A Carta
Cristie, fico tão feliz que tenha gostado da fic e do último capitulo! :D Talvez o capitulo 8 desse um bom final, mas a minha ideia seriam um total de 10 capitulos. Já só me falta escrever um! Espero que goste. Ah! E comente se conseguir que eu gosto muito de saber a opinião dos leitores seja boa ou má. Muito muito obrigada pelo seu comentário.
Pessoal, espero que estejam a gostar. Está quase a acabar. Só falta mais um capitulo. Obrigada a todos os que leram e ainda mais aos que comentaram, porque até agora os poucos comments são bastante positivos. Se conseguirem comentem Obrigada a todos mais uma vez.
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Nunca mais nos vimos, falámos ou comunicámos. Hugo e Hermione acabaram naquela noite por entre lágrimas. Sofri por ele como nunca sofrerei por ninguém. Chorei e gritei pela mais improvável das criaturas. Não houve dia em que não desajasse voltar a vê-lo, simplesmente vê-lo... Fiz sexo com outros rapazes pensando nele, tentando alcançar a profundidade e a química que tínhamos, beijei para sentir um terço da emoção que era beijá-lo a ele,,,sem nunca sentir nada que se equiparasse ao que nós tinhamos. E em todos encontrava algo dele: um olhar, um sorriso, um penteado, um cheiro, uma voz…qualquer coisa...desesperava com a sua ausência e todos os pequenos sinais que me fizessem relembrá-lo eram, imediatamente, detectados. Se existem almas gémeas neste mundo, pessoas destinadas a amarem-se, ele era a minha.
Eu só voltei a ver Voldemort na batalha final de Hogwarts, quando caminhei até à floresta para implorar pela vida de Harry. Nunca soube com pormenor, o que aconteceu nos anos seguintes nem sei se desejo saber, mas um pouco de Hugo voltou até mim na carta que ele me escreveu umas horas depois do nosso pequeno momento na floresta. Uma carta cheia de melancolia, mágoa...e amor. E nada me custou mais do que voltar a sentir um lampejo do seu amor.
Hermione,
Tanta coisa que ficou por dizer...és um sonho distante na minha mente...um sonho dos únicos momentos de felicidade que me lembro de possuir na minha vida...és a força do dia a dia, a minha razão de viver.
Tu sabes que matar Muggles já não me interessa para nada. Esses foram os sonhos do rapaz vingativo que eu era, uma alma coberta de rancor. Culpando os outros pelos seus erros.
Mas tu mudaste-me. Tu fizeste-me crescer, amadureceste-me, tornaste-me mais poderoso, mais sábio, mais competente...Se sou quem sou, devo-o a ti. E todos os erros que cometi na vida, cometi-os por ti e, por isso, nunca serão erros. Não me arrependo de não ter alma, não consigo sentir remorsos...
Tu eras a felicidade dos meus dias, o quebrar da minha rotina. Eu queria estar contigo de sol a sol, de lua a lua. Sem passado, sem futuro, vivendo a perfeição do presente...um presente que nós não tinhamos, pois viviamos os nossos momentos num tempo que não nos pertencia.
Minha aprendiza, minha amante, meu fogo de Gryffindor, enigma perdido da minha vida, como é possível amar tanto alguém? Os meus devoradores usam a máscara que usaste naquele baile só para eu rever um pouco de ti sempre que os vejo. Tentei ter outras mulheres nos primeiros tempos, mas nenhuma se comparava contigo. Por ti, gritava quando atingia o auge, porque era em ti que eu pensava. És a única que eu me posso orgulhar de amar, és a mulher da minha vida.
Eu tinha de derrotar o tempo para poder ficar contigo. E para derrotar o tempo eu tinha de derrotar a morte. Dumbledore diz-me incapaz de amar, não podia estar mais errado.
Por te amar, eu embrenhei-me nas trevas e procurei a imortalidade. Por te amar, eu ainda me senti mais injustiçado, porque tudo o que eu amara e respeitara naquela vida, tu, me fora dolorosamente arrancado.
Por te amar, eu cumpri a profecia e tentei matar Harry Potter. Não suportava a ideia de que ele me conseguisse matar e nos pudesse separar. E criei esta guerra estúpida.
