NIEM's
- Caramba, faltam poucos dias para os N.I.E.M.'s! – Maria comentou com um leve tremor.
- Não precisa me lembrar. – falei, ainda mais nervosa que ela. – Mas acho que vou me dar bem. Tenho tudo na ponta da língua.
- É claro que você tem tudo na ponta da língua. – Dougie disse. – Você passou os últimos cinco meses trancada na biblioteca.
- Não exagera, Dougie.
- Só digo a pura verdade. – ele mordiscou um sapo de chocolate. – Será que eles vão usar feitiços anticola?
- Mas é claro. – respondi. – Você acha que um exame tão importante desses eles vão deixar de usar?
- Vai ser muito complicado. – Dougie disse com angústia. – Vocês tem noção que ficaremos praticamente uma semana com exames nas costas? Não vamos ter sossego!
- Mas pelo menos depois de todos eles acabarem estaremos livres. – comentei.
- Só se até lá eu já não tiver endoidado. – ele respondeu, voltando a folhear sem rumo um grande livro de Adivinhação. – Vai ser horrível.
- Você fala como estivesse caminhando para uma guilhotina. – falei.
- E não é? – Maria interpôs. – Depois de tantos anos que os professores encheram nossa cabeça com essa história de N.I.E.M.'s não é a toa que ficaremos nervosos quando os dias cruciais finalmente chegassem.
Eu ainda estava nervosa também, é claro. Para falar a verdade acho que todos os alunos do sétimo ano estavam. Andavam inquietos pela sala comunal, xingavam alguns alunos mais novos que conversavam alto demais; sem falar que Maria voltou ao seu nível de estresse.
Continuei absorta observando a folha que eu segurava, ainda concentrando e decidindo pôr mais tempo aos estudos de acordo com os dias:
N.I.E.M.'s (Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia)
Feitiços – Teórica: 9h. Quinta-feira (25/05)
Prática: 14h. Quinta-feira (25/05)
Transfiguração – Teórica: 9h. Sexta-feira (26/05)
Prática: 14h. Sexta-feira (26/05)
Defesa Contra as Artes das Trevas – Teórica: 9h. Segunda-feira (29/05)
Prática: 14h. Segunda-feira (29/05)
Herbologia – Teórica: 9h. Terça-feira (30/05)
Prática: 14h. Terça-feira (30/05)
História da Magia – 9h. Quarta-feira (31/05)
Astronomia – 23h. Quarta-feira (31/05)
Poções – Teórica: 9h. Quinta-feira (01/06)
Prática: 14h. Quinta-feira (01/06)
Obs.: Os exames de Astronomia serão realizados na Torre Oeste.
- Vai ser horrível. – Dougie repetiu.
- Quem será que vai aplicar? – Maria perguntou.
- Ouvi falar que seriam umas três pessoas do Ministério.
- Quem sabe minha mãe não os conhecem e pode pedir uma ajudinha? – Dougie perguntou esperançoso.
Maria começou a bater em suas costas com o Livro padrão de feitiços, 7ª série.
- Você não vai subornar ninguém! – ela dizia, enquanto eu ouvia o barulho da grossa capa contra as costelas de Dougie.
- Ai! Perai... Eu não vou subornar! Eu não disse isso! – Dougie falava. – Eu só pensei que...
- Pois pare de pensar! – ela disse por fim, jogando o livro com ferocidade em cima da mesa.
- E você pare de jogar sua preocupação pra cima da gente! – ele reclamou, massageando as costas.
- E você pare de tentar conseguir alguma coisa de jeito ilegal!
- E você pare de gritar comigo!
- E você pare de me responder!
- E você pare de achar que é minha mãe pra mandar em mim!
- E você pare de agir feito criança!
- E você pare de falar que eu estou agindo feito criança!
- E vocês parem com essa discussão que já já vou ficar com uma baita dor de cabeça. – interrompi ainda rindo.
