Capítulo I
- Hermione, eu falei com você?
- Oh, me desculpe... eu...
- Está no mundo da lua. – completou a amiga, aborrecida. – ‘Tava pensando no Alex... Andou chorando, não é? Você ‘tá toda inchada, honey!
Hermione hesitou. Seu silêncio foi o suficiente para que sua colega de quarto continuasse o sermão.
- Não acredito que você está desperdiçando a sua vida por esse cara, francamente! Pra que devorar tantos livros se você age como uma tola? Vamos à festa, vai ser bom pra você!
As lágrimas que pareciam ter se esgotado na noite passada retornaram a todo vapor. Hermione lutava para que elas não caíssem de seus olhos, prometeu a si mesma que não iria mais chorar. Não podia! Resistiu o quanto pode, mas o choro foi inevitável. Susan foi de encontro à morena e abraçou-a e disse:
- Shhh... Não chore, me desculpe, o.k.? Não precisa ir se não quiser.
- Eu não quero – disse Hermione, chorosa. – Não quero ir.
- Então fique. Tome um banho e, descanse.
- Vou tentar.
- Diga: Eu vou conseguir! Seja forte... Alguém tem que cuidar do Bichento, não é? – riu-se.
Hermione tentou sorrir, mas não conseguia. Tudo que sentia era dor, tristeza e angustia. Suas lágrimas podiam acabar , mas aqueles sentimentos pareciam que nunca desapareceriam...
Já sé em seu apartamento, Hermione seguiu os conselhos de Susan, afinal, ela era uma boa pessoa, intrometida, é verdade; mas, sobretudo fiel como um bom cão. A amizade de ambas aconteceu rapidamente. A morena lembrava muito bem do belo dia em que aquela pessoa extrovertida e totalmente franca entrou em sua vida. Hermione estava em seu primeiro dia de trabalho na biblioteca, onde trabalhou por algum tempo como atendente, estava ansiosa, queria muito se dar bem. “Lembre-se, Hermione, pergunte o nome do autor, jogue o nome no sistema e dê a informação. É simples.” Dissera a Sra. Jones, a bibliotecária responsável. Quando viu aquela mulher de alma feliz e reluzente entrar no estabelecimento... Sentiu-se feliz também, pois aquela seria sua primeira cliente. Seu rosto abrigou o sorriso mais sincero e recepcionou-a:
- Posso ajudar?
- Oh, sim! Howard. – vendo que Hermione havia começado a usar o teclado do computador que havia em cima do balcão da recepção, a mulher lhe falou – Não... não, Honey, não quero um livro. Eu procuro Howard. Ele está?
- Susan Bennet! – Sra. Jones, que acabara de sair de seu escritório, abraçou a mulher jovem. – Deixa que desta aqui, eu cuido, Hermione. Aproveite e faça sua hora de almoço.
Hermione pensou que nunca mais veria aquela mulher. Até parece... Enganou-se completamente. Desde que Susan apareceu naquela biblioteca toda sorridente, nunca mais saiu de perto de Hermione. Arrastava a morena para festas, apresentava pessoas de várias classes sociais. Tinha o objetivo de “socializar” Hermione, que não via necessidade para tudo aquilo. Estava contente com sua vida e, não queria mudanças, mas deixou-se levar pela euforia da outra. Susan, Susan, e Susan!
Hermione, pela primeira vez, conseguiu sorrir. Não saberia o que seria dela sem sua tão querida amiga. Não saberia o que fazer depois do seu fracassado casamento com Alex.
Esse sim fizera um estrago ao entrar na vida da morena. Viu-o pela primeira vez em uma reunião íntima de um dos amigos de Susan.
Alex Feehily! Sentiu-se atraída por ele desde o primeiro momento. Era um irlandês muito sorridente, charmoso e elegante. Um encanto de homem! Mal acreditou quando ele a olhou e lhe deu piscadela. Imediatamente, Hermione olhou atrás para se certificar que aquela piscada era para alguma outra mulher... mas, não. Era mesmo para ela.
Não demorou muito para que engatassem em um namoro. Estavam apaixonados e não se desgrudavam por um minuto sequer! O casamento foi outro fato que não demorou a acontecer, gerando alguns comentários maliciosos... Quisera ela que alguns deles fossem verdadeiros. Queria outra realidade. Queria Alex de volta.
- Não se iluda, Hermione – disse para si mesma. – Ele não voltará...
Alex tinha sido enfático ao por um ponto final na união conjugal. Não haveria volta. Era impossível... uma vez assinado o divórcio, não tinha como voltar atrás. No fundo Hermione entendia seu ex - marido “um casamento sem filhos, não é casamento.”, disse ele ao se ir. Mas que culpa ela tinha? Qual culpa tem uma mulher de não conseguir gerar uma vida dentro de si? De ser estéril... incompleta e vazia?