Matei e assassinei, sem dó nem piedade todos os que se revelavam inimigos da minha demanda, todos os que se me opunham e a minha velha familia por mísera vingança. Não digo que não sou uma pessoa cruel e sanguinária, nunca me ouvirás negá-lo, ainda sou o homem que te ensinou a matar, que te deu poder para assassinares, mas antes de tudo mais sou alguém que te amou.
Por te amar, eu vou morrer. Numa coisa Dumbledore e Potter estão certos: Amor é sobre sacrificio. E eu sei que tu desejas o Potter vivo. Porque o Potter representa a paz, a liberdade e o fim da guerra, enquanto eu sou o impiedoso Senhor das Trevas. É verdade, tornei-me demasiado maléovolo na minha existência e só me reconheci quando te vi chorar na floresta, quando te vi tremer de medo por quem eu era.
Eu não matarei o Potter. Mas para um sobreviver, o outro tem de morrer. A nossa história sempre foi por ele. Por o amares, tentaste matar-me...e aí tudo começou. O Potter é o inicio e o fim. O teu amigo, o meu inimigo. O meu final.
Eis o meu segredo. No dia em que o vira-tempo se quebrou, no dia em que tive de te matar para que pudesses sobreviver...foi o dia em que a primeira parte da minha alma se quebrou. Eu estava a matar a pessoa que mais amava, nem imaginas o quanto isso delicera a alma. Não que te matasse realmente, mas a simples dor da separação foi suficiente para me destruir. Esse pedaço da minha alma, guardei-o no mais improvável dos objectos, sabendo que estaria sempre contigo e em segurança. Eu confiei-te sem tu saberes uma parte de mim e a um objecto que nem mesmo Dumbledore poderia suspeitar. O Vira-Tempo.
Sete é o mais poderoso dos números mágicos. Sete meses durou a nossa relação. Sete de Janeiro começaram as nossas aulas. Dia sete do sétimo mês tudo terminou. Sete Horcruxes eu criei...Dumbledore nunca alcançara o sétimo, nem Dumbledore nem ninguém, porque ninguém conhece a nossa história... e um oitavo que não pretendia, aquele que reside em Harry Potter.
Sim, eu sei que há um Horcruxe que eu tenho de destruir dentro do Harry e que a Varinha do Sabugueiro é, na verdade, dele e não minha...mas eu sinto-me um idiota...porque não fazer de idiota uma última vez? Porque não deixá-los gloriosos da sua sabedoria. Eu sei que derroto Harry Potter se não usar a varinha do sabugueiro, sei que sou mais poderoso e conhecedor que o Potter. Sei que Snape não era a chave para a varinha. Sei que ele era um espião para Dumbledore. Sei que ele luta do vosso lado desde que matei Lily Evans, a mulher que ele amava. E sempre o respeitei. Mas naquela noite, ele apareceu disposto a sacrificar o filho da mulher que ele amava, de sobrevivência incerta, para seguir um maldito plano de Dumbledore. E isso eu jamais poderei compreender. Mesmo que tu tivesses um filho com Harry Potter, meu maior inimigo, tal como James era o de Snape, eu protegê-lo-ia sempre, por ele ser teu. Independemente de quantas profecias ele fosse herdeiro, eu morreria sempre antes dele. E era assim que Snape deveria honrar a morte de Lily, não sacrificando o seu adorado filho.
Mas, no fundo, só tu me podes matar, Hermione. Porque só tu sabes a completa verdade. E por me amares sei que o vais fazer, porque eu desejo morrer.
Morrer para não ter de matar o Potter, porque isso seria de algum modo destruir-te a ti e toda a tua esperança. Eu criei uma guerra cego no meu egoísmo, mas mesmo que aceite a ideia de perder e morrer, não suporto a ideia de te ver sofrer...
E quando vieste ter comigo na floresta, compreendi que demasiado tempo passara, que tinhamos cinquenta anos de diferença, que nada era possível e realizável....eu escolho morrer. Morrer para não viveres com o fardo de me amares. Se é que ainda me amas.
Perdoa toda a guerra e instabilidade que eu trouxe à tua vida.
