PS: Trancar a porta

 Abri os olhos lentamente. Olhei em volta. Esse não é o meu quarto e por que diabos eu não estou usando roupas? Então me lembrei da noite passada e deixei um sorriso bobo se formar no meu rosto. Ele disse que me ama. Suspirei. Ouvir aquelas palavras foi como ouvir o canto de uma fênix. Foi a coisa mais linda que eu poderia imaginar.
 Me virei. Remo estava virado de costas para mim. Seus ombros cheios de cicatrizes estavam à mostra. Ele ressonava tranquilamente, completamente adormecido. Olhei em volta novamente. Como diabos nós chegamos a um quarto? Eu simplesmente não me lembrava. Me virei para Remo novamente e, graças ao tédio, comecei a contar as cicatrizes em seus ombros e costas.
 Quando eu estava chegando em 10 ele se virou, acordado.
- Bom dia. - Remo falou ao me ver
- Sabia que você tem mais de 10 cicatrizes nas costas? - Eu disse sorrindo
- Com certeza eu não sabia disso. - Ele respondeu com um leve sorriso
 Sorri e descansei a cabeça em seu peito. Olhei para ele. Sua expressão estava pensativa, culpada, coisas do tipo.
- Está bravo comigo? - Perguntei
- Com você? Não. Comigo mesmo - Ele respondeu me olhando - Eu não deveria ter avançado.
- Era verdade, Remo? - Perguntei - Você realmente me ama?
- É claro que sim, Julieta. - Remo respondeu - Mas... isso não vai funcionar.
- Eu não entendo. - Suspirei
- Não vamos discutir isso agora. - Ele disse pondo uma mecha de meus cabelos atrás da orelha.
- Por que não? - Perguntei
- Hããã, por que não acho que seja um momento favorável. - Ele respondeu cautelosamente
 Eu ia protestar, mas então percebi que realmente não estávamos em um momento favorável.
- Ah. - Eu disse - Então...
 Nesse momento a porta se abriu por um Sirius tampando os olhos com uma mão e segurando a varinha com outra.
- Vocês têm 3 segundos para se cobrir! - Ele disse
 Eu e Remo ficamos paralisados. Senti meu rosto ficar extremamente quente. Ele não poderia ter esperado que nós tivéssemos saído do quarto, vestidos?
 Então Sirius destampou os olhos e soltou um sorriso malicioso.
- Que coisa feia... - Ele disse
- SIRIUS SAIA DESTE QUARTO AGORA! - Remo disse completamente alterado
- Calma Aludo! - Sirius disse divertidamente - Eu achei umas coisas na sala e achei que vocês gostariam de recebê-las de volta.
 Ele sacudiu a varinha e minha blusa, minhas botas, o casaco e a camisa de Remo vieram flutuando de trás dele.
- Estarei na sala, casal feliz. - Ele disse piscando e saí, batendo a porta
- Como diabos ele entrou na minha casa?! - Remo perguntou assustado
 Eu estava frustrada. Argh, por que sempre que algo de constrangedor acontece comigo Sirius é o causador?! Você não presenciou a época da primeira Ordem da Fênix... Eu quase contratei um guarda-costas! Tá eu to exagerando... Mas eu pensei no assunto.
- Eu não sei Remo. Eu acho melhor eu me vestir e ir embora. - Eu disse me afastando dele - Me desculpe.
- Julieta, eu não te culpo por nada. Tem algo para o que te culpar? - Ele disse
- Você já reparou a situação que estamos? - Perguntei desconfiada
- Eu me culpo por isso, não se preocupe. - Remo respondeu
- Por que será que isso não me acalma? - Eu murmurei para mim mesma
 Levantei-me e comecei a procurar minhas roupas. Vesti-me rapidamente e fui até a porta. Me virei e olhei Remo. Ele estava calçando os sapatos.
- Vou para casa. Desculpe por isso. – Eu disse meio sem jeito
- Não tem problema. – Ele disse – Até mais.
- Até. – Respondi
 Andei até a sala, onde Sirius estava sentado numa poltrona lendo um Profeta Diário. Ele levantou o olhar e deu um sorriso debochado. Quando ele abriu a boca para falar eu o cortei:
- Vá para o inferno, Black.
 A mula começou a rir. Eu saí da casa e aparatei para a minha casa. Assim que bati a porta atrás de mim suspirei. Ele me ama.

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  Depois disso fui para o Ministério, trabalhar. Com o novo ministro sendo um ex-auror, o trabalho é cada vez maior. Ignorei Sirius o resto do dia e planejo continuar assim por um bom tempo. Eu só sei que coro sempre que ao menos penso na intromissão dele. Eu estou muito puta com isso. Ok, voltando ao foco principal... EU! Não, voz, você não é o foco principal dessa história. Poxa, magoei! Posso falar? Obrigada! Depois de 6 horas de trabalho exaustivo (tá, eu to mentindo, mas se eu puser ''exaustivo'' na frente fica mais dramático, não?) eu voltei para casa e esperei para a chegada de minha querida amiga, Anne. Hoje é o dia do encontro-para-não-perder-contato, ou seja, vamos conversar muito.