Maria e Dougie cruzaram os braços e se viraram para direções opostas, mas não liguei muito; acho que já era a terceira briga na só na última semana. Eram só os nervos.
O resto dos dias foi meio desagradável, principalmente para mim, que além do puro nervosismo de todos, alguns começaram a "emprestar" objetos muitos suspeitos, que por eu sendo monitora-chefe me deu muito trabalho. Flagrei vários alunos do quinto ano vendendo vários frascos de poções rotuladas como "Elixir da Sabedoria – um gole e você decora cinco livros inteiros!" ou então "Poção Anti-anticola". Foi realmente difícil para mim o resto da semana, pois eles pareciam ter conseguido vender grande parte da mercadoria. Portanto eu, Dougie e também Aluado passamos um bom tempo cuidando disso e perdemos tempo para os estudos, o que foi ainda pior: o mau humor de Dougie aumentou ainda mais, resultando em mais brigas.
A manhã do dia vinte e cinco veio ensolarada e radiante, o que não ajudou em nada na tensão que envolvia os estudantes. Acho que eu tinha tudo decorado, mas o único problema era o bendito "branco" que dava na hora de responder as questões.
Assim sendo, às nove horas, todos nós partimos para o Salão Principal, trêmulos – é claro, exceto por Tiago e Almofadinhas, que insistiam em fazer piadas o caminho inteiro.
- Você vai se sair bem. – Tiago me estimulou. – Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço.
Ergui as sobrancelhas, surpresa.
- Que milagre, eu pensei que você diria que você é a pessoa mais inteligente.
- Sabe como é, você é minha namorada...
- Engraçadinho. – eu ri, enquanto ele me dava um beijo de boa sorte.
Chegamos às portas do Salão Principal, que estavam lotadas de estudantes, alguns lendo a matéria de última hora, outros cochichando com a pessoa do lado.
Quando as portas abriram logo notei a mudança do local; as quatro longas mesas tinham desaparecido, dando lugar a milhares de carteiras como as da sala de aula, assim como nos N.O.M.'s.
Era realmente verdade o boato dos três bruxos examinadores. Eram dois homens e uma mulher, ambos saindo pra fora da sala pouco depois de chegarmos.
A mulher era baixa e gordinha, tinha até cara de bondosa. Usava vestes tipicamente bruxas e seus cabelos lisos desciam em uma longa trança. Ambos os homens ao seu lado eram altos. Um era meio calvo e excessivamente magro e o outro tinha uma barba recém-cortada e parecia muito mais jovem do que os outros.
- Olá, sentem-se. – o homem magricela falou. Eu me sentei ao lado de Maria e na frente de Tiago. – Sou João Carter e esses são Roger Miller e Adriana Thompson. Vamos aplicar agora os exames teóricos de Feitiços e podem ficar despreocupados. Não será permitido cola.
Ouvi em algum lugar Dougie bufar "despreocupados" em meio a mais uma série de comentários dos outros alunos.
- O tempo é curto. – Carter falou acenando para uma grande ampulheta. – Podem começar e boa sorte.
Com um aceno de varinha as folhas de papel instantaneamente apareceram em todas as carteiras. Respirei fundo e li a primeira questão.
Questão 1:Quais os movimentos exatos para um Feitiço de Desilusão?
Essa eu sabia. Com as mãos meio suadas prossegui o exame, sentindo meu cérebro trabalhar rapidamente.
- E aí, como foram? – Dougie perguntou.
- Um desastre. – Rabicho falou amargurado.
- Fui excelente! – Sirius exclamou.
- Na média. – Maria disse.
- Acho que vou tirar um "ótimo". – Tiago completou.
- Acho que fui bem. – respondi.
- Eu também. – Aluado falou.
- Talvez eu tenha ido bem. – Dougie disse pensativo. – Me deu um branco naquela questão do Feitiço de Impermeabilidade.
