O Olho de Shiva



CAPÍTULO 19


 


O OLHO DE SHIVA


 


 


 


 


 


Um som preencheu o ar. Ele já era conhecido de Harry e, todas as vezes nas quais o ouvia, sentia um alento de esperança, pois sempre lhe trazia uma forma de sair de uma situação praticamente perdida. Era o canto da Fênix. O canto de Fawkes.


Em uma explosão de chamas a bela ave vermelha e dourada materializou-se no refeitório da Prisão de Azkaban, convertido em campo de batalha, trazendo algo em suas garras. Uma espada.


A espada de Godric Gryffindor, a mesma que Harry empunhara há quatro anos atrás, quando era aluno do segundo ano e com a qual dera fim ao monstro da Câmara Secreta de Salazar Slytherin, o enorme basilisco que espalhara o terror em Hogwarts naquele ano. “Somente um verdadeiro membro da Grifinória poderia tirá-la do chapéu de Gryffindor”, ele recordava-se das palavras de Dumbledore.


Mas ele não sabia se Fawkes o alcançaria a tempo, pois Voldemort estava perigosamente perto, com a espada levantada, pronto para desferir o seu golpe mortal. Porém surgiu uma fugaz esperança de ganhar tempo, já que Voldemort estava perto o suficiente e Harry, rapidamente, colocou a sua idéia em prática. Para o azar de Voldemort.


O Lorde das Trevas caiu ao chão, contorcendo-se em dores e tomado por náuseas, seu rosto pálido agora meio esverdeado, pela segunda vez no mesmo dia. Harry Potter o atingira em cheio com um chute.


No mesmo lugar onde fora anteriormente atingido por Hermione Granger.


_Duas no mesmo lugar e no mesmo dia. _ comentou Draco, fazendo uma careta _ Se a Tia Bella já não tivesse motivos para querer te matar, agora ela teria.


_A louca da Bellatrix que me desculpe, mas não havia outra coisa que eu pudesse fazer. _ disse Harry, correndo para pegar a espada de Gryffindor, que Fawkes lhe trouxera _ Vai passar um bom tempo até que Voldemort possa usar aquela parte do corpo novamente.


Empunhou a espada e esperou Voldemort se recuperar. Entre dolorosos arquejos, o Lorde disse com voz trêmula, porém furiosa:


_Isso não vai ficar assim, Harry Potter. Vou matá-lo aos poucos, bem devagar e com requintes de crueldade. Mesmo a espada de Godric Gryffindor não é páreo para uma lâmina Muramasa.


_É aí que você se engana, Voldemort. _ disse Harry, colocando-se em posição de guarda _ Eu conheço a lenda das espadas Muramasa. Sei que o grande artífice japonês Muramasa, mestre na fabricação de espadas, voltou-se para o mal, ficando extremamente orgulhoso e arrogante. Não querendo que nenhuma espada fosse melhor do que as suas, vendeu a alma ao demônio Dabura, Príncipe do Mundo Inferior, obtendo a promessa de que uma lâmina Muramasa jamais seria vencida em combate. Mas ele não contava com uma coisa. Masamune, que havia sido seu mestre na fabricação de espadas, tomou conhecimento daquilo e, em contrapartida, ofereceu sua vida e alma à deusa do Sol, protetora do Japão, Amaterasu Omikami, sendo que a deusa concedeu a ele o favor de que as lâminas Masamune seriam as únicas capazes de vencerem as lâminas Muramasa.


_Sim, eu sei disso, Harry. _ disse Voldemort _ Assim como sei que Muramasa, sabendo disso, usou de todos os meios para que fossem destruídas todas as espadas Masamune existentes, tendo conseguido realizar seu intento, depois de dez anos. Desde então, as lâminas Muramasa reinam invictas. E, em um combate entre duas delas, é o espadachim que faz a diferença.


_Mas uma lâmina Masamune sobreviveu, Voldemort. _ disse Harry.


