Meu Presente de Natal
Demorei apenas alguns segundos para perceber o que estava acontecendo. Sirius havia acreditado nas palavras falsas e sujas de Erick! Aquilo o afetou tanto quanto a mim. Não consegui me conter, nem mesmo quando ouvi a voz de Lily gritando lá de dentro para que eu voltasse e explicasse a ela toda aquela bagunça, aquela história sem pé e nem cabeça. Segui atrás de Sirius, que já havia ido muito a frente de mim. Com o elevador cheio, tentei as escadas, o que me atrasou consideravelmente. Quando cheguei na portaria, nenhum sinal do meu amor.
- Se Zé, o senhor viu um cara moreno, alto, passar por aqui?
- Um maluco correndo? Vi sim, Lene. E ele parecia muito mal e zangado e ...
- Desculpa, mas o senhor sabe para onde ele foi? – indaguei, sentindo-me uma estúpida que não dava conta de nada sozinha.
- Ele pegou a moto e saiu. Sabe, disse que ia me pagar se segurasse ela aqui na frente, mas...
- Muito obrigado, seu Zé.
Pensa Marlene, pensa. Para onde Sirius poderia ter ido? Não, ele não iria para a casa do James... não nervoso como estava, ainda mais para uma festa de natal. O trabalho? Droga, ele nem me disse onde ficava, aliás, era noite de natal, não teria ninguém lá. Para a casa de uma de suas amiguinhas? Não, só a ideia me causava náuseas.
Sentei na calçada de casa, a cabeça entre as mãos, as lágrimas descendo. Em tão pouco tempo, ganhei a atenção e o carinho de alguém que gostava verdadeiramente de mim, me via como eu realmente era. E foi em menos tempo ainda que consegui perder tudo.
Minha lamentação foi interrompida pelo toque do meu celular, que eu até tinha esquecido estar no meu bolso. Deixei que tocasse, quem quer que fosse não deveria me tirar do meu momento fossa, ao som de She’s Like The Wind, do Patrick Swaze, o toque da semana. Quem quer que fosse, queria mesmo falar comigo. Tirei o celular do bolso, quando a ideia de ser Sirius iluminou meu rosto. Fui pega de surpresa po ver o nome de quem estava me chamando na tela do celular.
- Oi – gritou Remus, do outro lado, antes mesmo de eu dizer algo - Até que enfim, mulher!
- Olá Remus, que saudade... – me ouvi dizer. Sua voz me fazia bem, a voz de um velho amigo para todas as horas, um tanto compromeitdo demais com o trabalho, mas ainda assim – Por onde tem andando?
- Também estou, querida. Mas não liguei para isso. Estou aqui mesmo, na cidade. A intenção era fazer uma surpresa, mas acho que tem uma surpresa alta e descabelado com uma moto aqui em casa, e é para você.
- O Si... o Sirius está ai? – perguntei, feliz e um tanto confusa.
- Está, acho bom você vir pra cá, Lene.
- Ele sabe que você me ligou?
- Claro que não, sei lá cara, ele chegou muito estranho, nunca o vi assim. A única coisa que consegui arrancar dele foi “Lene” e “Erick”, então decidi te ligar. Algo me diz, pelo tom de sua voz, que ele não é o único mal por aqui.
- Estou indo ai, Rem.
Depois de duas ou três palavras a mais, desliguei e peguei o primeiro táxi que passou em minha frente. Em vinte minutos, estava em frente a uma casa amarela, com um jardim bem cuidado e bonito, apesar de perceber que em algumas partes a grama precisava ser aparada. A simples e fofa casa de Remus, como costumávamos dizer. O único, além de Sirius (apartamento em Londres) , que tinha casa própria de nosso grupinho. Mesmo viajando pra lá e pra cá a trabalho, ele a mantia ali, alegando que a casa serviria como um aviso a nós, que nunca nos livraríamos dele, aonde quer que fosse.
Passei pelo portão e bati na porta, preferindo não apertar a campainha para não deixar Sirius desconfiado. O aperto no peito e o nervosismo que sentia pareceu se esvair por inteiro ao ver o rapaz de cabelo castanho claro, com uma cicatriz charmosa no queixo, abrir a porta. Abracei-o com tanta força que, em um ímpeto, desmoronei e comecei a chorar novamente. Por saudade e por... medo. Medo que Sirius não me ouvísse, que não acreditasse em mim.
-Eeeeei, eu sei que a emoção de me ver causa isso as pessoas, mas não precisa de tanto – brincou, passando a mão por meus cabelos e secando uma lágrima que insistia em cair. Seu olhar, porém, demostrava a pena de me ver daquele jeito, o afeto que sentia por mim - Ele está lá no quarto. Foi tomar um banho e se jogou na cama.
Assenti com a cabeça, e segui em direção ao quarto, no fim do corredor. Bati duas vezes, até ouvir um resmungo, que interpretei como um entre.
- Olha pra mim –disse, alguns segundo depois de entrar.
