two
His side
- Mansão Malfoy. Domingo à noite. – Ouvi minha própria voz intimá-la, indiferente.
Como se todos os dias isso acontecesse. Como se fosse a coisa mais saudável do mundo. E não era. Além do quê: só acontecia uma vez por semana. Eu seguia uma dessas leis de que se visse a mesma mulher mais de uma vez por semana - em encontros não-noturnos – estaria encaminhando-a para um relacionamento. E isso era a última coisa que me passava pela cabeça. Mentalmente eu já conseguia ver como seria meu domingo. (Sim, porque finais de semana propriamente ditos eu iria a algum pub... Conhecer alguém. E eu não entendia o porquê, mas desde que começara essa coisa com a Granger, procurava mulheres mais bonitas que ela, ou ao menos as que não tivessem cabelos castanhos ou cacheados, nem olhos comuns ou uma pose mandona), sei que era estranho, mas era minha forma de lidar com isso. Não que estivéssemos nos encontrando há tanto tempo, mas já deveriam fazer duas ou três semanas, e apesar disto, em nenhum momento a rotina nos invadia, quer dizer, em nenhum momento era aquela baboseira de café da manhã na cama e muito menos grandes expectativas. Era sexo. Em todos os sentidos possíveis. E de forma paradoxal, a ausência de sentimento nos tornava melhores. Mas não por muito tempo.
- Não vou poder ir, Malfoy, sinto muito. – Ela respondera, enquanto lia o jornal, comendo uma torrada.
Dá pra ver o quanto você sente, sangue-ruim.
- E por quê, Granger? – Foi minha primeira reação, arqueando as sobrancelhas, pouco antes de dar um gole calmo na xícara de café.
Estávamos em minha casa. Até mesmo pessoas casuais comiam juntas depois de uma maratona daquelas (se é que vocês me entendem). E nunca, em um milhão de anos, eu poderia prever o quanto tudo estava apenas no começo.
- Muito trabalho no ministério. – Ela esclarecera, finalmente fitando-me nos olhos.
Dei de ombros, afinal, ela devia saber o que estava perdendo.
- Gina acha que isso é um erro. – Ela comentou, segundos depois e antes que eu pudesse pronunciar qualquer coisa, ela completou: - O sexo casual.
- Weasley fêmea não entende nada de sexo. Pra começar, casou-se com Potter, tsc tsc tsc. – Argumentei, sorrindo.
Granger esperava uma reação melhor, como se eu estivesse com alguma carta dentro da manga, um argumento brilhante que dissesse Ei, não estamos fazendo nada errado, tudo vai dar certo. De fato, não estávamos. E tudo o que eu tinha certeza é que eu acabaria bem, enjoando dela ou largando-a ou tanto faz.
Granger não era casual, óbvio era minha opinião.
Mas enganava muito bem. Acrescentei, mentalmente, dias depois, quando entrara em Pub e a vira em uma mesa, cabelos soltos e expressão leve, dando risadas com Potter, Weasley e a pobretona. Cenoura ambulante, volta e meia, beijava-a – feito um viado – no rosto da sangue-ruim, e lhe dizia coisas discretas ao pé do ouvido. Era óbvio que aquilo era um encontro de casais.
Weasley fêmea foi a primeira a me ver, e pareceu congelar. Porque ela sabia.
- Ora ora se não é o antigo trio maravilha, tsc tsc tsc. – Puxei assunto, de pé, em frente a mesa, sem tirar os olhos da Granger.
Ela ficou séria, respirou fundo, forçou um sorriso desagradável, mas eu sabia que no fundo ela tinha medo que eu botasse todo seu relacionamento a perder, o que parecia ainda mais divertido.
Algum tempo depois, quando eu já encontrara meu alvo ali - que por Merlin, não era a Granger! - e sim uma loira, tão gostosa quanto bêbada, eu vi a sangue-sujo levantar-se para ir ao banheiro. Sem a pobretona.
Inventei uma desculpa e fui atrás dela, não sabia o porquê, e pra falar a verdade só me dei conta do que estava fazendo quando entrei no banheiro e a surpreendi retocando a maquiagem.
Ela deu um salto, e virou-se bruscamente pra porta do banheiro, surpresa, a mesma porta que eu acabara de trancar e lançar um discreto Abaffiato.
