A Ordem da Fênix
Os dias passaram mais rápidos do que eu gostaria. Junho foi se alongando velozmente. As aulas estavam mais monótonas que o normal, já que todos sabiam o resultado de seus N.I.E.M.'s, e portanto todos os professores continuavam a repassar a matéria.
- Eu não sabia que fim do sétimo ano seria tão chato. – Tiago reclamou na mesa do café de uma segunda-feira.
- Bom, Almofadinhas disse que ia fugir, não é mesmo? – perguntei a ele.
- Mudei de idéia. – ele deu de ombros. – Vou passar mais tempo com meus amigos nos nossos últimos dias de Hogwarts. Sem falar que quanto mais distância eu manter da minha casa, melhor.
E eu passava os restos dos dias pensando. Eu iria deixar Hogwarts. Era muito estranho isso; e eu sentiria falta, muita falta. Falta do castelo, falta dos professores e das aulas – até mesmo a do professor Binns. Sentiria falta da comida maravilhosa que surgia de repente em nossos pratos todas as manhãs, de passear nos jardins, de visitar Hagrid, de ir à biblioteca... eram tantas lembranças. Afinal, eu passara parte da vida nesta escola e seria diferente – e meio insano – acordar numa casa normal, numa vida normal e sem estudos.
E junto com isso vinha sempre a dúvida. O que vai ser da minha vida depois da escola? Voltaria a viver juntos aos trouxas fazendo coisas práticas de trouxas ou seguiria uma carreira no mundo bruxo? E Tiago? E aquela mania dele de sempre querer ser auror, uma profissão tão perigosa nos dias de hoje?
E que carreira eu seguiria?
Em certa manhã me confidenciei com Maria, que como costume, estava lendo Semanário das bruxas.
- Maria?
- Hum?
- Er... você já se decidiu que carreira vai seguir?
- Bem, ando pensando em tentar um cargo no Ministério da Magia. De preferência num departamento interessante. – ela respondeu sem tirar os olhos da revista. – Seria legal trabalhar no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, mas também não seria nada mal no Departamento de Execução das Leis da Magia. Quero dizer, minha nota em História da Magia não foi ruim, mas acho que não é o suficiente pra um cargo muito grande.
- Ah. – comentei simplesmente.
- Porque a pergunta?
- É normal, não é? Fazer essa pergunta no final do sétimo ano.
- Eu sei, só que já conversamos muito sobre isso. – ela disse de testa franzida. Então perguntou: – E você?
- Eu o quê?
- Já se decidiu em que carreira seguir?
- Bem, eu... – comecei, constrangida. – Eu estava pensando em ser curandeira.
- O quê? – Maria exclamou, me encarando. – Curandeira no St. Mungus?
- É. Eu sempre quis ser médica antes mesmo de vim pra Hogwarts, então achei que essa profissão seria similar. – expliquei com um suspiro, ao notar que ela me olhava com ar de incredulidade. - Eu tirei "ótimo" em todos os N.O.M.'s necessários pra me tornar uma.
- Mas, Lílian – ela começou se aprumando mais na cama – você tem muita... sabedoria pra ser apenas uma curandeira. Você deveria pensar mais alto.
- Pensar mais alto? – eu bufei. – Maria, eu não quero me tornar Ministra da Magia ou algo do tipo. Não quero ser uma auror e muito menos seguir alguma coisa no Ministério.
- Curandeira? – ela repetiu, fazendo seus cabelos negros caírem sobre o rosto ao balançar a cabeça. – É muito pouco pra você.
- Na verdade, acho muito interessante. – defendi.
- Pensei que você se tornaria uma auror junto a Tiago.
- Se eu estou justamente contra isso você acha que eu também vou entrar nessa carreira?
- Não sei. – ela respondeu, novamente abaixando os olhos pra revista. – Ele estava meio esperançoso que você aceitasse seguir a profissão junto dele, assim como Alice e o Franco.
- Não me interesso nisso. – falei, pensativa. – E desde quando Tiago quer que eu seja uma também?