_Bobagem, Harry Potter. Essa espada sobrevivente é uma lenda. Ninguém jamais a viu e não há notícia de que Masamune realmente a tenha fabricado. Não existe a “Espírito do Artífice”.


_É aí que você se engana, Voldemort. A “Espírito do Artífice” existe e, segundo a lenda ela faz jus ao seu nome, encerrando em sua lâmina o espírito do mestre Masamune, sempre pronta para vencer em combate as malignas espadas Muramasa.


_Se tal espada existe,Harry Potter, onde está ela? Por que ela nunca apareceu?


_O que o faz pensar que ela nunca apareceu? Quem disse que ela precisava estar com sua própria aparência?


_O que quer dizer?


_Você não achou estranho, Voldemort, que Salazar Slytherin jamais tivesse conseguido vencer Godric Gryffindor na esgrima? Acha que isso se devia apenas à habilidade do segundo? Não, Voldemort. Ambos eram parelhos na habilidade, magníficos esgrimistas. A “Espírito do Artífice” sobreviveu e acabou parando nas mãos da pessoa certa que, com magia, mudou sua aparência para que ela permanecesse em segurança.


_Você está querendo dizer que a espada de Godric Gryffindor é...


_Exatamente. Vera verto Vera forma! _ disse Harry e, no mesmo instante, já não era aquela espada européia, tão conhecida de todos, que ele tinha nas mãos. Harry Potter agora empunhava uma cintilante Dai Katana. A espada de Godric Gryffindor era, na verdade, a “Espírito do Artífice”, a última lâmina Masamune sobrevivente.


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"Agora sim, Voldemort! Masamune contra Muramasa!" 


Voldemort avançou e atacou, dizendo:


_Não terá tempo de usá-la, Harry. Eu vou fazê-lo em pedaços antes.


Preparado, Harry bloqueou facilmente todos os golpes de Voldemort, inclusive o “Corte de Nove Espadas” que ele novamente usara. A “Espírito do Artífice” fazia jus à sua fama. A cada choque das lâminas, voavam faíscas e houve quem jurasse ver nelas as imagens dos mestres Masamune e Muramasa combatendo. O confronto não era apenas entre Harry Potter e Lord Voldemort, mas também entre os maiores mestres da arte de forjar espadas de que já se havia ouvido falar.


Aproveitando-se de uma distração de Voldemort, Harry conseguiu feri-lo no braço, provocando um fundo corte do qual o sangue escorria. Mas o Lorde das Trevas não estava derrotado. Esquivando-se de uma investida de Harry ele girou o corpo, com uma agilidade surpreendente para um homem de sua idade e dando uma golpe em diagonal. Imediatamente Harry sentiu uma dor aguda nas costas e sentiu que algo molhava suas roupas. Um profundo talho era visível nas costas do jovem. Mas nem assim ele parou de lutar. Quando Voldemort novamente investiu em direção a Harry este, instintivamente, moveu seu braço. Uma pesada pedra que estava nos destroços da parede derrubada pelos explosivos saiu voando do seu lugar e atingiu Voldemort no flanco. A telecinese dera alguns momentos de vantagem a Harry, que tratou de aproveitá-los muito bem. Em uma nova investida o jovem golpeou com tamanha força que a espada de Slytherin voou das mãos de Voldemort, indo cravar-se em uma parede, fora do alcance do Lorde. Harry deixou a espada de Gryffindor e aproximou-se de Voldemort, dizendo:


_Agora, Voldemort, sem lâminas. Somente nós e nossa magia.


Sacou a varinha de liga de Mirtheil e apontou-a para o bruxo das Trevas, dizendo:


_Culex! _ uma nuvem de mosquitos envolveu Voldemort temporariamente desorientando-o e dando tempo para Harry mover-se e articular sua estratégia. Ele sequer pensava na dor dos cortes que levara (“Depois me preocupo com isso”, pensou). Voldemort livrou-se dos mosquitos e contra-atacou:


_Culex evanesco! Serpensortia! _ os mosquitos desapareceram e uma enorme serpente materializou-se entre os dois. Voldemort disse:


_Não adianta falar em Ofidiano com ela, Harry. Ela só obedece a mim. _ Voldemort parecia estar começando a sentir os ferimentos.


