Temores




Goyle sorriu sadicamente enquanto descia da carruagem, seria um dia bastante divertido para ele.


-Vamos caçar uma garotinha hoje... e nos divertir bastante antes de devolvê-la ao castelo!!!


Murmura para seu companheiro Crabbe antes de adentrar a floresta proibida. Neville trincava os dentes apertando sua varinha com força enquanto Ginny estava apavorada com a possibilidade de Bellatriz e seus capangas a encontrarem, como conseguiram seu paradeiro? Como escapariam para a vila ao encontro de Ronald com esses dois monstros a caçá-la como um animal à prêmio?


O tempo parou para Ginny depois das palavras dos capangas de Bellatrix, nesse instante uma brisa suave percorreu as copas das árvores e o som fraco do farfalhar das folhas esverdeadas contra os galhos escuros sob suas cabeças a despertaram de volta à realidade que se encontrava.


O pânico tomou conta do coraçãozinho da ruiva, as palavras enraivecidas da Lady Lestrange ecoando em sua mente como um mantra sombrio, tal qual uma maldição imperdoável que soara cruel e mortal. Eles não hesitariam em tirar-lhe a vida independente das condições e das conseqüências disso... eram homens sem coração!


A cada segundo que se passava, os passos pesados de Crabbe e Goyle eram ouvidos atentamente pela princesa, mais e mais próximo de onde se escondia ao lado de Neville Longbottom da grifinória. Engoliu em seco, teriam coragem de machucá-la mesmo se estivesse carregando um filho do príncipe sonserino em seu ventre.


Só a manteriam viva até encontrar a rainha Narcisa! Ouvira bem cada palavra, especialmente os comentários sujos de Crabbe e Goyle sobre o que fariam com ela enquanto a “escoltavam” para o “castelo”. Levou uma das mãos à boca horrorizada, só o pensamento do que poderiam fazer se a capturassem a levava a ter náuseas.


O espião grifinório tinha um semblante sombrio, a raiva crescendo dentro do peito, mal ousavam respirar, estavam perto demais dos inimigos. Praguejou mentalmente, temendo que agora seu plano de seguir para o vilarejo estivesse ido por água abaixo. Precisava pensar em uma alternativa rapidamente, uma guerra estava por acontecer em breve, ele pressentia o perigo.


Assim como Ginny, levava uma varinha na altura do rosto e preparava-se para criar alguma distração enquanto daria à ruivinha a chance de escapar. Ao contrário da grifinória, ele tinha experiência de sobra em combates desleais como o que estava por vir e desejava dar a chance da princesa encontrar seu irmão após anos de separação além de que ela seria a melhor opção para levar os grifinórios para dentro da fortaleza que era o castelo Malfoy.


A respiração contida e os batimentos do coração parecendo explodir dentro do peito, eram quase ensurdecedores para a dupla de grifinórios. Estavam lado a lado, encolhidos contra o tronco maciço de uma velha árvore e suas raízes suspensas, escondidos sob as sombras daquela floresta misteriosa, pés enterrados contra pequenos arbustos e folhas secas. Contando com a sorte e pedindo aos céus uma chance de escapar, afinal o destino de Gallzar estava por ser determinado e eles não poderiam esperar ali.


Não demorara muito a carruagem de Bellatriz desapareceu de vista, o trotar dos cavalos e resmungos de seus cavalariços já não eram mais ouvidos ao longe. Neville respirou profusamente olhou ao redor até encontrar uma grande arvore de poucos galhos, fez um gesto para a mesma e logo segurou levemente o ombro de Ginny como se indicasse para ela permanecer onde estava.


-Como é a garotinha?


Questiona Crabbe com um sorriso perverso, enquanto puxa a varinha e desenha círculos roxos no ar.


-Pequena, como uma boneca de porcelana e cabelos cor de fogo... e o melhor de tudo... é grifinória, dá para sentir o cheiro dela de longe!!!


Responde sarcasticamente Goyle arrancando uma gargalhada grotesca de seu companheiro. Neville franziu os lábios com força, usando de toda sua concentração e força de vontade para não atacá-los nesse mesmo instante, não suportava que falassem desta forma com uma dama, especialmente Ginny.


-Muito bem... quem a encontrar primeiro lança um sinal!!! Não queremos chamar atenções indesejadas enquanto a “conhecemos” não é?