- Ah, já faz tempo.
- Nunca percebi. – comentei e Maria não respondeu, sinal que a conversa havia acabado.
Continuei pensando nessa idéia pro resto do dia e no dia seguinte, pelo visto, Maria havia contado a conversa para Tiago, o que me deixou meio irritada.
Eu e ele caminhávamos pela beira do lago, onde o sol refletia ardente e o dia continuava claro. Os pássaros se matavam de cantar e a lula gigante brincava nas águas. Outros alunos estavam por perto também, uns sobre a sombra das árvores, outro corriam pelos jardins.
- Lílian, preciso te falar uma coisa. – ele começou.
- O quê?
- É que... bem, Maria me disse sobre o que você disse a ela.
- O quê? – repeti.
- Sobre ser uma curandeira. – Tiago disse; sua voz mesclava desapontamento.
- E daí? – falei irritada.
- Você quer realmente ser uma curandeira?
- E se quiser? – retruquei. – E por falar nisso, não é só a você que Maria conta as coisas. Também soube que você estava pensando em me chamar pra ser uma auror com você igual Franco e Alice.
- Contou é? – ele disse, e pra aumentar minha irritação ele não parecia surpreso.
- Contou. E pode desistir. Eu não vou ser uma auror. Você sabe que eu fico desesperada só de saber que você vai se tornar um. Mas já que a vida é sua e você faz o que quiser com ela eu não posso te impedir.
Ele não respondeu. Fingiu olhar pro lago. O sol batia em seus óculos, mas mesmo assim eu via o reflexo de desagrado nos seus olhos castanhos.
- Tiago, eu não quero brigar por causa disso de novo, ok? – falei suspirando. – Eu sei que você quer ser um auror e eu já decidi que vou respeitar isso. A escolha é sua e eu já fiz a minha. É tão difícil assim?
- Tudo bem, Lílian. – ele me fitou. – Só que no fundo eu sei que você não aceita isso.
- Não mesmo. E é bom que você saiba. Mas sinceramente eu vou respeitar sua decisão. E vou te ajudar no que for preciso, já que é isso que você quer.
Ele levantou a cabeça, sorrindo.
- Sério mesmo?
- É sério. – respondi pegando seu rosto com as mãos.
- Então fique sabendo que se quiser ser uma curandeira também vou aceitar.
Eu retribui o sorriso e ele me abraçou.
- Eu te amo, sabia? – ele disse.
- Sabia.
Ele riu e decidimos voltar para dentro do castelo para o almoço, pois estávamos morrendo de fome e de sede, depois de tanto andar debaixo do sol escaldante.
E assim os últimos dias se arrastaram, e a cada dia a despedida da escola se aproximava.
Foi muito estranho em uma sexta-feira a qual era a última sexta-feira do mês de junho. Era, também, o último dia que tinha aula e todos estavam ao mesmo tempo aliviados e pesarosos. A última aula era Poções, portanto Maria e Dougie não estavam presentes para fazer algum tipo de comentário sobre isso.
O sinal tocou e outra sensação estranha passou na minha mente: talvez fosse a última vez que eu o ouviria.
Ainda pensava nisso quando Slughorn se aproximou.
- Lílian! – ele disse. – Minha nossa, é sua última aula! Devo acrescentar que foi um grande prazer lhe dar aulas.
- O meu também, professor. – eu sorri, fazendo um sinal discreto para Tiago me esperar. – Não é a toa que minha matéria preferida é Poções.
Slughorn riu atrás da barba.
- Bem, isso é muito bom. Muito bom mesmo! E também quero te fazer um convite. A festa da Páscoa foi uma das melhores, portanto creio eu que mais uma festa não matará ninguém. – ele riu novamente. – Amanhã vai ter uma festa apenas para alunos do sétimo ano e está convidada. Pode levar Potter com você e outros amigos que quiser. MacDonald e o McKinnon e seus amigos também, Potter. – ele acrescentou pra Tiago, que ouvia a conversa de longe.
