A desgraça diz Olá
Véspera de Natal. Aquela noite linda, em que você reúne sua família para celebrar e blábláblá. Lily havia ido, como toda boa atrasada, atrás do peru para a nossa ceia. Lá estava eu, na cozinha, preparando uma torta de morango (para deixar o limão de lado) para a sobremesa. Parecia que tudo estava começando a seguir seu rumo – minha vida entrando nos eixos. Eu tinha um novo emprego, um bilhete de loteria futuramente premiado nas mãos e um, bem, ficante estável. Já fazia uma semana que estávamos saindo. Depois daquela tarde na casa dos Mint, nos víamos com cada vez mais frequência. Tive um ataque quando, no dia seguinte, recebi uma ligação do Sirius, convidando-me para sair junto com o Jay e com a Lils. Encontro de casais... não podia ser simplesmente apenas mais uma ficada. A vida mostrava-se perfeita. Mas mesmo assim decidi não tomar falsas esperanças, uma vez que antes de tudo, éramos amigos e conheço muito bem seu jeito: um fujitivo de relacionamentos. E galinha.
Mas eu tinha certeza que, apesar de todas as promessas que fiz a mim mesma, estava prestes a cair do precipício, de congelar subindo o Everest, de deitar na B.A. Estava quase apaixonada. Ou completamente, talvez. Fudeu.
Enquanto dava os últimos toques na torta, distribuindo morangos com chocolate em sua superfície, como vi Remo fazendo certa vez, a campainha tocou. Sorri na hora, mas o desfiz assim que olhei no relógio e percebi que ainda era cedo. Sirius disse que viria me desejar um feliz natal pessoalmente, já que iria ter que ficar com a "tia Mary", mãe do James, o próprio, e sua família. Mas não estava na hora. A campainha ainda tocava, percebi, depois de sair de meus devaneios. Uma luz acendeu-se em minha cabeça, como naqueles desenhos animados e lembrei que de certo seria Lily, com aquela mão pesada e cabeça vazia, que tinha esquecido a chave.
- Caaaaaaaaaaaalma, já disse para você deixar a chave na bolsa - gritei, destrancando a porta – ou pedir outra par...
-Olá – respondeu o dono da mão insistente que apertava a campainha, interrompendo-me. Ou talvez fora meu choque.
Não, não era lily. Ao invés do cabelo ruivo vivo, estavam fios loiros. Olhos azuis claríssimos, boca levemente rosada e bem torneada, que transformava-se em um sorriso, outrora encantador, mas agora repugnante. Vestia uma calça jeans preta, camisa branca e blazer escuro. Sapatos clássicos e limpos. No pulso esquerdo, o mesmo relógio que havia ganhado anos atrás, do avô. As mãos estavam ocupadas por um buque enorme e repleto de rosas brancas. Mais alto que eu, senti seu olhar me analisar por completa. O inverso de Sirius, por assim dizer. Todas que o vissem pensariam no príncipe encantado, o homem dos sonhos . Mas não eu. Não mais.
- Não vai me convidar para entrar, Ma? – perguntou Erick.
Meu EX NAMORADO. O homem que acabou comigo pedia para que eu o deixasse entrar na minha casa. Tive vontade de dizer tudo o que trancafiei por muito tempo na minha garganta, no meu coração partido. Mas por algum motivo, as palavras simplesmente não saiam.
- O que – respirei – o que você está fazendo aqui?
- Vim te ver gata, que jeito de me receber – ele já estava dentro de casa. Eu ainda segurava a porta.
- Vá embora- murmurei, depois pigarreei e repeti mais alto, mais firme.
- Eu vim aqui falar com você e você vai me ouvir, querida.
-É Marlene. E te ouvir? Escuta aqui, quem vai me ouvir é você. Como você ousa aparecer na porta da minha casa depois do que fez comigo? E o pior, no momento que eu mais precisava de você ao meu lado! – a furia tomou conta de mim – Ai, do nada, você aparece aqui como se fossemos bons e velhos amigos. Você já teve sua chance de acabar comigo. E você o fez. Agora faça-me o favor de cair fora. Nosso assunto encerra-se por aqui.
