Objetivo
18 - Objetivo
Anndrew não mostrou-se surpreso com o que via. Ao contrário. Parecia até mesmo que ele já esperava uma coisa do tipo:
- Victória, já basta! Você tem que voltar à si! Você não é assim, eu sei que não!! – Victória calou-se, mas, não parecia Ter desistido de se libertar – eu não faço idéia do que houve para que você chegasse à esse ponto, mas você não pode permitir que isso te domine. – os movimentos de mulher foram se aquietando, como se o cansaço começasse à lhe abater. – Por favor... – começou num tom menos enérgico, e mais manso – controle a Besta que ronda sua alma.
Por um momento, tudo silenciou-se. Anndrew pensou que havia conseguido, mas se enganou. Ele sentiu Victória soltando-se; ele sentiu seus caninos perfurando-lhe a pele; ele sentiu o sangue abandonar-lhe as veias. Apesar disso, não se entregou:
- Vic... – e suspirou, tentando não pensar na dor – eu.... eu não me importo de ser morto por você... – e deu outro suspiro – eu...eu só queria saber o que foi que eu fiz para que você me odiasse tanto...mas, se você julga ser motivo o suficiente... para, para me matar, então tudo bem. Eu sempre lhe disse que vivia para você, e por você, então, vá em frente. – e sorriu com alguma dificuldade
As palavras de Anndrew pareceram causar algum efeito. Victória parou e olhou para o homem; quando ouviu ruídos vindos da escada, levantou-se depressa e correu até a porta, trancando-a. em seguida, correu para a janela, arrancando as tábuas pregadas; mas, assim que pisou no parapeito para pular a janela, pareceu ficar tonta, cambaleando para a frente. Ela estaria perdida se houvesse caído daquela altura, naquele estado, mas, no último instante, Anndrew puxou-a para trás. Foram ao chão mais uma vez, só que agora Victória dava sinais de que voltava à si.
Era o fim do “Frenesi”.
Seus olhos voltaram à tonalidade azul. Os caninos voltaram ao comprimento normal. Anndrew, mesmo debilitado pela perda excessiva de sangue a abraçou, como se acalentasse uma criança:
- Anndrew...? – a voz de Victória era fraca
- Vic... que bom que é você agora... pensei que havia a perdido para sempre.
- Do que você está falando...? - e olhou o lugar à sua volta; mais corpos de comensais espalhados pelo chão – eu... eu fiz isso?
- Fez, mas isso foi efeito do seu primeiro “frenesi”. Não foi culpa sua.
- Claro que foi. – e fez menção de se levantar, mas Anndrew a impediu – me solte, Black. Eu estou bem.
- Não, não está.
- E desde quando você sabe alguma coisa sobre mim pra Ter tanta certeza?! – bradou Victória, ríspida
- Ah, eu sei sim. – respondeu calmo, com o tom de voz inabalável – ao menos sei o suficiente pra ver que você mal consegue andar.
- Se você realmente soubesse de alguma coisa, já não teria mais esperanças de eu voltar com você!!
- Victória, me ouça. – su voz era firme – depois de todos esses anos, buscando saber o porquê de você me odiar tanto. Me responda, é ainda aquela história com Renè? – Victória permaneceu calada – eu devia Ter percebido antes... eu fui muito cego. Devia Ter percebido que era tudo uma armação dela. Não devia Ter te deixado sozinha, no subterrâneo, à procura de mais vampiros. – Victória virou o rosto para o lado – você estava fraca, debilitada... céus! Como eu fui cego!!! – Anndrew parecia decepcionado consigo mesmo – então, naquele mesmo dia, quando você retornou à Londres, não imaginei o que havia acontecido. Nem Clara, nem Ellen... nenhuma delas queria me contar o que sabiam – Anndrew, apesar de não ver o rosto de Victória, teve certeza de que ela chorava silenciosamente – tente, ao menos que um pouco, entender o meu lado, Vic. Foi um golpe duro não saber o porquê das coisas... foi um golpe duro perder minha noiva uma semana antes do casamento. Se eu não admitisse um pouco a culpa que tive, não estaria aqui, lhe pedindo uma Segunda chance. Deixe eu ficar ao seu lado e te apoiar. Deixe eu, de alguma forma, tentar compensar o tempo perdido! – e com isso, Anndrew se calou, como se esperasse uma resposta.