- Ah, sim... claro. – Tiago acenou com a cabeça.
- Espero você na minha sala, às dez. – ele piscou e se afastou.
- Será que teremos outra noite badalada? – Tiago riu enquanto voltávamos pelo corredor.
- Nada de dançar. – apressei a dizer fazendo-o rir.
- Você adorou dançar comigo aquele dia. Nada mais justo dançar mais um pouco.
- Eu estava meio bêbada. – comentei; ele bufou. – Maria e Dougie vão adorar o convite.
- Almofadinhas também, com certeza.
Aproveitamos o resto do dia nas propriedades do castelo e mais para o fim da noite as profissões voltaram a ser assunto.
- É verdade que deseja ser curandeira, Lílian? – Almofadinhas comentou com a boca cheia de frango assado.
- É verdade. E eu engoliria primeiro antes de falar, Sirius.
- Ser curandeiro é uma profissão legal. – Aluado comentou quando os outros pararam de rir. – Eles são realmente bem versados em magia.
Sorri grata para ele, enquanto Maria perguntava.
- E você Rabicho?
Ele tomou rapidamente um gole de suco para engolir mais rápido.
- Não sei.
- Está pensando em entrar no Ministério também? – Dougie perguntou.
- Ou quer ser auror? – eu disse.
- Ainda não sei. Mas até lá dá tempo de decidir. – ele respondeu voltando a atacar a comida.
- Alguém aí sabe que horas vai ser a formatura? – perguntou Maria.
- Acho que vai ser de tarde. – Aluado respondeu.
A formatura, pelo que me contaram é bem igual a dos bruxos. Com becas, capelos e diplomas. Seria realizado no domingo, um dia antes da partida para casa através do Expresso de Hogwarts.
O sábado amanheceu forte e alto no meio do céu. Eu, Tiago, Maria, Dougie, Aluado, Almofadinhas e Rabicho aproveitamos o dia pra fazer coisas absolutamente "Hogwarts": caminhamos pelos jardins, andamos a beira do lago, observamos e jogamos petiscos para a lula gigante, tomamos sombra debaixo duma bétula próxima, visitamos Hagrid (Canino havia crescido relativamente mais desde nossa última visita), jogamos xadrez bruxo, Snap Explosivo, nos deliciamos com algumas guloseimas que Tiago e Almofadinhas roubaram da cozinha e com muita impertinência de Tiago aceitei voar mais uma vez com ele. Não foi tão ruim quanto a última vez, ainda mais por ele estar voando menos alto e menos veloz.
E a noite chegou. Nos reunimos no Salão Comunal para seguirmos para a sala de Slughorn. Ficamos surpresos e satisfeitos quando descobrimos que Joanne, Edgar, Alice e Franco também foram convidados, e sendo assim, fomos todos juntos.
Maria estava bem elegante com seu vestido preto e um pouco curto, o que destacava seus olhos azuis claros. Ela também havia me emprestado um, já que não achei sensato ir com um mesmo vestido nas duas festas, além de não ter dado tempo de pedir mais um para minha mãe através do correio-coruja (eu havia pedido um outro para a formatura). O vestido era de um rosa claro, meio decotado pra mim, mas pelo menos era um pouco mais longo. Pela expressão de Tiago ele parecia ter gostado.
Rabicho, Aluado e Almofadinhas também estavam todos vestidos de preto. Rabicho parecia quase não caber em suas vestes e Aluado e Almofadinhas estavam bem charmosos; Aluado parecia bem mais jovem sem suas roupas amarrotadas. Joanne e Alice também estavam bonitas com vestidos vermelho e amarelo, respectivamente, assim como Edgar e Franco também.
A festa estava agitada. Tinha mais alunos que o normal, mas também não tinha sinal de nenhum visitante.
Uma hora depois Slughorn já estava largado em uma poltrona com excesso de hidromel; os demais alunos dançavam entusiasmados e Tiago literalmente me arrastou para dançar também. Almofadinhas havia puxado uma garota da Lufa-Lufa para dançar; Rabicho comia sem parar e Aluado havia sumido. Maria e Dougie também dançavam, assim como Alice e Franco. E, para minha grande surpresa, a um canto vi Edgar e Joanne juntos, aos beijos.
