Capitulo 3



Os dias depois da ida ao Beco Diagonal passaram rápidos, ultimamente só víamos George e Fred nas refeições, o resto do dia eles passavam sempre trancados no quarto. Acho que eles estão aprontando alguma coisa.


Percy só ficava se gabando que era monitor, e Gina andava cabisbaixa, devia ser porque esse ano ela ainda não iria para Hogwarts, portanto ela irá ficar sozinha em casa.


No dia 1 de setembro, por incrível que pareça acordei cedo, estava tão ansioso que não conseguia ficar mais na cama. Quando cheguei na cozinha, só tinha minha mãe fazendo o café.


-- Bom dia mãe! – falei animado


-- Ron, bom dia! – falou com uma cara de assustada.


-- Quer que eu te ajude mãe?


-- Ron você está bem? Primeiro acorda cedo e depois oferece ajuda.


-- Mãe, estou ansioso só isso, e quero fazer alguma coisa para me distrair – respondi sincero.


-- Ah, então comece a colocar os pratos, xícaras e talheres na mesa.


-- Ok.


Abri o armário e peguei alguns pratos e copos enfeitados com desenhos de flores que se movimentavam, e os talheres e comecei a colocar na mesa.


Sentei-me em uma cadeira esperando o café ficar pronto, enquanto os meus irmãos desciam.


-- Bom dia! – falei para todos.


-- Bom dia! – responderam em coro.


Sentaram-se também na mesa e todos começamos a comer, estava tão ansioso que não consegui comer muita coisa.


Logo meu pai chegou com o carro do ministério.


-- Bom dia!


-- Bom dia pai! – falaram todos juntos.


-- Trouxe um carro do ministério para levar vocês hoje, e é melhor nos apressarmos se não vão perder o trem.


Quando ele terminou de falar, olhei para o relógio e eram dez horas, subi correndo as escadas, peguei minha mala e uma gaiola que deixava Perebas, meu rato. Cheguei na sala, todos já estavam prontos.


-- O que estão esperando, vamos para a estação King Cross! – disse meu pai


O carro do ministério era maior por dentro, e isso fez com que todos ficássemos confortáveis.


A viagem para a estação passou tão rápido que quando eu vi, já estava com meu carrinho de malas em frente das plataformas nove e dez, para embarcar no expresso Hogwarts.


-- Agora, qual é o numero da plataforma? – perguntou minha mãe.


-- Nove e meia – falou Gina com sua voz suave. – Mamãe, não posso ir?


-- Você ainda não tem idade, Gina, agora fique quieta! Percy você vai primeiro.


Percy saiu correndo em direção às plataformas nove e dez, e quando iria esbarrar, atravessou a parede.


-- Fred, você agora -- minha mãe mandou.


-- Eu não sou Fred, sou George, francamente mulher, você diz que é nossa mãe? Não consegue ver que sou o George? – falou irritado.


-- Desculpe George querido.


-- É brincadeira, sou o Fred – disse e foi, logo atrás George também foi.


Estava indo em direção das plataformas nove e dez, quando um menino com olhos verdes, cabelo preto meio bagunçado, e usando um óculos redondo se aproximou.


-- Com licença – falou educado.


-- Olá querido. É a primeira vez que vai para Hogwarts? O Rony é novo também. – disse minha mãe apontando para mim.


O menino me olhou e eu tentei fazer um sorriso, mas acho que não saiu muito bem.


-- É – respondeu – A coisa é que não sei como...


-- Como chegar a plataforma – disse minha mãe interrompendo-o


O menino só concordou com a cabeça.


-- Não se preocupe. Basta caminhar diretamente para a barreira entre as plataformas nove e dez, não pare e não tenha medo de bater nela, é melhor você fazer isso correndo se estiver nervoso, vá antes do Ron.


-- Ok – disse ele com incerteza.


Saiu correndo em direção da barreira e sumiu.


-- Deve ser filho de pais trouxas – falou minha mãe sem indiferença – vá Ron, não quer perder o trem não é?


Assim eu olhei para a barreira e comecei a correr, estava com muito medo, mesmo vendo todos atravessar, quanto mais eu me aproximava, mais parecia que eu iria bater. Fechei os olhos, e quando abri estava em outra plataforma.


Havia uma locomotiva vermelha a vapor, vi um arco de ferro onde estava perto do coletor de bilhetes onde dizia “Plataforma nove e meia’’.


Logo minha mãe veio atrás de mim.


