Retrato Pra Ia Ia - Harry/Gina
Deixa ser Como será
por Van au début de sa vie
“Os olhos dela arderam quando na profusão de cores eles se perderam...
E foi sem perceber...”
O garoto moreno com aquela esquecida cicatriz na testa aplaudia com entusiasmo, junto com as outras pessoas na arquibancada.
Os óculos escorregavam pela ponde do nariz, tanto era o suor que a tensa partida o provocara.
Tentou se conter um pouco. Ele sabia o que o aguardava e aquilo não podia mais esperar.
A água gelada era indefinidamente deliciosa se espalhando por seu corpo.
Ela conseguia sentir seus longos camelos molhados grudados em suas costas.
Abriu os olhos e apurou os ouvidos quando se deparou com uma sombra através da cabine.
A pessoa que estava ao lado de fora, permanecia sentada em um dos bancos do vestiário.
Todas as meninas do time, ela tinha certeza, já haviam se despedido dela.
Desligou o chuveiro, se enrolou na toalha, e abriu a porta devagar.
- Ah... Harry...
O moreno sorria, um sorriso tímido.
- Olá Gina... Você voou muito bem – disse sem se levantar.
- É mesmo? Foi ótimo o jogo, não? – indagou ainda de dentro da cabine, enquanto se secava.
- Ótimo mesmo.
- Hermione e Rony não vieram com você?
- Ah não, eles passaram a noite na casa de Hermione e... – ele pareceu apreensivo – e... acho que iam sair cedo... ah... Comemorar o aniversário de namoro.
Algo cortou o pensamento da ruiva, enquanto abria completamente a porta.
Por algum motivo, não conseguiu encarar o verde nos olhos de Harry quando saiu da cabine.
- Então... – começou Harry, ainda parecia apreensivo. – Eu sabia que chegaria a hora que deveria falar com você sobre isso...
- Sobre o que exatamente? – perguntou a ruiva enquanto se dirigia até o Box de troca e colocava roupas secas e confortáveis.
- Você está indo hoje nessa viajem com o Harpias, e eu pensei que definitivamente era o melhor momento.
Pausa.
O garoto não falou nada por alguns minutos e nem Gina fez perguntas. Talvez ela já soubesse o que estava por vir.
Ele procurou mais forças durante o tempo em que Gina terminava de se vestir, e quando a garota saiu do Box parecia mais vermelho e ansioso do que estava antes.
- O que você tem afinal Harry? – perguntou Gina enquanto se sentava ao lado dele.
- Podemos caminhar enquanto tenho essa conversa com você? – sugeriu. Gina percebeu que seu olhar estava de fato demasiado tenso.
- Er... Claro – disse a menina levantando-se e já caminhando até a porta de saída do vestiário.
Por algum tempo eles caminharam pelas colinas. O vento estava forte, e o silêncio torturante.
- Acho que você já pode me contar o que está te afligindo – começou Gina, após passarem por uma alta árvore que cheirava a amoras.
- Não sei exatamente como você vai reagir a isso que preciso lhe falar, por isso tantos rodeios Gina. Eu estou realmente preocupado, e principalmente por que me importo muito com você.
- Certo... – A ruiva inspirou fundo. – Nós já namoramos faz três anos, desde nosso último ano em Hogwarts, por isso, você pode me falar qualquer coisa, e acho que já era hora de você saber disso.
- Ok.
Pausa.
Eles pararam e se sentaram junto a um grande pinheiro.
- Eu as vezes penso que você cometeu um erro recomeçando a namorar comigo.
- Hum?
- É Gina. Um erro, um engano.
- Como assim, por que isso agora?
- Eu diria que... Ah você deve imaginar o por que...
- Não Harry, na verdade, eu estou até um pouco confusa...
- Você não é apaixonada por mim, e sincer...
- O que? - o interrompeu Gina.
- E sinceramente – o garoto continuou como se nada tivesse acontecido – não sei se algum dia foi.
- Harry, do que você está falando? – indagou a ruiva, o tom indignado transparecendo completamente. – Se eu não fosse apaixonada por você, não estaríamos namorando há três anos! Sem contar os meses antes da guerra! Ou vai dizer que eu também não estava apaixonada naquela época?
- Eu não sei Gina... Eu diria que estava, mas...
- Mas?
- Eu sei que agora você não está mais. – Ele suspirou. – Você tem jogado no Harpias desde que saiu da escola, e não nos vemos com tanta freqüência, ainda mais de um ano pra cá... e... não sei se isso é normal para um relacionamento, tenho quase certeza que não... mas você não presta mais atenção em mim, e quando digo que não sei se um dia você foi apaixonada, é por que sei que você está apaixonada por outra pessoa, e...
