Dias Tranquilos
O resto da semana foi finalmente tranquilo pra todos os alunos do sétimo ano e agitada para os do quinto ano, já que a próxima semana seria seus N.O.M.'s.
Pra nossa felicidade teria um novo passeio à Hogsmeade no fim de semana, o que animou parte dos estudantes.
- É um bom relaxante depois de todas aquelas provas. – Maria comentou no jantar da sexta-feira.
- Você esqueceu que ainda não sabemos do resultado das provas? – Tiago disse.
- Pontas, você está parecendo a Lílian. – Sirius resmungou. – Já fizemos todos os exames, relaxa.
- Quando será que vão sair os resultados? – Dougie perguntou acho que pela sétima vez só naquele dia.
- Deve ser igual aos N.O.M.'s. – Aluado arriscou. – Talvez nas férias.
- Bem que podiam entregar antes de sairmos daqui. – comentei.
- Os N.I.E.M.'s são diferentes dos N.O.M.'s. – Maria interveio. – Com certeza eles vão entregar mais cedo.
Passamos o resto do tempo discutindo todas as hipóteses, e eu tinha em mente que não importava o dia de entrega, mas sim as notas. Eu temia muito meu futuro. Eu sempre me perguntei o que um bruxo fazia depois que se formasse e descobri que parte das profissões são realmente muito perigosas.
Quando eu ainda não sabia que era bruxa eu tinha a ambição de me tornar médica. E às vezes me pergunto: se eu não fosse bruxa, ainda escolheria essa opção? Acho que sim. Eu gosto disso. E agora fico nessa indecisão maluca de escolher entre trabalhos trouxas ou bruxos. Nunca ouvi falar em algum bruxo que trabalhe no mundo trouxa, portanto eu estava meio perdida.
O passeio para Hogsmeade foi bem tranquilo e divertido como todos os outros. Juntou eu, Tiago, Maria, Dougie, Sirius, Rabicho, Aluado, Joanne, Laura, Peter, Alice, Franco, Edgar, Dorcas e Emelina para comemorar no Três Vassouras o fim do ano que se aproximava e, próprio do Dougie, ele puxou o assunto dos exames.
- Acho que passo em Transfiguração e Feitiços. – disse Alice.
- Eu também. – concordou Franco. – E Poções também, acho.
- Passo raspando em Herbologia e olhe lá. – Laura riu.
- Com aquelas plantas homicidas do Beery ficava difícil completar algum exame. – Peter falou. – Só espero tirar um "ótimo" em Runas Antigas.
- Não sei como você tem paciência para Runas, Peter. – Almofadinhas disse. – É uma matéria realmente chata essa.
- Bom, eu gosto. – ele respondeu bebendo de sua garrafa de cerveja amanteigada. – Pretendo estudar mais sobre Runas na Rússia. Ouvi falar que tem um grande número delas em Moscou.
- Acho Rússia um país lindo. – Laura disse, deixando claro em seu tom de voz sua bajulação. – Deve ser lindo tudo naquele lugar.
- Também acho. E vou verificar assim que me formar. – Peter respondeu. Laura demonstrou decepção com sua resposta.
- E o que você pretende fazer depois da escola, Alice? – perguntei depressa, quebrando o clima.
- Eu e Franco decidimos ser auror juntos. – ela disse, olhando com carinho para o namorado. Laura não pareceu satisfeita.
- Viu Lílian? – Tiago entrou na conversa. – Alice não tem medo de ser auror.
- Não tenho medo dessa carreira, só fico preocupada com o que venha a acontecer.
- Também penso em ser auror. – comentou Dorcas.
- Concordo com a Lílian. – Emelina disse. – Auror é uma profissão perigosa. Eu não teria medo de ser uma, é claro, mas nesses tempos não é muito aconselhável. Por isso prefiro um cargo no Ministério.
- O Ministério é um dos piores lugares para se trabalhar. – Edgar respondeu. – Seria realmente bom ser auror, mas sou péssimo em Poções.
- Bem vindo ao clube. – Tiago falou.
- Ora, Ed. Você diz que não gosta do Ministério, mas da onde você acha que vem os aurores? – indagou Laura.
- Eu quis dizer em fazer algum serviço dentro do Ministério, por exemplo, trabalhar no Departamento de Execução das Leis da Magia. – ele explicou.
- Meus pais trabalham do Departamento de Cooperação Internacional em Magia. – Tiago refletiu. – Eu não gosto do que eles fazem. Também ficam o tempo todo no Ministério.
- E você Sirius? – Joanne perguntou. – O que pretende fazer?
