O Voo
O tempo ia passando. Um mês, dois meses e meio. Os meus sentimentos, aumentando. A dificuldade de esconder, também. Lino dizia sempre que parecia que Hermione gostava de mim também, porém eu não conseguia acreditar naquilo. Eu ficava um completo bobalhão na frente dela, às vezes esquecia como articular palavras.
Era uma tarde de treino árduo. Estávamos todos ansiosos e nervosos por causa do jogo contra a Lufa-Lufa, pela decisão da Taça, no sábado. Algumas pessoas assistiam o treino nas arquibancadas, e entre elas, Hermione. Naturalmente, com um livro no colo. Eu tentava no máximo não prestar atenção nela e sim no jogo, mas era difícil. Aqueles lindos cabelos cacheados presos em um coque informal, com uns fios soltos caindo pelo pescoço nu. Aqueles olhos castanhos concentrados, mantendo um ritmo enquanto acompanhavam as linhas do livro de transfiguração. Aquelas mãos macias e delicadas, segurando com firmeza o livro. Ela era perfeita.
Mais tarde, o treino acabou. Tomei uma ducha rápida no vestiário, me vesti, e fui lá fora, esperando que ela ainda estivesse lá. E estava. Encostada displicentemente na parede de madeira do campo, com o livro bem seguro debaixo do braço. Aproximei-me sorrindo torto, com a vassoura na mão.
- Esperando alguém? – Perguntei.
- Um certo ruivo.
- Ah é? Temos três ruivos no time. Posso saber qual? Um que não larga um moreno da testa rachada ou um dos gêmeos ruivos?
- Um dos gêmeos...
- Interessante. Esse gêmeo seria o mais bonito, mais inteligente e engraçado, que se chama George?
- E o mais convencido também. Sim, é sim! – Ela riu, e sua risada preencheu meus ouvidos como a mais perfeita música; Seu sorriso iluminou a minha alma como raios de sol iluminam a madrugada. Quando o riso cessou em seus lábios, tive uma idéia repentina.
- Mione, você já voou numa vassoura?
- Não, eu tenho medo.
- Se eu fosse com você, guiando a vassoura, você iria?
Ela hesitou. Eu podia ver em seus olhos o crescente medo e a crescente dúvida de ir ou não. Esperei em silêncio a resposta. Hermione respirou fundo.
- Sim.
Sorri, e subi na vassoura, sinalizando para que viesse atrás de mim. Ela se aproximou, incerta. Subiu na vassoura devagar, e envolveu minha cintura com seus braços finos.
- Segure-se.
Ela apertou mais o abraço. Dei um leve impulso pra cima e a vassoura decolou. Ela apertou mais ainda o abraço, e por um momento não consegui respirar. Mas eu não reclamei. Deixei ela me apertar o tanto que precisasse para se sentir segura. Conduzi a vassoura lentamente em círculos ao redor do campo, e o aperto dela foi afrouxando a medida que seu medo se extinguia. Depois de um tempo, levei a vassoura de volta ao chão. Ela desmontou, e eu depois. A olhei. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados pelo vento, e ela sorria. Meu coração descompassou com aquilo. Hermione não dizia nada, e eu muito menos. Estava ocupado demais olhando a personificação da perfeição. Ela se aproximou mais de mim.
- Então? – Perguntei.
- Maravilhoso. – Ela respondeu, com o nervosismo ainda presente em sua voz. Ela se aproximou mais. Mais. Mais. Estava a centímetros de mim. Aquilo era perigoso. Muito perigoso. Meu coração estava mais do que descompassado; doía a cada batida de tão rápido. Temia que ela escutasse essas batidas. Meus olhos estavam hipnotizados com aqueles olhos castanhos como avelãs fixos nos meus, tão perto. E uma pulsação na região abaixo do umbigo não colaborava também. Eu conseguia ver o meu reflexo no olhar dela. Mais próximos. Centímetros de distância. Seus olhos se fecharam. Os meus foram se fechando junto com os dela. Esperei pelo toque dos lábios dela. E os meus lábios encontraram os dela. Macios, suaves, com um gosto doce.
Inconscientemente, minhas mãos foram para a sua cintura, puxando-a para mim. Suas mãos foram para meu cabelo e minha nuca. Ela acariciou meus cabelos, e eu achei que estava sonhando. “Se for um sonho, não me deixe acordar!” pensei. Mas infelizmente, o ar começou a faltar nos nossos pulmões. Relutantemente, me afastei dela. Ousei abrir os olhos. Ela estava corada, sorrindo, olhando para mim. Eu não consegui dizer nada. Ela tirou todas as palavras de minha boca nesse beijo. Ofereci minha mão à ela, e voltamos juntos para o castelo.
Antes de dormir, meus pensamentos foram à ela, como todas as noites. Porém, o gosto do seu beijo ainda estava em meus lábios, salvo na memória e eternizado no meu coração.
Depois daquele beijo, ficávamos constrangidos um na presença do outro. Vivíamos trocando olhares diferentes dos que trocávamos antes, e não nos beijamos mais. Cheguei a pensar que ela tinha se arrependido de ter me beijado, ou que não tinha gostado.
Sábado. Dia DO jogo. Atmosfera agitada em Hogwarts. Atmosfera constrangida entre eu e Hermione. Eu estava ansioso, nervoso, agitado. Mas meus pensamentos não paravam de ir até ela, como sempre. Me afligia não saber o que realmente estava acontecendo entre nós dois.
O time estava silencioso no vestiário. Nem Angelina conseguia dizer uma palavra. Estávamos todos nervosos, pois era o jogo mais importante. Podia apostar que todos os estômagos estavam embrulhados, como o meu. Lá fora, sons de gritos, risadas, passos. Madame Wooch chamou o time da grifinória. Entramos sobre o som ensurdecedor de mais da metade da escola gritando. Cumprimentamos o time da Lufa-lufa, e deu-se início ao jogo.
Comentários (1)
ahhhhhhhhhhhh como nãos e beijaram mais????foi tão lindoooo
2012-01-10