Eu sei que enviaste os teus pais para a Austrália com medo de que eu os encontrasse, porque sabias que eu iria atrás de ti. Vai ter com eles, retira o feitiço de memória, ficará tudo bem...
Perdoa-me, porque fui longe demais na minha loucura, no meu egocentrismo. Convencido de que me movia por amor, não consegui reconhecer o ódio que crescia atrás de mim. Convencido de que nos ia conseguir juntar, tudo o que fiz foi separar-nos.
Perdoa-me esperar que ainda me consigas perdoar.
Hugo Slytherin
Sentei-me na minha cama com lágrimas nos olhos e a carta agarrada com a mão direita. Apertava o vira-tempo na esquerda. Claro que o tinha guardado, estava sempre comigo no meu bolso, era incapaz de largá-lo. O pedaço da alma de Tom Riddle balançava nas minhas mãos, sempre tinha sentido a sua presença, mas atribuía o sentido às memórias invocadas pelo vira-tempo, nunca sonhei que pudesse ser um horcruxe. Saboreei a sua presença. Ele era o que restava de Hugo, uma parte da sua alma, uma parte que ele perdera por me amar e destruir tal coisa não era tarefa fácil. Eu nunca o deixaria de amar. Amaria sempre Hugo, mesmo que odiasse Voldemort. Eles eram o mesmo. E assassinar o homem que eu mais odiava, era o mesmo que matar o homem que eu mais amava. E a minha hesitação pulsava na palma da minha mão ao ritmo do meu coração. Angústia. Pesar e culpa. Queria gritar, mas tudo o que conseguia era chorar. Eu que me tornara uma assassina...que já matara mais uns quantos desde o apoiante de Gridenwald...que já presenceara guerras, batalhas e horrores...sentia-me terrivel com a ideia de destruir a alma dele...tudo o que me restava de Hugo...
Olhei pela janela e vi um exército aproximar-se do castelo vindo da floresta. Uma multidão aglomerava-se no hall. O próprio Lord Voldemort liderava o exército com o seu par de olhos vermelhos e a varinha do sabugueiro erguida na mão direita. Hagrid avançava com o corpo de Harry nos braços, mas eu de algum modo sabia que o meu amigo ainda não tinha morrido. E sabia que Lord Voldemort também o sabia.
Agarrei um dos dentes de basilisko que tinhamos trazido da câmara dos segredos. Levantei-me e caminhei até à janela. Uma vez ele tivera de me matar a mim, agora, eu tinha de o destruir a ele. Tenho a certeza que ele olhou para mim naquele momento. O momento em que eu ergui o dente de basilisko com a mão direito e segurei o vira tempo na palma da mão esquerda. Os nossos olhares cruzaram-se apesar dos quilómetros, quase que vi um sorriso e um aceno no seu lábio. Lágrimas trespassavam-me e com um grito trespassei o vira tempo, olhei para ele e li sofrimento nos seus olhos, enquanto sentia a minha própria alma a ser arrancada, senit-me agonizada e sei que caí e fiquei estendida no chão sem me conseguir mexer, mas sempre a olhá-lo nos olhos...compreendiamo-nos mutuamente. Mas não fiz Horcruxe algum, deixei-a ir para onde quer quer os pedaços de alma vão. Eu não queria a imortalidade, sabendo que não a podia partilhar com ele. Eu só o queria a ele. Tudo o que eu procurara ao longo do último ano regressara para mim...e agora tinha de destruir parte dele...
E quando olhei novamente para o vira-tempo vi lá gravadas as palavras De Slytherin, Com Amor um Voldemort de varinha erguida acenou-me num discreto aceno. E eu fiquei deitada no chão junto à janela, perdida e desorientada, coberta de lágrimas e suja pela batalha a vê-lo aproximar-se cada vez mais do castelo, o vira-tempo agarrado contra o coração. Quando ele desviou o olhar, ainda fiquei a vê-lo mais uns segundos, um estrondo da batalha despertou-me. E dei por mim a descer as escadas, ainda com o vira-tempo no bolso.
A ironia do destino pendente. Eu quisera-o matar sem o conseguir fazer...e quando o conseguira fazer, não o queria matar, mas tivera de o fazer.
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