- Bom – ele colocou os braços para trás da cabeça -, minha maior ambição é comprar uma poltrona inclinável, ficar dormindo o dia inteiro e assistindo vetelisão.
- Assistindo o quê? – todos perguntaram, exceto por mim, que sufocava o riso.
- Ai, gente. Almofadinhas quis dizer televisão. – expliquei não conseguindo me conter. – É um aparelho trouxa que transmite programas como novelas e seriados.
- E é muito perigoso? – Joanne perguntou.
Eu gargalhei.
- É movido a tecnologia. Não tem nada perigoso, é só uma diversão.
Eles continuavam a me olhar indagadores. Pelo visto consegui bagunçar mais ainda a cabeça deles.
- Minha mãe já me disse sobre esse negócio aí. – Dorcas comentou de testa franzida. – Ela é trouxa também, sabe. Eu não entendi muita coisa quando ela me explicou.
- Meu pai é trouxa e ele nunca me disse nada sobre isso. – Peter disse. – Ele não me fala nada pra falar a verdade. Ele ficou muito lunático quando descobriu que minha mãe era bruxa.
- Então, meu próximo objetivo é ter uma dessa aí. – Sirius ignorou a pergunta que já ia saindo da boca de Joanne.
- E como vai se sustentar? – Maria perguntou.
- Com a herança dos meus pais. Ou então vou trabalhar juntos aos trouxas. Acho eles incríveis.
Provavelmente todos estavam julgando Sirius como louco, mas eu fiquei surpresa com sua resposta. Não era pra dar muita atenção, já que Sirius não falava nada com nada. Porém ele estava confiante, o que me entusiasmou um pouco, não sei por quê.
Depois de muito tempo de mais conversa, fomos até a Dedosdemel, Zonko's (como sempre) e continuamos a passear pela aldeia que hoje estava mais movimentada que o normal.
Maria e Dougie foram - por conselho meu e de Tiago – na Madame Puddifoot enquanto os outros retornavam ao castelo. Por fim, ficou apenas eu, Tiago, Almofadinhas e Aluado para aproveitar o resto do passeio.
O céu estava num tom pálido e deprimente; não era normalmente uma época de chuva, mas o ar estava um pouco mais gélido que antes e as nuvens cobriam parte do azul claro.
Enquanto caminhávamos, percebemos também que em todas as vitrines de várias lojas tinham vários cartazes azuis escuro. Nos aproximamos para ler, curiosos, e vimos que em grandes letras pretas, ao lado do símbolo do Ministério da Magia e com fotos preto e branco, o panfleto mostrava vários nomes de Comensais da Morte e o prêmio por sua captura.
- Belatriz Lestrange, vista em ataques junto aos Comensais da Morte e provável assassina dos Lewis. – Sirius fez um muxoxo de reprovação misturado ao riso. – Mas que família fui arranjar.
- Como assim? – perguntei.
- Ela é minha prima. – ele explicou, pro meu espanto. - Eu sempre a achei uma adoradora comum de sangues puros que nem minha mãe até ver os amigos que ela chamou para seu casamento com o tal de Rodolfo. – ele balançou a cabeça.
- Eu não... – tentei falar.
- Pra você ver. Ela é uma seguidora nojenta qualquer de Você-Sabe-Quem. Bem diferente da irmã, Andrômeda, que já é até casada e tem uma filha de uns cinco anos.
- Mas o marido dessa Andrômeda é um Comensal da Morte?
- Ah, não. Minha mãe disse calúnias sobre ele, sinal que é uma boa pessoa. Pelo visto ele é nascido trouxa. Andrômeda até foi tirada da árvore genealógica por causa disso. – ele respondeu. – Não posso esquecer de Narcisa também. Ela sim, parece que ficou noiva de um Comensal da Morte.
- Caramba Sirius, eu nem sabia disso. – comentei.
- A família Black tem muita história, minha cara Lílian. – ele riu.
- Imagino.
Voltei a passar os olhos pelo panfleto. Tinha nomes que por vezes eu pensava ter ouvido alguma vez: Evan Rosier, Antônio Dolohov, Augusto Roockwood e Fenrir Greyback, além de outros que eu nunca ouvira antes.
- Fenrir Greyback. – Aluado repetiu, quando percebeu que eu deti meu olhar na foto. – Este foi o lobisomem que me atacou e por culpa dele eu sou assim.
Arregalei os olhos.
- V-você tá falando sério? – exclamei. – Quero dizer, foi ele mesmo?
- Foi. Quando eu era criança.
- Nossa. Eu... sinto muito, Aluado. – voltei a olhar para o rosto feroz de Greyback. – Isso é muito cruel.
