Canino e Resultados
O calor batia certeiro em meu rosto. Revirei na cama, inquieta, pra desviar do sol. Ainda deveria estar muito cedo. Eu odiava quando acordava antes da hora certa, em pleno domingo. Com certeza algo me acordou, não sei se fora o sol, ou se fora o sonho que tive. Tentei me lembrar ao mesmo tempo em que tentava voltar ao sono. Eu não lembrava exatamente como era ele, minha memória só me trazia borrões, figuras e fatos sem sentido.
Decidi desistir. Com certeza agora que acordara não voltaria a dormir. Ouvi um murmurinho. Pelo jeito eu não era a única a estar acordada.
- Que milagre, Lílian acordou mais cedo hoje. – Alice riu, acompanhada de mais risos invisíveis.
Levantei a cabeça lentamente, meio sonâmbula, e as outras quatro garotas me encaravam sorrindo.
- Bom dia. – Maria disse. Todas ainda estavam deitadas em suas respectivas camas, apesar de parecerem estarem acordada a um bom tempo.
- Bom dia. – respondi com a voz rouca. – Pra que toda essa recepção?
- Na verdade, só estávamos conversando. – Joanne falou com a voz divertida. – Você deveria acordar cedo mais vezes pra participar das nossas fofocas diárias.
- Fofocas diárias? – indaguei com tom de deboche.
- É. – Laura entrou na conversa. – Falar sobre os nossos namorados e tudo o mais.
- "Nossos" vírgula. – Joanne replicou meio ofendida. – Sou a única solteira neste cômodo.
- E o Almofadinhas? – perguntei.
- Quem, o Sirius? – ela bufou baixinho. – Ele é um cara legal, mas é só amizade mesmo.
- Mas vocês pareciam tão... próximos. – refleti de testa franzida. Laura respondeu em seu lugar.
- Pelo que percebi, o Sirius é um cara meio perturbado. Fala coisas sem sentido e tem uma família relativamente estranha.
- Sirius é meu amigo, e ele não tem nada de perturbado. – defendi; Laura pareceu não ligar. – Ele só vê o mundo de um jeito diferente.
- Traduzindo, um perturbado. – ela instigou, me fazendo olhar pro teto. – E aquele irmão Comensal dele? Me dá arrepios.
- Pra falar a verdade faz tempo que os jornais não falam nada sobre ele. – Maria comentou e ninguém tentou contrariar, já que Maria lia o Profeta Diário todas as manhãs.
- Bom, mas nada muda o fato de eles serem irmãos. – Laura replicou dando de ombros.
Maria visivelmente estava chateada.
- Laura, e como vão as coisas com Peter? – ela perguntou desafiadora.
Laura não respondeu de imediato; continuava a fingir que olhava alguma coisa interessante pela janela escancarada. Quando não dava mais para hesitar, enfim, ela suspirou:
- Horríveis. – disse com a voz totalmente diferente de seu tom replicante de antes.
- Por quê? – perguntei.
Ela demorou a responder novamente, fingindo ignorar a pergunta. Alice pigarreou.
Laura suspirou de novo e falou tudo rapidamente que demorou um bom tempo para eu captar sua resposta:
- Eu achava que Peter queria alguma coisa comigo, mas não. Eu não entendo qual é a dele sabe. Ele está tão entusiasmado com essa viagem dele para Rússia e estudar Runas... E ele só fala disso sabe, como se esquecendo que eu estava ali, como eu poderia viajar com ele também. Eu queria muito que ele me convidasse. Bom, na verdade nunca entendi muito de Runas, mas sei o suficiente para... Mesmo assim, eu esperava que ele fosse me convidar, porque eu dei todas as pistas que eu aceitaria, mas ele não nota. Ele deve achar que eu sou apenas um amor passageiro de escola, e depois descarta e joga fora como um lixo e vai viver suas aventuras na Rússia e arranjar alguma russa para lhe fazer companhia. – ela parou um pouco para respirar fundo. Fechou os olhos e tornou a falar: - Eu queria que ele percebesse que estou ao lado dele.
Um momentâneo minuto de silêncio depois, Laura nos encarou, esperando algum comentário. Maria foi a primeira a falar:
- Na verdade, a gente tá tentando entender o que você disse. – ela disse, como se lesse meus pensamentos. – O que consegui clarear nos poucos cinquenta segundos que você disse tudo isso foi que você não quer se separar de Peter quando ele viajar para Rússia, apesar de você estar disposta a ir com ele. Isso?