 A campainha tocou e eu fui lá atender. Depois do ritual de segurança do tipo ''Quem é? ''-''fulano fulanóide, sangue do tipo tal, trabalha em tal coisa, blábláblá'' eu abri a porta e a loira entrou.
- Anne, eu tenho muita coisa para te contar. – Eu disse séria.
 Atuação. Eu não podia chegar e dizer tudo do nada né? Tinha que ser dramático e inesperado.
- Então vamos à conversa. – Ela respondeu se sentando
- Ok, para começar é uma longa história. Mas no final compensa. – Eu disse
 Comecei com a história do barraco com a Tonks. Ela riu muito. Então falei para ela da conversa, ou melhor, discução com Remo no parque. Então do ataque dos comensais e de Greyback. Ela sabia sobre o meu trauma, então ficou preocupada quando eu citei o monstro saindo das sombras. Então eu falei do lobisomem que eu reconheci como Remo Lupin me defendendo e ela soltou um suspiro de alívio e um sorrisinho alegre.
- Por que o alívio? – Perguntei desconfiada
- Eu tinha o medo dele ter te mordido. – Ela respondeu dando os ombros
  Então voltei à narrativa. Cortando alguns detalhes como a quantidade de sangue que eles tinham pelo corpo e a fúria em seus olhos. Até que cheguei à parte em que ambos saíam correndo pela noite, um para cada lado.
- E o que aconteceu? – Anne perguntou curiosa - Fala logo mulher!
- Bem, eu fiquei lá chorando. Até que um dos membros da Ordem, Arthur Weasley...
- Eu o conheço... Não foi ele que ganhou uma viagem para o Egito alguns anos atrás? – Ela disse
- Anne, você quer ouvir, ou não? – Perguntei sem paciência. Ela assentiu – Muito bem, então ele me levou para onde os outros membros estavam. Até que Sirius - Corei ao dizer o seu nome - veio e me levou para a casados meus pais.
- Por que está corada? – Ela perguntou nada amigável
- Vou chegar nessa parte. E só para constar, eu não toquei nele. – Acrescentei marotamente
 Ela bufou e fez um gesto para que eu prosseguisse.
- Eu passei três dias lá, sem dormir nada. Ai a culpa me venceu e fui visitar Remo no hospital. – Continuei – Eu cheguei lá, agradeci por ele ter salvado minha vida e então perguntei por que ele tinha feito aquilo se eu tinha tratado ele mal por tanto tempo. Ele respondeu que quando me viu tão assustada, tão indefesa, ele queria matar o causador daquilo. Ele disse que precisava me proteger. – Anne murmurou algo como '' que fofinho! ''. Eu suspirei– Então ele perguntou por que eu vinha tratando ele assim há tanto tempo. Eu disse para ele que sabia da maldição do beijo com aquela vaca. Falei que eu sabia que nós não tínhamos nada, mas eu me senti descartada. Remo então me explicou o que tinha sido aquilo. Na verdade a vaca o beijou. Ele não mentiu para mim, disse que até retribuiu, mas então se separou e disse que seu coração já tinha dona. – Meu olhar ficou distante – Ai caiu a ficha que eu tinha tratado ele mal há um tempão quando eu tinha é que bater mais na Tonks. – Anne sorriu – Pedi desculpas por isso, falei que eu era uma idiota. Ele disse que ele que era idiota por não ter se tocado que eu sabia. Eu falei que ele era lerdo e ai o clima descontraiu. Conversamos um pouco. Eu pedi desculpas novamente. Ele disse que não havia problema. – Soltei um sorriso bobo – Então eu o beijei e disse que o amava.
 Anne cobriu a boca com as mãos.
- Você disse? – Ela perguntou surpresa – Mas...
- Eu achei que era melhor dizer enquanto podia. – Suspirei – Mas ainda não acabou loirinha.
- Por favor, não me chame de loirinha. – Ela disse fazendo uma careta – Mas continua Giucci! Eu to curiosa!
- Ser uma jornalista realmente foi uma ótima escolha de trabalho para você depois de que desistiu do quadribol... você sempre quer saber das coisas – Eu comentei marotamente
- CONTINUA FALANDO! – Anne exclamou
- Ok! Ok! – Eu disse rindo – Bem, Depois de alguns dias ele me chamou para a sua casa. Ele disse que precisava conversar comigo. Quando eu cheguei lá o Sirius estava lá também. – Eu disse com uma careta enquanto voltava a corar – Conversamos, rimos um pouco. Rir faz bem, sabia? É, nós rimos. Então o cachorro foi embora. Remo, bem, digamos que ele tentou começar a falar sobre o que eu disse para ele no St. Mungus.
- Ele começou a gaguejar? – Anne perguntou prendendo o riso
- Se eu o deixasse continuar falando ele começaria a gaguejar. – Eu disse sorrindo – Mas bem, eu disse para ele que não queria que ele acrescentasse nada. Que eu disse que o amava por que era a verdade e eu achava que já estava na hora dele saber que eu ainda sentia o mesmo por ele. Ai ele me olhou intensamente e disse '' E se eu te dissesse que eu também te amo? '' – Concluí com um olhar sonhador
- Owwwwwwn que lindo! – Anne disse – Parece coisa de filme!