Victória continuou calada também, sem encarar Anndrew. Ela sentia o olhar do homem à suas costas. Virou-se lentamente e o encarou. Os olhos, antes severos para com o Black, agora exibiam ternura. Os lábios, sempre prontos à proferir palavras ferinas, esboçavam um sorriso tímido e fraco. Os braços, fortes, e de gestos decididos, mostravam um certo receio enquanto envolviam o pescoço de Anndrew. Selaram este momento com um beijo, que terminou assim que a professora desmaiou. Anndrew a pegou no colo e assistiu a porta ser aberta por John e Minna, que pareciam muito preocupados:
- Anndrew, tá tudo bem!? – Minna, pela primeira vez em muito tempo, perdera a calma
- Está, Minna.
- Tem certeza? Ouvimos ruídos daí... pensamos que talvez tivesse encontrado o vampiro. – John deu uma olhada de relance na sala
- E encontrei. Mas, já o derrotei. – Anndrew mentiu; ele sabia que era contra as regras dos vampiros “quebrar sua máscara” para humanos
- Mesmo!? – John parecia não Ter acreditado – que bom. Era Tremere ou Malkaviano?
- Que diferença faz? Estava em “Frenesi”... são todos iguais quando estão assim. – Anndrew deu de ombros
- E Victória? Ela está bem? – Minna voltou seu olhar para o rosto desacordado da amiga
- Está. Os ferimentos são bem leves, mas, desmaiou de cansaço. É melhor sairmos logo daqui e a levarmos para Hogwarts.
E assim foi feito. Anndrew deixou a Casa dos Gritos com Victória no colo. Ninguém se opôs, mesmo com o homem tendo ferimentos muito mais do que “leves”. Sabiam que argumentar para esse fato não adiantaria de nada. Ele montou num cavalo; com uma das mãos segurou o corpo de Victória junto ao seu, com a outra, as rédeas do animal. Assim que chegou lá, levou-a para a enfermaria. Dumbledore estava junto, com uma expressão pensativa. Agora, a máscara seria quebrada.
******
Naquela manhã, logo que acordou, Harry deparou-se com um aviso no salão comunal, informando que as aulas de DCAT seriam temporariamente dadas pelo Professor Black. Harry, que havia contado à Gina o que se passara na Casa dos Gritos, agora tinha uma expressão de preocupação estampada na face. Decidiu ir à enfermaria falar com Rony e Hermione sobre o ocorrido. Chegando lá, avistou Danna e Morgan correndo para a enfermaria, vindo da direção oposta à de Harry. Quando as meninas o viram, foram até o garoto:
- Harry, o que aconteceu com a mamãe?! – Danna estava sem fôlego
- Bem... – Harry começou a lhes contar a história toda. A cada palavra dita por Harry, Danna arregalava ainda mais os olhos, ao passo que Morgan parecia mais preocupada em manter a irmã calma. Assim que terminou o relato, calou-se, esperando uma reação das meninas. Danna simplesmente virou-se e entrou na enfermaria, enquanto que Morgan dirigiu-se à Harry:
- Harry... – a menina suspirou, antes de continuar; era a primeira vez que Harry a via tão desconcertada – valeu por contar a verdade pra gente. A profª McGonnagal ficou nos enrolando a manhã inteira.
- De nada. – Harry começou a andar em direção à enfermaria, acompanhado por Morgan - esse tipo de coisa não deveria ser escondida, ainda mais de vocês, que são filhas dela.
Morgan não respondeu. Apenas olhou para Harry com um olhar menos delinqüente que o de costume, e balançou a cabeça, afirmativamente. Danna já estava ao lado da cama de Victória, que parecia dormir tranqüilamente, embora não se deixasse de Ter a terrível impressão de que ela estava morta. Mais afastados estavam Rony e Hermione, que discutiam, como sempre:
- Já estão assim, logo cedo? – Harry deu um meio sorriso, um tanto quanto inconformado – vocês estão numa enfermaria, sabiam?
- Ah Harry... é tudo culpa dessa... dessa... – Rony não encontrava as palavras certas
- Tá bom... tá bom... não quero saber de quem é a culpa. – e riu por dentro. Se eles estavam brigando, certamente significava que já estavam melhores – e então, quando vão poder sair daqui?
- Madame Ponfrey disse que ainda hoje, se não tivermos uma recaída. – respondeu Mione – eu sinceramente espero sair logo. Cansei de ficar aqui.
- Harry – começou Rony, num tom de sussurro – você sabe nos dizer o que aconteceu ontem à noite?
- Foi o que vim falar com vocês. Comensais me atacaram ontem em Hogsmead. – falou Harry, num tom sombrio
- O quê?! Assim, na maior cara de pau? – Mione parecia não acreditar
- Pois é. Mas... – e Harry começou a contar toda a história
Hermione e Rony ouviam atentamente. Harry contou sobre ele e Gina, andando por Hogsmead; contou sobre como eles haviam sido cercados e como ele havia sido levado. Rony empalideceu quando Harry lhe falou sobre Gina, mas melhorou um pouco quando o garoto disse que ela estava bem. Mione parecia absorver cada palavra cuidadosamente, como se buscasse algo nas entrelinhas. Harry terminou o relato contando sobre sua fuga da casa, encoberto por Victória. Tanto Rony quanto Mione lançaram olhares condolentes à Victória, que ainda dormia.