Laura apenas assentiu, abraçada a um travesseiro. Alice comia despreocupadamente um sapo de chocolate, enquanto Joanne parecia prestes a rir. Eu tentei consola-la.
- Então porque você não é direta com ele? – perguntei. – Às vezes ele tem medo de te convidar e você negar o pedido.
- Impossível. – Laura riu desdenhosa. – Você não viu as milhares de indiretas que já joguei pra cima dele? Qualquer um já percebeu isso.
- Nunca se sabe. – completei. – Os homens são meio complicados algumas vezes. Não conseguem enxergar alguma coisa que está debaixo de seu nariz.
- Falou Lílian, a garota que sabe tudo sobre garotos! – Joanne disse, rindo.
- Só estou dizendo o que eu acho.
Laura voltara a contemplar o horizonte para fora da janela. Pela janela eu podia ver o sol vindo a pino, clareando o verão próximo, as estimativas das férias cada vez mais se aproximando...
Ninguém mais disse nada por algum tempo, cada uma com seus próprios pensamentos. Alice já estava no terceiro sapo de chocolate, quando Joanne perguntou:
- E você e Tiago, Lílian? Como está?
- Melhor do que nunca. – sorri, satisfeita.
- Em... tudo? – os olhos de Joanne faiscaram de malicia. Corei levemente.
- Por que não é mais clara em suas perguntas, Jô? – falei disfarçando a voz momentaneamente desconcertada.
Joanne suspirou, e com um sorriso e perguntou:
- Você e Tiago já transaram?
Maria, Alice e até mesmo Laura, que voltara sua atenção para dentro do dormitório, riram.
- Não. – respondi, corada.
- Imaginei isso mesmo. – Joanne jogou os braços pra trás da cabeça, uma imitação perfeita de Sirius.
- Por quê?
- Vocês são muito...
- Muito?
- Perfeitos juntos. Acho que não deveria ter acontecido nada mesmo antes do tempo.
- Por isso insisto que eles vão acabar se casando. – Alice gargalhou.
- Eu já disse que...
-... não pensa em se casar, eu sei. – ela completou revirando os olhos. – Acontece que isso sempre esteve na cara.
Deixei de responder de propósito. Laura parecia ter se animado com a conversa.
- Bem, não podemos dizer isso do casal Maria e Dougie, não é?
- Devo acrescentar que tudo foi culpa da Lílian. – Maria respondeu, rindo junto a mim e as outras.
- Comigo e Peter também. – Laura acrescentou.
- Não me perguntem. – Joanne se apressou a dizer, olhando pra outro lado.
- Eu e Lílian talvez sejamos as únicas a ter namorados e não ter partido para "os finalmente". – Alice comentou.
- Bom, suponho que não precisa ter pressa. – eu respondi, sentindo aquele afeto de igualdade por Alice.
- E quando você pretende? – a Laura antiga voltara. Corei novamente.
- Não sei.
- Então que seja depois do casamento. – Alice disse com os olhos brilhando.
- Alice, nós já percebemos sua fissuração por casamentos. – Maria disse com a boca cheia. Pelo visto surrupiara um sapo de chocolate de Alice. – E aí vem a pergunta. Você vai se casar com o nosso querido amigo Franco?
- Se ele me pedir, estarei de braços abertos pra aceitar seu pedido. – ela disse sem hesitar, nem corar; então se virou pra mim. – Deveria seguir meu exemplo, Lilian.
- É preferível que não. – comentei, não resistindo a um sapo de chocolate também.
Na hora seguinte já estávamos tomando café no Salão Principal movimentado e animado. O céu encantado refletia o exterior; claro e aberto, dando aquela sensação opressora de que ainda tínhamos horas do dia pra ser aproveitado.
- O que pretende fazer hoje? – Tiago me perguntou, enquanto enchia seu prato de doce de abóbora.
- Hmmm. – falei, pensando teatralmente. – Tudo menos ir a Hogsmeade por uma passagem secreta, entrar no Salgueiro Lutador ou ir até a Floresta Proibida.
Ele franziu a testa.
- Bom, nenhuma dessas estava na minha lista. – ele disse. – Na verdade, minha lista está vazia hoje.
- Podemos visitar Hagrid. – sugeri. – Faz tanto tempo que não vejo ele...