Questiona Goyle batendo no ombro do outro antes de seguir para um estreito caminho entre raízes intrincadas. Crabbe apenas sorriu maliciosamente antes de procurar um caminho diferente numa outra direção, enquanto cantarolava o hino do reino sonserino como um velho pirata bêbado.


Neville levantou-se e seguiu para trás da outra árvore o mais rápido e silenciosamente que conseguiu. De lá o Longbottom enxergava melhor os movimentos de Crabbe e Goyle. Os dois estavam realmente empenhados. Lançavam feitiços e armadilhas por todos os lados enquanto avançavam pela floresta proibida, cada um para um lado diferente, planejando cercá-los.


Ginny olhava em volta com aflição, não teriam como sair da floresta sem serem vistos e seguir pela mesma iria despertar a atenção dos capangas de Bellatriz Lestrange não seria fácil. Neville cerrava os olhos enquanto pensava em como distraí-los quando um berrar agonizante de Crabbe fora ouvido ecoando entre as arvores sombrias da floresta.


-O que diabos é você?


Questiona Crabbe furioso para uma pequenina figura encapuzada que entrara em seu caminho. Mas, apesar do tom ameaçador em sua voz, Crabbe não obteve uma única palavra do estranho ser.


-Não tens língua? Perguntei quem diabos é você!!!


Vociferava o bruxo e seu rosto rechonchudo ganhava uma coloração vermelha tamanha raiva, a criatura permanecia imóvel sob aqueles mantos sujos e esfarrapados.


-RESPONDA-ME!!!


Bradou avançando sobre o menor, quando percebe uma pequena varinha apontada em sua direção. Em instantes as raízes sob seus pés ganham vida agarrando ferozmente as pernas de Crabbe o jogando num golpe rápido ao chão.


-Dobby não deixar que machuque a moça de coração puro!


Anuncia o elfo bravamente.


-NÃAAAAOOOO!!! FAÇA ISSO PARAR!!! EU IMPLORO!!!


Desesperava-se o bruxo se contorcendo enquanto as raízes, como serpentes armadas com espinhos venenosos seguiam enlaçando sua presa, o prenderam por completo dos pés ao pescoço. Em poucos minutos, Crabbe mal conseguia respirar.


-Seu coração estar cheio de maldade! Enquanto não conhecer a luz não terá a confiança de Dobby!!!


Diz sabiamente o pequeno elfo tirando seu capuz e apontando a frágil varinha para o bruxo lançando uma maldição silenciosa o transformando num javali gigante antes de estuporar o grandalhão que jazia desacordado amarrado pelas raízes das arvores nesse momento...


-CRABBE!!!


Gritava Goyle à procura do companheiro. Conhecia bem os perigos daquela floresta, mas confiava que seu amigo saberia se cuidar bem sozinho... pensou que tivesse caído e alguma armadilha, mas, depois dos gritos apavorados do mesmo temeu que os dementadores os cercassem.


Ginny e Neville trocaram olhares alarmados, o que poderia ter acontecido? Quem os teria atacado? Deixando esses questionamentos de lado e tomados pela coragem, a dupla aproveitou a chance que tinham ao ver Goyle seguir em auxílio ao seu companheiro e seguiram desesperadamente numa corrida para o lado oposto da floresta proibida.


Ginny amaldiçoou-se mentalmente pelo peso da saia de seu vestido, por mais que tentasse correr, era cada vez mais difícil, a cada segundo olhava para trás nervosa esperando por um ataque surpresa, Neville seguia na frente usando a varinha e lançando feitiços rápidos para abrir caminho em meio à inúmeras raízes expostas e galhos espinhosos.


Os dois temiam deixar rastros, mas não teriam muita escolha, o tempo contava contra eles, de um lado os guardas patrulhavam a estrada real, atrás deles dois mercenários sob comando de Bellatriz Lestrange, sob suas cabeças, centenas de dementadores somente à espera para atacá-los...


-Estamos cercados! Temos que ser muito cautelosos de agora em diante!!!


Desespera-se a ruivinha com o rosto vermelho e respiração descompassada, todo o esforço da fuga a deixara com as pernas trêmulas. Parou ao lado de um tronco caído e deixou recostar sobre o mesmo enquanto recuperava o ar. Neville a ajudou antes de dar uma breve volta na clareira onde se encontravam, o grifinório ajoelhou-se coletando algumas ervas no chão antes de virar-se para Ginny.


-Estamos perto do vilarejo! Essas ervas são muito utilizadas em poções e temperos na cidade...