- E é mesmo. – ele deu um sorriso de desdém. – Porque é que você acha que ele está ao lado de Você-Sabe-Quem?
- Faz sentido. – murmurei, ainda espantada.
- Mas não deve se importar Aluado. - Tiago interpôs. - Você é apenas um problema peludo, como eu sempre venho a dizer.
- Um o quê? – comecei a rir.
- Pontas e seus apelidos. - Aluado balançou a cabeça, com uma risada desdenhosa.
Dei uma última olhada nos rostos e de repente passou na minha cabeça a imagem de Severo no meio de um dos panfletos.
- Eu sei que deve estar pensando porque eu não te contei antes, Lílian. – Tiago me falou hesitante, apesar de não ser esse o motivo do meu estado. – Não quis compartilhar segredos que não eram meus, entende?
- Entendo. – respondi e então suspirei. – Vamos embora? Já está escurecendo.
Reencontramos Dougie e Maria, que por suas expressões haviam dado grandes gargalhadas no pub, e tomamos o caminho de volta pro castelo.
Continuei meio quieta durante o caminho. Ainda estava chocada com tanta informação. E senti logo um aperto no peito ao pensar em Tiago.
Se ele realmente se tornasse um auror, e por acaso topasse com o tal de Greyback, o que aconteceria se ele fosse mordido? Pensei em Aluado e senti muita compaixão. Desde criança ele enfrenta todo esse caos que é essa descontrolada transformação em todas as noites de Lua Cheia. Eu não queria nem pensar se isso viesse a acontecer com Tiago e fiquei muito temerosa com esse pensamento.
Ótimo, minhas especulações fizeram com que eu não conseguisse dormir direito naquela noite. Rolei pelo menos uma hora na minha cama e lembrei que por sorte amanhã era domingo.
Por conta de uma noite mal dormida acabei acordando tarde. Todos já estavam tomando café no Salão Principal quando cheguei, exceto Tiago.
- Treino de quadribol. – Maria disse. – Pelo que entendi, ele e o time vai passar o resto da semana praticando para o jogo final.
- Sinceramente, só estou nessa escola por causa do jogo. – Sirius falou. – Se já terminamos todos os exames, pra que mais um mês de aulas?
- Eles vão continuar revisando e dando mais algumas matérias, Almofadinhas. – Aluado explicou por trás do Profeta Diário aberto.
- Mas pra que mais matérias sendo que terminamos os exames? – ele retrucou.
- Ah, isso eu já não sei.
- Se fosse por mim eu fugia daqui. – Sirius resmungou.
- Tenha paciência, Almofadinhas. – Dougie respondeu. – Aliás, é nosso último ano de escola, temos que aproveitar.
- Aproveitar o quê? O mala do Professor Fantasma-Binns falar duas aulas seguidas sobre as guerras do século XIV? – ele bufou. – Não, não. Prefiro a tranqüilidade que a liberdade tem a me oferecer.
- As guerras foram no século XV. – corrigi. – E Dougie tem razão. É nosso último ano aqui, tenho certeza que todos, inclusive você Sirius, um dia vai sentir muita falta daqui.
- Claro que vou. Porém Hogwarts seria perfeita sem as aulas.
- Hogwarts é uma escola. – cortei. – O que é uma escola sem aulas?
- Um paraíso.
Revirei os olhos.
- O que acham da gente ir ver o treino da equipe no estádio? – Maria propôs. – Não temos nada pra fazer mesmo.
- Gostei. – concordei. – Só vou terminar de comer.
Depois do café descemos para o campo de quadribol. O dia estava ensolarado e claro. Um dia perfeito do outono. O céu estava sem nenhuma nuvem, e o sol iluminava a grama verde dos jardins.
Ao chegar ao campo logo reparei que nós não éramos os únicos a assistir os treinos. Em uma das extremidades das arquibancadas tinha grande parte de alunos da Grifinória e da outra, alunos da Sonserina, com toda certeza presentes ali para zombar do time.
- O que aqueles idiotas estão fazendo aqui? – Maria perguntou com desagrado quando os alunos começaram a vaiar.
- Não está óbvio? – Dougie disse. – Vieram tentar atrapalhar.
Sentamos perto entre os dois "grupos" de espectadores, assistindo os sete jogadores vestidos de vermelho voarem velozes em torno do campo.
Tiago gritava ordens para os jogadores. Pelo que eu entendi os batedores estavam jogando bolas normais de tênis um para o outro para rebaterem; os artilheiros tentavam fazer gols em Borttin e Tiago voava veloz atrás do pomo, que eu supus, fosse o que ele sempre era acostumado a brincar.