_Não era essa a minha intenção, Voldemort. Crios! _ um jato branco saiu da varinha de Harry e logo a serpente estava totalmente congelada no chão _ Vipera evanesco! _ ela desapareceu. Voldemort tentou outro ataque:


_Tarantallegra!


_Protego! _ Harry defletiu o feitiço e o raio, desviado, atingiu Dawlish _ Oops, mau jeito. Desculpe, Dawlish.


_Não tem problema, Harry. _ disse o Auror, suas pernas movendo-se incontrolavelmente _ Finite incantatem! _ o movimento cessou e ele voltou ao normal.


Voldemort ia lançar outro feitiço, mas Harry foi mais rápido:


_Locomotor mortis! _ Voldemort interrompeu seus passos, caindo ao solo, vítima do Feitiço das Pernas Presas. Suspendeu o feitiço e lançou o seu:


_Furnunculus! _ mas Harry novamente usou o Feitiço Escudo e a vítima do feitiço defletido foi... Bellatrix.


_Desaparate daqui e vá se cuidar, Bella! Leve a espada e o “Casal Maravilha” com você. Vivam para lutar um outro dia! _ exclamou Voldemort. A bruxa reanimou Wormtail e Sibila Trelawney (“Não faço idéia do porque do Mestre querer carregar essas duas malas, mas não sou eu que vou questionar as razões dele”) e os três desaparataram com um estalido, Bellatrix levando com ela a espada de Slytherin.


Eles não eram os únicos que permaneciam em combate. Lupin havia acabado de derrubar Crabbe com um Feitiço de Estuporamento e agorra corria para ajudar Mason, que tinha três Death Eaters à sua volta. Petrificou Dolohov, enquanto Mason saltava a uns cinco metros de altura, deixando que Travers e Nott se estuporassem mutuamente... de novo.


_Mas que lorpas! Caíram no mesmo truque duas vezes seguidas. _ disse Mason para Lupin, rindo.


_Se fosse o Crabbe, até que daria para acreditar. _ riu Lupin de volta para o amigo _ CUIDADO! _ abaixaram-se, bem a tempo de evitar um raio letal que passou bem onde os dois estiveram há um instante.


Tonks desviou-se de uma maldição lançada por Bagman, que havia retornado ao combate. Saltou por sobre o volumoso bruxo e, do outro lado, disparou seu feitiço:


_Expelliarmus! _ a varinha de Ludo Bagman voou das mãos dele e, enquanto estava no ar, Tonks lançou outro feitiço:


_Reducto! _ foi o bastante para a varinha do bruxo das Trevas virar pó. Bagman ainda tentou avançar para ela, furioso com a perda de sua arma.


_Auror cretina! Herdei aquela varinha do meu pai!


_Eu conheci seu pai, Ludo. Tenho certeza de que o velho Thaddeus Bagman deve estar se revirando no túmulo, depois de saber no que foi que o filho dele se tornou. Estupefaça! Incarcerous! _ o gordo ex-batedor dos Wimbourne Wasps foi estuporado e já estava totalmente amarrado antes mesmo de cair no chão.


_Beleza, Tonks. _ disse Mason _ Esse cara era um tremendo batedor. Saber que ele é um dos capangas de Voldemort é uma mancha no meu time de Quadribol do coração.


Janine duelava contra McNair. O sangüinário ex-executor de animais perigosos do Ministério estava ficando desesperado e sentia-se atingido no seu orgulho, vendo que uma jovem de dezesseis anos, nascida trouxa e com manifestação tardia de dons mágicos conseguia combatê-lo, um experiente e perigoso guerreiro da Ordem das Trevas, no mesmo nível.


