lhe causei isso não é mesmo?

_ onde você está? Apareça - disse Tiago - apareça e lute seu covarde, homenum revelio - a ponta da varinha brilhara, mas não causara nada alem disso, ninguem estava ali, ele estava sozinho, os risos de Lestrange lhe deixaram enfurecido - onde você está?

_ bem longe de você Potter - disse Lestrange - estou usando Legilimência, quando se é realmente bom nisso pode se comunicar com pessoas a longa distancia, principalmente quando essa pessoa é tão horrível em oclumencia como você, foi bastante útil quando alteramos a memória de sua prima Molly, sabe, ela nos viu no expresso sobre nossas verdadeiras formas então tivemos que atacá-la e depois alterar a memória dela, até hoje não entendo como as pessoas realmente pensaram que fosse capaz dos ataques, é muito idiota para realizar feitiços simples imagina feitiços do nível que usamos para atacá-la?

_ vai ficar me insultando ou vai dizer onde encontrá-lo para levar a pedra? - disse Tiago - estou com ela sim, mas já sabe disso não é mesmo?

_ sim sei, assim como sei que quer trocá-la pelo seu pai e irmão - disse Rodolfo - bela escolha Potter, não sabe o quanto faz bem em aceitar nossa proposta.

_ onde vou encontrá-lo? - disse Tiago - quero terminar logo com isso.

Alvo acordara novamente, tentara se movimentar, mas sentira as pernas feridas e a dor do movimento lhe fizera cessar a tentativa de se por de pé assim como alguém que lhe segurara pelos ombros e retornara a deitá-lo. Sentira sua cabeça tocar algo macio e quente e braços a lhe envolver, fora quando notara que quem lhe abraçara era seu pai, Harry Potter estava ali abraçando o filho, Alvo retribuira o abraço ainda mais apertado, quase saltando sobre o pai, Harry apertara sua cabeça contra o peito e lhe beijara a testa em meio a tentar conter as lagrimas de felicidade, alvo sentira como se estivesse seguro, mesmo estando em perigo constante, estar com seu pai já lhe trazia um conforto enorme.

_ me perdoe Alvo - disse Harry - me perdoe por ter te metido nisso, não queria coloca-los em perigo, mas acabei fazendo isso, você está ferido por minha causa, está aqui por minha causa, me perdoe filho, meu dever como pai devia ser tentar te proteger de tudo e falhei nisso.

_ tudo bem pai - disse Alvo - não precisa se desculpar, e não falhou em ser pai, é o melhor pai que existe, e eu te amo muito - Harry abraçara ainda mais o filho - e é a maldição dos Potters... Sempre nos metermos em encrencas, ninguém pode evitar isso.

_ me doeu mais que tudo vê-lo sendo torturado - disse Harry - por um momento pensei que estaria morto...

_ mas não estou - disse Alvo sorrindo fracamente.

_ menino Potter teve sorte em sair vivo, Monstro também temeu pela morte de seu senhor, a sapa velha ficara um bom tempo torturando o menino Potter - disse Monstro - ainda bem que menino Potter não morreu.

_ obrigado Monstro - disse Alvo que se sentara com dificuldade ao lado do pai, este se mostrava ainda com as mãos e pés amarrados a parede por correntes, já Alvo não necessitava ficar preso, com ferimentos daqueles nas pernas e no restante do corpo não iria a lugar algum.

A porta se abrira e um homem fora empurrado violentamente para dentro, ele rolara alguns degraus e chegara a quicar como uma bola em alguns pontos, ele se pusera em pé com dificuldade e encarara aquele que o havia derrubado, Alvo reconhecera o homem como o professor de poções da escola Horacio Slughorn, ele andara até Greyback que sorria animalesco com seus dentes amarelos e pontudos.

_ Seu saco de pulgas como ousa me empurrar dessa forma? - disse Slughorn furioso - o que está pensando?