Quando um jogador tinha algum tipo de erro, o grupo de sonserinos riam, vaiavam e batiam os pés com força no chão.
- Ah, calem a boca vocês aí! – exclamou Dougie enfurecido.
- Fique quieto, McKinnon. – distingui a voz rouca de Mulciber. – Você nem sabe voar em uma vassoura, nem sei o que está fazendo aqui.
- E o que adianta saber voar sendo que foi proibido, não é mesmo Mulciber? – Almofadinhas retrucou. Maria, Dougie, eu, Aluado e Rabicho rimos quando Mulciber fechou a cara. – E a propósito, como vão os nervos para a audiência?
Vi os olhos de Mulciber faiscarem antes de ele virar o rosto.
A atitude dele e de sua turma, porém, não mudou depois da provocação de Sirius. Ao contrário, passaram a rir ainda mais de coisas totalmente normais que os jogadores faziam no ar.
Chegou um momento que chegava a irritar, quando me levantei.
- Aonde você vai? – Maria perguntou.
Caminhei entre as arquibancadas até Mulciber e sua turma, que me deram um sorriso perverso.
- Vocês não deveriam estar aqui, sendo que esse treino é da Grifinória. – falei.
- E quem é você pra nos falar alguma coisa, sua sangue-ruim? – Mulciber perguntou.
- Sou monitora-chefe. E caso você quiser contrariar minhas ordens, fique sabendo que eu posso muito bem te denunciar para o Slughorn, já que somos muito amigos. – ameacei. – E se você insistir mais um pouquinho, tenha certeza que posso te denunciar até mesmo para o próprio Dumbledore, se eu quiser.
Ele não respondeu. Sua expressão mostrava claramente ódio e irritação. Eu podia até sentir as respostas quase saindo pela sua boca, apesar de ele não falar nada.
- É minha última palavra. – eu disse.
Ele se pôs de pé para me encarar, apesar de ele ter centímetros a mais que eu; eu batia em seu ombro. Ele estava muito enganado se estivesse pensando que eu ficaria com medo; não mexi nenhum músculo.
- Vamos. – ele disse simplesmente para os outros e se afastou, com o grupinho nos calcanhares.
- O que você falou pra eles? – Dougie perguntou entre assustado e satisfeito.
- Nada que uma boa ameaça não resolva. – eu ri.
- A gente já ia pra lá caso ele te fizesse alguma coisa. – Aluado comentou, enquanto eu voltava a me sentar.
- Acho que ele não teria coragem.
- Ele teve coragem de lançar uma Maldição Cruciatus no Pontas, não teve? – Rabicho falou.
- É, mas agora é diferente, já que ele sofreu as consequências do que fez ao Tiago.
Voltamos a assistir o treino, que parecia ter parado um pouco. Talvez tivessem assistido minha conversa com Mulciber.
Porém, uns dez minutos depois, teve outro problema. A outra "turminha" do nosso lado teve um acesso de risinhos que também começou a irritar. Eram garotas do sexto e algumas do sétimo ano, que sempre batiam palmas e davam risadinhas quando Tiago capturava o pomo.
- Que idiotas. – comentei pra Maria.
- Ora, o que você esperava? – ela respondeu rindo. – Tiago é um cara muito popular da escola.
- Mesmo assim, essas garotas são muito idiotas. – eu suspirei. – Porém são da Grifinória, senão eu já tinha expulsado daqui.
- Controle o ciúmes, Lílian.
- Não é ciúmes. – apressei a responder. – Isso tá irritando.
- Sei.
Depois de um tempo interminável em que as garotas continuavam a rir, coradas, os sete jogadores pousaram no chão.
Eu e os outros descemos para o campo para cumprimentar o time, e pra minha infelicidade, a turminha das garotas risonhas vieram atrás.
- Bom treino, Pontas. – falou Aluado.
- Obrigado. – ele sorriu. – Temos que ficar preparados, afinal, o jogo já é sábado que vem.
- Nós vamos ganhar. – Almofadinhas disse confiante.
Ouvi uma explosão de risinhos nas nossas costas. Grrrr. As garotas estavam juntas cochichando e olhando para Tiago, voltavam a rir. Tiago ergueu as sobrancelhas.
- Vejo que já tem um fã-clube Pontas. – Dougie riu.
- Não tenho culpa se sou extremamente famoso. – ele respondeu.
- É melhor correr, senão elas vão embora. – falei num tom ligeiramente irritado. Tiago pareceu perceber.
- Não fique com ciúmes Lil, eu sou só seu. – ele riu, seguido pelo os outros. – E se quiser eu posso provar.
- O que quer dizer com isso? – perguntei.