_Vou acabar com você, garotinha! Quero ver se os gaúchos são durões como eu ouvi dizer. _ e não viu que uma lasca de pedra, pesando cerca de cinco quilos, flutuava acima da sua cabeça, controlada pelos gestos telecinéticos que a “garotinha” fazia com a mão direita. De repente, a um comando de Janine, a lasca despencou e atingiu a cabeça do carrasco, que ficou com os olhos desfocados e uma expressão abobada no rosto, mas não caiu. Janine chegou mais perto e deu um leve empurrão no bruxo, finalmente fazendo-o cair.


_Nós gaúchos somos durões sim, QI de trasgo. Talvez não tanto quanto a tua cabeça, mas creio que o suficiente para cuidar de pervertidos iguais a ti, espécie de Gremista! _ disse a jovem Colorada. Olhou para o outro lado e viu que havia outro Death Eater aproximando-se, meio desequilibrado _ Você por aqui de novo? Estupefaça! _ Ainda tonto, devido à concussão provocada pela arma Ninja de Draco, Mulciber foi colocado fora de combate pela terceira vez. Decididamente, aquele não era o seu dia.


A sorte da batalha estava começando a virar a favor dos Bruxos da Luz. Os Death Eaters estavam sendo incapacitados e aprisionados. Aquilo não passou despercebido a Harry, que continuava a duelar com Voldemort. Ambos estavam bastante feridos, mas nenhum dos dois dava mostras de cansaço ou desânimo. O Lorde das Trevas, vendo que os seus comandados caíam como moscas, resolveu tomar uma atitude drástica:


_Me cansei dessa brincadeira, Harry Potter! Está na hora de terminar o que eu comecei há quinze anos. Finalmente vou varrer o maldito nome e a desgraçada linhagem dos Potter da face do planeta. Mande o meu recado a Lílian, Tiago e Sirius. Diga a eles que eu venci. AVADA...


Naquele instante, tudo ficou diferente. Todos no refeitório de Azkaban, exceto Harry, pareceram ficar paralisados, como se fosse um filme em DVD no qual alguém apertasse o botão “Pause”. O jovem era o único que podia se mover. Chegou perto de Voldemort. O Lorde estava apontando a varinha para a frente, com a boca aberta, após pronunciar a primeira metade da maldição letal.


_O que houve? Estou morto? Que situação mais estranha é essa?


De repente o refeitório sumiu, sendo substituído por um local todo branco, parecendo não ter paredes nem fundo. Harry ouviu uma voz gentil, porém firme dizer:


_Não, Harry Potter. Você não está morto. Apenas está em um lugar fora do tempo e do espaço.


Imediatamente uma música começou a preencher o ar, ouvindo-se o som de cítaras e, ao fundo, um tambor a ditar o ritmo. Apurando o olhar, Harry viu uma figura se aproximando. Tinha o corpo coberto de cinzas e estava seminu, vestindo apenas uma pele de tigre, à guisa de saiote. Tinha quatro braços. Na mão superior direita levava um tambor em forma de ampulheta, o mesmo que dava o compasso à música. A mão superior esquerda trazia, em sua palma, uma fulgurante chama. A mão inferior direita sinalizava “não temas” e a mão inferior esquerda formava, junto com o braço, uma figura similar à tromba de um elefante, apontando para o pé esquerdo. Seus pés moviam-se, executando uma dança, ao som do tambor e das cítaras, sendo que o esquerdo, para o qual a mão inferior esquerda apontava, encontrava-se em uma posição que simbolizava libertação. No meio de sua testa via-se um terceiro olho em posição longitudinal, fechado. Ele perguntou:


_Sabe quem sou, Harry Potter?


_Sim, eu sei. _ respondeu Harry _ O senhor é Shiva, Shiva Nataraja, o Dançarino Cósmico.


_Exatamente, Harry Potter. E não precisa me chamar de “senhor”. Sabe por que eu estou aqui? Sabe por que você está aqui?


_Não, Shiva. Por que?


_Porque ainda não chegou a sua hora, Harry Potter. Este Samsara ainda não terminou para você.