- Eu já esperava por isso. – Tiago comentou.
- Já? – indaguei o fitando. – Eu pensava que ela ficaria com o Sirius.
- Almofadinhas não é de ter algo sério. Edgar sempre mostrou afeição por ela desde que seus pais morreram.
E ao decorrer da festa mais pessoas se debruçavam na mesa, tontas, bêbadas, cansadas de dançar ou as três coisas ao mesmo tempo. Avistamos Aluado a um canto, segurando Rabicho pelo ombro, que pelo jeito comeu além da conta. Joanne e Edgar sumiram e Maria e Dougie também. Avistei Severo indo embora e pelo visto não havia se divertido.
Poucos ainda restavam na sala. Os que não dançavam estavam sentados ou comendo. Os que já haviam dançado e comido se dirigiam porta afora.
Já se passavam da meia-noite quando restavam menos que uma dúzia de pessoas na sala.
- É melhor irmos embora. – Tiago sugeriu enquanto dois alunos acordavam Slughorn que cochilava debruçado na mesa.
- Vamos. – concordei. – E não precisa me carregar, não fiquei com sono hoje.
Tiago fez um beicinho, fazendo-me rir.
Não havia sinal de nenhum dos outros no corredor. Imaginei se Maria e Dougie tinham dado uma fugida até a Sala Precisa.
- Ei. – Tiago parou de andar.
- O quê?
- Vem comigo.
- Pra onde? – perguntei desconfiada.
- Não é pra nenhuma passagem secreta. – ele apressou a responder.
- Onde então?
- Só me acompanhe. – ele sorriu.
Eu ia contrariar, mas era uma das últimas noites no castelo então não achei um problema maior. Caminhávamos pelos corredores desertos e apesar de Tiago estar sem a capa e sem o mapa eu continuava a olhar por sobre o ombro procurando algum sinal de Filch ou de Madame Nora.
Passado um tempo eu percebia pra onde Tiago estava me levando.
Ele abriu cautelosamente a porta da Torre Oeste, a de Astronomia e mais alta do castelo. A noite estava esplêndida, estrelada e com uma fraca brisa. O céu não tinha nenhuma nuvem: estava perfeito.
- Lindo. – murmurei.
É claro que eu já tinha ido várias vezes ali, mas era sempre para traçar mapas estrelares e observar o azul escuro através do telescópio.
- Não mais que você. – ele comentou.
Me debrucei sobre a sacada, assim como ele. O vento leve assoprava em nosso rosto, açoitando nossos cabelos.
- É estranho, não é? – falei depois de um tempo. – Nunca mais voltar.
- Como estudantes, tem que acrescentar.
- E você pretende ser professor? – perguntei com um leve sarcasmo.
- Não. Mas podemos dar qualquer desculpa. Visitar Hagrid, por exemplo.
- Acho que não vai ser a mesma coisa.
Tiago me abraçou por trás e falou bem baixo em meu ouvido:
- Quando sairmos daqui, quero saber de uma coisa.
- O que?
- Você... vai sempre estar comigo?
- Sempre. – respondi.
Ele pareceu hesitar, mas acabou não falando nada. Me perguntei o que ele estava prestes a falar e que mudou de idéia. Decidi não insistir, aproveitando a vista e o ar da noite.
- Sempre. – repeti.
- Onde é que a senhorita foi ontem? – perguntei mais tarde daquela noite, quando Maria, seguida por Joanne, adentraram no dormitório. Tive que falar um pouco mais baixo, pois Laura já dormia.
- Confidencial. – Maria respondeu com um largo sorriso, o que me fez entender imediatamente.
- Agora, senhorita Bolton – Alice se adiantou. – pode me explicar o que era aquilo com o Ed?
- Bom... – Joanne começou, corada – rolou.
- Eu adorei isso. – Maria comentou. – Vocês ficam bem juntos.