Explica arfante, também cansado, mas disposto a seguir em frente.


-Então devemos continuar!


Anuncia a princesa com um sorriso no rosto estendendo a mão para o grifinório que a segura firmemente enquanto deixava-se perder nos olhos da ruivinha, admirava sua determinação, sua força de vontade, seu espírito e sua coragem.


-ACHEI VOCÊS!!!


A voz doentia de Goyle os pegara de surpresa, o homem corpulento de feições sombrias exibia um sorriso maligno. Seus olhos brilhando em maldade quase tanto quanto os inúmeros anéis adornados de ouro e prata em ambas as mãos, lembranças de cada assassinato cometido a mando da Lady Lestrange.


Neville se colocou a frente de Ginny encarando seriamente o bruxo, protegeria a ruivinha com a sua própria vida se fosse preciso. A grifinória no entanto já tinha a espada em sua mão, não permitiria que aquele monstro encostasse um único dedo sobre ela, a coragem superando seu medo, nada a impediria de chegar até Ronald e ajudar Draco.


-O QUE FIZERAM AO LORD CRABBE???


Bradava furiosamente tirando a varinha em uma mão e empunhando uma espada na outra.


-ESTOU DANDO A CHANCE DE RESPONDEREM ANTES QUE EU VOS CORTE AS CABEÇAS!!!


Gritava enquanto dava passos lentos em direção aos dois que não hesitaram em apontar a varinha na direção dele.


-Expelliarmus!


Bradou Neville avançando sobre o inimigo.


-Estupore!!!


Gritou Ginny saindo de trás do espião grifinório.


-Protego!


Sibilou Goyle impedindo que ambos os feitios o atingissem e num movimento rápido de sua espada partiu para cima de Neville.


..................DG....................


Luna trazia dois pares de xícaras de chá e um bule de cerâmica azul numa bandeja de prata em suas mãos enquanto subia alegremente as escadas para o primeiro andar da casa de seu pai. Com um sorriso suave a loirinha abrira a porta de madeira enegrecida num rangido abafado para encontrar Ronald Weasley e seu pai engajados numa profunda conversa.


Mordeu o lábio inferior, não queria interromper aquele momento. As cortinas do quarto do Sr. Weasley finalmente estavam abertas. Havia luz aquecendo todos os resquícios de poeira, trazendo mais vida ao patriarca ruivo. Desde a visita de Ginny, Arthur encontrava-se novamente preso à cama, convalescido.


A chegada de Ronald não fora uma surpresa somente para Luna, mas trouxera algo de muito especial para o Sr. Weasley. Trouxe esperança, e a loirinha conseguia perceber isso em seus olhos, que ganharam tamanha vida que fez o coração da corvinal saltar dentro do peito, o sorriso que dera ao reconhecer o filho tinha levado até mesmo o duro general Weasley às lágrimas.


Os dois abraçaram-se fortemente, sem nada dizer, apenas tentando esmagar com a força daquele abraço toda a saudade que a ausência do outro causara dentro do peito.


-Meu filho... deixei um garoto na Grifinória... e hoje encontro um homem! 


As palavras de Arthur valeriam mais do que todos os tesouros da terra para Ronald.  Com um sorriso quase infantil o general sentou-se na cama de seu pai que agora animado com sua presença guardava cada detalhe, cada traço do seu amado filho.


Percebera os cabelos mais longos, a expressão mais severa, as cicatrizes de batalha, a postura de soldado... pouco lembrava seu garotinho Rony... mas depois daquele sorriso, Arthur tinha certeza. Este era o seu filho!


-Demorei dias para me recuperar depois que Dean me cortou com a espada!!!


Explicava Ronald como recebera a ultima cicatriz. Estava de pé segurando no alto a própria espada, desferindo golpes no ar bravamente.


-Meu menino vencendo duelos!!! Quanto orgulho!!!


Comemorava o Sr. Weasley com os olhos brilhando em admiração absoluta, e assim que viu Luna na porta assistindo a tudo sorridente fez questão de convidá-la.


-Venha minha filha, junte-se a nós!!! Rony está contando como recebera a ultima cicatriz depois de um duelo desleal com espadas!!!


Anuncia Arthur pela primeira vez se levantando e ajudando Luna com a bandeja. Ronald sorria como há muito não fizera. Sentira tanta falta de seu pai... sentou-se então ao lado de Luna, mas estranhou uma quarta xícara de chá sobre a bandeja.


