Testes Gritantes
— Ma.. Magg.. Maggie vai sentir mum-mu-ita falta da senhora! — soluçava Maggie. — Eu fiz um bolo, e bi-b-isc bisco-oitos. — em um estalar de dedos apareceu nas mãos de Maggie uma bandeija dourada com um bolo em forma de coração.
Eu realmente me sentia destruida de ter que me separar de amigos, familia e... Maggie. Se ao menos Ivy pudesse entregar corujas aos elfos. Talvez mamãe poderia ler minhas cartas pra ela. Mas isso não era o suficiente. Não era o que eu queria. Queria ficar perto de Maggie. Perto do papai, da mamãe...
Mas agora nada mais realmente importava. Coloquei meu jeans, minha camiseta xadrez vermelha e meu All Star preto. Afinal, aquilo era a Capa de Merlim! Não era tudo o que eu queria? Uma vida nova, novos amigos. Uma nova personalidade quem sabe.
— Sofia, vamos, desça! Não quer se atrasar, quer?
Ultimamente entrar naquela escola de magia era tudo o que entrava em coogitação, mas eu não sabia que o adeus iria ser tão dificil quanto realmente é. Eu apunhalei minhas malas pelos puxadores e fui descendo as escadas. Sorrindo. Eu iria finalmente ir para uma escola de magia.
— O uniforme está bem guardado? — preocupou-se papai. Simplesmente indiquei que sim com a cabeça. — Ah, minha florzinha! Vamos.
Mamãe e papai sairam com as mãos em meus ombros. Rapidamente, entrando em nosso carro trouxa. Um disfarce obviamente. Sempre aparatavamos por lá.
Papai segurou minhas mãos e as beijou murmurando algo como 'sorte, filha. Mantenha-se segura'. Com um sacudir de varinha encontrávamos-nos em uma reserva florestal repleta de árvores, o local prometido! Eu estava á caminho da Capa de Merlim, dá pra acreditar?
— Lumus. — ordenou papai, uma luz se irrompeu de sua varinha. — Venham por aqui.
Uma trilha ia abrindo-se a cada passo que dávamos. Formava um caminho. Distraí-me vagamente com o barulho de algum tipo de bicho. Eram lobos. Olhei para os lados, e papai não encontrava-se mais lá. Soltei um berro ensurdecedor e coloquei-me a chorar como se os olhos azuis dos lobos que cercavam-me fossem se sensibilizar com minhas lágrimas geladas. Mas logo as grandes patas com unhas afiadas transformavam-se em pés e a coluna dos animais ia contorcendo-se para cima drasticamente. A cabeça cinzenta e os olhos azuis transformavam-se finalmente então em humanos. Animagos para os mais inciados. Transformaram-se em três belos rapazes de olhos claros e duas moças loiras com expressão divertida, rindo. Mais especificamente rindo de mim: Sofia. Coloquei minha cabeça em meu ombro procurando explicações enquanto os jovens riam.
— Vocês viram só a cara dela? — o garoto gargalhava — ‘Ahh!! Cadê meu pai?’ — dizia ele numa péssima imitação de bebê.
Enxuguei as lágrimas e os encarei. Cada um deles.
— Bem vinda á Capa de Merlim. Novatos. Esse é nosso trote. Somos do último ano, animagos registrados.
Eles continuaram rindo enquanto em sentí alguém agarrar-se ao meu braço.
— Vem. Não ligue para eles. — o garoto tentou me puxar, ele tinha os cabelos negros e olhos castanhos. — Sou o irmão dele. É meu primeiro ano, odeio quando fazem isso. Vem!
— Não! — protestei. — Eu mau te conheço.
— Meu nome é Henrico. Pronto. Nos conhecemos. Venha, seus pais estão esperando por você, Solia.
— É Sofia.
O garoto parecia ser experiente com a trilha. Enquanto duas quintanistas iluminavam a trilha, íamos seguindo até chegarmos em um pequeno lago cristalino aonde haviam centenas de pais abanando para os filhos e fazendo juras de corujas diáriamente. O que não duvidaria, mamãe faria também comigo.