Joanne pareceu satisfeita e então Alice disse.
- E o Sirius?
- Eu já disse que ele é meu amigo. – Joanne revirou os olhos. – E agora com Ed... foi tudo diferente.
- Fico muito feliz por você, Jô. – falei.
- Obrigada. – ela sorriu.
- E você, onde esteve Alice? – Maria perguntou.
- Fui dar uma volta com Franco. – ela disse. – Tive sorte de encontrar Laura já dormindo, senão ela despejaria perguntas pra cima de mim.
- Você apenas adiou um pouco a conversa. Pois se acha que ela não vai fazer um interrogatório amanhã...
- Isso é verdade. – Alice suspirou. – E você, Lílian?
- Eu o quê?
- Porque demorou pra vir? – seus olhos brilharam de malícia. – Só tinha Laura no dormitório quando cheguei.
- Hummm. – Maria disse com mesma malícia. – Esta eu quero saber.
- Só fomos até a Torre de Astronomia olhar as estrelas... tomar um ar. – expliquei.
- Que romântico. – Joanne falou.
- Só? – Maria parecia desapontada.
Eu suspirei, mas então lembrei de alguma coisa que me incomodara.
- Ele veio com uma conversa estranha...
- Qual? – Alice perguntou agitada.
- Não é nada disso que vocês estão pensando. – cortei quando Alice e Maria trocaram risinhos. – Ele me falou sobre... eu estar junto dele. Sabe, ele ficou meio... indeciso, com alguma coisa.
Alice guinchou, seguida por um "Shhhhh!" de nós três, com medo de acordar Laura.
- O quê? – perguntei.
- Não é óbvio?
- O que é óbvio?
Alice bufou.
- Se você não sabe, não vai ser eu que vou contar.
- Contar o quê?
- Aaah! – Maria exclamou. – Acho que entendi também.
- O quê? – indaguei irritada. – Francamente, parem com isso!
E elas pararam. Laura tinha acabado de acordar e tivemos que repassar toda nossa noite para ela. Ela ficou realmente excitada com Joanne e Ed e eu continuei irritada, pensando no que Maria e Alice sabiam, e eu não.
Na manhã seguinte acordei novamente mais cedo. Eu queria aproveitar o máximo suficiente de tempo no meu último dia na escola.
Todas já haviam se levantado e também não estavam na sala comunal.
Desci até o Salão Principal, anormalmente barulhento. Os alunos do sétimo ano conversavam animados e agitados. Logo localizei todos juntos sentados.
- Bom dia. – falei em meio a um bocejo.
- Bom dia. – eles responderam.
Mas eu mal me sentara à mesa quando o correio chegou. Várias corujas adentraram o Salão. Pra minha surpresa uma coruja negra entregara uma carta na minha frente. Não me lembro de ter escrito nada pra minha mãe desde que eu pedira o vestido. Abri a carta, curiosa:
Prezada Lílian Evans,
Comparecer no escritório do diretor às dez horas da manhã de hoje.
O assunto da reunião será mostrado quando chegar ao local.
Não mostrar o bilhete a ninguém.
Atenciosamente, Minerva McGonagall.
PS.: Cabeça de Javali.
Reli a carta, absorta e confusa. Ir à sala de Dumbledore? O que havia acontecido? Olhei para os outros. Eles pareciam ter recebido as mesmas cartas.
- O que é isso? – Tiago perguntou intrigado, também percebendo que todos tinham recebido o mesmo papel.
- Ir ao escritório do diretor porquê? – Dougie perguntou.
- Vou adiantando que eu lancei aquele feitiço Incha-Língua naquele aluno da Sonserina porquê ele ficou me enchendo o saco com...
- Mas eu também recebi. – Maria interrompeu.
- Eu também. – Rabicho e Aluado disseram.
Eu já estava achando tudo aquilo muito confuso, quando Joanne se aproximou.
- Também foram chamados pelo Dumbledore, eh? – ela perguntou, curiosa. – Ed, Alice e Franco também. Achei estranho.