_ cale a boca vovô e faça o seu trabalho ou quem precisara de cuidados é você - disse Greyback jogando uma pequena maleta verde contra o peito de Slughorn com violência - e vejamos que é o saco de pulgas na próxima lua cheia, estou pensando em te dar a honra de ver eu me transformar bem de perto.

Slughorn engolira em seco e apertara a maleta verde contra o peito com força como se aquilo fosse protegê-lo. O lobisomem rira enquanto fechava a porta com força causando um forte estrondo. O professor descera a escada velha e mal iluminada com cuidado até o ultimo degrau. Fizera força para ver o local e reconhecera Harry e vira o estado de Alvo assim que os vira foi ao seu encontro.

_ Por Merlin, Harry - disse Slughorn se ajoelhando com certa dificuldade ao lado do Auror - o que fizeram com ele?

_ o mesmo que tem feito comigo esses últimos dias professor e com o senhor durante todos esses meses: tortura - disse Harry - mas estranho terem mandado cura-lo.

_ é, ao que parece a Umbridge irritou alguém muito poderoso quando fez isso, acho que o mestre deles não queria ver o garoto machucado - disse Slughorn - alias, prazer em conhecê-lo, eu sou Horacio Slughorn o professor de poções de Hogwarts, vice-diretor e responsável pela casa da Sonserina - o homem sorrira fracamente e estendera a mão a Alvo que a pega sem jeito - deve estar sentindo uma sensação estranha não é mesmo? Mas fique tranqüilo sou o original.

_ é eu sei, prazer em conhecê-lo professor, sou Alvo Severo Potter - disse Alvo apertando a mão do professor com firmeza.

_ ele é sua cara Harry, chegam a ser tão parecidos que nem a pollissuco faria ficar assim tão perfeito - disse Slughorn - deve atrair muito a atenção das garotas em Hogwarts, grifinorias devem se descabelar por sua causa não? - brincara Slughorn enquanto limpava os machucados de Alvo com um pano.

_ ele não foi para a Grifinoria professor, ele é Sonserino - disse Harry nesse momento Alvo encarara o pai para olhar sua expressão e notara que ele se mostrava calmo, ainda bem que ele não estava sentido pelo filho não ter ido para a sua casa - por isso cuide bem dele enquanto ele estiver na escola, é o diretor da casa dele tem essa obrigação.

_ pode ter certeza de que farei isso Harry, cuidarei muito bem de seu filho, ainda mais quando é um dos meus, será ótimo dar aulas para você Alvo, meu caro - disse Slughorn sorrindo mas logo o sorriso se desfez - se sairmos daqui.

Alvo sentira uma dor enorme quando o professor derrubara uma poção em suas pernas, as queimaduras começaram desaparecer, mas os panos tinham que ficar no local das queimaduras por um tempo, os machucados e cortes iam se fechando quando outra poção era passada neles, ela fedia muito e subia um vapor quando o liquido surtia efeito, no final ele estava melhor, não o bastante, pois o que tinham ali não fazia com que ele ficasse totalmente bem, muitas feridas eram difíceis de se fechar como a de sua mão causada pela pena de sangue, Harry quando vira aquilo jurara que acabaria com a raça de Umbridge. Slughorn tratou de todos, Harry estava entre todos o que parecia em melhor estado, já Monstro perdera a visão de um dos olhos, Slughorn então exibia muitas cicatrizes antigas e machucados recentes, era o que dava ser o brinquedo mais antigo da sapa velha.

Alvo dormira ao lado do pai aquela noite, ele o abraçara por conta do frio e também para não perde-lo de vista, com medo que fosse tirado dele no meio da noite, na manhã seguinte ele acordara com o sol a entrar pelas frestas de uma pequena janela tampada a tabuas os barulhos no andar de cima indicavam que os comensais tinham acordado, ele tentara se levantar e conseguira com dificuldade, suas pernas ainda estavam um pouco doloridas assim como o resto do corpo, segundo seu pai foram cerca de cinco horas de cruciatus que ele resistira o suficiente para deixar uma pessoa com alguns danos mentais. A porta se abrira e Greyback deixara o almoço no alto da escada, Alvo subira para recolher e pela primeira vez encarara o lobisomem de perto.