_Mas Voldemort está a uma fração de segundo de me matar.


_Harry Potter, universos nascem e morrem em frações de segundo. Em frações de segundo pode-se decidir entre que atitude tomar, se aquela que vai nos levar à morte ou aquela que vai nos preservar a vida. Em uma fração de segundo, Harry Potter, você pode morrer nas mãos de Lord Voldemort ou derrotá-lo. É a segunda opção que você deve tomar. Vença-o, Harry Potter. Restabeleça o equilíbrio.


_Equilíbrio,Shiva? Como assim?


_Voldemort é um fator de desequilíbrio cósmico, Harry Potter. Em sua busca desenfreada de poder ele acredita que está se realizando mas, na verdade, ele é presa de Maya, a ilusão das coisas materiais e não sabe que, se vencer, provocará um desequilíbrio entre o Bem e o Mal, entre a Luz e as Trevas, gerando uma onda de caos que acabará por destruir a ele mesmo no final. Ele não conseguiu colocar as mãos na quinta Pedra de Sankhara mas, se ele te matar, precipitará o caos do qual eu falei.


_Shiva está certo. _ ouviu-se outra voz. Harry olhou à sua volta e viu a figura de um jovem com três cabeças, acompanhado de uma bela mulher, ambos sentados sobre gigantescas flores de lótus.


_Brahma, o Criador! Sua esposa Sarasvati, deusa protetora das artes! Então as divindades do Panteão Hindu estão nos observando?


_Sim, Harry Potter. _ respondeu Brahma _ O equilíbrio deve ser restabelecido para manter a ordem. Vença Voldemort.


_Harry Potter deve evitar a vitória de Voldemort. Deve conservar a paz. Como Shiva disse, ainda não é o fim deste Samsara para você. Busque forças em Shiva e vencerá.


_Vishnu, o Conservador! Quer dizer que devo me fortalecer em Shiva?


_Sem dúvida, Harry Potter. _ disse um jovem com cabeça de elefante e quatro braços, acompanhado de um pequeno rato _ O segredo está em meu pai. É ele que vai apoiá-lo e ajudá-lo a vencer a serpente. Essa maldita Naga-Naga das Trevas não pode sair vitoriosa.


_Certo, Ganesh. Eu farei isso. Só preciso descobrir como.


_Procure dentro de você, Harry Potter. _ disse uma bela mulher, bastante parecida com sua colega de Casa...


_Parvati! Uma das esposas de Shiva, à qual minha amiga Patil deve o nome.


_Sim, eu a conheço. A ela e à irmã gêmea, Padma, o belo lótus. Mas é em você que está a resposta, Harry Potter. Não é, Kali?


_Sem dúvida, Parvati. Creio que esta também é a opinião de Durga, não é mesmo, meu outro eu?


_Só depende de você mesmo, Harry Potter. _ disse Durga. _ Gauri também concorda conosco, não é, querida?


A outra encarnação da amada esposa de Shiva concordou, com um sorriso que fazia brilhar ainda mais sua bela pele dourada:


_Harry Potter, “O-Menino-Que-Sobreviveu”, a esperança de restabelecer o equilíbrio reside em você, meu jovem.


_O que devo fazer, Divindades?


_Ora, Harry Potter, a resposta está dentro de você, como disse minha querida Parvati. Use o meu Olho. _ disse Shiva.


_Quer dizer, o mantra do Olho de Shiva?


_Exatamente, meu jovem.


_Mas eu não sei, Shiva.


_Engano seu, Harry Potter. Você o conhece sim.


_Não. É Voldemort que o conhece, não eu.


_Nada disso, Harry Potter. Se Voldemort o conhece, você também deve conhecê-lo. Você até sonhou com ele.


_Foi apenas um sonho, Shiva. Não foi real.


_Foi real o suficiente, Harry Potter. Foi um sonho baseado em uma lembrança que Voldemort lhe passou , sem querer, quando tentou te matar.