- O que será que aconteceu? – Aluado perguntou.
- Temos que descobrir, não é?
Tomei rapidamente meu café e nos dirigimos até a sala de Dumbledore.
- Dorcas, Emelina, também foram chamadas? – indaguei quando encontramos com elas no caminho da sala.
- Sim. Não sabia que vocês também. Alguém sabe o que anda acontecendo?
Balançamos a cabeça e chegamos à gárgula de pedra, dissemos a senha "Cabeça de Javali" e entramos pela escada circular.
Batemos na porta e entramos; eu, pela terceira vez.
Um pequeno grupo estava ali. Dumbledore, obviamente, junto com McGonagall e o Professor Martim. Tinha mais cinco alunos apenas; três da Corvinal e dois da Lufa-Lufa.
- Que bom que chegaram! – Dumbledore se levantou com um sorriso. – Devo admitir que vocês da Grifinória formam o maior número.
Troquei um olhar rápido e inseguro com Tiago, mas Dumbledore voltou a falar.
- Com certeza vocês estão se perguntamos o porquê de estarem aqui.
- Na verdade professor, estamos sim. – Almofadinhas disse para o riso geral.
- Bem, por onde começar? – Dumbledore disse. – Ah, sim. Acaso se lembram, o que eu tenho toda certeza, no começo de fevereiro, quando tivemos aquele desastroso Clube de Duelos?
Assentimos com a cabeça. Como iríamos esquecer da cena de Tiago sendo torturado?
- Apesar de ser desastroso, foi muito conveniente. – Dumbledore prosseguiu. Escutávamos com atenção. – Na verdade aquele Clube não foi montado apenas para preparar vocês para o que enfrentarão no futuro, porque, como é de se perceber, vocês já estavam mais do que preparados. Mas digo que com a ajuda do Professor Martim e do Professor Slughorn, que não está aqui presente porque fontes me disseram que está em sua sala cuidando de uma enxaqueca, pude observar melhor vocês.
"Seus talentos em batalhas foram bem avaliados. Ficamos satisfeitos e felizes com os resultados. Martim avaliou cada detalhe de seus confrontos, e vocês foram um dos poucos que conseguiram resultados interessantes."
"Creio eu que vocês são bons em batalhas e é por isso que foram chamados aqui."
Mais um minuto de silêncio se seguiu. O diretor conseguiu bagunçar ainda mais minha cabeça.
- Aonde quero chegar é o ponto principal. Mas até lá temos muita coisa importante a se tratar. Vocês sabem que fora deste castelo temos forças fortes e dispostas a causar o caos. Forças, criaturas e pessoas, todos liderados por um único bruxo. Lord Voldemort.
Maria e Joanne ofegaram. Um arrepio perpassou meu corpo ao ouvir o nome. Demorou um bocado de tempo pra todos voltarem sua concentração para Dumbledore novamente.
- Como eu ia dizendo, Lord Voldemort – elas ofegaram novamente – está liderando pessoas com força total e imbatível. Portanto precisamos nos unir. Unir para o que está por vir. Não podemos os enfrentar se não estivermos preparados. Precisamos lutar também.
"Vocês se saíram excepcionalmente bem em seus combates. E por isso peço a colaboração de vocês."
Ninguém respondeu, nem comentou. Dougie foi o primeiro a falar.
- Er... professor? Isso significa que é uma espécie de... exército anti-Você-Sabe-Quem?
Dumbledore riu.
- Sim. É por aí. Mas precisamos de um nome mais apropriado. – ele disse. – Mas, é claro, não estamos forçando ninguém a lutar. Esta é uma escolha unicamente de vocês.
Mais silêncio.
- Então? Quem se alista?
Tiago e Almofadinhas ergueram a mão. Depois Aluado e Dougie. Meio trêmulo, Rabicho também. Franco e Alice ergueram a mão ao mesmo tempo. Eu e Maria trocamos olhares confusos. Por fim eu levantei a mão, e Maria, e Joanne, depois Edgar, Emelina e Dorcas. Do grupo de alunos da Corvinal e Lufa-Lufa apenas um levantou a mão, que era da Corvinal. O resto, porém, permaneceu imóvel.