- O que faz aqui? – Ela mandou, rápida, olhando pra porta em desafio.
- O que você faz aqui, Granger?
- Precisava retocar a maquiagem, caso você não tenha visto, era o que eu fazia antes d...
- Está saindo com o Weasley? – Perguntei, suave, como se ela nunca houvesse pronunciado qualquer coisa.
Ela corou, o que me fez sorrir, em seguida a sangue-sujo mordeu o lábio, antes de erguer uma de suas mãos devagar, mostrando-me um anel. O anel.
- Estamos noivos. – Ela murmurou, parecendo tensa. – Quer dizer, eu e ele tínhamos terminado na noite em que eu e você... hã
- Transamos? – Arqueei, com um sorriso de canto de lábio.
- é! – Pausara. – Eu e o Ron reatamos essa semana. – Dissera. – Ele fez o pedido. E eu aceitei. – explicara, quase no mesmo tom em que diria e 1 + 1 é 2, por Merlin, ainda tem dúvidas Malfoy? – Eu ainda ia contar isso... – Continuou. – Escuta Malfoy, eu... não queria que Ron soubesse do...
- Sexo? – Arqueei, cínico, enquanto ela revirava os olhos.
- De tudo. – Continuara, meio pálida e desta vez séria. Falava como se tratasse de uma missão secreta no Ministério da Magia.
- Tsc tsc tsc. – Comecei, na intenção de assustá-la. – E se eu quiser contar? O que vai fazer, Granger? – perguntei, aproximando-me.
Ela bufou.
Quase pude ouvir seus pensamentos perguntando-me: O que quer em troca?
- Me beije. – Declarei, seguro.
- Há. – Ela dissera, incrédula. – Não seja ridículo. – Continuara. – E não é como se estivéssemos tendo um caso verdadeiro.
- Negue o quanto quiser, Granger. – Comecei, e a essa hora estava perto, mas não tão perto, por isso coloquei minhas mãos em sua cintura, sem qualquer gesto agressivo. – Mas você é casual.
E mesmo enquanto nossos corpos estavam colados, ela não parecia oferecer resistência, embora não parecesse ceder. Mantinha o mesmo olhar seguro dos tempos de Hogwarts. E naquele segundo eu me lembrei de uma série deles. Mas especialmente o olhar que dirigia estando abaixo de mim, enquanto eu a dominava e ela gemia como se o mundo fosse acabar naquela cama, como se qualquer coisa pudesse fazer sentido.
E ela sorriu, uma mistura estranha de sarcasmo e delicadeza.
- No que estava pensando? – Perguntara, chocando seu hálito contra meu rosto, mas não de forma sexy ou meramente insinuante, ela parecia apenas parecia curiosa e não parecia abalada por estarmos assim.
Continuávamos naquela posição, e de fato, aquilo não parecia grande coisa.
- Em como vou sentir falta de fazê-la gemer. – Respondi, fitando-a. – Mas não muita, porque... você sabe, sempre existem melhores.
Ela afastou-se de mim, guardando a maquiagem na bolsa.
- Menos mal. – Pausara. – Achei que fosse me beijar ou jurar amor eterno, há-há-há. – Ironizou, esperando-me conjurar os feitiços para abrir a porta.
Dias depois
O anel ficava bem em mim. Era bonito, sabe. Talvez tivesse custado o salário inteiro de Ron. Lá estava eu, feito uma adolescente, olhando de novo. Apesar de ficar bem, o anel era... Estranho. Ou me deixava estranha. Era como se eu olhasse aquele anel de noivado e pensasse que o resto da minha vida estava contido ali. Que o destino, acaso e toda essa baboseira romântica houvesse reservado Ron pra estar comigo pra sempre.
Era muito tarde pra cozinhar. Mentira, eu que nunca tinha paciência pra fazer minha janta. Geralmente eu pedia delivery – sim, sou uma sedentária! -, mas dessa vez eu decidira ir caminhando mesmo. Quer dizer, por Merlin, não havia nada demais nisso. Apenas três quarteirões. E era a primeira vez que eu fazia isso em anos, por sinal.