Fiquei tão atordoada com o turbilhão de sentimentos em mim, que, um segundo depois, me vi presa entre a parede e o corpo de Erick, a poucos centímetros de distância um do outro. Seu hálito batia diretamente em meu rosto e seus lábios chegando cada vez mais perto. Aquele fogo que nos envolvia foi tomado por uma aproximação fria e calculista.
-Vai, me fala que você não sente nada por mim – sussurou, com a voz rouca, passando os lábios pela minha orelha, fazendo caminho em direção ao meu pescoço.
- Se tem alguma coisa que eu sinto por você, isso se chama nojo.
Enquanto eu o empurrava, retorcia-me, tentando fazer com que ele tirasse as mãos de mim, Erick não exitava, segurando meus pulsos com uma força incrível. Depois de alguns istantes, consegui ouvir a porta da sala bater. Lily, pensei, ela vai dar a louca. Graças a Deus!
- Tira as mãos dela. – não foram da boca de Lily que as palavras saíram. A voz de Sirius estava calma, baixa e fria. Seus pulsos pendiam fechados ao lado do corpo, e pude perceber a força que ele fazia para não se descontrolar. O tom de sua voz e sua presença fez com que Erick afrouxasse o aperto. Mas seu show não havia acabado.
- Ora, ora, se não é Sirius Black! Quanto tempo, meu amigo.
- Você sabe muito bem que não somos amigos – disse, após soltar uma risada irônica e sem alegria – E eu já mandei você tirar as mãos dela.
- Ok, ok –cedeu Erick , recuando – Mas..
- Saía daqui Erick - falei, alto o suficiente para que ambos ouvissem, esfregando meus pulsos e indo em direção a Sirius, mas fui interrompida.
- Ah, então você me chama até aqui e depois de tudo me manda embora, como se nada tivesse acontecido?
-Como é? – dissemos Sirius e eu, juntos.
- É isso mesmo que o você ouviu, Black. Não sei o que está acontecendo entre vocês, mas acho bom acabar por aqui. Digamos que a Lenezinha e eu estamos nos – ele fez uma pausa, como se saboreasse a mentira que estava prestas a vir – reconciliando.
O absurdo daquelas palavras e o rídiculo daquilo tudo deixou-me tão boquiaberta que nada, absolutamente nada, saiu de minha boca. Em um momento Erick pairava no meio de Sirius e eu, e, no outro, estava no chão, com Sirius sobre seu corpo, espancando-o.
- Ah meu Deus! – fui pega de surpresa a ouvir o grito de Lily, seguida por James, que entrou no meio da confusão para apartar o UFC que ocorria na sala de minha casa.
- Lene – continuou minha amiga, vindo até mim ao ver minha expressão de choque e as marcas em meu pulso – Você tá bem? O que tá acontecendo, o que... o que esse estrume tá fazendo aqui?
- O, o, Erick apareceu e...
- Já entendi tudo- respondeu-me.
- PAREM VOCÊS, PAREM- gritei, inutilmente, já que o som de minha voz espatifou-se junto com a mesa de centro. Agora, narrando, parece até engraçado o momento Bridget Jones que tive. Pude até ouvir o som de It's Raining Men ecoando pela sala. O som dos gritos e o barulho foram o suficiente para fazer com que cabeças curiosas surgissem no corredor. Quando James finalmente conseguiu deter um Sirius com os lábios ensaguentados, Llily atingiu a cabeça de Erick com seu querido vaso chinês, fazendo com que meu ex-namorado caísse juntamente com os cacos.
- TUCHÊ! - gritou ela.
- Calma cara – dizia James – o que aconteceu aqui?
Mas Sirius, diferentemente do que esperei que fizesse, apenas soltou-se dos braços de seu amigo, passou por mim e parou por apenas alguns instantes, para enfatizar bem a mensagem que queria passar. Sua frieza atingiu-me como o iceberg atingira o Titanic. A mágoa em suas palavras era clara:
- Depois de tudo o que ele te fez... eu não esperava isso de você. Não mesmo.
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N/A: Desculpem-me pela demora do chapter, mas não consegui postar antes. Digamos que tive minha criatividade sequestrada durante esse mês e não conseguia encontrar um fim para o chapter.
Miiih McKinnon : Que bom que gostou!! Ah, aviso ele sim, pode deixar (eu ri com seu comentário). Aqui está, depois de um mês enrolando. Espero que goste desse tambén... reta final, praticamente.
Um beijo, até o próximo!
B.
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