_Então o mantra do Olho de Shiva está em meu subconsciente? Eu posso acessar essa memória?


_Sim, pode, Harry Potter. _ disse Shiva _ Não se preocupe com a gramática do Sânscrito, nem com a construção correta da frase. Serão o seu espírito e o seu coração puro que irão contar. Por isso o mantra não deu certo com Voldemort e seus bruxos das Trevas. Eles não conseguem alcançar o estado de equilíbrio e serenidade. Eles não conseguem controlar o seu Soma ou Ki, como vocês o chamam, portanto eles não conseguem invocar o poder do meu Olho. Lembre-se de que o fogo do meu Olho poderá incinerar, queimar até as cinzas, aquela maligna serpente das Trevas. Lembre-se, o fogo do meu Olho incinera a maligna serpente das Trevas...


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"Não tema, Harry Potter. Confie em mim" 


A música foi diminuindo de intensidade e o cenário foi voltando ao do refeitório de Azkaban. Agora Harry sabia, do fundo do seu subconsciente, o que fazer. As palavras vieram à sua mente e ele as pronunciou, como no seu sonho, como se elas jamais tivessem saído de sua memória, sentindo um calor no meio da testa, onde abria-se um flamejante olho vertical:


_Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah (Fogo do Olho de Shiva, incinera das Trevas a maligna serpente).


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"Harry Potter, estamos olhando por você! Lute e vença o Mal!" 


_... KEDAVRA! _ Voldemort terminou de lançar a Maldição da Morte sobre Harry, mas ela simplesmente resvalou na aura dourada que envolvia o jovem Bruxo-Ninja, a qual ia ficando cada vez mais intensa, enquanto ele não parava de entoar o mantra.


_Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah; Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah; Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah...


_NÃÃÃÃOOOOO!!! _ gritou Voldemort. _ Não pode ser! Você não pode estar resistindo à Avada Kedavra! Isso é impossível! AVADA KEDAVRA! AVADA KEDAVRA! AVADA KEDAVRA! _ raio após raio era desferido contra Harry Potter, mas todos eles eram desviados. Todos os outros fugiam daquilo, afinal de contas, ninguém queria ficar no caminho daqueles mortais feitiços defletidos.


Ninguém exceto os Bruxos-Ninjas. Aproximaram-se de Harry, a começar por Gina, que também começou a entoar o mantra, junto com seu namorado:


_Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah...


Juntaram-se a eles Draco e Janine:


_Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah...


Rony e Hermione, acompanhados por Luna e Neville, reforçaram o coro, entoando cada vez mais alto o mantra, o terceiro olho abrindo-se na testa de cada um e a aura ficando mais brilhante, envolvendo-os a todos:


_AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH; AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH...


Os oito amigos uniram e levantaram suas varinhas formando, à sua frente, uma esfera dourada que ia ficando cada vez maior, agora não mais defletindo e sim absorvendo cada novo raio verde de Avada Kedavra lançado por Voldemort, até que atingiu tais dimensões que o Lorde das Trevas não via mais os jovens por trás dela. Nesse momento, Harry disse:


_Voldemort, chegou a sua hora! Prepare-se para encerrar este Samsara e eu espero que, no próximo ciclo, você retorne como uma boa pessoa! Vamos!


_AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH; AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH; AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH!!!!!


 


 


Com um movimento de suas varinhas, os oito jovens Bruxos-Ninjas impulsionaram a brilhante esfera dourada de energia, que cruzou o ar em uma velocidade incrível, indo em direção ao local onde Voldemort se encontrava, boquiaberto, sem acreditar no que via. Recuperando o autocontrole, o Lorde das Trevas conseguiu desaparatar, uma fração de segundo antes da esfera passar por sua posição e atravessar todo o refeitório, indo explodir contra outra parede que dava para o exterior, abrindo um buraco duas vezes maior do que aquele provocado pelas cargas de C-4 que Draco havia colocado na primeira, resultando também em uma densa nuvem de poeira.