O Chocho's – sim, isso é um nome de um restaurante! – e ele não é chinês ou japonês, detalhe maior! Mas continuando: o Chocho's – okay, eu preciso admitir, esse nome é estranho, não sei o que deu na cabeça do proprietário pra colocar algo assim, parece nome de molho ou sei lá! - estava aberto, ao menos teoricamente, porque na prática estava vazio, exceto por um casal de velhinhos e um cara. E repentinamente eu senti como se fosse velha também, quer dizer, talvez eu e o casal de velhinhos fossemos os únicos clientes daquela bodega. Talvez meu gosto também fosse velho. Se bem que também havia o cara, sentado em uma mesa, na parte mais distante e escura do restaurante, mas quem comia no escuro? Eu hein!
Enquanto sentava-me em uma mesa e pensava no que pedir, percebi alguém movendo a cadeira. Levantei meu olhar. Lá estava Draco Malfoy. Puta merda.
- Por acaso está me seguindo, Granger? – Ele murmurou um pouco baixo, depois de se sentar na mesma mesa que eu.
Aproximei meu rosto um pouco, continuando com os sussurros.
- Claro que não, idiota. – Respondi, engolindo em seco.
- Boa noite, Sr. Malfoy, o que vai querer hoje? – A garçonete – simpática até demais – falara.
E isto me fez perceber que ele realmente freqüentava o Chocho's. Ah, esse filho da mãe... Que direito ele achava que tinha pra ser cliente NO MEU RESTAURANTE DE DELIVERY FAVORITO?
- O de sempre. – Ele respondera, dando-lhe um sorriso sedutor.
Argh. Colocar o dedo na garganta teria me dando menos ânsias, okay!
- Eu como aqui também. – Pausei. – Quer dizer, não literalmente aqui, sempre peço pra entregarem no apartamento. – Expliquei, sem saber de onde vinha essa necessidade de lhe explicar que eu não era uma psicopata seguindo-o por Londres.
- Então... Ainda continua noiva? – Ele pausou, olhando com sarcasmo para o anel.
Fiz um sinal feio em sua direção, mentalmente mandando-o tomar você-sabe-onde.
- E você continua imbecil, certo Malfoy? – Falei, olhando pros lados.
- Touché. – Ele respondera, com um olhar que não parecia desviar do meu. – Como vai o trabalho no ministério? – Perguntou, e quase achei que ele estivesse interessado na resposta.
- Difícil. Tenho pilhas de relatórios pra analisar. – Respondi, sem me prolongar no assunto.
- E o seu trabalho? Como vai? Aliás, nunca me disse no que trabalha...
- Investimentos. Negócios.
- Que tipo de negócios? – Perguntei, estreitando os olhos e sentindo-me uma detetive do FBI.
- Tenho negócios tanto no mundo bruxo quanto no mundo trouxa, em praticamente todas as áreas. – Falou, olhando o cardápio, como se fosse hã, super normal ter esse tipo de sustento. – Esse restaurante aqui, por exemplo, é meu.
- Perdão?
- O restaurante é m... – Ele tentou repetir, mas eu o cortei com minha surpresa.
- Não seja idiota, Malfoy. Por que você teria um restaurante não-luxuoso e TROUXA em Londres?
- A comida aqui é boa e...
- É claro que a comida daqui é boa, não é esse o ponto, e sim que não vejo lucro pra você, quer dizer, sendo Draco Malfoy e tudo o mais.
- Aqui eu posso jantar ou trazer certas pessoas pra jantar sem ser assediado pelo mundo bruxo, sem fotos minhas em colunas sociais questionando sobre minha nova namorada e coisas do tipo. – Ele esclareceu, fazendo sinal pra que a garçonete trouxesse algo.
- Okay, realmente fez sentido. – Tive que concordar. – E tenho que admitir que você é um cara bem estranho, Malfoy.
- Por quê? – Perguntou-me, enquanto a garçonete peituda colocava duas taças de vinho na mesa.
- Você sempre pareceu odiar trouxas e seus hábitos e agora tem negócios espalhados até no subúrbio da cidade...? Tsc tsc tsc, difícil de entender.
- Eu não odeio trouxas. – Pausara. – Até durmo com algumas às vezes, há-há. – Acrescentou, obrigando-me a expressar uma careta de nojo.
- Argh.
- E não odeio mais sangues-ruins, como você mesma pôde comprovar. – Dissera, insinuante.
- Idiota. – Xinguei-o, balançando a cabeça em negativa.