Greyback era um homem com características lupinas, dentes pontudos e amarelos, em alguns pontos possuía caries, era alto e forte, possuía pelos grossos no rosto e braços e o cabelo desgrenhado e grisalho, olhos frios e com poucas rugas no rosto, parecia mais jovem do que realmente era, pelo menos era o que Alvo considerou. Ele sorrira para o garoto e Alvo então se lembrara das palavras de Lily, “ele disse que queria estar comigo, que queria rasgar minha garganta...”, aquele maldito, pensou, como podia pensar em fazer algum mal a sua irmã? O ódio estava a lhe dominar, frente aquele sorriso cínico que estava estampado no rosto do seu seqüestrador.

_ algum problema garoto? - disse Greyback - parece que quer dizer algo?

_ não quero dizer nada, apenas estava observando uma coisa - disse Alvo e antes que ele dissesse algo o garoto completara a frase - estou observando como você recebe ordens e as obedece sem questionar como um cachorrinho domesticado, nem parece o mesmo Lobo que no passado aterrorizava a todos, patético é o que se tornou.

_ o que está dizendo moleque? - disse Greyback em um quase grunhido - eu não sou patético muito menos um cão domesticado.

_ não percebeu ainda não é mesmo? - disse Alvo num tom de falsa pena, incredulidade e de zombaria que aprendera com Tiago - mas você se tornou um simples servo para eles, logo você que era um líder ter que acatar ordens e se humilhar perante seres inferiores como eles, sei que os considera inferiores Lobo, assim como sei que deseja um dia que os Lobisomens vençam os Bruxos...

_ parece conhecer muito sobre mim garoto... - disse Greyback que sacara sua varinha e agarrara o garoto pelo pescoço - me diga está tentando me manipular? Como sabe de tudo isso? Está lendo minha mente?

_ não sei Legilimência ainda senhor, dessa forma não tenho acesso a suas lembranças e sua mente - disse Alvo com tanta simplicidade e sinceridade que o garoto falava e também porque fazia tempo que alguém não lhe chamava de senhor, os últimos foram seus professores na escola - e longe de mim manipulá-lo, que chances teria em vista que és mais velho e experiente que eu? - Alvo torcia para que o lobisomem caísse, sairia dali em breve e talvez ele pudesse ajudá-lo, era uma das idéias que tivera, louca mas talvez funcionasse - só estou dizendo que alguem como o senhor não deveria está se rebaixando tanto, olhe para você, fazendo trabalhos que apenas um elfo domestico faria, eles o humilham posso ouvir daqui de baixo os risos deles, eles fazem piadas, falam mal de você quando está longe, do que o chamaram mesmo? Ah... Sim, disseram que não era tão feroz quanto antigamente, que parecia um poodle castrado, cachorrinho obediente, eles disseram que você era a prova viva de que se pode ensinar truques a um velho cão... É lamentável, pois sei que poderia acabar com todos eles se quisesse.

_ eles disseram isso? - disse Greyback recolocando o garoto no chão e Alvo tentara não rir da cara do lobisomem - eles não falariam isso de mim, falariam?

_ oh... Sim, eles falaram, sinto muito... Deve estar se sentindo traído não é? - disse Alvo que se sentara nos degraus e começara a comer a comida que o lobisomem havia trazido aos prisioneiros - é difícil perceber que não é valorizado por aqueles que serve.

_ eu não os sirvo - disse Greyback - está errado...

_ estou? Ainda não percebeu que é uma piada para eles? - disse Alvo - eles fazem piadas de você, riem de você, Rasbatan e Rodolfo são os piores, disseram que qualquer dia vão levar você para o veterinário para uma tosa e para tomar um banho com um xampu anti pulgas e que depois vão brincar de pegar com você...

_ coma garoto e pare de falar besteiras - disse Greyback saindo dali - tenho mais do que fazer do que ouvir baboseiras de um garoto idiota...