-Teremos companhia?


Questiona o general arqueando uma sobrancelha para a loirinha que lhe devolve um sorriso genuíno.


-Cedric não tardará!


Diz dando de ombros ao que Ronal simplesmente dá de ombros, conhecia bem as “intuições” de Luna, e sua noiva jamais se enganara.


-Esteve com Molly e seus irmãos?


Questiona Arthur com um misto de ansiedade e preocupação.


-Mamãe está bem! A ultima vez que a vi estava no castelo com Lady McGonagall, depois que os gêmeos foram para a cidade ela não quis ficar sozinha nas terras, os impostos cada vez mais altos não estavam ajudando muito de qualquer forma!


Explica o general grifinório seriamente, as lembranças das dificuldades de sua família pesando sobre seus ombros, perdera a conta de quantas vezes cobrira os impostos das terras Weasley. O olhar de Arthur perdeu todo o brilho, amava suas terras, sentia falta de Molly, era seu dever manter as propriedades Weasley bem... ou o que poderia deixar aos seus filhos???


-Bill se casou com uma estrangeira, tentou convencer a mamãe a se mudar com ele, mas ela estava irredutível!!! Charlie ainda está treinando dragões e envia dinheiro sempre que pode, Percy não nos manda notícias há meses e os gêmeos andam de cidade em cidade vendendo suas invenções!!! Eles são o maior sucesso!


Continuava Rony tomando cuidado com o excesso de informações para não alarmar seu pai, estava condençando os fatos para não surpreendê-lo. Seu coração permanecia muito frágil para arriscar agora.


-Molly não deveria ser tão rígida com Bill... todos devem seguir em frente, me sinto orgulhoso que meu primogênito esteja construindo sua própria família assim como Ginevra!!! O que me diz de você Ronald... quando pretende me dar netos? Estou ficando bastante velho e cansado...


Resmunga Arthur, escondendo do filho a melancolia no olhar, desejava poder participar mais ativamente da vida de seus herdeiros, sabia que teria pouco tempo para vê-los com seus proprios filhos.


O comentário deixara as orelhas do general completamente vermelhas e o pobre grifinório engasgou com o próprio chá levando Luna e ao Sr. Weasley a gargalharem ruidosamente as custas de Ronald.


-I-isso não teve graça oras!!!


Esbraveja o ruivo estreitando os olhos e cruzando os braços sobre o peito fervorosamente até receber um beijinho casto de Luna que sorridente anuncia:


-Vamos nos casar assim que esta guerra acabar e libertarmos meu pai, logo teremos quantos herdeiros o senhor desejar!


A objetividade e inocência na voz de Luna deixara o Sr. Weasley sem palavras enquanto Ronald ganhava tons agressivos de vermelho por toda extensão da sua pele. Tentando desesperadamente mudar de assunto, o ruivo pigarreia alto e desviando o olhar para a janela finalmente toma coragem para abordar o tema de seus anseios.


-Estou preocupado com Ginevra papai, ela já esta em idade de casar!


Anuncia Ronald seriamente recebendo um olhar reprovador de Luna.


-Vossa irmã já encontra-se casada!


Diz a corvinal servindo mais chá ao Sr. Weasley ignorando o rosnado de protesto do noivo.


-Isso não está certo, precisamos de um homem dos nossos!!!


Esbraveja o general, mas dessa vez é seu pai que o faz calar-se.


-Ginevra não é a mesma criança que viu há quatro anos Ronald!!! Ela sabe muito bem reconhecer o caráter de um homem e se aceitou casar-se com um sonserino tem a minha bênçao para isso!!! Ela enxergou o amor no coração de um homem, não em sua origem!!!


Repreende o patriarca severamente.


-Não ensinei meus filhos a agirem com preconceitos!!!


Conclui encarando Ronald que tinha uma expressão amarga em seu rosto.


-Ela lhe contou que este homem se chamava Draco Malfoy? E que só o fez para barganhar a vossa liberdade pai?


Responde asperamente o general deixando Luna perplexa e o Sr Weasley em choque absoluto. O pobre senhor soltara a xícara de suas mãos e permaneceu estático até ouvir o barulho da porcelana se estilhaçar ao chão... o silencio fúnebre reinou em todo quarto.


.......................DG..........................