- Essa é fácil. – respondi, piscando para Tiago.
Pelo resto da tarde todos continuaram a comentar sobre o primeiro exame, mas depois do almoço tudo foi logo se dissipando e a nova tensão para o exame prático veio à tona.
Às duas da tarde voltamos ao Salão Principal, que dessa vez manteve as portas fechadas. Os alunos entrariam em grupos de cinco para cada examinador, e como a letra "E" era muito longe de "P" eu e Tiago não fomos fazer juntos.
O exame foi muito mais simples do que eu previra. Eu tinha que deixar o examinador invisível, impermeabilizar uma folha de papel para quando o examinador jogasse um copo de água sobre ela, a mesma continuasse intacta e por aí vai. Tive certa pena de Lucas Clarke quando vi de relance que sua folha de papel estava toda encharcada e derretida sobre sua mesa. Fora esses feitiços, como era de se esperar de N.I.E.M.'s, eles também puxaram grande parte do que tínhamos aprendido dos outros anos. Feitiços realmente simples como Alorromora até Tergeo.
Terça-feira amanheceu como uma grande borracha apagando toda tranqüilidade que o fim do exame de Feitiços trouxera. Nove horas estávamos novamente sentados nas carteiras enfileiradas do Salão principal para o exame de Transfiguração.
Questão 37: Qual a diferença de um animago para um lobisomem?
Senti uma grande – e estranha - vontade de rir. Me lembrei de Tiago se transformando em um cervo e depois dos urros ensurdecedores de Aluado vindo de dentro do Salgueiro Lutador aquela noite. Comecei a escrever.
Um animago é um bruxo que decide se transformar em um animal específico e um lobisomem se transforma não por uma opção.
Acho que estava bom. Não tinha muito mais coisa para colocar. Respostas muito curtas nunca foram um bom sinal, mas antes colocar tudo resumido do que escrever um texto enorme e cheio de baboseiras.
O exame prático também foi tranquilo, apesar de Maria, Dougie e Rabicho não acharem a mesma coisa. Os examinadores pediram muitas transfigurações: transformar um livro em um coelho, um balde em um copo de vidro, um rato em um besouro além dos Feitiços Conjuratórios; tive que fazer aparecer uma cadeira de madeira. Percebi com certo desespero que tinha uma parte da perna traseira meio quebradiça, mas Thompson não parecia ter notado. A parte mais difícil foi ter que movimentar uma xícara de um lado para o outro em uma mesa sem quebrá-la. A minha estava meio hesitante na hora de se movimentar, mas Thompson me consolou dizendo que era o nervosismo.
- Confesso que deu uma vontade louca de me transformar na frente deles. – Tiago comentou, enquanto saíamos do Salão. – Com certeza eu tiraria um "ótimo" sem depender dos outros feitiços.
- E ia ganhar um baita rolo com o Ministério por ser um animago clandestino. – acrescentei.
- Fui horrível. Horrível. – Dougie repetia.
- Não mais que eu. – Rabicho respondeu.
- Não fique assim Dougie. – Maria dava tapinhas nas costas do namorado. – Até eu que sou a mais estúpida do mundo acho que fui bem, com certeza você também vai passar.
- Ela tem razão Dougie. – confirmei.
Rabicho e Dougie passaram o resto dos dias lamentando as questões que eles sabiam que havia errado.
- Minha xícara quase voou na cabeça do cara. – Rabicho disse.
- Pelo menos a sua não rachou em cem pedaços. – Dougie cortou.
O fim de semana, que era pra ser algo descontraído e ter um pouco de descanso, foi interrompido por surtos de várias alunas. Caroline Ward desmaiara na tarde de sábado por causa dos N.I.E.M.'s e também corria o boato de dois alunos da Lufa-lufa que foram parar na ala hospitalar porque começaram a vomitar.