Então, as janelas da enfermaria começaram à se fechar, com baques bruscos. Madame Ponfrey veio correndo ver o que se passava, mas nem ela tinha como impedir ou justificar aquilo. Tão logo as janelas foram fechadas, velas e tochas se incendiaram, e uma figura pareceu, literalmente, brotar do chão. O chapéu e o sobretudo vermelho eram inconfundíveis... era Arucard! O vampiro aproximou-se da cama de Victória e pareceu a fitar, por alguns instantes. Depois, voltou-se para Danna e Morgan; sua expressão suavizou-se brevemente, num singelo sorriso que parecia querer confortar as meninas; apesar disso, ainda tinha uma aura de frieza e indiferença absurda. Madame Ponfrey aproximou-se dele, irritada, e ele desculpou-se categoricamente e com toda a pompa. Depois, com uma reverência, pareceu afundar no chão. Assim que seu chapéu terminou de desaparecer no chão, as janelas se abriram e as tochas e velas se apagaram. Harry, Rony e Mione estavam boquiabertos...:
- É ele.... – Rony tinha uma expressão de pânico – o vampiro-mor ainda está aqui...
- Calma Rony... – começou Harry, mas foi interrompido:
- Mas ele ainda está aqui... – o rapaz estava realmente aterrorizado
- Mas, Rony....
- Aqui... em Hogwarts... sob o mesmo teto que a gente....
- Rony...!
- Aqui.... aqui!!!
- Rony, cala a boca! – Mione já não agüentava mais aquele papo – se ele está aqui deve ser porque Dumbledore confia nele!
- Mas...mas...
- Chega Rony...
E Harry assistiu mais uma discussão começar. Como os amigos realmente pareciam entretidos com aquilo, o garoto os deixou discutindo em paz. Quando saía da enfermaria, deteve-se ante a cama de Victória, e despediu-se de Danna e Morgan com um sorrisinho encorajador.
Na hora do almoço, sentou-se junto com Gina. Harry sentia-se feliz por estar junto com a pessoa que amava, mas, ainda tinha em mente que devia falar com Rony sobre o assunto. Ele esperava que o amigo não reagisse tão mal quanto reagira ao saber dos namoricos da menina com Dino Thomas, no ano anterior.
Mais ou menos no fim da tarde, Harry, quando voltava para a Torre da Grifinória, ouviu as vozes de Rony e Hermione no corredor. Os amigos, assim que o viram, correram para alcança-lo:
- Harry!!
- Então quer dizer que Madame Ponfrey já liberou vocês?! Que ótimo! – e Harry cumprimentou Rony, e depois Mione – mas, é bom que vocês estejam melhores mesmo. Não quero ficar gripado.
- Pode ficar tranqüilo Harry. Já estamos prontos pra outra! – Mione realmente parecia feliz por Ter deixado a enfermaria
- É... mas não é tão cedo que eu quero ficar gripado. – Rony fora quem mais sofrera com a gripe
- Bom... acho que não andar na chuva ajuda bastante. – e Harry riu, junto com os amigos. Passado algum tempo de conversa, Harry decidiu que era hora de falar com Rony. Ele virou-se para o amigo, sério:
- Rony... eu preciso muito falar uma coisa com você. – ele estava realmente sério
- Pode falar cara. – e Rony parou de andar. Mione resolveu sair de fininho, e continuou seu caminho pelo corredor
- Rony... – Harry começou, tentando falar de um jeito que não soasse tão mal – eu... sabe eu...
- Você...? – Rony começava a ficar impaciente
- Eu gosto da... – e respirou antes de continuar – Gina.
- O quê...? – Rony não conseguira entender o que Harry dissera
- Eu gosto da Gina, sua irmã! – Harry falou de uma vez. Rony prendeu a respiração por um momento. O garoto olhou para o amigo:
- Você gosta mesmo dela, Harry?
- Claro!
- Então.... fazer o quê... – e meio que deu de ombros – só vou pedir pra vocês não ficarem se agarrando em qualquer lugar, afinal, isso não seria muito decente.
Harry por um segundo não acreditou na reação de Rony. Depois de encarar o ruivo por um tempo, deu um sorriso, que o amigo acompanhou. Deram um abraço fraternal e depois correram, para alcançar Mione. Para Harry, aquele era o dia mais feliz de sua vida.
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