- Que tal voar comigo?
Eu bufei.
- Eu não sei voar. Além do mais eu nem tenho vassoura.
- Não precisa. – seus olhos brilharam. Mau sinal. – Eu te levo atrás.
- Nem pensar. Não sou louca de fazer isso.
- Ou você quer que eu chame uma daquelas garotas? – ele perguntou, seguido por mais um surto de risadas.
- Ah, tá bom. – respondi. Maria e os outros continuavam a rir.
- É isso aí Lílian. – Almofadinhas estimulou.
De começo achei muito patética ter aceitado o convite, já que eu nunca tinha voado em toda minha vida. Logo depois acabei tendo certeza.
- Segure firme. – ele falou, enquanto eu apertava sua cintura.
E ele deu impulso fazendo a vassoura subir.
Olhei para o chão. As figuras de Maria, Aluado e os outros ficavam cada vez menores.
- Tiago, pare de subir! – exclamei quando o chão era quase não visível.
- Tudo bem.
E desceu.
- PAAAAAAAAAAAAAAAAARA! – gritei, enquanto eu sentia ele mergulhar em toda velocidade. Fechei os olhos e apertei seu corpo como se minha vida dependesse disso.
Ele parou de descer, mas continuou a voar, dando loops, indo, voltando, e eu sempre de olhos fechados. "Não olhe para baixo, não olhe para baixo", eu pensava continuamente.
O vento assoprava rápido no meu rosto, e por sorte eu tinha prendido meu cabelo num rabo-de-cavalo, senão eu nem podia imaginar a situação deplorável em que ele estaria.
Depois de anos ou séculos intermináveis, senti ele pousar. Continuei de olhos fechados, ainda agarrada nele.
- Pode abrir os olhos, Lílian. – ele ria.
Não me mexi. Eu ouvi mais gargalhadas, vindas de Maria, Dougie e principalmente de Almofadinhas.
- Acho que ela nunca mais vai sair daí, Pontas! – Almofadinhas ria descaradamente.
- Lil? – Tiago perguntou, rindo.
Abri os olhos me sentindo ligeiramente tonta e desci da vassoura.
- Você está bem? – ele perguntou. Seu sorriso mostrava que ele queria rir, mas tentava mostrar preocupação.
Balancei a cabeça.
- Acha que vai vomitar?
Balancei a cabeça de novo.
- Você está pálida, Lílian. – Maria disse divertindo-se. – Deve ir pra ala hospitalar.
- Será que ela perdeu a fala? – Rabicho indagou.
Eu avancei em Tiago.
- Você é louco? – respondi socando seu peito. – O que você tava pensando em fazer? Me matar do coração?
- Ai! Não! – ele se encolhia, ainda sim não deixando de rir. – Para! Ai! Não foi minha intenção!
- Com certeza não foi! – reclamei arfando. – Voamos a quase 200 km por hora e você vem me dizer que não foi sua intenção!
- Sou um apanhador! – ele se defendeu. – Estou acostumado com isso!
- Mas eu não estou!
- Desculpe!
Não respondi. Apenas respirei fundo.
Comecei a rir.
- Bobo. – resmunguei e fiquei satisfeita quando não avistei o grupinho risonho por perto.
Esperamos Tiago despir as vestes de quadribol pra depois voltarmos ao castelo, pois já estava quase na hora do almoço.
- Como foi a experiência, Lílian? – Maria perguntou.
- Horrível. Mas foi legal.
Eles riram.
- Mas então, o que tava havendo com aquela turminha do Mulciber? – Tiago perguntou.
- Eles estavam ficando irritantes com as vaias, então expulsei eles. – expliquei.
- Foi assim tão fácil?
- Eu ameacei Mulciber, falando que ia denunciar ele para o Slughorn. – respondi com uma risadinha.
- Bem feito. – Dougie comentou satisfeito.
Descobri que estava morrendo de fome quando os pratos do Salão Principal se encheram de comida e comecei a me servir de tudo o que via pela frente.
- Que fome hein? – Maria riu.
- Talvez voar dá fome. – respondi.
- Acho que isso não tem nada a ver. – ela olhou de esguelha pra além da mesa. – Se fosse por isso Rabicho seria apanhador de quadribol, não Pontas.
Eu ri.
- Agora vai me dizer. Tiago não é o namorado perfeito pra você? – ela disse.
- Creio que sim. – eu ri de novo.
- Então aproveita a oportunidade, amiga. Você não foi sempre a cupido? Agora isso tá voltando pra você.
Não escutei direito. Eu ainda sorria, lembrando do que Tiago dissera. Não fique com ciúmes Lil, eu sou só seu.
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