- Boa idéia. – ele concordou animado.
Maria e Dougie decidiram tomar sol nos jardins. Aluado, Rabicho e Almofadinhas decidiram travar um duelo de Snap Explosivo, então descemos apenas eu e Tiago para os jardins da propriedade do castelo. O sol estava de rachar o crânio, as árvores da Floresta Proibida se balançavam lentamente, deixando a claridade que dela emanava perpassar as sombras dos galhos e troncos grossos. A cabana de Hagrid, como é óbvio, estava com a chaminé apagada, mas nada justificava se ele podia estar por lá ou não.
Tiago deu uma leve batida na porta de madeira. Ouvimos um latido fino e abafado. Tiago e eu nos entreolhamos, suspeitando do que Hagrid estaria cuidando dentro da cabana. Já sabíamos de longa data que Hagrid era fascinado por bichos que para ele eram dóceis e frágeis, mas poderia arrancar a mão de alguém com apenas uma mordida.
Pouco depois a barba bagunçada do gigante apareceu à porta. Ele exibiu um grande sorriso de pés-de-galinha ao nos ver.
- Tiago! Lílian! – ele exclamou satisfeito. – Que bom ver vocês aqui! Entrem!
Meio trêmula, segui Tiago para dentro da casa de um quarto só. Vi de relance Tiago segurar o punho da varinha por entre as vestes.
- Caramba, fazia tempo que vocês não apareciam aqui! – Hagrid disse. – E é bom vê-los juntos de novo. Vou preparar um chá.
- Hagrid, que barulho é esse? – Tiago perguntou quando desta vez ao invés de um latido, um gemido parecido com um choro de um filhote veio de certo canto da cabana.
- Ah, sim! – ele sorriu por baixo da barba. – Meu novo bichinho de estimação.
Espero que ele tenha usado essa palavra de maneira correta, pensei.
Hagrid se curvou para um ponto da casa, deixando a água ferver no fogo enquanto ele se agachava e pegava alguma coisa depositada no chão.
Olhei apreensiva pra Tiago, que logo se pôs ao meu lado.
Quando, porém, Hagrid mostrou a criatura, dei um suspiro.
- Ele é filhote ainda, sabe. Ganhei de um estrangeiro enquanto caminhava pelo Beco Diagonal.
Hagrid mostrava, porém, um minúsculo cachorro. Ele era preto e seus olhos de besouro, que lembrava levemente dos de Hagrid, nos fitava curiosos. Não media nem trinta centímetros de altura e por pouco não cabia na enorme mão do dono. Hagrid colocou-o calmamente em cima da mesa. Ele rapidamente ficou em pé e começou a andar sobre a tampa de madeira, derrubando bacias encontradas ali.
- Não é lindo? – Hagrid perguntou, enquanto eu e Tiago nos abaixávamos rapidamente pra evitar xícaras de se espatifarem no chão. O cachorro dava poucos latidos, agora pra minha surpresa, por ser tão pequeno.
- Ele é um cão de caçar javalis, como o próprio vendedor o descrevera. – Hagrid disse, acariciando a barriga do bichinho. – Vai ficar enorme.
- É tão bonito Hagrid! – falei colocando as xícaras num lugar mais seguro; dei uma volta na mesa e contemplei a cara peluda. – Que nome vai dar a ele?
- Ah, eu já pensei em um. – Hagrid falou com carinho. – Está vendo aqui? Na boca dele? Esses dois dentes caninos são bem maiores que os outros. – ele disse, levantando com cautela o lábio superior. – Então achei que Canino seria um nome apropriado.
- E que tamanho ele vai ficar? – perguntou Tiago, que dera a volta na mesa também.
- Ah, não sei o quanto. Mas que vai crescer vai.
- Pena que não estaremos aqui pra ver. – comentei.
- Eu posso visitar vocês e levar ele comigo. – Hagrid sugeriu. Passou pela minha cabeça a imagem de um cão gigantesco aparecendo no hall da minha casa. Túnia correria aterrorizada pro seu quarto, e meus pais ficariam em estado de choque, mas não deixando de lado seu interesse...
Passamos mais um tempo com Hagrid, brincando com Canino e tomando chá. Ele, sem dúvida, era um cachorro encantador e seria bom para Hagrid ter o cachorro como companhia.
Voltamos ao castelo por volta do almoço. O dia não se alterara enquanto continuávamos na cabana de Hagrid; o sol parecia ter esquentado ainda mais.