Maria tinha se acalmado um pouco porque estava confiante sobre sua nota de Transfiguração. Dougie e Rabicho não haviam mudado tanto, apesar de estarem mais tempo que o normal com as caras grudadas no livro.
Por incrível que pareça eu não estava muito ansiosa para os próximos exames; talvez seja porque eu já tinha uma idéia de como seriam os que ainda faltavam, então decidi relaxar um pouco junto de Sirius e Tiago, que como sempre estavam muito tranqüilos.
O exame mais esperado, enfim, era o de Defesa Contra as Artes das Trevas. Tiago e Almofadinhas conversavam animados sobre os feitiços que supostamente cairiam.
- Você acha que vai se sair bem? – Aluado me perguntou, enquanto os dois discutiam qual dos patronos seria o mais bem feito.
- Acho que sim. Ainda mais porque tive a ajuda de ótimos professores. – eu lhe disse, com uma leve cotovelada.
- Eu não sou tão bom assim. Você que é muito boa em feitiços.
- Sabe, acho que o Tiago deveria ter só um pouquinho de sua modéstia. – comentei fazendo-o rir.
O exame teórico de DCAT me surpreendeu. Estava realmente muito difícil, mas consegui responder grande parte das questões. Já o exame prático eu realmente me saí muito bem.
- Expecto Patronum! – falei, e no estante seguinte a corça prateada despontou de minha varinha e correu ao redor do grande Salão.
- Excelente! – vibrou Miller. – Você foi uma dos poucos que conseguiram lançar um Patrono tão distinguível.
Depois tive que usar o Protego, Estupefaça, Incarcerous e vários outros feitiços de defesa e ataque que já havíamos aprendido e saí do Salão muito mais aliviada do que de manhã.
Esse exame todos – sim, até mesmo Rabicho e Dougie – pareciam ter se dado bem, e o resto do dia passamos a tarde nos jardins, até a grande boca de Maria anunciar que amanhã tinha Herbologia nas estufas.
Herbologia, confesso, nunca foi minha matéria preferida. Neste caso os papéis foram invertidos e me sai melhor no exame teórico do que prático. No teórico eu tinha decorado o nome das milhares de plantas, mas na hora de reenvazar, dar alimentos e colher sementes eu não me dei muito bem. Eu sai das estufas totalmente descabelada e cortada em alguns pontos, já que as plantas do Professor Beery estavam menos nocivas a cada dia.
- Acho melhor voce ir a ala hospitalar, Lílian. – Tiago disse, quando pela terceira vez ele não conseguira curar um dos meus machucados do rosto.
- É mesmo. – Almofadinhas confirmou. – Se Pontas tentar mais algumas vezes o buraco vai ficar ainda maior do que já está.
- Obrigada pela animação, Almofadinhas. – respondi com sarcasmo.
- Estou aqui pra isso. – ele piscou.
Deixei Tiago e os outros estudando mais um pouco para os dois exames de amanhã e fui para a ala hospitalar. Pra minha surpresa tinha muitas pessoas lá. Pelo visto eu não fui a única a ser atacada no exame de Herbologia e outros tinham marcas de arranhões e outros tinham furúnculos por todo o rosto.
- Isso é o que acontece quando usam aquele elixir fajuto! – dizia Madame Pomfrey em meio a multidão. – Harvey! Harvey volte aqui, ainda não terminei você! Baker, o Ditamno não é para beber! Ah, Evans. Sente-se ali, já cuido de você.
Me espremi a um canto e sentei na ponta de uma cama desocupada, o corte ainda ardendo no meu rosto.
- Herbologia, eh? – perguntou alguém se sentando ao meu lado.
- É. – respondi simplesmente.
- Eu também. Aquela planta vermelha me ergueu no ar e acabei torcendo o braço. – Severo estendeu seu braço ligeiramente torto. – Nunca fui muito fã de plantas.
Não respondi. Fiz uma careta quando o machucado voltara a arder.