Alvo sorrira vitorioso enquanto via Lobo bater a porta, ele havia conseguido a chance para escapar daquele lugar e ir buscar ajuda, conseguira plantar a desconfiança e a duvida na cabeça de um de seus inimigos e o fizera se voltar contra seus aliados, como um verdadeiro Sonserino, pensou, o chapéu acertara sua casa, por mais que às vezes duvidasse disso. Ele ouvira barulhos de passos pesados e coisas quebrando no andar de cima, assim como discussões, os berros de Greyback assim como os dos outros comensais era nítido, ele sabia que o seu carcereiro era cabeça quente, mas já ir tirar satisfações com os outros era inesperado, levou a mão a maçaneta da porta e constatou que ele não havia trancado, conseguira o deixar confuso o bastante para que não o fizesse.

Olhara para o pai e os outros, ainda dormiam, voltaria com ajuda assim que conseguisse sair dali, abriu a porta com cuidado e subira agora podia reconhecer como uma casa velha de moveis quebrados e empoeirados arranhões nas paredes como se aquele lugar tivesse recebido visitas de algum animal selvagem. Alvo andara pelos corredores, cuidadoso para que ninguem ouvisse seus passos e rezando a Merlin para que a briga entre os comensais continuasse por mais alguns segundos para que lhe desse chance para fugir. Ele passara por um grande room onde no centro havia uma enorme mancha de sangue que se estendia pelo chão e alguns respingos na parede, um frio lhe passara pela espinha, por mais que aquilo se mostrasse seco como se tivesse ocorrido a vários anos atrás, ele ainda sentia algo estranho.

Fora quando ouvira barulhos de objetos quebrando e Greyback caira na entrada do corredor, quando um feitiço ele atingira e desmaiara inconsciente no chão aos pés do garoto, do portal saira um Rasbatan ofegante e com um grande corte no rosto e sua boca com um pequeno rio escarlate a correr, ele limpava com a mão enquanto apontava a varinha para o corpo do lobisomem a sua frente.

_ isso é para você aprender seu merda a não mexer com um Lestrange - disse Rasbatan que agora olhava para o sangue em sua mão - mestiço imundo - ele cuspira sangue em direção a Fenrir - as baboseiras que você dizem não fazem sentido, miserável... Conseguiu me machucar, olhe para mim, estou sangrando por sua causa.

Ele estava com os olhos tão presos ao seu adversário ali caido que nem notara a presença de Alvo que se apresara a se esconder atrás do que parecia um dia ter sido um sofá, ele respirara lentamente para ver se seu coração voltaria a bater normalmente, ele se assemelhava a uma bomba relógio que poderia denunciá-lo, ou pelo menos foi isso que lhe parecia. Rasbatan parecia pressentir que algo estava errado ele olhara em todas as direções, mas não vira nada, começara a caminhar pela sala os passos iam se aproximando perigosamente do local onde Alvo se encontrava, logo seria descoberto, pensou, seu coração parecia nem mais bater, pelo menos ele não o sentia mais pulsar, teria parado frente a tensão que ele estava sofrendo, fora a única coisa que pensara, sua respiração profunda parecia a de um afogado que asseava por ar, agradecera aos céus quando ouvira a voz de Umbridge chamando o comensal e ele retornara pelo mesmo caminho de onde veio.

Alvo se erguera quando vira alguem a encarar algo pela janela, quem quer que fosse emitia uma energia horrivel que causara calafrios e uma sensação de medo que o garoto nunca sentira, suas vestes longas e negras lhe cobriam cada canto do seu corpo, a cabeça era coberta por um capuz que lhe dificultava a visão do rosto, ele se virara e Alvo lhe encara nos olhos, brilhantes e frios como os de uma cobra, azuis como os de Scorpio mas que não transmitiam o mesmo brilho, era como lagos congelados e sem vida, fora tudo que conseguira ver pois uma pesada mascara, como as que os comensais da morte usavam antigamente, mas muito mais bela, ela era de prata cobria o rosto do homem, os detalhes da moldura se inspiravam em feições viperinas e possuia em algumas partes espaçamentos para o seu usuário poder respirar, ele não parecera surpreso em ver Alvo, na verdade o garoto pode perceber um sorriso a se formar por debaixo de sua mascara.