— Sofia! — papai ajoelhou-se e segurou meus ombros. — Ah, Sofia! O que aconteceu? Foram os veteranos? Eles te passaram o trote. É sempre assim, Sofi. Eles confundem você e você muda de lugar na trilha e então você se encontra com eles e se deseper...
— Pai, eu tô bem. — disse o abraçando. — Vou sentir sua falta.
Henrico fazia sinais para que eu entrasse logo no cubo de teletransporte para a floresta dos fundos de Capa de Merlim. Eu entrei. Esquecí de tudo que havia vivido. Papai e mamãe acenavam.
— Pronta? — perguntou Henrico.
— Não. — segurei em seu ombro enquanto o teletransporte não chegava na floresta.
Ví uma luz ofuscar-me rapidamente. Acompanhado á isso, centenas de veteranos no teletransporte reservado á eles ao nosso lado. Meninas e meninos do terceiro ano. Sentí como se um buraco negro me sugasse e eu estivesse caíndo nele. Sem volta, nem fim. Meu braço foi sendo sugado quando enfim minha cabeça e meus ombros já estavam juntos na queda, quando meu corpo inteiro entrou, aterrissei. Fui a última. Henrico me olhava com cara de indiferença. Era um lugar com aparência tropical, as nuvens cinzentas, e chuviscava. Á minha frente, na frente do grande rio, a Capa de Merlim. Era linda! Fogos de artificio coloridos pairavam no ar em frente ao grande castelo creme, investido em tijolos. Mais de vinte torres e uma ponte. Gigantes torres com muitos metros de largura e comprimento brancos.
— Foi Silene. Todo ano é assim. — meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Henrico
— Como sabe que foi Silene? E quem é ela? Se é seu primeiro ano.
— As fotos que meu irmão traz, ele manda corujas. Ela é Silene Konn, uma das monitoras mais adoradas de todo o castelo. Todo ano ela solta esses fogos. É nascida trouxa, sabe?
Assentí. Essa Selena Konn, deveria ser bem legal. Talvez.
— Sou sangue puro. — oh, droga! Por que disse isso?
— Sou mestiço. — ele sorriu.
— Primeiro ano, por aqui. Venham. — dizia uma monitora dos cabelos escuros e olhos azuis puxados para o cinza. Era Silene. Entrei então na pequena caravela com capacidade para vinte pessoas. Haviam pelo menos dez delas.
— É Silene Konn? — Silene sorriu e colocou a mão em minha nuca. — Adorei os fogos. — sorrí devolta e entrei na caravela que atravessaria o largo rio.
Silene era simpática. Tinha longos cabelos negros lisos e olhos azuis cinzentos, era magra e tinha os cílios alongados. Usava o uniforme da Capa de Merlim. Ela indicou então meu assento. Ao lado de uma garota morena dos cabelos negros e dentes perfeitos. Sentei-me ao seu lado. Henrico ocupava a outra caravela e acenava. A garota tinha estilo, usava mechas postiças rosas e verdes chocantes. Era linda.
— Oi! Sou Danah. — ela apertou minha mão.
— Sou Sofia. Conhece Henrico?
— Ah, sim. Ele me salvou do trote dos veteranos. Eu cheguei a chorar.
Contei á ela o que realmente acontecera e que Henrico também me ajudara. Ficamos rindo da situação. Logo após Danah me contou tudo o que sabia sobre Capa de Merlim, e eu também. Danah era sangue-puro, não que eu me importasse com isso, mas mamãe sempre me dizia para não desonrar o sangue da família. Dito e feito.
Quando finalmente desembarcamos da caravela, Henrico veio me perguntar o que havia achado da escola e eu e Danah o agradecemos por ter nos salvo. Realmente, eram as pessoas mais legais que havia encontrado lá. A conversa das outras garotas eram amortentia-revistas-esmaltes, e dos garotos acadêmia-garotas-comida.
— Pessoal, vistam-se e depois vão para a seleção das casas. Ali tem um vestiário feminino. E á esquerda um masculino. Os biombos são para os veteranos. — ditava Silene.
Eu e Danah tiramos das mochilas os uniformes para inverno e vestimos-nos. Sinceramente, a escola era perfeita. O vestiário era todo revestido em mármore e biombos dourados, chuveiros elétricos com água quente e torneiras cor de ouro. As toalhas de lá eram todas impecavelmente brancas, douradas e algumas verde claro. Se aquele era o vestiário comum, mau posso imaginar o dos monitores.