- Você foi bem nos outros exames? – ele me perguntou.
- Razoável.
- Ah.
Estava ficando realmente desagradável aquele clima de "ainda somos amigos?". E pra ser sincera eu não sabia a resposta. Não sabia se entre a gente podia ter algum tipo de conversa ou harmonia. Só sei que estava tão bom antes, sem ele por perto e porque agora eu ia arranjar mais confusão com ele e Tiago? E a promessa que eu fizera a ele? Nunca mais eu seria amiga dele. E agora eu tinha que cumpri-la.
- Evans, venha cá. – chamou a enfermeira, me sobressaltando. – Esse machucado está horrível.
Ela murmurou um feitiço longo e com palavras cada vez mais estranhas e senti a dor ceder e minha pele finalmente ficar intacta.
- Vê se fica longe daquela planta, já causou um grande estrago em uns dez alunos se quer saber. – ela disse com um suspiro. – Agora você Snape, o que houve com esse braço?
- Obrigada. – eu disse a ela e sai porta afora, sem ousar dar uma última olhada para trás.
Quando cheguei na sala comunal, novamente a "tensão N.I.E.M.'s", como Almofadinhas a batizou, me invadiu por completo. Muitos alunos ficaram até tarde estudando na sala comunal e também estavam um pouco aliviados, já que os exames já estavam quase no fim.
Nove horas já estávamos no Salão Principal para a prova de História da Magia, que na opinião da maioria dos alunos, era chata e monótona, mas não deixava de ser complicada.
Me sentei e li a primeira questão.
Qual o motivo da Guerra dos Gigantes em 1927?
Droga, eu não me lembrava dessa. Pulei pra próxima.
Quem foi o responsável pela Revolução Bruxa do século XV?
Eu não sabia dessa também. Grande parte da prova eu sabia, o resto foi tudo no chute. Eu era boa de recordar datas, mas nomes já era outra coisa, ainda mais porque gigantes e duendes tinham nomes muitos excêntricos.
- Um horror. – Maria exclamou depois das provas serem recolhidas e os alunos irem para fora do Salão. – Eu nem sei quem era aquele tal de Firgott ou Frigott, sei lá. Pra que é que a gente aprende isso?
- Eu também não sei. – Almofadinhas disse e então se espreguiçou. – Nem li a prova direito. Escrevi as primeiras coisas que me veio a cabeça.
- Somos dois. – Tiago disse.
- Somos três. – Rabicho concordou.
- Somos quatro. – acrescentei.
- Você também, Lílian? – Dougie perguntou, seguindo os olhares surpresos dos outros.
- Er... tinha umas perguntas bem difíceis, mas eu sabia de algumas. – respondi e com certo desconforto notei que eles ainda me observavam. – Ah, qual é. Todo mundo pode chutar uma vez na vida.
- Não você! – Maria exclamou.
- Nunca fui muito chegada a História da Magia. – dei de ombros. – Ainda mais com seu professor sendo um fantasma.
Eles ainda olhavam incrédulos para mim e decidi ignorar.
Passamos o resto da tarde e o início da noite revisando os pergaminhos com os mapas estrelares para o exame de Astronomia mais tarde. Não adiantava muita coisa, já que os planetas se moviam constantemente, mas era bom para termos uma noção do que nos esperava.
Às onze horas subimos a Torre Oeste, o que foi diferente, já que estávamos acostumados a Torre Leste. Todos armaram seus telescópios e começaram a desenhar linhas e mais linhas nos mapas. A noite estava clara e estrelada, o que facilitava na hora de olhar os planetas.
Saí do exame tranqüila também. Tenho 90% de certeza que fui bem, mas acho que não chego a tirar um "ótimo".
Enfim, a quinta-feira e último dia dos cansativos exames chegaram. Eu estava bastante confiante, já que era Poções. Tiago estava um pouco inseguro, mas fiquei o ajudando até tarde a estudar. Ele tinha melhorado muito comparado ao começo do ano letivo e tenho certeza que ele sairia bem.