 


Quando a poeira baixou, os Aurores começaram a arrebanhar os Death Eaters que tentavam fugir, cansados demais para duelar. Mason correu até os seus discípulos de Ninjutsu, encontrando-os sentados no chão, extenuados devido à enorme quantidade de energia despendida na formação do Olho de Shiva.


_Janine! Draco! Vocês estão vivos, que bom! Harry, você acabou com ele, não foi?


_Não, Prof. Mason. O demônio conseguiu desaparatar, uma fração de segundo antes que o Olho de Shiva o atingisse. E, aliás, não o conjurei sozinho. Todos nós o fizemos, caso contrário ele não seria tão forte. _ disse Harry, sentado no chão e abraçado a Gina _ Prof. Mason, senti a minha Terceira Visão ser despertada e acho que todos nós sentimos, não foi?


Todos concordaram com a cabeça, bastante cansados. O Olho de Shiva era uma realidade e havia sido usado por aqueles oito valorosos jovens de coração puro.


_Vocês precisam repor as energias, depois do esforço que fizeram. Isotonikós! _ oito garrafas de isotônico foram conjuradas e materializaram-se à frente dos Bruxos-Ninjas, que começaram a beber _ Harry, vamos ver esse corte nas suas costas...Caracas, que profundo! E você não é o único. Todos estão precisando de assistência. Fawkes, venha cá um instante, por favor.


A bela ave aproximou-se e começou a derramar lágrimas sobre os fundos talhos nas costas e no braço de Harry. Depois que os ferimentos foram cicatrizados, sem deixar marcas, Fawkes curou os outros jovens Bruxos-Ninjas, um a um. Eles foram até o centro do salão, onde uns poucos Death Eaters, Lucius Malfoy entre eles, ainda teimavam em resistir, continuando a duelar e sendo derrotados pelos Aurores. Em menos de trinta minutos a batalha de Azkaban, para a qual os oito jovens haviam estabelecido a cabeça-de-ponte, estava terminada. A vitória pertencia às forças da Ordem da Fênix.


Os Death Eaters e outros bruxos das Trevas estavam sendo colocados em fila e imobilizados, um a um, para serem contados e levados de volta às celas. De um corredor lateral saiu Narcisa Malfoy, que havia sido reanimada do Feitiço Morpheus de Janine por outro Death Eater mas que, por também ter inalado a fumaça de C-4 queimado, ficara tonta demais para retornar ao combate, tendo permanecido na sala onde Janine e Lucius a haviam deixado. Ainda estava meio desorientada.


Mason perguntou:


_Harry, como foi que você conseguiu invocar o Olho de Shiva e como foi que vocês conseguiram dar a esse feitiço perdido tamanha intensidade?


Olhando para Mason e para seus amigos, Harry Potter respondeu:


_Não sei bem ao certo, Prof. Mason. Quando Voldemort pronunciou a primeira parte da Maldição Avada Kedavra eu acho que entrei em uma espécie de transe que durou menos de um segundo mas que, para mim, pareceu durar uma meia hora. Nesse transe, primeiro vocês todos pareciam estar paralisados e, depois, tudo sumiu e eu estava em um local fora do tempo e do espaço, dialogando com as divindades do Panteão Hindu. Brahma, Vishnu, Shiva, Sarasvati, Parvati, Kali, Durga, Gauri e Ganesh falavam comigo e me aconselhavam, principalmente Shiva, que não parou nem por um instante de executar a Dança Nataraja. Ele me mandou utilizar o mantra do Olho de Shiva, dizendo que o que o faria funcionar seriam a pureza do coração e a força do espírito.


_Mas ele não lhe ensinou o mantra?


_Na verdade, Prof. Mason, o mantra sempre esteve em minha mente, só que em um nível subconsciente, pois foi uma das coisas que Voldemort me passou quando tentou me matar pela primeira vez. Era uma lembrança do seu tempo de estudante, de quando ele havia lido o livro, antes de arrancar as páginas e depois roubá-lo de Hogwarts. O que Voldemort realmente queria era sacrificar Janine para, com o seu sangue derramado sobre o livro, revelar a localização da quinta Pedra de Sankhara, que havia escapado à pulverização quando da destruição da Seita Thug.


