Mouco
Alguns meses depois.
Tudo havia mudado. Mas eu continuava com Hermione. Iríamos buscar Harry na casa dos tios essa noite, e tínhamos feito um plano com poção polissuco e tudo. Eu estava nervoso, seria extremamente perigoso. E Hermione teimou em participar do plano. Isso me deixava mais nervoso ainda.
Chegou a hora. Fomos todos à casa dos tios de Harry, de vassoura, testrálios, e o Hagrid com uma moto voadora. Hermione foi na minha garupa da vassoura até chegarmos lá. Um tempo depois, estávamos reunidos na sala de estar dos Dursley, tentando convencer um Harry Potter teimoso em aceitar o plano.
- Se vocês acham que vou deixar seis pessoas arriscarem a vida...!
- ...porque é a primeira vez pra todos nós. – Interpôs Rony.
- Bom, nenhum de nós gostou muito da idéia, Harry. – disse Fred, sério. – Imagine se alguma coisa der errado e continuarmos para o resto da vida retardados, magricelas e “ocludos”.
Harry não sorriu.
- Não poderão fazer isso se eu não cooperar, precisarão que eu ceda uns fios de cabelo.
- Então, lá se vai o plano por água abaixo. – Comentei. – É óbvio que não há a menor possibilidade de arranjar fios dos seus cabelos, a não ser que você colabore.
- É, treze de nós contra um cara proibido de usar magia; não temos a menor chance. – Acrescentou Fred.
- Engraçado. – disse Harry. – Realmente hilário.
Alguns bons trinta minutos mais tarde, estávamos em meio a gritos, clarões verdes e vermelhos no céu. Estávamos já razoavelmente perto da Toca, quando um feitiço me atingiu, e tudo escureceu.
Escutei alguns ruídos irritantes. Me mexi, e senti que estava deitado em um lugar macio... Um sofá.
- Como está se sentindo, Jorginho? – sussurrou a voz da minha mãe. Não resisti.
- Mouco. – Murmurei, então descobri que estava fraco, ensopado de sangue e sem uma das orelhas.
- Que é que ele tem? – perguntou Fred lugubremente, com um ar aterrorizado. – A perda afetou o cérebro dele?
- Mouco. – repeti, abrindo os olhos e olhando meu irmão gêmeo. – Entende... Surdo e oco, Fred, sacou?
Ouvi minha mãe soluçar, chorando. A cor inundou o rosto pálido do meu irmão.
- Patético. – disse ele. – Com um mundo de piadas sobre ouvidos para escolher, e você me sai com um “mouco”?
- Ah, bem, agora você vai poder distinguir quem é quem, mamãe. – Eu disse, sorrindo, para minha mãe praticamente afogada nas lágrimas. Olhei para os lados e encontrei Harry. Espera. Era mesmo o Harry?
- Oi Harry... Você é o Harry, certo?
- Sou.
- Pelo menos você voltou inteiro. E Hermione?
Como se respondesse a minha pergunta, ela invadiu a sala de estar, procurando por mim.
- George? Cadê ele? Ele não chegou ainda ou...?
- Estou aqui, minha flor. – Chamei-a.
Ela se aproximou de mim, e estacou, boquiaberta.
- M-Mas o que aconteceu?
- Ele foi atingido por um Sectusempra, por Snape. Queria poder dizer que retribuí na mesma moeda, mas só pude agüentá-lo na vassoura, estava perdendo muito sangue.
Ela se ajoelhou ao lado da minha mãe, segurou uma de minhas mãos, e a outra pousou no meu rosto, sem se importar se ele estava ensopado de sangue ou não. No seu rosto, a mais profunda expressão de preocupação.
- Você está bem?
- Estou melhor agora. – Sorri para ela, tentando tranqüilizá-la. Ela sorriu fracamente, acariciando meu rosto. Ela se aproximou e beijou meus lábios.
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