- O que?! – Mais uma vez interrompido.
- E essa pessoa já existia naquela época... – E mais uma vez ele continuou como se não tivesse ouvido a interrupção. – Só não sei se você a enxergava dessa maneira.
- Ok. – Gina parecia a ponto de explodir, mas era óbvio que estava se controlando para tentar manter a calma. – Por que você diz isso? Com quem você acha que eu estou me encontrando?
- Eu não disse que achava que você estava me traindo.
- Só faltou isso, não é mesmo? – disse a ruiva rindo-se cinicamente.
- Olha Gina, eu sei que o que aconteceu foi muito sutil – disse Harry enquanto virava para encarar Gina nos olhos. – Eu nem sei se você já percebeu.
A ruiva parecia um pouco mais calma, como se estivesse resgatando coisas da memória.
- Então você sabe que não te trai? – indagou em tom baixo.
- Sei... Até por que, ela está muito feliz com Rony.
Gina instantaneamente abaixou os olhos.
- Hermione...? – perguntou ao garoto, ainda com a voz fraca.
- Você gosta dela não é?
- É lógico que gosto... sempre que estou em casa estou com ela, e...
- Não dessa forma Gina...
- Você está querendo dizer para mim, que eu sou apaixonada pela minha cunhada? – Ela voltou a encará-lo.
- E não é? – disse o moreno exibindo um meio sorriso amarelo.
Pausa.
A garota fitou o céu, e Harry a acompanhou.
- Harry... – começou Gina. – Eu espero que você saiba que eu nunca aceitei isso pra mim.
- Imaginei que sim...
- Eu não controlei, simplesmente foi acontecendo... Ela não faz a mínima idéia que me sinto assim...
- Também imaginei que sim...
- Como você percebeu isso? – ela se recostou na grama.
- Acho que te conheço um pouco Gina – ele também se recostou na grama. – Conforme você ia ficando mais distante de mim, mais próxima dela você estava.
- Mas isso não quer dizer nada especificamente... Eu poderia só estar menos apaixonada por você...
- Sim, foi o que eu pensei. Mas você nunca terminava comigo, e quando você estava com Hermione, ou eu mencionava o nome dela, ou quando passávamos um fim de semana junto com ela e com Rony, você mudava completamente... Eu suponho que fui deduzindo.
- Entendo... – Ela sorriu. – Você é esperto.
- Nem tanto... – Ele também sorriu.
- Eu não terminei com você, por que quando percebi o que eu estava sentindo, também percebi que era algo impossível.
- Então preferiu continuar comigo para ter certeza de que a Hermione não ia perceber nada?
- Como você pode pensar isso de mim? – perguntou em tom inegavelmente ofendido, enquanto se reclinava e voltava a encarar o verde nos olhos do menino.
- Ah Gina, me desculpe, mas... eu só não sei o que pensar...
- Preferi continuar com você, por que eu gosto de você.
- Mas eu não gosto de você só como amiga Gina, e você estar comigo, sem estar sentindo a mesma coisa me machucou muito quando percebi o que estava acontecendo.
- Eu não gosto de você só como amigo Harry... Eu estou com você por que eu decidi continuar tentando. – Ela levou uma das mãos ao rosto do menino, e o acariciou. – Eu sei que o que eu sinto por ela nunca vai acontecer... Por isso estou com você, por que eu te amo, e nem sempre foi esse amor fraternal... eu já fui muito apaixonada por você, não é possível que você não saiba disso.
- Sinceramente Gina... – ele também acariciou o rosto dela. – Eu realmente não tenho certeza.
Ela voltou a se recostar na grama.
- Não entendo por que você diz isso – indagou com voz de choro. – Isso me magoa.
- Provavelmente, mas eu preciso falar a verdade, não é?
- É, pelo menos um de nós tomou essa iniciativa.
- Não fala desse jeito... Eu sei que você nunca quis esconder as coisas de mim.
Pausa.
- Na verdade Gina, como eu já te falei, sei que foi muito sutil – ele continuou. – Sei que desde garotinha você me admira, e provavelmente as coisas foram um pouco forçadas sabe...?
- Por mim, você diz?
- Acho que principalmente por você.
- Parece que você esta me fichando como uma assassina condenada.
- Lógico que não Gina!
- Mas é o que eu sinto!
- Por que...? – Agora ele se reclinou e encarou o amendoado nos olhos da menina. Eles estavam marejados.
- Eu nunca quis que isso acontecesse...
- Eu sei... Não chora por favor...
- Eu só não entendo por que isso aconteceu, e por que você tinha que descobrir...
- Gina...
- O que...?
- Me perdoa ok?