- Onde está o Weasley? – Ele perguntou, repentinamente, antes de dar um gole em sua taça.
Fez sinal pra que eu provasse o tal vinho que ele tinha encomendado, mas antes, eu lhe respondi com urgência em lhe provar que estava tudo mais que bem:
- Trabalhando.
- Com o quê?
- Nos relatórios do ministério.
- Onde?
- Hã, no apartamento dele.
- Por que não estão trabalhando nisso juntos?
- Porque senão não... não íamos trabalhar. – Argumentei, com um sorriso maldoso, dando a entender que eu e Rony éramos o tipo de casal incansável que fazia sexo 24horas por dia rasgando as roupas com violência e passando dias de lua de mel na cama, regados a beijos e amor.
Aham. Aí você acorda, não é Granger? Minha mente murmurou em resposta, sarcástica, porque tudo aquilo era uma grande mentira.
Eu não sabia por que não estava com Ron. E não queria estar.
Quer dizer, eu o amava, entende? Gostava do seu jeito. Ele me fazia rir. As brigas eram divertidas. Sair era divertido. E era só.
Malfoy também é divertido, e nem por isso você vai casar com ele. Minha mente revidou, confusa.
- Sei, Granger. – Draco respondeu, parecendo tão convencido quanto minha consciência de mentirosa. – Weasley não parece ser incansável. – Comentara, ao mesmo tempo em que eu provava o vinho. – Na verdade, Weasley parece o tipo de cara que dá sono. Mesmo durante o sexo. – Falara, fitando-me de novo profundamente.
- Babaca. – Falei, mas saíra de forma natural.
Segundos depois, a garçonete peituda começara a servir nossos pratos IGUAIS.
Eu, Hermione Granger, tinha algo em comum com... Malfoy. Que merda.
Bom, realmente to gostando de escrever essa aqui. Fiquei muito empolgada depois de ler os comentários e hoje tirei o dia pra me dedicar a ela, apesar de ter perdido mais tempo pensando em que rumo ela deveria tomar. Então é isso, se chegou até aqui, por favor comente. E Seria bacana também se vocês dessem idéias, pra que eu posa fugir dos clichês [?] Nova atualização em breve, beijos.
Comentários (6)
Gostei da fic!! Prefiro 1000 vezes o Draco!!!! :) rsrsrsrssrsr
2013-01-07li sau fic e to amando, eu acho que ela podia continuar se encontrando com o Draco sem querer e aí alguem podia ver e dizer que ela estava traindo o Rony, e no mesmo dia ela resolve terminar com o Rony e eles terminam numa boa e a Mione fica com Draco. Pronto final feliz. Se vc quiser essa ideia, eu não sou mto criativa, mas nunca se sabe. Parabens pela fic.Bjos Isahh* Continua loooggoo
2012-10-30Concordo com a Sonimai. Prefiro o Draco do que o Rony u.u
2012-10-12estou gostando,mas não concordo com as meninas que sugeriram que Hermione transe com os dois,acho nojento,talvez ela minta pro Draco que ainda está com o Ronald,sabe só pra fazer ciúmes,hehehehe,gravidez é uma tb,mas acho que ele pode dividar da paternidade,e ela paga de vadia,hmmmmmmmm,se for um drama,é uma,mas não gosto desse lance de traição,ela podia manipular o Draco,pra que ele pense que ela engana o Ronald,mas depois ele se apaixona por ela,sei lá,não sou muito criativa,hehehehehe,mas isso vc já percebeu,hehehehe
2012-08-03Ah, eu tbm adorei esse encontro e quero ver no que vai dar. Acho q, tipo, ela podia continuar dormindo com Draco e ir insistindo nessa história de amar o Ron, se sentir culpada por estar traindo ele (conversa fiado, viu!) e, tipo, há alguns dias do casamento dela com Ron descobre que tá gravida do Draco O.O Aí, a minha imaginação parou kkkkkkkkkkk Enfim, espero que não demore a postar o próximo capítulo. Bjo!
2012-07-31hum...bem legal o encontro deles no restaurante,eu acho q eles deveriam durmir de novo e depois de alguns encontros a mione dispensa o rony,ou ate mesmo antes....é só uma ideia......eu gostei desse cap. menos é claro,o fato da mione estar noiva do rony
2012-07-31