— Sabe, acho que os veteranos não deveriam passar trotes em nós. Deveríamos passar neles também. — disse Danah empolgada.
— Tire isso de cogitação. — eu dei risada imaginando o garoto-animago sendo petrificado e ela franziu a testa. — Eles dão de dez á zero em nós.
— E aí, o que acha? Vai fazer os testes para quadribol? Quero ser artilheira você daria uma ótima apanha...
— Primeiro ano comigo, o tempo acabou. Vamos até o banquete. — dizia Silene ordenando para que fizéssemos uma fila.
A sala do banquete era perfeit... Não, muito mais que perfeita! Linda, magnífica. Lá não havia teto. Haviam cinco mesas longas de madeira das respectivas casas cujo eram Galileu, Benjamim, Savannah e Travian. Preciso mencionar que o nome de meu avô era Benjamim? A homenagem certamente deve ter sido feita á ele. Então eu deveria ir á Benjamim. Continuando... A sala era perfeita! Não havia teto, só a luz do luar. Algumas tochas e pilares, sobrepondo-se á cima das paredes, um jardim. Isso mesmo, um jardim em cima das paredes. O banquete foi colocado. Sentamos-nos eu, Henrico e Danah. As taças eram de prataria e as cochas de frango não poderiam estar mais saborosas. Conversamos sobre os trotes que os veteranos nos passavam. Henrico concordou com a ideia de Danah, sempre pensei que ele fosse um pouco doido. Fomos interrompidos por uma luz ofuscante que nos cegou e nos deixou sem palavras. No começo da sala havia um pequeno terreno elevado com lajotas douradas. Lá veelas puseram-se a dançar e pássaros que cantavam como nunca lá entraram ao lado das veelas. Fogos de artifício foram novamente soltos sobre o teto da Capa de Merlim. Lindos. Um deles soletrava: bem-vindos, novatos. O banquete desapareceu e no lugar, uma pilha com pastas pesadas de ouro branco apareceram. Silene ordenou para que cada um pegasse a sua. Elas falavam. Compreendi rapidamente. Eram testes.
“Bom dia meus amigos,
Eu venho aqui
Pois quero lhes dizer
Sobre as cinco casas
que devem escolher,
Gilberto Galileu, era
inimigo de Benjamim
Cujo cinco casas
construíram
nesse país tropical.
Venho lhes dizer
Esse teste os informará
com precisão, a qual
casa pertencerão
Entreguem-o aos
mais experientes,
e não fiquem descontentes
com o resultado que terão.
Cinco possibilidades
Galileu e Benjamim,
Savannah e Travian,
e para os mais
bem aventurados
a mesa dos arriscados:
Carmem serão”
— Sofia. A garotinha dos Witthing? Parente de Benajmim? Essa eu pago pra ver. — Olhei para os lados checando se não havia ninguém olhando. Era constrangedor ver um teste gritando para toda a escola minha árvore genealógica. Embora, uma hora ou outra descobririam quem eu era. — Vamos começar? — fiz que sim com a cabeça.
Pronto. O interrogatório e as perguntas sobre meus pais? Confere. Corei quando o rosto desconhecido em relevo estampado no teste anunciou meu nome.
— Família? — abrí a boca para a responder quando ele continuou — Ah, não precisa nem dizer. Já sei. Witthing, não? Ah, a tataraneta de Benjamim. Enfim... Qual sua maior virtude?
— Acho que a paciência, porém estou prestes a perdê-la.
— Irritadinha. — na questão ao lado da face esculpida foi preenchida por um: paciência, porém é irritadinha. — Sangue?
— Puro... perdão, toda minha geração é, ela é bruxa.
— Ah, então só Guilherme não quis estudar aqui? Ah. Ele foi para Amudsen. Mau garoto, o Guilherme. Adorava ele! — a próxima questão foi preenchida por minha resposta.
Que diabos era Guilherme e por que meu teste estava falando sobre isso?
— Só responda as próximas quest... Esqueça. Só responda mentalmente. Quero preservar o cérebro da garotinha dos Witthing, posso usar leglimência.