-- Ron não apronte nada, seja educado com os outros, preste bastante atenção nas aulas, não quebre nenhuma regra, não escute muito o que os gêmeos falam, não responda nenhum professor! – minha mãe começou a falar.


-- Tá, tá mãe, já entendi – falei revirando os olhos


-- Mãe, já guardei as bagagens, já está quase na hora – falou Fred


-- Ok, é melhor vocês já entrarem.


Depois de abraçar cada um, minha mãe chegou em mim.


-- Se comporte viu – cochichou no meu ouvido.


-- Tá mãe.


-- Rony você esta com uma crosta no nariz – falou minha mãe pegando um lenço e começando a limpar.


-- Para mãe! – falei irritado.


-- Vê se não explodam nenhum banheiro ou nada esse ano viu! – escutei minha mãe falando para os gêmeos no momento que estava entrando no trem.


Andei procurando uma cabine vazia, até que cheguei em uma quase no fim do trem, só tinha aquele menino de óculos com olhos verdes sentado nela. Abri a porta da cabine.


-- Tem alguém sentado aqui? – disse apontando para o acento da frente dele – o resto do trem esta cheio.


Ele acenou com a cabeça que não, então sentei.


-- Oi Ron – chegaram os gêmeos – nós vamos nos sentar no meio do trem, Lino trouxe uma tarântula.


-- Ok – falei com indiferença.


-- Ah Harry, eu sou o Fred e ele o George – falaram os gêmeos saindo da cabine.


Espera ai, será que ele é o Harry Potter, não pode ser, será que eu estou sentado na mesma cabine que Harry Potter?


-- Voce é mesmo o Harry Potter? – perguntei sem jeito.


Quando Harry confirmou com a cabeça quase explodi, sempre quis conhecer ele, o menino que sobreviveu, e agora estou sentado na mesma cabine que ele.


-- Você tem mesmo... Sabe... – perguntei envergonhado apontando para a testa de Harry.


Harry afastou a franja da testa mostrando a cicatriz em forma de raio.


-- Então foi ai que Você - Sabe - Quem?


-- Foi, mas não me lembro.


-- De nada? – perguntei ansioso.


-- Bom... Lembro de uma luz verde, mas nada mais.


-- Uau! – fiquei parado por um tempo olhando a cicatriz.


-- Todos na sua família são bruxos? – Perguntou Harry com um olhar interessado.


-- São, acho que sim. Acho que minha mãe tem um primo em segundo grau que é contador, mas ninguém fala nele.


-- Então você já sabe muita coisas sobre magias.


-- Ouvi dizer que você foi viver com os trouxas. Como é que eles são? – estava super interessado.


-- Horríveis! Bom, nem todos, mas meus tios e meu primo são! Eu gostaria de ter tido três irmãos bruxos que nem você.


-- Cinco, sou o sexto da minha família a ir para Hogwarts, mas sinto um peso, parece que tenho que fazer justiça ao nosso nome. Gui e Carlinhos já terminaram a escola, mas ambos foram monitores, e agora Percy é monitor. Fred e George adoram fazer trapalhadas e bagunça, são engraçados, mas ambos tiram notas boas. Todos esperam que eu me saia bem como os outros, mas se eu me sair bem não vai fazer diferença, se eles já fizeram primeiro. E também não ganho nada novo, uso vestes de segunda mão, minha varinha é de Carlinhos e o rato é o velho de Percy – falei mostrando na gaiola do rato.


-- O nome dele é Perebas, e ele é inútil, quase nunca acorda. Percy ganhou uma coruja de meu pai por ter sido escolhido monitor, mas eles não tinha mais... quero dizer, em vez disso ganhei Perebas.


Senti minhas orelhas se esquentarem, acho que eu desabafei e falei demais.


-- Até Rúbeo me contar, eu não sabia o que era ser bruxo, nem quem eram meus pais, nem Voldemort.


Quando ouvi o nome de Você – Sabe – Quem, deu um frio na barriga, fiquei pasmo.


-- Que foi? – perguntou Harry com a maior naturalidade.


-- Você disse o nome dele, de Você – Sabe - Quem! – falei impressionado – Eu achava que de todas as pessoas você...


-- Não estou tentando ser corajoso nem nada dizendo o nome dele. É que nunca soube que não podia dizer, tenho muito o que aprender – falou preocupado – aposto que vou ser o pior da classe.