- Os senhores não aceitam, então? – Dumbledore perguntou.
- Não vou arriscar minha vida com um grupo qualquer de defensores. – o aluno mais alto da Lufa-Lufa reclamou.
- Não é um grupo qualquer de defensores, idiota. – Almofadinhas disse.
- Se acha que só nós presentes nesta sala farão parte do grupo, está enganado. – Martim interveio.
- Mesmo assim. É perigoso. – um aluno da Lufa-Lufa entrou na discussão.
- É perigoso ou você é covarde o bastante para negar? – Tiago desdenhou.
- Suponho que isso não venha ao caso. – Dumbledore disse antes que o aluno retrucasse. – Vocês fizeram suas escolhas. Podem seguir pra suas salas comunais.
Era visível que os quatro alunos não esperavam ser dispensados tão facilmente. Eles seguiram até a porta da sala circular, mas não antes de eu ver Martim apontando sua varinha pra eles.
- Questão de segurança. – Martim explicou. – Não podem se lembrar da conversa que tivemos aqui.
- Fico feliz que tenha aceitado o convite, senhor Dearborn. – Dumbledore falou para o único aluno que havia restado. Ele apenas assentiu.
- Bom. Temos um grande número aqui. – Martim falou excitado.
- Um bem razoável, devo dizer. – Dumbledore completou.
- Professor – comecei, meio nervosa. –, o que exatamente vamos fazer?
- Tentaremos ao máximo combater Voldemort e seus Comensais, proteger o mundo bruxo, e obviamente o trouxa também.
- E quem mais está no grupo? – Aluado perguntou.
- Além de mim, Martim, Slughorn e a Professora McGonagall, temos também Alastor Moody, Hagrid, meu irmão e outros bruxos que acho que vocês não devem conhecer. Ah, não posso esquecer também de Marlene.
- Marlene? – Dougie exclamou, chocado. – Minha mãe também?
- Sim. E sei que ela ficará contente ao saber que seu filho também aceitou bravamente se juntar a nós.
- Mas porquê nós? – Franco perguntou. – Quero dizer, tem outros bruxos muito mais preparados que nós.
Dumbledore sorriu.
- Sete anos de observações nos levam a muito. Apesar de Tiago e Sirius sempre forem uma grande encrenca nesta escola, tive que admitir que têm muito talento. E sei que todos vocês tem o talento necessário, a bravura e a coragem e não é a toa que estão aqui.
"Nesses tempos a participação de todos é muito importante."
- Tenho uma pergunta. – Edgar se adiantou. – Como vamos nos encontrar? Fazer reuniões?
- Ótimo detalhe a ser convidativo, meu rapaz. Estamos providenciando nossa sede, e enfim, podemos usufruí-la.
- E qual o nome vamos dar ao nosso grupo? – Maria perguntou se divertindo.
- Não sei. O que vocês sugerem?
- Exército de Hogwarts? – Dougie sugeriu.
- Não, Dougie. – Maria disse. – Não estaremos em Hogwarts mais. Que tal Liga da Justiça?
- Que brega. – Joanne riu-se.
- Vi isso em um livro trouxa. – Maria defendeu-se.
- Acho que já tenho uma idéia. – Dumbledore falou, fitando algo atrás de nós.
Viramos e ficamos boquiabertos. Uma linda fênix estava sobre um poleiro dourado e parecia estar nos olhando com um olhar curioso e intenso.
- A Ordem da Fênix. – Dumbledore disse com um grande sorriso.
- Gostei. – Martim concordou.
- Eu também. – o tal de Dearborn disse.
- Bom, então que seja! – Dumbledore falou acenando a varinha. Surgiu em sua escrivaninha uma garrafa de uísque de fogo.
Todos se serviram e em altos brados dissemos, fazendo um pequeno barulho de vidros se chocando:
- À Ordem da Fênix!
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