- Preciso de pelo menos um "Excede Expectativas" para me tornar um auror.
- Ah, com certeza você consegue. – eu tentei o animar.
- Provavelmente vou tirar um "Aceitável". – ele murmurou.
- Onde é que está toda aquela confiança de algum tempo atrás? – perguntei rindo. – Você vai se dar bem, amor. Só precisa se esforçar.
Um pequeno sorriso surgiu em sua boca e logo decidi que teríamos que ir dormir, pois depois de ele ter começado a me beijar de novo não íamos conseguir concentrar em mais nada.
O dia amanheceu alegre e dessa vez eu o acompanhei. Eu tinha certeza que eu ia bem em Poções e estava ainda mais alegre pois era o último dia de provas.
Maria e Dougie logo se dirigiram para a sala de Adivinhação em uma das torres para seu exame e eu, Tiago e os outros fomos para o Salão.
As perguntas foram bem fáceis e terminei em pouco tempo. Olhei para Tiago e ele me deu um sorriso; entendi aquilo como um bom sinal.
- Como foi? – perguntei.
- Melhor impossível. – ele disse feliz. – Mas ainda tem a aula prática.
- Se na teórica voce foi bem, na pratica também será.
- Espero que sim. – ele suspirou. – Obrigado pela ajuda.
- Não há de quê. – eu sorri.
- Eu fui bem também, só esqueci da função do bezoar. – Almofadinhas comentou desgostoso.
- Bezoar é uma pedra encontrada no estômago da cabra e serve como antídoto para qualquer tipo de veneno. – Tiago respondeu prontamente. – E a propósito, ele se escreve com a letra Z.
Ele piscou pra mim e sorriu.
Logo avistamos Maria e Dougie vindo até a gente, com as caras vermelhas. Achei que eles tinham brigado de novo, mas só depois descobri que eles estavam rindo.
- Eu inventei tanta coisa, mas tanta coisa que acho que deixei a mulher perdida. – Dougie ria.
- Eu disse a ele que eu ia morrer por causa de uma mordida de um crupe. – Maria riu junto a Dougie. – Pra falar a verdade, o que é crupe?
Eles passaram o resto do tempo rindo e finalmente ficaram muito mais agradáveis e animados, já que pra eles os exames já tinham acabado.
A última prova foi tão fácil quanto a teórica. Tivemos que preparar Poções de Rejuvenescer, Poção de Envelhecimento, Poção da Insanidade e mais um tanto de poções que preparei com cautela e ficou do jeito exato que deveria ter ficado.
- Finalmente, paz! – Sirius gritou, assustando os alunos ao seu redor. – Paz, paz, paz! Nada mais de escola, de provas, de nada!
- E o que você pretende fazer da vida? – perguntei.
- Não sei. Mas as provas acabaram Lilianzinha, e isso é motivo de felicidade! Comemoração hoje na Sala Comunal!
E dizendo isso ele saiu desembestado pelo corredor.
- Sem comentários. – eu disse.
- Espero ter conseguido a média de N.I.E.M.'s. – Tiago comentou.
- Qual é a média? – Rabicho perguntou com a voz tremula.
- Quatro. Acho que consigo Feitiços, Transfiguração, DCAT e Poções.
- E quando será que vão entregar as notas? – Aluado indagou.
- Espero que em breve. – respondi com sinceridade. – Não vou me aguentar de ansiedade por muito tempo.
E assim correu o dia: a festinha de Sirius durou até altas horas, todos comemorando o fim dos exames e com isso praticamente o fim do ano.
Não pude deixar de me juntar a eles, pensando que por ora não tínhamos nada mais a pensar a não ser a liberdade e a conquista da tranqüilidade, enfim cansavelmente adquirida.
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