Batalha
Meses. Meses sem notícias dela. Sem saber se ela estava bem, se estava ferida, se estava viva. Meses passando, e eu indo dormir todas as noites chorando sentindo a falta dela. Meses passando e a angústia em meu peito crescendo, sem saber onde ela estava, como estava, nada.
Eu passava bom tempo na Toca, ainda, e mais tempo ainda parado no muro olhando para o horizonte, rezando para que ela estivesse bem, rezando para que aquilo não passasse de um pesadelo, que ela iria aparecer do meu lado, eu iria passar o braço pelos seus ombros e iríamos juntos olhar o sol se pôr.
Quando estava trabalhando, eu escondia minha tristeza com um sorriso. Os clientes não precisavam saber do meu estado emocional. Porque para eles, não importa, importa apenas o que eles querem.
E assim foi passando o tempo.
Mais meses se passaram. Natal já se foi. Foi um natal triste, sem Rony, nem Harry, nem Hermione. Gui e Fleur também não foram. Mais meses. E chegou o dia em que a batalha começou. Minerva chamou todos da ordem para ir para Hogwarts, pois precisavam de reforços, que Voldemort estava a caminho. Fiquei contente com a chance de ver a minha Hermione, mas tenso pois o que temíamos a muito tempo, mas sabíamos que iria acontecer, estava prestes a ocorrer. Fomos todos para o castelo.
Assim que vi Hermione, corri para os braços dela, e ela para os meus; o abraço que trocamos foi o mais longo e demorado possível, para tentar matar a saudade de um ano afastados. Ela encheu meu rosto de beijos, e minha alma se alegrou com o toque de seus lábios macios em meu rosto. Mas não me contive: beijei-a nos lábios, e o tão amado gosto doce e único de seus beijos retornou aos meus lábios.
Depois de matar a saudade, nos organizamos para a chegada de Voldemort. Eu estava com medo. Muito medo. Eu sabia que poderia morrer, que qualquer um que eu amo poderia morrer. Eu e Fred estávamos na torre de astronomia, sozinhos. Estávamos vendo as barreiras mágicas que protegiam o castelo desmoronarem.
- Você está bem, Fred? – Perguntei.
- Sim. E você?
- Também.
Olhei-o. Era igual a mim, até a última sarda, fora o recente detalhe da falta da orelha. Ele me olhou também. E nos abraçamos forte. Pois tínhamos completa ciência que poderia ser a última vez. Depois disso, descemos, pois os comensais já haviam invadido o castelo.
Eu estava perdido entre escombros, pessoas mortas ou feridas, lampejos de luz verde, vermelha, azul. Eu não sabia se aqueles que eu amava estavam bem, só sabia que eu precisava ficar bem, por eles. Tropecei e caí de costas no chão, e o comensal apontou sua varinha pra mim. Fechei os olhos e pensei em todos aqueles que eu amo, e Hermione foi a primeira pessoa que veio à minha mente, sorrindo, me beijando. Esperei o silêncio. A escuridão. Mas ela não veio. Em vez dela, uma voz fria e maquiavélica preencheu os meus ouvidos, e aparentemente de todos, pois todos pararam para ouvir a voz.
“Vocês lutaram”, disse a voz, “valorosamente. Lord Voldemort sabe valorizar a bravura. Vocês sofreram pesadas baixas. Se continuarem a resistir a mim, todos morrerão, um a um. Não quero que isso aconteça. Cada gota de sangue mágico derramado é uma perda e um desperdício. Lord Voldemort é misericordioso. Ordeno que as minhas forças se retirem imediatamente. Vocês tem uma hora. Dêem um destino digno aos seus mortos. Cuidem dos seus feridos.”
E a voz continuou a falar, só que desta vez diretamente a Harry.Então todos os comensais se retiraram do castelo, e fui direto atrás de minha família, levando alguns mortos e feridos comigo, levitando. Encontrei todos no Salão Principal, envolta de algo no chão. Pousei os que eu levava comigo, e me aproximei deles. Então eu vi de quem estavam em volta, e meu mundo realmente ruiu. Era Fred.
Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Meu irmão gêmeo, estirado no chão, pálido, gelado, sem se mexer nem respirar. No desespero, pensei que era uma brincadeira de mal gosto dele, mas não era. Me joguei no chão ao lado dele, e me pus a chorar, com a cabeça apoiada em seu peito. Sinto alguém abraçar-me lateralmente, e não precisei olhá-la para saber que era ela. Hermione afagou meus cabelos, e sussurrava palavras de consolo nos meus ouvidos. Me virei e me joguei em seus braços, lavando sua camiseta suja com as minhas lágrimas de dor. Toda a dor que eu senti, eu não consigo explicar. Só sei que fiquei o tempo todo ali com ela, com a minha família , sem prestar atenção em mais nada.
O que pareceu ser uma eternidade depois, a voz de Voldemort retornou.
“Harry Potter está morto. Foi abatido em plena fuga, tentando se salvar enquanto vocês ofereciam suas vidas por ele. Trazemos aqui o seu cadáver como prova de que seu herói deixou de existir.”
E ele continuou falando. Quando acabou, saímos todos para fora, para encontrá-lo cara a cara. Hermione ia protegida em meus braços, chorando, pela possibilidade de seu melhor amigo estar morto. Quando chegamos lá, o corpo inerte de Harry pousava nos braços de Hagrid, que o pôs no chão. Voldemort começou a falar, a falar, Neville foi torturado por seu ato de coragem, e então Harry se levanta. Virei para o lado procurando Fred, mas ele não estava. Então jurei matar todo e qualquer comensal da morte que atravessasse em meu caminho. A batalha recomeçou, e eu lutava com um comensal. Ele caiu aos meus pés, morto, por um feitiço que eu não lancei.
Então Voldemort cai morto. A guerra estava ganha. Quando todos os comensais estavam ou mortos, ou presos, ou fugindo, puxei Hermione para um abraço. E nós dois começamos a chorar, de dor, de tristeza, de felicidade, de saudade. Mas estava tudo acabado, agora tudo iria ficar bem.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!