-- Não vai ser não, tem um monte de gente que vem de famílias de trouxas e aprende rapidamente. – tentei animá-lo.


Olhei para a janela, e via-se campos com vacas, carneiros e cavalos correndo. Ficamos ali por alguns minutos até que uma mulher com um sorriso enorme e meio gorda abre a porta da cabine.


-- Querem alguma coisa do carrinho, queridos?


Logo neguei, peguei minha lancheira com dois sanduíches amassados, eu tenho raiva disso, sempre eu não posso comprar nada e sempre tenho que comer o que trago de casa, eu sei que meus pais não têm condições, mas não gosto do mesmo jeito.


Olhei para Harry e vi-o com os braços cheios de feijõezinhos de todos os sabores, balas de goma, chicles de bola, tortinhas de abóbora, bolos de caldeirão, sapos de chocolate e varinhas de alcaçuz, arregalei os olhos e meu queixo caiu.


-- Que fome hein? – falei ainda surpreso.


-- Estou morrendo de fome – respondeu Harry dando uma mordida em uma tortinha de abóbora, enquanto eu dava uma mordida no meu sanduíche.


-- Ah, ela sempre esquece que eu não gosto de carne enlatada.


-- Troco com você por um pastelão de carne – falou com um sorriso na cara – Tome...


-- Você não vai querer isso, é muito seco – falei olhando para meu sanduíche.


-- Toma, coma um pastelão – disse Harry parecendo feliz em me entregar um pouco de comida. Fiquei super feliz pela bondade dele.


-- Que é isso? – Perguntou Harry, dando um pacote de sapos de chocolate para mim – Eles são de verdade?


-- Não, mas vê qual é a figurinha, está me faltando a Agripa.


-- O que? – perguntou confuso.


-- Ah desculpe, os sapos de chocolate tem figurinhas dentro, para colecionar, são de bruxas e bruxos famosos. Tenho várias, só me falta a Agripa e o Ptolomeu. – Falei pegando uma bala de goma.


Harry pegou um sapo e tirou uma figurinha de dentro dele.


-- Então esse é o Dumbledore?


-- Não me diga que nunca ouviu falar de Dumbledore, me passa um sapo, obrigado.


Peguei meu sapo confiante, mas peguei a Morgana de novo.


-- Ué, ele desapareceu – falou Harry decepcionado.


-- Você não queria que ele ficasse ai o dia todo não é? Depois ele volta. Quer a Morgana? Você pode começar a colecionar – Falei entregando-lhe a figurinha


-- Obrigado! – ele disse pegando a figurinha – É que no mundo trouxa, a foto fica parada.


-- Os que, eles ficam parados, não se mexem? – falei surpreso, nunca tinha visto uma foto parada.


Comecei a comer mais balas de goma, Harry então pegou um pacote de feijõezinhos de todos os sabores.


-- Ih, tome cuidado com eles, pode ter dos sabores mais deliciosos, chocolate, menta, laranja, mas também pode ter dos mais terríveis, fígado, bucho, cera de ouvido – falei pegando um para comer – eca! Viu acabei de pegar Couve-de-bruxelas.


Ouvimos batidas na porta e abrimos, era um menino baixo, com cabelos pretos, meio gordinho, e os dentes tortos.


-- Vocês viram um sapo? – perguntou choroso.


Falamos que não.


-- Perdi-o.


-- Você ira encontrá-lo – disse para ele.


-- Tomara, se vocês encontrarem me avise – saiu


Peguei meu rato e coloquei-o no colo.


-- Olha, vou tentar mudar a cor dele. – falei erguendo minha varinha.


Quando ia começar a falar, a porta da cabine abriu denovo.


-- Alguém viu um sapo? Neville perdeu o dele.


Olhei e era uma menina, sua voz era com um tom mandão, tinha os cabelos meios cheios e castanhos, os dentes da frente meio grandes, os olhos castanhos claros.


-- Já falamos que não vimos sapo nenhum – falei irritado.


A menina pareceu nem me escutar e ficou olhando para minha varinha.        


-- Está fazendo magia? Me mostra – olhou interessada.


-- Está bem – falei desconcertado, pigarreando.


-- Sol margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro.


Balancei a varinha só que nada aconteceu.


-- Tem certeza que essa mágica dá certo? – falou – Bem, parece que não é muito bom. Já experimentei uns feitiços para praticar, e deram certo. Foi uma surpresa quando recebi minha carta, meus pais não são bruxos, e já sei de cor os livros, aliás, sou Hermione Granger e vocês quem são?