O príncipe Draco esperou pacientemente, escondido entre as grossas cortinas de linho que adornavam todo o corredor principal até a ala exterior à grande biblioteca real. Ouvira atentamente como Blaise convencera Narcisa ausentar-se daquela ala para ir ao encontro do príncipe sonserino.


O ex-general não enganara apenas a rainha, mas alertara toda a guarda real que o príncipe finalmente fora encontrado, ainda no palácio... e o que mais chocou a soberana sonserina... nas masmorras junto aos prisioneiros de Lúcius.


O choque fora absoluto, em segundos a biblioteca Malfoy encontrava-se vazia e até os guardas que vigiavam as proximidades já não seriam obstáculos para Draco intervir com seu plano. A passos silenciosos, o loiro atravessou o corredor deserto, e sorrateiramente alcança o local onde assinou com sangue o voto de destruição.


Um olhar incrédulo se formou nas feições do sonserino, aquele cenário de escombros era o que restara de um dos lugares mais valiosos do castelo? Seus olhos não acreditaram no que viam.


Rastros de sangue, o efeito da magia das trevas emanando numa aura poderosa, sentia os pulmões bradando pela necessidade de ar, aquele lugar estava contaminado demais para que suportasse permanecer ali por muito tempo.


Apertou mais forte o punho da sua espada, a ira tomando conta de seus pensamentos, toda aquela magia poderia tê-lo levado à morte e seu pai se quer pestanejou em obrigá-lo a fazer parte disso.


Trincou os dentes com força, não permitiria jamais que algo tão abominável voltasse a acontecer dentro do seu palácio... ele colocaria um ponto final nas loucuras do rei, estava ali por um único motivo, enfrentar Lúcius e tomar a coroa sonserina para si, somente desta forma seria dono do seu próprio destino.


-Reserare finitto!


Com o simples encanto a passagem sob o grande bureau de mogno mais uma vez encontrava-se aberta.


-Dessa vez... nosso encontro será definitivo pai!


Promete o príncipe a si mesmo antes de seguir sozinho para o tão temido esconderijo do bruxo das trevas. Usando todas as magias que conhecia para desbloquear o caminho da descida em escadarias circulares que fora bloqueada no ataque a Nagini.


Se dependesse do herdeiro sonserino, aquela passagem seria completamente destruída depois que conseguisse sua coroa. Nenhum bruxo das trevas colocaria seus pés naquele palácio, e menos ainda um grifinório seguiria ao encontro dos seguidores dele através desta passagem.


Desceu as escadarias sem hesitar, a vontade de encontrar seu pai o movia como um motor de guerra. Reforçava em sua mente lembranças de toda uma vida em que foi educado para ser como Lúcius. Cada esforço, cada escolha, cada mínima coisa feita por ele unicamente para orgulhar o pai. O temido e cruel rei do condado Sonserina.


Lembrou com amargor a face tomada por repugnância de seu pai ao vê-lo depois da maldição. A forma dura e ácida como referiu-se ao próprio filho naquele momento de desespero. A ambição dele superando a compaixão pelo único herdeiro... a cada memória, mais ódio cegava os olhos e coração do príncipe sonserino.


Não demorou muito e logo estava frente às rochas que bloqueavam a entrada para o salão subterrâneo onde enfrentara Nagini. Levantou sua espada e apontou diretamente para a passagem.


-Bombarda!


Uma explosão impressionante abalou as paredes de rocha e os degraus sobre seus pés com a força de um poderoso terremoto. As rochas foram jogadas longe forçando uma entrada para que Draco pudesse seguir em frente ao encontro do seu pai.


.......................DG.............................


Zabini seguia com um sorriso malicioso brincando em seu rosto sombrio. Cada passo seu ecoava pelos imensos corredores do castelo. Breves murmúrios podiam ser ouvidos entre as paredes de mármore, cada movimento era assistido pelos inúmeros retratos dos antigos ancestrais da linhagem Malfoy.


O sonserino cansava-se de estar constantemente cercado por tanto ouro e peças de bronze fundido em contrate com o verde sonserino. Até mesmo os archotes e candelabros possuíam formas de serpentes ostentando olhos de jade. Cada detalhe daquele império custava uma verdadeira fortuna, e fora tudo construído com a escravidão de homens inocentes como seu pai.


A comoção da rainha Narcisa pelo desejo de encontrar seu filho a transformara num alvo fácil para o ex-general. Ele a guiava para os calabouços e uma pequena comitiva de criados a seguia silenciosamente a passos rápidos.


