Dias Depois



Capítulo I – Dias Depois


   Fazia dois dias desde o fim da batalha. O castelo estava em ruínas assim como o espírito de seus moradores. Lord Voldemort estava morto, enfim, mas a quantidade de vítimas era aterradora. Remo, Tonks, Fred, Parvati, Cho, Colin... Muitos outros, de ambas as partes, também pereceram na luta.


   Harry passara a maior parte dos últimos dias trancado no dormitório dos garotos na Torre da Grifinória, temendo a hora que teria de encarar todos. Não era receio propriamente de ser culpado pelas mortes, era mais aquela coisa de ser um herói idolatrado por multidões. Aquilo não era para ele.


   Os pensamentos de Harry foram interrompidos pela entrada de Rony e Hermione no quarto.


   – Harry, você vai ficar para sempre aí trancado, é? – perguntou Hermione, de testa franzida.


   – Enquanto eu tiver escolha, sim. – respondeu Harry, girando os olhos para o teto. Já tinham discutido aquilo mais de dez vezes.


   A garota se sentou contrariada em uma das camas vazias, com a expressão de quem queria discutir, mas calou-se ante o olhar que Rony lançou, como quem diz: “deixa pra lá, não adianta brigar com ele.”


   – Olha só cara, a gente só veio aqui porque a McGonagall pediu. Ela disse para você descer para... para os funerais.


   Rony disse a última palavra bem baixinho. O estômago de Harry despencou e ele se sentiu ainda mais culpado.


   – Rony...


   – Relaxa Harry, a gente não vai te incomodar mais. Só achei que você iria querer saber.


   Hermione observava o amigo atentamente e quando Rony terminou de falar, ela levantou da cama e foi na direção da porta. Ao passar por Harry, ela murmurou bem baixinho “não foi sua culpa”. Harry sentiu as lágrimas brotarem e rapidamente escondei o rosto, sob o pretexto de arrumar a meia.


   – A gente já vai indo tá bem? Está todo mundo se reunindo no Salão Principal... se você quiser ir.    


   Ambos saíram do dormitório, deixando Harry com uma difícil decisão e se sentindo pior do que estivera nos últimos dias.


                                            *         *         *


   Na sala comunal vazia, Rony se sentou em uma poltrona ainda inteira, o rosto nas mãos, trêmulo.


   Hermione parou um pouco distante, contemplando o namorado naquele estado frágil. Estivera assim desde a Batalha e mesmo não se isolando fisicamente como Harry, ele estava muito mais fechado que de costume. Tudo por causa da morte do irmão. Ela tinha ficado junto dele quase que o tempo todo, mesmo sem conversarem, sem realmente namorarem, ela tentava confortá-lo. Ela não sabia, apenas suspeitava, mas na verdade sua presença era para ele como a luz no fim do túnel, da escuridão de dor em que ele estava vivendo.


   – Mione... – ela se aproximou e sentou ao lado do rapaz – eu não vou conseguir fazer isso. Não vou! Só de imaginar em chegar perto... perto dele... sei que não tenho forças pra isso. 


   Ele sussurrava agoniado e ela esticou a mão e fez menção de segurar o pulso dele, enquanto dizia:


   – Eu sei disso, Rony, sei que é difícil para você, mas...


   – Não, você não sabe não! É horrível, e você nunca perdeu alguém tão próximo assim! – ele explodiu, soluçando. Rony se levantou e afastou a mão que ela estendeu, prestes a tocá-lo.


   – Ron, eu sei, mas a sua família precisa de você! Sua mãe, sua irmã... elas estão muito frágeis agora.E o Percy e o Jorge também. Você precisa ser forte. Por eles.


   Rony respirou fundo para se acalmar, voltando-se para ela, os olhos vermelhos e uma trilha de lágrimas pelo rosto sardento.


   – E quem me apóia Hermione? Todos esses anos eu tive que ficar na sombra de todos! Os meus irmãos mais velhos e mais bem sucedidos, o famoso Harry Potter, aquele grandíssimo babaca do Krum...


   – Ron... – começou Hermione baixinho, assustada com ele falando de si mesmo daquele jeito. Ele fingiu não ouvir o protesto dela.