Fiquei espantado quando falou que sabia de cor os livros, mas do mesmo jeito, que menina mais chata e metida, ela chega e fica falando que sabe fazer feitiços e fala mal do meu.


-- Sou Ronald Weasley – falei bravo.


-- Harry Potter.


-- Ah, já ouvi falar de você, esta no livro História da magia moderna e Ascensão e queda das artes das trevas e em Grandes acontecimentos do século XX.


-- Estou? – Falou Harry surpreso.


-- Está sim, se fosse eu já teria pesquisado tudo – falou indignada – Já sabem que casas vão cair? Quero ficar na Grifinória.


-- Eu espero não ficar na Sonserina – falei me lembrando do que o gêmeos me falaram.


-- Hum, eu vou procurar o sapo do Neville, e é melhor vocês se trocarem, logo vamos chegar em Hogwarts.


Ah que menina irritante.


-- O que onde seus irmãos Gui e Carlinhos trabalham?


-- Carlinhos está na Romênia estudando dragões e Gui está na África fazendo um serviço para o Gringotes, uns bruxos tentaram roubar lá, mais não foram pegos.


Harry arregalou os olhos.


Bateram na porta outra vez, mas dessa vez não era nem Neville e nem Hermione, eram três meninos.


-- Ah você que é o Harry Potter – falou um menino pálido com uma voz irritante.


-- Ah esse é Crabbe e o outro é o Goyle – apresentou o garoto pálido – e meu nome é Draco Malfoy


Eu queria rir, mas para disfarçar eu dei uma tosse. Malfoy olhou para mim.


-- Porque você esta rindo, achou meu nome engraçado, e o que me diz de você? Meu pai falou sobre você, Weasley não? – falou com nojo – Cabelo vermelho, sardas e com mais filhos do que conseguem sustentar – olhou para Harry – não vai se enturmar com esse tipo de pessoas não é, precisa andar com pessoas como eu ando.


Quando ele falou isso, senti meu rosto esquentar, queria levantar e dar um soco nele.


Ele estendeu a mão para Harry apertar, só que em vez disso Harry disse.


-- Acho que eu sei escolher as minhas amizades Malfoy.


Draco ficou um pouco rosado.


-- Se eu fosse você, teria mais cuidado, se você não ficar mais educado, vai acabar como os seus pais, eles eram que nem você, se misturavam com essa gentinha como os Weasleys e aquele Rúbeo, cuidado para não se contaminar – disse lentamente.


Quando vi Harry levantar, também me levantei. Senti o meu rosto esquentar, que nem minhas orelhas, devia estar vermelho. O que esse Malfoy pensa que é?


-- Repete isso – falou Harry.


-- Ah, agora vai brigar, vai? – caçoou Draco


-- Se você se retirar agora, não – disse Harry com coragem.


-- Engraçado, não estamos com vontade de nos retirarmos, já comemos e parece que vocês ainda tem algumas coisas.


Goyle fez um gesto de que iria apanhar um pouco dos sapos de chocolate que estava ao meu lado. Na hora dei um pulo para frente, mas antes mesmo de eu encostar nele, ele soltou um grito.


Os dentes afiados de Perebas estavam enfiados no dedo de Goyle. Os outros dois recuaram, enquanto Goyle rodava o braço, gritando, e quando o Perebas finalmente se soltou e caiu em cima do assento, os três desapareceram na mesma hora. Harry e eu não estávamos nos agüentando em pé de tanto rir, quando Hermione Granger aparece.


-- O que aconteceu aqui? – perguntou vendo os doces todos espalhados pelo chão, e Harry e eu rindo.


-- Nada demais, só Draco Malfoy apareceu por aqui – falei pegando Perebas


-- É melhor vocês não se meterem em encrenca, antes mesmo de chagar lá – falou com o jeito mandão. – E é melhor vocês colocarem os uniformes, acabei de falar com o maquinista, e ele falou que já estamos chegando.


-- Tá bom, e se você não se importa, poderia nos dar licença para nos trocarmos? – falei irritado.


Quando ela se retirou, eu e Harry colocamos os uniformes, o meu ainda continuava meio surrado. Que raiva que eu tenho, o Percy ganhou uniforme novo esse ano, só porque agora ele é monitor.


-- Daqui cinco minutos chegaremos em Hogwarts, deixem as bagagens nas cabines, vamos levá-las para seus quartos. – Falou o maquinista.

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