- No que eu deveria te perdoar...?
- Eu não sei, mas... Eu só queria conversar com você sobre isso, te ajudar de alguma maneira.
- Me ajudar?
- Sim! Por que era óbvio que você não sabia mais como lidar, ou o que fazer com essa situação...
- Eu... – Pausa.
Ela parecia mais calma. Ele se recostou na grama novamente.
- Quando eu percebi o que estava acontecendo, tentei de todas as formas negar isso pra mim – recomeçou a ruiva. – E não pense que eu não pensei em tudo isso que você está me falando, por que eu realmente pensei. Depois de um tempo sabe, eu fui me acostumando com a ausência do meu sentimento por você, e com a permanência do novo sentimento por ela...
- Era diferente?
- Como assim diferente?
- Os sentimentos, quando você os viu trocados, de mim para ela... Era diferente?
- Ah... era – Gina se sentou e começou a mexer no gramado, quase sem perceber. – Mas acredito que seja por que com cada pessoa é diferente.
Harry também se sentou.
- Tem certeza...?
- Harry, eu realmente não posso te dizer que nunca fui apaixonada por você, que tudo sempre foi fogo de palha, simplesmente por que você era o menino que sobreviveu. Eu não posso ver as coisas assim, tão cruas. Isso é demais pra mim.
- Ok...
- É sério - ela olhou bem para o rosto do moreno –, você foi a primeira pessoa que eu quis amar, e eu ainda quero.
- Ok.
Pausa.
- Então Harry... Você vai terminar comigo? – ela perguntou displicente enquanto se voltava a encarar no horizonte o sol se pôr.
- Eu...
Mais uma pausa.
- Quando eu te chamei pra essa conversa, era isso que eu tinha em mente... – ele suspirou forte. – Mas eu não sabia como ela ia prosseguir.
- E como ela prosseguiu fez você mudar de idéia?
- Possivelmente.
- Hum...
- Você vai agora nessa viagem, vai ter essa competição com pelo menos uns 10 jogos e... Sei que isso é bem clichê, mas seria bom nós termos esse tempo mesmo.
- Sei...
- Eu quero que você pense sobre o que vai fazer, e, bom, pode me escrever uma carta enquanto estiver fora.
- Uma carta?
- É. Coloque nessa carta tudo o que você sente de verdade, e pode estabelecer através dela, o que você vai querer fazer.
- Você está então pondo em minhas mãos o futuro do nosso relacionamento?
- Não Gina – disse Harry, incisivo. – Estou pondo nas suas mãos o seu futuro. Por que eu sempre vou estar aqui por você. Seja como amigo, como namorado, ou como o cara que sempre vai te ajudar, mesmo que seja a superar as paixões platônicas ou amores impossíveis.
- Ok...
Eles se abraçaram... Como um último abraço.
“Os olhos dela arderam quando na profusão de cores eles se perderam...
E foi sem perceber...”
Os dias se seguiram um pouco atribulados.
Conforme planejado, o Harpias enfrentou com grande classe, um dos torneios mais disputados do ano.
E embora não tenham conseguido alcançar o titulo, as meninas jogaram com estilo e garra.
Gina estava um pouco abatida, fora substituída algumas vezes durante os jogos, e mesmo ela não falando, a maioria das jogadoras perceberam que havia algo errado.
Cinco meses após aquela longa conversa com Harry, ela estava finalmente prestes a entrar na Toca.
Por algum motivo seu coração palpitava energicamente.
Ela paralisou na porta de casa.
As mãos estavam suadas enfiadas no bolso, e apesar do frio e da chuva que caia na noite de Ottery St. Catchpole, ela morria de calor.
Antes de abrir a porta, observou por atrás do vidro, e lá estava Hermione. Sentada em sua poltrona preferida, lendo algum livro...
“Ela nunca mudara não é mesmo?” – pensou Gina sem perceber.
Seu estomago revirou. Ela sabia o que estava por vir.
Quando o barulho da porta foi anunciado, Hermione parou instantaneamente o que estava fazendo e encarou a ruiva encharcada.
- Gina! – a morena correu rapidamente a abraçar a menina.
Gina retornou seu abraço, inspirando aquele cheiro tão reconfortante, de lar, de Hermione.
- Por que você não me escreveu? – se afastando, Hermione começou a perguntar. – Eu e Rony queríamos ter ido a alguns jogos, mas Harry nunca queria ir...
- É mesmo? – indagou Gina enquanto caminhava observando a casa.
- Não tem ninguém em casa.
- Não?
- Sua mãe e seu pai foram com os garotos visitar o Gui e a Fleur.
- E por que você não foi?
- Ah, não sei... pode parecer bobagem, mas algo me dizia que você ia voltar hoje...