Maria e Dougie já estavam na mesa e ficaram curiosos quando souberam sobre Canino.
- Adoro cachorros! – Maria exclamou mordiscando uma omelete.
- Prefiro gatos. – Tiago comentou.
- Gosto dos dois – respondi -, mas já que não se pode trazer cachorros para o castelo...
No momento seguinte, Edgar chegou ofegante a mesa da Grifinória e se sentou ao nosso lado. Apanhou um copo de suco de abóbora e virou na boca.
- O que aconteceu? – Dougie perguntou enquanto o suco escorria por sua boca até o pescoço.
Edgar parou para respirar e então disse.
- Os resultados dos N.I.E.M.'s saem amanhã.
- O quê? – eu, Tiago, Maria e Dougie falamos ao mesmo tempo.
- Ouvi McGonagall falar com Flitwick enquanto eu passava no corredor do quinto andar. – ele explicou rapidamente. – Caramba, eu não sabia que já íamos receber!
- Eu também não! – falei apreensiva. – Eu nem sabia... eu não... nem disseram aos monitores!
- Mas eu tinha pensado que seria igual os N.O.M.'s. – Tiago disse, seguido por um aceno de confirmação de Dougie.
- Eu disse que os N.O.M.s' eram diferentes dos N.I.E.M.'s. – Maria disse.
- Eu suponho que seja para sabermos logo sobre as notas, e assim já nos prepararmos para seguir a carreira que escolhemos. – Edgar disse. – Quero dizer, não dependíamos dos N.O.M.'s pra nada naquele momento, não é?
- Concordo. – Maria disse descansando o garfo. – E eles estão mais que corretos de já darem o resultado.
- Eu também acho correto – falei -, mas não esperava que fosse assim tão subitamente.
Neste instante Aluado, Rabicho e Almofadinhas se aproximavam, rindo aparentemente da partida que acabaram de fazer.
- Ih, que cara de enterro são essas? – Sirius disse despreocupadamente sentando-se ao meu lado. – Alguém morreu? Você-Sabe-Quem foi visto de novo?
- Os resultados dos N.I.E.M.'s serão entregues amanhã. – Maria contou numa voz tão despreocupada quanto a dele.
- O quê? – Rabicho e Aluado exclamaram.
- Nem nos avisaram! – Aluado reclamou.
- Moleza. – Sirius falou com a boca cheia de comida.
Rabicho manteve-se calado.
O resto do dia só se falava nisso; a noticia logo se espalhara. O dia ensolarado e amigável pareceu se anuviar, tornando-se desagradável e deprimido novamente, como se os exames tivessem voltado.
O dia amanheceu, as aulas passaram e nada de resultados.
- Tem certeza que ouviu direito, Ed? – Joanne perguntou enquanto saíamos da última aula do dia, Defesa Contra as Artes das Trevas.
- Ouvi McGonagall falar com Flitwick, tenho certeza. – ele confirmou.
Porém, as suspeitas se confirmaram no jantar. Cada diretor de sua casa saiu distribuindo os envelopes ao longo da mesa. Peguei meu envelope com as mãos trêmulas quando McGonagall o estendeu pra mim.
Abri o papel e li:
Resultado nos Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia
Notas de aprovação:
Ótimo (O)
Excede Expectativas (E)
Aceitável (A)
Notas de reprovação:
Péssimo (P)
Deplorável (D)
Trasgo (T)
Resultados obtidos por Lílian Evans
Feitiços... O
Transfiguração... O
Defesa Contra as Artes das Trevas... O
Herbologia... E
História da Magia... P
Astronomia... E
Poções...O
Li e reli o pergaminho, surpresa. Eu conseguira cinco dos seis N.I.E.M.'s. Já era ótimo! Péssimo em História. Não me surpreendi muito com esse resultado, acho que já era de se esperar. Fiquei espantada que em Transfiguração, Feitiços e DCAT eu havia tirado "ótimo", graças à ajuda de Tiago e os outros. Poções em bem que tinha suposto que seria essa a nota. Astronomia foi razoável e Herbologia eu não esperava muito, e como dissera Peter, era praticamente impossível fazer algum teste com aquelas plantas de Beery.
- Lílian! Veja! Consegui quatro N.I.E.M.'s! – Maria exclamou feliz, me estendendo seu pergaminho.