   – Não é fácil isso, de ter que apoiar e ajudar todo mundo. Quando chega a minha vez, como eu fico? Como vou apoiar a minha família se eu não estou bem? – ele terminou o desabafo meio desesperado.


   – Você não está sozinho, Rony, nunca esteve! A gente sempre se apoiou uns aos outros, e sempre deu certo! – Rony percebeu, através dos olhos castanhos e brilhantes de lágrimas de Hermione, que ela não se referia apenas à família e aos amigos ao dizer “a gente”. Isso o fez respirar fundo e se acalmar um pouco.


   – Eu entendo que você esteja mal, revoltado também, mas todos estão balançados e frágeis e alguém – ela deu destaque ao alguém – precisa sustentar todos. Se você diz que ficou escondido pelos seus irmãos, faça a diferença agora! E não esqueça – completou num tom de voz mais ameno – que eu estou aqui com você, não é mesmo?


   Agora ela estava de pé também, secando as lágrimas que tinham caído.


   – Se você acha que não consegue encarar, tudo bem, mas pelo menos tenta, OK?


   Passados longos segundos, ele assentiu, segurando a mão que ela estendia e se deixando guiar para fora da sala, para o Salão Principal.


                                            *         *         *


   A Profª McGonagall observava a cena triste à frente. A contagem de mortos totalizava mais de 70 pessoas, dentre ex-colegas, amigos, companheiros da Ordem da Fênix, alunos. E como nova diretora de Hogwarts, era sua obrigação ouvir os lamentos, providenciar tudo. Ela sentiu uma solitária lágrima escapar pelo canto do olho, e secou o rosto rapidamente. Não podia se permitir demonstrar fraqueza. Não agora.


   Parecera-lhe certo que todos fossem enterrados nos terrenos da escola, se assim os familiares quisessem. Afinal, caíram defendendo o castelo. Assim seria o caso de Remo, Ninfadora e Fred. A família Weasley se encontrava reunida em torno da mortalha de Fred, inconsolável. Minerva sentia um gosto amargo na boca, por conta da quantidade de vezes que fora grossa, autoritária e (por mais que detestasse admitir isso) até injusta com os gêmeos... Assim que Rony e Hermione entraram no salão de mãos dadas, ligeiramente cabisbaixos, ela se revestiu de coragem para falar.


   – Caros irmãos! Tivemos muitas perdas. A todos esses que morreram para defender a nossa escola foi oferecida a oportunidade de serem enterrados aqui, em um lugar de honra, sem nunca serem esquecidos. Os funerais vão começar. – um nó se formou em sua garganta e ela não conseguiu falar mais. Encaminhou-se para os Weasley.


   – Estão prontos? – ela perguntou.


   Molly ergueu a cabeça e a balançou negativamente.


   – Eu não tenho condições... não consigo ir até lá. Vão vocês. – disse fungando, trêmula e amparada pelo marido.


   – Mãe, me deixe ficar aqui também. Com a senhora. – sussurrou Rony. Ela abraçou o filho mais novo e assentiu, assim como o fez para Jorge e Percy, que estava mais abalado do que poderiam imaginar. Apesar de tudo, era muito ligado ao irmão. Eles afirmaram que não conseguiriam enfrentar aquele momento. Jorge, é claro estava pior que todos, o que era compreensível, afinal, ele e o irmão eram como um só, como Yin e Yang. Como Bill e Fleur não estavam ali (Fleur ainda estava na Ala Hospitalar) apenas Arthur e Gina concordaram em ir ao enterro.


   Meia hora depois, Harry apareceu no Salão e se aproximar de cada família em sofrimento, e disse algumas palavras de consolo. Nem fora tão penoso quanto imaginava. Depois ele se aproximou de Minerva.


   – Ah, Harry. Que bom que veio. – ela murmurou.


   – Professora... e o corpo dele? – perguntou bem baixo.


   Ela o mirou com espanto.


   – Bem, ele não será enterrado com os outros, naturalmente. Ele assentiu.


   – Na verdade, pensei em lhe perguntar o que deseja fazer.


   Harry parou, pensando por um instante.