Gina sorriu.
- Sério! – disse Hermione. Logo em seguida se apressou e puxou avarinha murmurando imediatamente um feitiço que secou a ruiva da cabeça aos pés. Em seguida se sentou.
- Obrigada, eu já ia tomar um banho, e colocar roupas secas... – agradeceu a ruiva. Ainda estava extremamente ansiosa. – Ah, Harry também foi com eles?
- Sim. Sente-se aqui comigo. Me conte como foi tudo.
- Eu precisava falar com ele – continuou Gina enquanto se sentava.
- Eles não devem demorar a chegar.
Elas ficaram em silêncio por um tempo.
Hermione apenas sorria enquanto Gina revirava as mãos sem parar.
- O que aconteceu Gina?
- Como assim?
- Você parece ansiosa, tem alguma coisa errada?
- Ah... não...
- Nós ouvimos os jogos pelo rádio... Você não jogou em alguns...
- É. As meninas estavam testando as outras artilheiras.
- Você está pensando em sair do time?
- Ah... Não exatamente... Só estava precisando de um tempo sozinha.
- Você podia ter me escrito...
- Mas eu realmente precisei desse tempo sozinha.
- Ok...
Silêncio.
- Eu tomei uma decisão Gina – Hermione estava sorrindo bobamente.
- Que decisão?
- Na verdade, eu e Rony.
Gina ergueu os olhos para a menina.
- Que decisão? – tornou a perguntar.
- Vamos nos casar... Nós dois concordamos que já era hora de deixar a Senhora Weasley em paz... – continuou sorrindo.
Gina também sorriu.
- Talvez seja realmente... – murmurou a ruiva.
O sorriso de Hermione se extinguiu.
- Você não parece muito contente.
- Não, acredite, eu estou contente sim Mione.
- Hum...
- Eu só estou um pouco cansada... – disse Gina se levantando. – Eu vou tomar um banho e dormir um pouco.
- Ta...
- Pede pro Harry ir me ver lá no quarto quando ele chegar.
- Tudo bem...
Se eu peco é na vontade,
De ter um amor de verdade,
Pois é, que assim em ti eu me atirei,
E fui te encontrar, pra ver que eu me enganei
Depois de ter vivido o óbvio utópico, te beijar,
E de ter brincado sobre a sinceridade, dizer,
Quase tudo quanto fosse natural,
Eu fui para ai te ver... Te dizer:
Deixa ser como será
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um par, que é nos testemunhar
Deixa ser como será
Eu vou sem me preocupar,
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar
De perto eu não quis ver que toda a anunciação era vã
Fui saber, tão longe mesmo, você viu antes de mim
Que eu te olhando via uma outra mulher
E agora o que sobrou, um filme no close pro fim
Num retrato falado, eu fichado, exposto, em dia constitui
Especialistas analisam e sentenciam...
Deixa ser como será
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar
Deixa ser como será
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés, em preto e branco em hotéis,
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê
Havia um casamento, e um buquê de rosas vermelhas.
Ela havia pegado o buquê.
Observava a figura da garota no vestido branco dançando com seu irmão...
Via toda aquelas pessoas, e ouvia a voz de Harry lá no fundo chamando por ela.
Ela finalmente acordou com o barulho de alguém batendo em sua porta.
- Gina!
- Pode entrar Harry.
Cinco segundos e a porta se abriu devagar. O garoto entrou com cuidado.
Ela acendeu uma fraca luz com a ajuda de sua varinha.
- Posso me sentar?
- Claro...
Enquanto ele se aproximava e se sentava na cama, ela também se reclinou recostando-se na parede.
- Eu achei sua carta... – disse Harry. – Na cômoda ao lado da minha cama.
- Que bom que achou.
- Estava junto com um retrato seu...
Ela assentiu.
- O retrato é para mim também?
- Sim...
Eles se encararam um pouco, sem palavras.
- Eu não sei se entendi bem... – recomeçou o garoto.
Ela riu baixo.
- Imaginei que não entenderia.
Ele sorriu sem graça.
- Eu quero tentar, ok? – disse a ruiva.
- Quer tentar...?
- Como eu disse naquela carta... Deixa ser como será... Eu sei que você é a pessoa certa pra mim. E eu me sinto feliz estando ao seu lado...
Harry suspirou, parecia contrariado.
- Você soube do casamento?
- Sim, mas já tinha tomado minha decisão antes Harry. Eu quero ficar com você.
- Tem certez...
- Você disse que estaria aqui por mim.
- E eu estou.
- Também quero me casar com você.
- O que?
- Quero me casar com você, e você está proibido de não me fazer feliz.
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