Era assim que ela se sentia. Desejou muito que houvesse um engano ou talvez um milagre. De acordar pela manhã e ir ao espelho e ver como sua barriga crescia, de perder suas roupas por estar engordando loucamente, de sentir ganas de comer algo diferente lá pelas tantas da madrugada, de escolher o nome de seu filhinho. Um filho! Era só o que ela queria, ela e Alex queriam isso. Tentaram por um ano inteiro, e sempre fora a mesma coisa: a suspeita, a euforia e a decepção. A cada frustração, dizia a si mesma que da próxima vez conseguiria, porque era jovem, perfeitamente saudável e mulher!
Cansado de esperar por um filho, Alex a deixou. Fazia seis meses desde que ele saiu da vida de Hermione. E, apesar de dizer que a amava, não a procurou tampouco lhe telefonou . Será que ele não via que quem sofria mais era ela? Ele poderia encontrar outra. Sim, poderia se casar novamente e ter filhos. E o que restara a Hermione? O quê?
Amava Alex, mas ele a magoou e muito. Se pudesse tê-lo de volta, o perdoaria; porém nunca se esqueceria da forma que ele a olhou, do jeito que disse a ela que esta não era a esposa ideal para ele. Como ele pode? Depois de toda a entrega, das renúncias: amizades de anos e empregos deixados para trás. Não ficaria ali sofrendo, gastando horas valiosas de sua vida se remoendo por alguém que nem tivera a sensibilidade de saber como ela estava. Susan estava certa... Ele era um ingrato. Não ficaria ali trancada em seu a apartamento chorando a noite inteiro como havia feito na noite passada. Não, não naquela noite. Estava decidida se juntaria a Susan, iria à festa.
Vasculhou seu closet a procura de algo adequada para a ocasião, Susan mencionou que era uma reuniãozinha informal, mas uma festa realizada na cobertura daquele prédio podia-se esperar tudo, menos um evento modesto. Pousou os olhos num vestido de zibeline em tom rosado. Aquele vestido tinha lhe custado três meses de seu salário, mas havia se apaixonado por ele e acabou cometendo essa loucura. Separou-o e o colocou em cima de sua cama. Caminhou até o banheiro e abriu a torneia da banheira, escolheu o sal de banho que ria usar e logo depois, meteu-se dentro daquela água espumante e relaxante. Esqueceu-se dos problemas, das tristezas... Quase caiu num cochilo se não fosse pela música alta que invadiu seus ouvidos. A festa havia começado!
Hermione enrolou-se na toalha felpuda e rumou até seu quarto.
- SAIA JÁ DAÍ. – o gato não lhe deu ouvidos, olhou-a de relance e continuou deitado naquele delicado tecido. - Seu gato mau!
O felino apenas espreguiçou-se e se espalhou ainda mais no vestido de festa, apesar de Hermione não ter gostado nadinha da cena, não conseguiu ser rigorosa com Bichento. Ele era tão fofo, tão macio. Um companheiro... Permaneceu sempre fiel a ela, nunca a deixou desamparada em suas fossas. Quem dizia que gatos eram traiçoeiros e não confiáveis, nunca tinha convivido com gatos, pensou Hermione. Pegou o animal no colo e o afagou, em reposta ela ouviu um miado de felicidade. Um sorriso surgiu nos lábios, com cuidado o pôs ao chão.
Antes de por o vestido, procurou por possíveis estragos o que acabou não encontrado. Aliviada, apenas retirou os pelos que tinham pousado no vestido. Até que o pelo de Bichento não caia muito. Essa era uma das queixas que Alex fazia...
- Chega, Hermione, Chega! - irritou-se ao se pegar pensando nele novamente. Ainda bufando, abriu o zíper do vestido e se enfiou dentro dele.
Chegou à conclusão que gastar uma fortuna naquele vestido tinha sido uma decisão muito sábia. Ficara perfeito em seu corpo, pois realçava suas curvas... Admirou-se por alguns minutos. Ela não era todo tipo de mulher fatal, mas Hermione possuía seu charme. Ora ou outra ouvia isso de alguns admiradores que acabava encontrando naquelas festas... Faltava apenas maquilar-se, dai então , estaria pronta. Pronta para seguir em frente e renunciar o passado.
Os corredores estavam cheio, o elevador também. Quando a porta deste se abriu ela espera respirar um pouquinho de ar puro; mas parecia que a Inglaterra inteira estava lá. Arrependeu-se. Tentou dar meia volta; porém a multidão a empurrava para frente. A confiança que tinha conquistado havia sumido. A música que embalava o ambiente não foi capaz de relaxá-la. Hermione era toda tensão. Aflita, procurou por um rosto conhecido, e nada de Susan, onde é que ela estaria?
- Procurando alguém? - virou-se para ver quem lhe falava.
Aquele sorriso lhe atingiu eu cheio: um calafrio tomou conta de seu corpo e suas pernas ficaram moles... bem moles. Piscava os olhos, estreitou-os; mas estava difícil ver, tudo se embaçou...Ah, aquele sorriso! Aos poucos ele foi sumindo... sumindo e sumindo até que ela perdesse a consciência por completo.
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Agora sim acabou!!!
Será que a fic vai flopar? Cenas para os próximos epísodios, ou melhor, capítulos!Rs.
Bjs eternos!
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