O homem misterioso lançara um feitiço e o garoto voara contra a parede, ele ficara ali sem se mover, algo lhe prendia a parede uma força intensa que o impedia de se mexer, um falcão voara de cima de uma das estantes para o braço do encapuzado e ele lhe acariciara o bico e as penas da cabeça e em seguida o depositando em seu ombro. Uma voz ecoara como o sibilar de uma cobra, mas da boca do homem nada saia, ele falava diretamente dentro da cabeça de Alvo, em sua mente.

_ Não deveria ter tentado escapar meu rapaz... - disse uma voz calma e ao mesmo tempo fria - não precisa temer pela sua vida, tenho planos para você... Sei que não me conhece, mas saiba que um dia todos saberam meu nome e o temeram assim como um dia temeram pronunciar o nome de Lord Voldemort, mas diferente dele não subestimarei meus inimigos.

Alvo agora sabia quem era aquele que estava a sua frente, aquele era o responsável pelos ataques a quem agora os comensais serviam, ele que queria o anel, a pedra da ressurreição, mas e quais seriam os planos dele para conquistar o mundo mágico, não fazia sentido, ele deveria criar um exercito de seguidores como um dia o Lorde das Trevas possuiu, mas no lugar disso buscava algo que apenas traria de volta aqueles que estavam mortos.

_ parece confuso não é mesmo Alvo? - disse o encapuzado - mas há mais por trás das relíquias da morte que você possa imaginar, e elas me daram o poder de que necessito para conseguir alcançar meus objetivos, mas por hora você deve descansar, sim, eu não lhe farei nada, não é minha intenção feri-lo, e peço desculpas se meus servos fizeram isso, saiba que foram severamente punidos.

_ o que fará comigo então? - disse Alvo, fora tudo o que conseguira dizer, pois a presença daquele ser a sua frente lhe parecia paralisar todas suas funções vitais e paralisava sua linha de raciocínio, nunca se sentira assim antes - se não vai me punir por ter tentado fugir?

_ irei fazê-lo dormir, como disse não quero seu mal - disse o encapuzado que agora acariciava o falcão peregrino que repousava em seu braço, ele esfregava sua cabeça contra a mascara do seu mestre que soltava pequenos risos alegres - seu irmão me entregara o que procuro, e logo estará de volta com sua família e amigos.

_ sabe que é um erro me deixar ve-lo não é mesmo? - disse Alvo receoso do que estava fazendo - espera que não conte os seus planos? Que deseja ter as relíquias da morte?

_ não contara me caro - ele sorrira por de baixo da mascara e Alvo pode ver um belo sorriso por entre as passagens de respiração - pois não se lembrara dessa nossa conversa, nos veremos novamente senhor Potter, tenha certeza disso, mas na próxima vez tenho a nítida impressão que será algo diferente de uma conversa civilizada... Até lá, espero que tenha uma boa vida enquanto ainda a possui, Obliviate.

A varinha fora apontada para o rosto de Alvo e uma pequena luz semelhante a uma descarga elétrica de um azul fosforescente atingira o garoto, seus olhos verdes tomaram uma expressão vaga mirando o vazio e sua cabeça pendera para o chão e de sua mente pensamentos eram destruídos e apagados como se cada registro dos últimos momentos se queimasse sem deixar vestígios e por fim esquecidos por completo. O corpo de Alvo pesado caira num estrondo no assoalho e com os olhos petrificados ele fitara como ultima imagem antes de apagar por completo alguem a lhe encarar de pé a seu lado, e seus ouvidos captaram uma voz a lhe dizer:

_ durma Potter, e se prepare, pois em nosso próximo encontro vou querer enfrentá-lo, e você terá que lutar para se mostrar digno de continuar vivo - disse uma voz distorcida e distante e por fim o vulto se desfez em uma fumaça negra e Alvo viu sua vista escurecer.

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