   – Bom, no momento eu realmente não sei. Será que posso dar minha resposta mais tarde?


   Ela concordou, se afastando em seguida.


   Rony e Hermione se aproximaram de Harry. Ambos pareciam bastante abalados.


   – E aí, o que você queria com a McGonagall?


   – Saber do corpo do Voldemort.


   Rony fez uma careta.


   – Então?


   – Ela disse que eu tenho que decidir.


   – Posso dar uma sugestão? Faz um ensopado e serve para a lula gigante – disse Rony com ferocidade.


   – RONY! Hermione censurou horrorizada somente de pensar na ideia. Ele sacudiu os ombros e ignorou a repreensão da namorada.


   Harry tinha um olhar distante.


   – Sabem, apesar de tudo, acho que Hogwarts deve ser sua última morada. Não consigo ver outra opção. – Hermione tinha um ar de incredulidade e Rony estava em choque.


   – Você pirou, foi? – questionou o amigo.


   – Não. Venham comigo.


   Ele se encaminhou para Minerva.


   – Professora, já sei o que fazer. Vou deixar o corpo na Câmara Secreta.


   – Câmara...?


   – Secreta, sim. O esqueleto dele jazerá para sempre na Câmara. – disse, citando a mensagem de sangue sobre Gina.


   Ela fitou os olhos espantosamente verdes cheios de determinação. Minerva respirou fundo para se recuperar do susto e reassumiu o tom profissional.


   – Faça o que tiver de fazer, Potter.


   Ele assentiu, enquanto Minerva dizia onde o corpo fora deixado.


   – Quer ajuda, colega? – ofereceu Rony.


   – Não. Eu... preciso fazer isso sozinho, assim como... como foi com a floresta.


   Ele trocou um olhar de compreensão com Harry. Rony assentiu.


   – Boa sorte, Harry. – desejou Mione com um fio de voz.


   Já na Câmara, Harry depositou o corpo entre os pés da estátua de Salazar Slytherin, contemplando o semblante odiado. Pensou em todas as pessoas usadas, torturadas e mortas por ele, a sangue frio e por pura diversão.


   Tomado por um ataque de fúria abrasador, Harry começou a chutar, socar, atingir de todas as formas possíveis o corpo, as lágrimas que ele não fez questão alguma de conter escorrendo, céleres e quentes, pelo rosto de Harry.


   – Isso é pelos meus pais! Pelo – ele chutou o rosto viperino – Dumbledore, pelo Cedrico – pontuou com um soco – por todos!


   Ele parou, arfante. Toda a raiva e mágoa, alívio também, transbordaram numa explosão, ele chorava e soluçava. Depois do que poderia ter sido uma hora, ou vinte, ele se levantou.


   “Tomara que, onde quer que ele esteja, ele pague pelo que fez. Com juros e correção!” Pensou com ferocidade. Harry não tinha como saber, mas era exatamente isso que acontecia.


 -----------------------------------------------------------------

 Bem gente, essa é a minha segunda fic. A ideia para ela surgiu aos poucos. Como essas são as duas séries que mais gosto, pensei: "e se uma estivesse ligada à outra?" e depois fui ligando os pontos, tendo ideias novas, leitoras dedicadas (né Nathallya Black) foram me dando conselhos e comecei a escrever. Vai ser longa, posso adiantar, mas para começar tenho prontos alguns caps num caderno, estou passando para o PC e vou postando. Enfim, espero que esteja bacana e o cap 2 deve vir hoje à noite ou amanhã.
  Por favor, comentem muito, deixem sugestões, avaliem, participem bastante!

   Bjss, Roxanne Prince 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Sarah Weasley.

    aah, idéia fantástica! Amo Percy Jackson também! aah, q vontade de ler a fic todinhaa agora mesmo! kkkk, ansiosa para ver como ficarão as duas melhores histórias q já li juntinhas! rsrs. e Imaginem só! Ensopado de Lord Voldemort! rs, coitada da Lula Gigante. Teria uma indigestão! kkk. Bem, vamos ao próximo capítulo!

    2012-11-02
  • BiaWeasley

    aah, to amandooooooooo

    2012-01-09
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.