-Ele encontra-se muito debilitado! Por isso demoramos tanto à identificá-lo majestade!


Expressa Blaise com um falso e dramático pesar. A expressão no rosto da rainha tornou-se mais aflita ainda, com uma mão fechada fortemente sobre o peito e os olhos banhados em lágrimas ela ofegou e segurou com força a varinha na outra mão. Estava branca como papel e os lábios tremiam levemente.


Era como uma presa encurralada pelo predador, Zabini tinha o controle agora, ele sabia que a partir deste momento daria as cartas para esse jogo.


-Não creio que seja apropriado para a rainha ver o príncipe nesse estado. Recomendo que apenas alguns criados entrem na cela da morte!


Diz seriamente o ex-general com um brilho maligno no olhar. Narcisa tinha os olhos amplos em choque absoluto. Como em nome dos céus, deixaram seu único filho trancafiado na cela dos moribundos?  Cela da morte era um poço frio e úmido, sem janelas, um lugar fétido onde deixavam os prisioneiros doentes e feridos para morrerem.


-Oh não!


Desespera-se Narcisa sentindo suas forças esvaírem-se do corpo. As suas duas criadas grifinórias a seguraram e acomodaram a rainha em um dos divãs da ante-sala real. Estavam próximos à ala oeste onde dava a saída para os terrenos inferiores e estábulos.


-É melhor ficar e esperar que os criados o tragam ao vosso encontro!


Aconselha Zabini com uma breve reverência, preparando-se para sair quando ouve uma voz estridente ecoar nas proximidades da ante-sala. Levantou uma sobrancelha com a ironia do destino. Logo atrás do pequeno grupo de criados que seguiam a rainha Narcisa, encontrava-se a nova duquesa Greengrass, Astoria.


-Ouvi que encontraram o príncipe!


Diz ofegante a jovem corvinal, mal contendo o sorriso triunfante e os olhos brilhando em expectativa. Segurava a saia do vestido suntuoso com força e tinha o rosto levemente corado pela corrida, somente a idéia de ter o herdeiro sonserino ao seu alcance sem a presença incômoda da escória grifinória que se dizia sua esposa a deixara nos céus.


 -Ouvistes demais!


Responde Zabini entre dentes. Mas a corvinal ignora o ex-general seguindo diretamente para a rainha Narcisa.


-Diga-me... é verdade que ele está aqui no castelo?


A morena arfava enquanto segurava ansiosamente as mãos de Narcisa. A rainha lança para a jovem duquesa um olhar plácido, vazio antes de responder fracamente.


-Ele foi encontrado no calabouço! Temo que a ira de Lúcius o tenha obrigado a castigar nosso filho de forma cruel!


Os olhos de Astoria ampliam-se em pânico. O que teriam feito ao herdeiro sonserino? Ao seu futuro marido? Levou uma das mãos sobre os lábios prendendo um gemido de angústia. Olhou em volta alarmada, desejando desesperadamente que alguém lhe explicasse o que estava acontecendo!


Fora dormir com a certeza que o voto de destruição havia falhado e que seu tio, o rei Snape, bem como o rei Lúcius da sonserina desapareceram. Havia muito sangue na biblioteca Malfoy assim como uma camada perigosa de magia das trevas emanando em cada centímetro daquele lugar.


Tal acontecimento fora somado à notícia de que trouxeram o corpo do cavaleiro Nott e que em breve esperavam encontrar Daphine, também morta. No entanto, o que mais a assustava, era desconhecer o paradeiro de Draco Malfoy, não conseguira nenhum sinal de onde poderia estar o príncipe.


-Onde ele está? Ordeno que levem-me até ele!


Vociferava a corvinal levantando-se bruscamente e apontando a varinha para as costas de Zabini.


-Não me ouvistes? Ordeno que leve-me até o príncipe!


Exige a Greengrass furiosamente.


-Tire essa varinha das minhas costas!


Sibilava Zabini num tom de voz mortal, ele virou apenas o rosto sobre o ombro para poder encarar a duquesa com o canto dos olhos. Colocaria um ponto final na petulância daquela mulher.


...........................DG..............................


O som de lâminas em choque ecoou entre as arvores daquela floresta sombria. A luz que escapava das densas copas das árvores refletiam perigosamente nas duas espadas em confronto. A expressão de horror no rosto de Goyle não se aproximava do semblante incrédulo de um certo espião grifinório.