- Que ótimo, Maria! – falei enquanto ela pegava meus resultados. Ela tinha tirado "ótimo" apenas em Transfiguração e Defesa Contra as Artes das Trevas. Tinha tirado "péssimo" em História da Magia e Adivinhação e nas outras duas matérias tinha tirado "excede expectativas".
- Quero dizer, considerei minhas notas boas. Achei que iria pior. – Maria comentou. – E quem diria que você chegaria a tirar um "péssimo", hein?
- História da Magia nunca foi minha melhor matéria. – dei de ombros, procurando por Tiago ao longo da mesa.
Senti alguém se aproximar por trás de mim com um abraço.
- "Ótimo" em Poções! – Tiago exclamou me beijando no rosto. – Obrigado, Lílian!
- Mas eu não fiz nada! – eu ri, enquanto ele se sentava do meu lado. – Vocês também me ajudaram, tirei "ótimo" em Feitiços, Transfiguração e Defesa...
Tiago me interrompeu me puxando para um beijo. Maria gargalhou.
- Tiago! Estamos no Salão Principal! – reclamei corada. Ele também ria e me mostrou suas notas.
Eram praticamente iguais às minhas, exceto por História da Magia, que ele tirou "deplorável".
- Almofadinhas tirou "trasgo" com Binns. – Tiago comentou. – O resto está igual ao meu. Rabicho ficou surpreso que conseguiu três N.I.E.M.'s, apesar de não ter conseguido nenhum "ótimo". Aluado tem as notas iguais as suas, mas conseguiu um "aceitável" em História da Magia... Nunca imaginei você tirando um "péssimo" em alguma matéria.
- História da Magia nunca foi minha melhor matéria. – repeti, bebericando o suco.
- E você Dougie? – Maria perguntou quando ele acabava a se juntar a nós; sua expressão estava totalmente aliviada.
- "Ótimo" em Feitiços e Transfiguração. Achei que iria bem em Defesa, mas um "excede expectativas" é melhor do que nada. Tirei "péssimo" em História da Magia e Herbologia. Me surpreendi com meu "aceitável" em Astronomia e Adivinhação.
- "Aceitável" em Adivinhação? – Maria exclamou espantada.
- Porque, está duvidando da minha capacidade? – Dougie perguntou com sarcasmo.
- Não, mas inventamos toda coisa que...
- Só estou brincando, amor.
Eles se beijaram, e eu suspirei aliviada, com o temor que ele viessem a brigar.
Tiago estava muito feliz até mais para o fim da noite.
- Agora posso me tornar um auror! – ele falava alegre, enquanto estávamos sozinhos a um canto da sala comunal lotada. – Eu esperava um "aceitável" e torcia por um "excede expectativas". Mas "ótimo"? É incrível!
- Estou muito feliz por você. – respondi, apesar de saber que meu sorriso desanimado qualquer momento me denunciaria.
- Você me ajudou muito, Lil. Obrigado. – ele repetiu, mas então seu olhar se de deteu em minha expressão pouco convincente. – O que aconteceu?
- Nada.
- Você não me engana. Anda, o que aconteceu?
Virei a cabeça pro outro lado da sala, fingindo ver outra coisa, mas ele virou-a pro seu lado novamente segurando pelo queixo.
- O que aconteceu? – repetiu.
- Você sabe, Tiago. – suspirei derrotada. – Tenho medo de você auror! Isso é muito perigoso pra você, você não entende?
- Já conversamos sobre isso. E você sabe que isso está mais do que decidido. E – ele continuou quando viu que eu iria protestar. -, não se preocupe. Eu sei me virar. Não é tão terrível assim como você pensa que é.
- Não é tão terrível? – perguntei incrédula. – Mas é claro que é terrível! Vários Comensais da Morte e o próprio Você-Sabe-Quem espalhados por aí e você diz que não é terrível?
- Eu não quero voltar nesse assunto. – ele disse com um suspiro.
Passou um tempo de um silêncio desconfortável. Por fim eu disse:
- Vou dormir. Boa noite.
- Vai ficar assim? – ele perguntou olhando pro teto.
- Estou normal, Tiago. – falei, me levantando. – Boa noite.
Ele ia responder, mas decidiu não discutir.
Voltei para o dormitório preocupada e levemente irritada. Nenhuma garota estava lá, o que foi bom. Eu precisava pensar. E muito.
E em meio a tantos pensamentos, acabei adormecendo.
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