A minha voz fez com que seu corpo virasse lentamente em minha direção, depois se levantou de modo a ficar apenas a alguns centímetros de distância.
-O que.. Remus te avisou?
- Avisou Sirius e... e eu precisava vir falar com você.
- Você não tem que me explicar nada – atirou, cínico – Não tínhamos nada um com o outro, certo?
Mesmo sendo verdade, ouvir aquilo dele me causou um abalo profundo. O chão pareceu sumir abaixo de meus pés. Então percebi que, no fundo, tínhamos tido sim alguma coisa. E não fui só eu que havia sentido.
- Não, não tem nada certo. Eu amo você Sirius – aquilo fez com que seus ombros ficassem mais rígidos e seu olhar ainda mais cravado ao meu – Eu amo muito você. Acho que sempre amei... sempre. O Erick simplesmente apareceu por lá e tentou me agarrar, quando você chegou. Acho que quem aqui deveria estar zangada sou eu, não você, por pensar que eu o teria dado algum tipo de chance.
De repente percebi que a mágoa toda não era apenas dele, mas minha.
Vi seus braços se levantarem, como se fosse me puxar para perto, mas depois penderam ao lado de seu corpo. Seu olhar estava perdido, como se estivesse tentando entender o que eu acabara de lhe dizer. Ele permaneceu parado por um tempo e então percebi que eu deveria ir embora. No fundo, Sirius não sentia nada por mim. Aquele poderia ter sido o pretexto ideal para deixarmos de sair, ele poderia ter cansado de nós, quem sabe?
Virei, decidida ir direto para um convento, já que minha vida amorosa parecia não ter sentido e nem mesmo lógica. Talvez eu devesse mesmo seguir os conselhos da tia Anita e pertencer apenas a Deus.Talvez eu devesse pedir transferência de meu trabalho para outra cidade e começar uma vida nova, conhecer novas pessoas. Minhas neuras foram interrompidas no momento em que Sirius segurou meu braço, fazendo com que, ao me virasse, ficasse cara a cara com ele, sentindo sua respiração frenética junto a minha, praticamente ouvindo as batidas de seu coração.
-Você está certa – disse ele - fui um idiota por não enxergar a verdade, estava nervoso. Me entenda Lene, o cara estava com as mãos em cima de você... Não queria vê-lo ganhando de novo, não suportaria ver você com ele novamente. Eu te amo Marlene McKinnon, como nunca amei ninguém, como nunca pensei em amar qualquer outra pessoa - passou a mão por meu rosto, enlaçando minha cintura, me puxando para mais perto de si enquanto falava - Eu te amo desde quando você me empurrou daquela maldita árvore quando tínhamos 7 anos. Eu te amo desde quando você me ajudou naquela prova de matemática, na quinta série. Eu te amo desde que fizemos aquele plano idiota para juntar a Lils e o Jay. Eu te amo desde sua época patricinha, gótica, emo – riu – eu te amo desde que me beijou no riacho. Eu te amo desde quando eu te conheço, Lene. Cara, eu te amo desde antes de te amar. A prova está aqui, ou você acha que eu ia falar essas coisas pra qualquer uma? Eu te amo. Te amo. Te amo. Te amo –repetia, passando os lábios por minha testa, minhas bochechas, meu nariz, meu pescoço – Eu só te peço Lene, para que deixe eu te amar de verdade.
Seus olhos cinzas misteriosos brilhavam enquanto esperava uma resposta minha. Uma simples palavra poderia o fazer o cara mais feliz do mundo, notei, e vi, senti, que era verdade. Eu poderia ter Sirius Black, como sempre quis. Meu melhor amigo, o amor da minha vida. Acho que valeria a pena arriscar.
- Eu deixo Six, eu deixo.
Passei os braços em volta de seu pescoço, juntei minha testa com a dele e puxei seus lábios em direção ao meu. Ele abraçou-me e aprofundou o beijo, causando como sempre o arrepio constante que eu sentia, o formigamento, a sensação de calor e proteção. Ficamos um bom tempo ali, em pé, sentindo apenas um ao outro, trocando olhares e juras de amor (nunca pensei que ouviria isso de mim mesma). Fomos interrompidos pela batida na porta e o som da mesma se abrindo. Um Remus sorridente colocou a cabeça para dentro do quarto, e desejou, com um brilho no olhar:
-Feliz Natal, meus amigos. Já é meia noite.
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N/A: Pelo amor de Merlim, me perdoeem. Esse chapter já está pronto faz muito tempo, nas minhas outras contas no Nyah! e no FF.net eu já postei e achei que tivesse postado aqui também. Mil desculpas, nem sei se vocês estão lendo, mas já está na reta final e foi parar de enrolar e juro nunca mais esquecer. Começarei a postar auqi primeiro.
Beijos,
B.
Ahh, comentários? Nem que seja pra me xingar? ÇÇ
PS: o título do cap não ficou muito a ver, mas eu não fazia ideia do que colocar.
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