Tudo pareceu transcorrer em câmera lenta. Neville não conseguia se quer respirar, viu a espada do inimigo descer em sua direção antes que tivesse chance de bloquear sua chegada com um feitiço de escudo, viu sua vida passar por diante de seus olhos, acreditou que este seria mesmo o seu destino final. Morreria sem dar a Ginny a chance de reencontrar seu irmão, a estaria deixando nas mãos dos capangas de Bellatrix.


Porém, a culpa que o assolava, teve fim quando Ginny havia se colocado a sua frente sustentando corajosamente o peso e a força da lâmina da espada de Goyle enquanto dava a Neville a chance de contra atacar. O grifinório ficara congelado diante daquela imagem.


Ginevra não pensara duas vezes antes de se colocar entre Goyle e Neville com a espada em mãos. Tinha um semblante determinado, um brilho fugaz, cheio de vida em seus olhos claros, estava dando tudo de si, e nada nem ninguém iria impedir que chegasse até Ronald e lutasse pela liberdade de Draco.


-Maldita sejas!


Esbravejou o grandalhão, puxando a espada para trás e desferindo novos golpes jogando todo o peso do seu corpo a cada novo ataque, levando Ginny a recuar, usando a espada numa posição defensiva.


-Crucius!


Goyle atacava Neville antes mesmo que tivesse a chance de ajudar a ruivinha. O grifinório começou a gritar e contorcer-se no chão desesperadamente chamando a atenção da Ginny que sentiu o seu corpo inteiro estremecer a cada grito do espião.


-Pare com isso!!!!


Gritou angustiada a ruiva desferindo seu primeiro golpe ofensivo sobre o sonserino que tendo a atenção desviada para a grifinória, suspendeu seu feitiço sobre Neville.


-Serás a próxima!


Ameaça Goyle com um sorriso cruel e num golpe rápido a lâmina de sua espada passa de raspão pelo rosto da ruivinha.


Assustada, Ginny joga o corpo para trás ganhando distância, mesmo assim o sonserino continuava a atacar passando a espada de raspão pelos braços da grifinória, sem criar cortes profundos, mas dolorosos o bastantes para que ela desejasse fervorosamente não ter que sustentar uma espada novamente.


-Confundus!


Ataca Neville deixando o grandalhão atordoado, aproveitando a chance, Ginny empurra sua espada longe e consegue partir ao meio a varinha do capanga de Bellatrix Lestrange.


-Expulso!


Gritou Neville derrubando Goyle de uma única vez.


-Diffindo!


Continuou o grifinório avançando sobre o sonserino e partindo a espada em vários pedacinhos diferentes.


-Estás bem?


Pergunta a ruivinha com o rostinho completamente rubro e suas mãos trêmulas pelo esforço da luta. Neville volta-se diretamente para Ginny encontrando um filete de sangue correndo pela bochecha da jovem. Seus olhos ficam vidrados na figura frágil da princesa, a pele branca e suave contrastando com o vermelho intenso do sangue.


Quase que hipnotizado o grifinório leva uma mão ao rosto de Ginny limpando delicadamente o rastro de sangue face da ruivinha. Instintivamente a irmã de Rony se afasta, sentindo o ferimento arder e percebendo estar machucada ao notar a mão de Neville suja de sangue.


-Precisamos curar esses ferimentos!


Diz Neville sentindo o coração acelerar, somente a proximidade de Ginny tinha esse efeito sobre ele. A conhecera em tão pouco tempo e mesmo assim encontrava-se completamente deslumbrado pela grifinória.


-Não podemos perder tempo! Cuidaremos dos ferimentos quando encontrarmos Ronald!


Diz com determinação a ruivinha, tirando do bolso do vestido um lenço e enxugando o rosto ferido rapidamente.


-Vem comigo!


Diz o espião olhando em volta e segurando com força a mão de Ginny, antes que ela tivesse a chance de questioná-lo, ouve passos na direção deles. Eram passos rápidos, leves e bastante assustadores sobre os montes de folhas secas caídas sobre o chão. Alerta, Neville arrasta a ruivinha consigo pelo interior da floresta proibida, mas não conseguiram evitar que o estranho os alcançasse.


Um barulho estranho como uma bolha estourando em pleno ar e um pequeno elfo com capa e capuz surge diante dos seus olhos.


-Dobby demorar para encontrar a moça de coração puro!


Sorria o elfo olhando diretamente para Ginny. A ruivinha ofegou, há muito tempo não via o elfo que salvou do cavaleiro sonserino, e uma mistura de medo e alegria a invadiu quando ela se abaixou para abraçar o pequenino elfo.


