Maldição Cruciatus
Estava tudo combinado. Eles iriam sair bem cedo no dia seguinte para tentar descobrir mais alguma coisa.
Annelise comeu uma porção de frango frito e depois foi dormir. Estava muito ansiosa.
No dia seguinte, como combinado, Jake bateu a sua porta – ela já estava pronta – e eles saíram.
Passaram pelo muro de tijolos – cada um levando sua varinha – e pelo Beco Diagonal, que estava praticamente vazio às nove horas da manhã; eles seguiram até o Gringotes, onde viraram à direita e entraram numa rua escura, sombria, onde havia algumas pessoas vestindo capas pretas. Foram direto para onde estava o cartaz da mãe de Jake.
Annelise olhou ao redor. Uma bruxa velha de cabelos e olhos pretos e muito curva vinha em direção deles.
_ Resolveu voltar, Jake? – disse ela com uma voz fria e áspera. – Vai me dizer seu sobrenome agora?
_ Eu já lhe disse. – disse Jake, ficando cada vez mais branco.
A mulher virou e saiu andando para dentro da rua escura, cada vez para mais dentro.
_ Vamos. – disse Jake, agora voltando ao seu tom de pele normal.
_ Vamos? Vamos? Você está louco, é? Aquela mulher, você viu como ela é? Não! Não mesmo. – disse Annelise, apavorada com a ideia.
_ Tá, sua medrosa. Fique ai então. – gritou Jake, nervoso, e saiu seguindo a mulher.
Annelise, com muito medo, seguiu também, apesar daquelas palavras terem sido muito ofensivas em sua opinião.
Eles andaram um tanto, até que a mulher que eles seguiam olhou para trás e parou. Annelise olhou para trás também, já estavam muito longe do Gringotes, quase não se podia avistá-lo mais.
As vitrines que cercavam a rua eram totalmente imundas, alguns contendo crânios em potes com um liquido amarelo dentro, outras contendo colares e estátuas. Os bruxos e bruxos que estavam ali tinham uma aparência horrível, a maioria curvos e enrugados, olhando para Jake e Annelise como se fossem sua presa perfeita.
_ Rosalie Johns era muito boa com maldições. A preferida dela era esta: CRUCIO! – gritou a mulher, apontando a varinha para Jake. Ele começou a se contorcer e a gritar. Começou a ficar vermelho e caiu no chão. A mulher ria, e os outros bruxos que assistiam também.
_ PARE! – gritou Annelise.
_ CRUCIO! – gritou a mulher, agora apontando Annelise. Era uma dor que nunca sentira na vida, a pior de todas com certeza. Mas ela não começou a se contorcer como fizera Jake, nem a gritar. O sorriso que estava no rosto da mulher desapareceu.
Todos olharam para Annelise, mas a dor começava a diminuir.
Todos pareciam espantados por Annelise não ter gritado, ou mostrado qualquer sensação de dor. Nem ela ao menos sabia o porquê disso.
A mulher que lançara a maldição correu até Annelise e deu-lhe um tapa na cara. Este com certeza doeu. Depois a mulher agarrou o braço de Jake e os dois desapareceram do nada, assim como fizera o subdiretor.
Assustada, Annelise correu de volta ao Caldeirão Furado, que agora já começava a se encher.
Ela aproveitou para tomar um suco de abóbora e depois subiu direto para o seu quarto.
O sol estava radiante. Já deviam ser umas duas horas.
Estava totalmente perdida em seus pensamentos.
Porque ela não gritara quando foi atingida por aquele feitiço? Onde estava Jake e o que aquela mulher faria com ele? Porque ele estava ficando tão mal educado e grosso? Ela o veria de novo?
As horas se passaram. Seus pensamentos a perturbavam. A única coisa que queria era ver Jake de novo, ou pelo menos saber se ele estava bem.
Começou a escurecer, e ele ainda não voltara. Ela desceu para comer alguma coisa e voltou para o seu quarto.
Como não tinha nada para fazer, ela pegou seu livro de 1001 Feitiços e tentou praticar sozinha os que aparentavam ser mais fáceis.
_ Vingardium Leviosa! – murmurou ela para o travesseiro. Ele se levantou sozinho no ar e flutuou. Ela soltou a varinha, o feitiço se cessou.
Ela abriu o livro no ultimo capítulo.
Feitiços do pensamento
Em algumas ocasiões, não é conveniente usar feitiços orais. Por isso é muito importante a habilidade dos feitiços não verbais.
Apesar de ser muito simples de fazer, não é uma técnica fácil para todos os bruxos.
Instruções:
Esvazie a mente.
Mentalize o que você quer que aconteça.
Focalize toda sua energia nisso.
Aponte a varinha para o lugar, objeto, ou pessoa desejada.
Faça um giro de trezentos e sessenta graus com a varinha.
Obs.: Se você não conseguiu realizar o Feitiço do Pensamento, continue praticando.
Annelise apontou a varinha para a parede branca. Focalizou a parede, ao invés de branca, azul, com nuvens, igual ao familiar salão do orfanato.
A parede não mudou de cor.
Ela tentou de novo e de novo.
Em sua quinta tentativa ela conseguiu. As paredes ficaram idênticas ao céu num dia de primavera. Um azul clarinho com nuvens cumulus. Ela apreciou por um tempo, depois transformou a parede de volta ao que era antes, para não haver futuros problemas.
Agora já estava escuro; Annelise fechou o livro e se deitou; sua varinha ainda na mão.
Ela se lembrou de um feitiço que lera no livro de Feitiços. Parecia muito fácil.
_ Lumus! – ordenou Annelise, e, da ponta de sua varinha, surgiu uma luz muito branca e muito brilhante, que ofuscou sua visão. Ficou acesa por alguns segundos e apagou.
Annelise fechou os olhos, mas não estava com nenhuma vontade de dormir. As perguntas ainda borbulhavam em sua mente, fazendo-a se enraivecer. Ela tentava esquecer, mas era como tentar esquecer sua própria idade.
Ela se virou para a direita, e depois para a esquerda. Fechava e abria os olhos. Imaginava canções, e tentava se imaginar no quarto no orfanato, até que olhava para os lados e percebia que ainda estava no quarto número quatro, sozinha.
Ela tentou se convencer de que não queria voltar para o orfanato. Ela detestava lá. Só gostava da companhia de suas amigas. Mas se sentia presa. Ali ela podia sair a qualquer hora para visitar lojas e bares, a melhor experiência de sua vida.
Aos poucos, o sono foi chegando e ela adormeceu.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!