Li então as perguntas e delas respondí mentalmente. A cada uma delas, um turbilhão de pensamentos que associavam-se a pergunta puderam ser invadidos pela face esculpida. A cor de minha gravata transformou-se em dourada e preta. O teste anúnciou:
— Carmem! — o teste foi levitando até Annita, uma das monitoras.
— Sofia. Sofia Witthing. Onze anos, sangue-puro! Sua casa é Carmem! Como eu, Sofia. Parabéns. — Annita apertou minha mão. — Sente-se ali.
Henrico também fora para a Carmem e curiosamente Danah quase foi para a Benjamim.
— Meninas, gostaram das cores das gravatas? Eu adorei a minha. — Henrico gabou-se ajeitando a gravata dourada com mesclagem preta. — Eu particularmente adorei. Carmem, sabe? Mas voltando ao assunto... — encolhi os ombros. — Como vai a garotinha dos Witthing?
— Me desculpem, eu queria contar mais eu n... — Danah revirou os olhos.
— Ei, Sofia! Calma. Witthing ou não somos amigos, certo? A menos que não queira. — Danah colocou os olhos em um sextanista. — Lindo! Henrico, passa a ficha dele.
— O que posso dizer? Cameron Fonnig, intercambista de Durmstrang. Os papais dele são nada mais nada menos que descendentes de Savannah Finn. Não deve ser supresa pra Sofia, presumo. — disse Henrico brincando. — Cabelos loiro escuro, olhos castanhos, um tanto magricela. Ah, e Silene já está de olho nele, ensinando a falar português. Nem pense... Certo?
O que conta é que com ela, nada está perfeitamente certo-correto-lindo. Danah bufou. Silene se tornara um tanto desinteressante para ela, ou uma ameaça. Simplesmente nas poucas horas de amizade com Danah, descobri que não levava as ameaças tão a sério quanto parecia. Cameron era quatro anos mais velho, ou seja, sem chance para Danah e cem por cento para Silene. Afinal, presumo que Cameron não desistiria das "aulinhas particulares" com Lene. Afinal, ele andava como numa passarela sem fim.
— Henrico, eu e Sofia vamos fazer testes pra quadribol, quer tentar? — Danah soltou tentando mudar de assunto com a breve frustração pelo garoto loiro magricela italiano que acenava para todas as garotas do castelo. Acenou para Danah. Ela perdeu o ar. — Heim, Henric.. Hei.. Desisto, você entendeu. — disse ela tentando recuperar-se do choque instantâneo.
E continuamos a caminhar pelos grandes e brancos corredores revestidos em mármore e corrimões extremamente antigos. Há sete horas atrás, eu era Sofia. Aquela loirinha branca como as paredes da sala, e que usava vestidinhos coloridos. Agora, eu era Sofia Witthing. Não só a tataraneta de Benajmim Witthing. Já tinha novas amizades, novos afazeres. Claro que sim, ainda lembro-me de Maggie. Mas Ivy poderia ajudar com a situação, certo? Agora não tinha mais que trocar a caixa de areia de nosso gato cinzento e gordo, só tinha de sacar a varinha e mostrar o que sabia fazer. E não era pouco. Havia lido alguns livros que encomendei da Cornélio Fudge, sabia diversos feitiços. Tinha certeza, essa se tornaria minha matéria favorita. Os livros de transfiguração pressionados contra meu peito, aquela seria minha primeira aula! Descendo as escadas ao lado de Laura Tion, a garota dos cabelos castanhos e olhos verdes também no primeiro ano. Aquela garota era realmente legal. Danah e Henrico no momento encontravam-se provavelmente na aula de Poções.
— Sou Laura Tion. Você deve ser Sofia, certo? — fiz que sim com a cabeça, ainda um pouco envergonhada. — Quer sentar-se comigo?
E assim foi, éramos eu e Laura Tion sentadas juntas nas mesas de madeira com duas cadeiras para duplas cada uma. Ela puxou sua cadeira, e sentando-se colocou os livros e o suporte para a varinha em cima de seu espaço na mesa. Fiz o mesmo. Nossa aula era junto com a Savannah, que sentava-se do lado esquerdo da classe, enquanto a Carmem do lado direito.
— O teste fez o mesmo comigo. — disse Laura, corando.
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