-Foi você que atacou o outro comparsa de Bellatrix não foi?


Pergunta a princesa ignorando a expressão de choque no rosto de Neville Longbottom.


-Dobby saber que missão da moça de bom coração ser muito difícil, mas não se enganar, moça tem coragem e conseguiu quebrar maldição! Agora Dobby ajudar moça a fugir da floresta proibida!


Explica Dobby deixando Ginny emocionada.


-Dobby? És o elfo que Hermione ajudou a fugir do palácio não és?


Questiona Neville ainda em choque.


-Lady Potter ser gentil com Dobby! Por isso Dobby retribuir favor levando os elfos para o vencer o mal no castelo Malfoy!


Responde o pequeno elfo seriamente para o Longbottom. A ruiva sente um arrepio percorrer seu corpo no momento que o pequeno elfo falou o sobrenome de Draco, temia pela vida do seu príncipe sonserino.


-Entendo... será que poderias nos levar até a casa dos Lovegood? Fica no vilarejo real! Temos que encontrar o general Weasley!


Pede o grifinório se colocando ao lado de Ginny e encarando o elfo.


-Por favor, Dobby, é muito importante chegarmos lá!


Insiste a ruivinha segurando as mãos de Dobby que lhe sorri tranqüilizador.


-Seguram firmes as mãos de Dobby!


Ambos grifinórios obedeceram e pela primeira vez, aparataram com um elfo na casa de Luna Lovegood. Assim que colocaram seus pés no tapete da sala, gritos furiosos eram ouvidos no andar superior.


Ginny ofegou e apertou mais forte a mão pequena de Dobby. Era a voz de seu pai, Arthur Weasley. Desesperada, a ruiva, não esperou por Neville e subiu as escadas com a varinha em punho, pronta para atacar quem fosse preciso para proteger seu pai.


Mas a cena que a princesa encontrou a fez perder toda a cor, suas mãos ficaram úmidas e geladas e sentiu as pernas fraquejarem. Luna se encontrava entre pai e filho, separando a discussão acalorada de ambos. Arthur parecia acusar Ronald de algo e Rony protestava acusando nada mais nada menos que Draco Malfoy.


Os olhos azuis celestes de Luna prenderam-se na imagem da ruiva grifinória segurando firmemente a maçaneta dourada da porta do quarto. Em segundos, Ronald e Arthur silenciaram suas acusações e fitaram a ruivinha, ambos arfando pesadamente, com as mentes fervilhando em caos, olhando para Ginny como se tentassem ler através de seus olhos a verdade, ambos estáticos.


-Ginny minha filha... diga que não é verdade! Diga-me que não casastes com Draco Malfoy!


Pede o senhor Weasley numa súplica angustiada, seus olhos marejados e a mão sobre o coração cansado doente. Do outro lado Ronald encarava sua irmã severamente, olhos estreitos, rosto vermelho e mãos fechadas em punhos.


..........................DG.............................



Mais um capítulo online XD depois de meses não é???


Maaaaaaaas, como prometi não abandonei a fic!!! E espero não atrasar tanto os próximos capítulos, afinal estamos na reta final do nosso conto de fadas... ou melhor... contos de bruxos ^^


Beijinhuxxxx mágicoooooos!!!!


Até semana que vem!!!


=***

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Comentários (1)

  • alylyzinha

    Olá!!! fiz questão de ler todos os capitulos para só então comentar.. Amei a fic é perfeita.. to perdidamente apaixonada pelo Draco e a Gina, e olha que eles nem são meu casal favorito, sou eternamente Harry/Mione... Mas ta tudo tão perfeito.. a Ginny é perfeita, forte e determinada.. e o que falar desse principe Draco.. tudo de bom... mudou por amor.. achei lindo a declaraçãod ele para a Gina que a fez desistir da ideia de sair da vida dele e ainda o livrou da maldição... Estou ansiosa pelos proximos capitulos... será que o pai da Gina vai deixa-la explicar sbre o casamento com o Draco??? ou melhor será que vai aceitar esse casamento??? espero que sim... Será que o Draco vai se deixar ser ajudado pelo Harry, Mione e companhia??? mate  as minhas curiosidades e não demore atualizar!!! virei super fã da sua fic!!! Parabéns e até o proximo capitulo!!! 

    2012-09-04
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