- Anne, o que diabos é filme? – Eu perguntei confusa
- Coisa dos trouxas, eu não sei explicar. – Ela disse balançando a cabeça negativamente - Te mostro depois, agora voltando ao assunto, o que aconteceu depois?
- Bem, nós nos beijamos e digamos que eu assei a noite passada na casa dele. – Eu respondi com um leve sorriso nos lábios
- Julieta Kathleen Giucci, você não perde uma, não? – Anne bronqueou
- Anne Charlotte Blanchet Creevey, você gosta de me repreender, não? – Eu bronqueei – Me deixa viver, mulher!
- Não tem graça se eu te deixar viver. E é só isso, ou tem mais? – Ela perguntou
 Eu bufei.
- Hoje de manhã, ele estava todo culpado. – Eu respondei de má vontade – Anne, não sei se você já passou por isso, mas não é nada legal quando um cara diz que te ama e depois fica culpado por te levar para a cama. Eu perguntei se era verdade, se ele realmente me amava. Ele disse que sim, mas que não ia dar certo. – Eu bufei novamente – Ai quando eu ia tentar contrariar, adivinha?
- Ele disse que era mulher? – Ela perguntou como quem não queria nada
- MEU MERLIN ANNE! NEM BRINQUE COM ISSO! – Eu exclamei assustada enquanto o ser genial ria – Não, ele não disse isso, por que ele NÃO é uma mulher.
- Como você pode ter certeza? – Ela provocou
- Acredite Anne, eu tenho certeza. – Eu disse irritada – Mas não foi isso que aconteceu, na verdade o ex amor da sua vida entrou no quarto.
- Brad Pitt? – Ela perguntou com uma sobrancelha levantada
- Não sua anta! Sirius Black! – Eu exclamei– Tu é mais lerda que o Lupin, meu Merlin me dê forças!
- O que?... Como ele entrou na casa? – Ela disse confusa
- Não faço idéia, só sei que ele entrou no quarto tapando os olhos, falou para a gente se cobrir em 3 segundos e olhou. Ai soltou um dos deboches comuns que ele sempre solta. Remo praticamente gritou para ele sair, então o debilóide balançou a varinha e algumas de nossas roupas saíram flutuando de trás dele. – Eu bufei – Ai o ridículo vai embora e nos deixa lá, completamente humilhados... De que você está rindo, ser humano?
 Anne estava simplesmente morrendo de rir.
- NÃO TEM GRAÇA! – Eu exclamei furiosa
- Claro que tem! – Ela disse entre os risos – Olha a sua cara, Giucci! Você está completamente corada!
- De raiva, não de vergonha! – Eu exclamei corando ainda mais. – Francamente, Creevey!
- Ok, ok, mas e ai? O que aconteceu depois? – Ela perguntou recuperando o ar
- Nada. Eu me vesti e fui embora, parando para mandar Sirius para o inferno antes disso.
- Tinha me esquecido como Sirius era debochado... – Ela suspirou
- Você não tinha encontrado com ele? – Eu perguntei
- Eu nunca disse isso. – Anne disse contrariada
- Mas eu sei que se encontraram. – Eu disse – Se não quer falar sobre isso não precisa, Blanchet, sua vez de contar o que tem acontecido na sua vida alegre e feliz.
 Anne suspirou.
- Bem, se você quer saber eu estou preocupada com meus filhos. – Ela começou – Tenho medo de Hogwarts não ser mais segura. E Colin está no ano das NOM's! Ele precisa estudar bastante se quiser fazer algo de bom da vida!
- O que ele quer ser? – Perguntei
- Ele não sabe. Talvez trabalhar no Profeta como eu. Ele gosta de tirar fotos e é extremamente curioso... – Ela suspirou – Só que eu acho que ele deveria tentar algo diferente, sei lá.
- Não se preocupe com ele Anne, é um garoto inteligente.
- É. Só estou preocupada com eles. Paul também está. Anda mais estranho que o normal.
- Estranho como? – Indaguei
- Fala pouco, não olha nos meus olhos quando fala comigo, coisas assim - Ela explicou
 Eu franzi a testa
- Tem certeza que isso são sinais de preocupação, Anne? - Eu perguntei cautelosamente
- Sim, por que? - Ela perguntei. Eu fiquei calada - Giucci, é que ele é sempre carinhoso e alegre, de uns tempos para cá ele vem andando meio estranho. Deve ser isso, o que mais seria, afinal?
 Eu dei os ombros. Há algum tempo eu descobri que não adianta discutir com Anne.
- É melhor eu ir indo, já está tarde. Paul vai ficar preocupado. - Ela disse olhando o relógio
- Verdade. - Eu disse - até mais Anne.
- Até - Ela disse me abraçando - Boa sorte com o nosso amigo lupino
- Obrigada - Eu sorri
 Então ela foi embora e me deixou lá, com meus pensamentos confusos.

 

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