_E ele teria conseguido, se não fosse por um fato cujo conhecimento ele não tinha. _ disse Janine, sorrindo e piscando para Draco, que abraçou a namorada.


_Incrível como todos os fatos convergiram dessa forma. O livro estava de posse da família da pessoa que poderia fazer com que ele revelasse seus segredos. Realmente, o acaso não existe. Seria uma predestinação?


Harry então falou:


_Acho que nem tudo é predestinado, Prof. Mason. Nos momentos realmente importantes é o nosso arbítrio que conta, para que tomemos as decisões que darão rumo aos fatos. Mas acredito na convergência dos fatos. Draco poderia não romper com as Trevas ou fazê-lo em outro momento, mas então conheceu Janine e tomou sua decisão na hora certa. O aprendizado de Ninjutsu nos possibilitou estabelecer a cabeça-de-ponte que permitiu o ataque dos Aurores. Mas não teríamos conseguido se Draco não fosse pára-quedista e não tivesse tido a idéia. A sua orientação, Prof. Mason, foi importantíssima para que fizéssemos a coisa da maneira certa. Arianne Skeeter, xereta como a sua tia Rita, testemunhou todo o rapto de Janine e nos deu informações detalhadas. Mas o aviso de Firenze é que foi fundamental para que traçássemos a nossa estratégia.


_Sem dúvida, Harry. _ disse Draco. Mas foi bastante arriscado fazer as coisas como fizemos.


_Era a única chance do plano dar resultado, Draco. Sem isso, a vitória de Voldemort seria certa. Não havia outro jeito senão trocarmos de lugar.


_Acho que sei do que todos nós precisamos. _ disse Luna _ Illex! Thermo! – o chimarrão foi conjurado e os oito amigos, acompanhados por Mason, Lupin e Tonks ficaram mateando, enquanto os outros Aurores colocavam os bruxos da Trevas em fila e iam identificando cada um deles e manietando-o com um par de algemas que impedia sua desaparatação. Fred e Jorge juntaram-se a eles:


_Então esse é o tal chimarrão, do qual vocês tanto falavam nas cartas, Rony? Podemos experimentar?


_Estejam à vontade. _ disse Janine _ Tome e diga o que achou.


Fred tomou, fez a cuia roncar e disse:


_Amargo, mas muito gostoso. Acho    que vou ficar freguês. Como é que você o conjura?


_O nome científico da erva-mate é Illex paraguayiensis, então eu digo “Illex! Thermo”! Aparece uma cuia pronta e uma garrafa térmica com água quente.


 


Os amigos estavam mateando tranqüilos e recuperando-se do combate, bastante descontraídos. Entre os prisioneiros que aguardavam para serem algemados, encontravam-se Lucius e Narcisa Malfoy. Draco e Janine saíram de onde estavam e aproximaram-se do casal. Narcisa tinha uma expressão de tristeza mal disfarçada, enquanto Lucius encontrava-se estranhamente calmo. Havia algo que ninguém sabia.


A varinha de ébano e corda de coração de dragão, pertencente a Draco, ainda estava guardada dentro de suas vestes. Ele apenas aguardava que a oportunidade se apresentasse e ela logo surgiu, com a aproximação de Janine e Draco.


Lucius Malfoy atingiu com uma cotovelada o auror que ia algemá-lo, Shacklebolt. O negro alto e careca caiu ao chão, sem ar, devido ao golpe no diafragma. O Death Eater sacou a varinha de dentro das vestes e apontou-a para o casal, dizendo:


_Eu prefiro que seja interrompida a linhagem Malfoy nesse exato instante do que vê-la conspurcada pela união desse renegado do meu filho com essa índia brasileira de sangue-ruim. AVADA KEDAVRA!!

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