Magical Center



Meu nome é Sofia. Sim, Sofia. Ou você achou que nomes de bruxos deveriam ser complicados e exóticos, ora essa? Minha família é sangue-puro. Sou do Brasil, isso mesmo. Toda minha linhagem tem algo á ver com a Capa de Merlim. Meus pais estudaram lá, meus avós, meu bisavós mesmo quando a escola era severamente precária e bruxos eram queimados em fogueiras, apesar de jogarem feitiços nos pés para que sentissem cócegas. Wendellin, a Esquisita por exemplo. Moro em uma alta casa com pilares brancos e um jardim com flores coloridas. Meu quarto é um paraíso. Apesar de tantas qualidades, meus pais me obrigaram á estudar em uma escola trouxa. Não poderiam me educar em casa? Mamãe queria que eu fosse para o Colégio Amudsen de Magia e Bruxaria no Chile ao invés de Capa de Merlim. Papai bateu os pés até mamãe aceitar o fato de que a escola passou de geração em geração, e agora sua filha única faria seu papel. Ele trabalha em uma loja de esculturas trouxas para manter a identidade oculta, já que nossa vizinha todos os dias coloca um crucifixo na direção de seus olhos e usava um colar de alho para mantê-lo afastado. Mesmo apesar de papai tê-la salvo de um atropelamento. As pessoas nos chamam de loucos. Nós não pedimos para ser assim, simplesmente nascemos assim. E eu teria de demonstrar isso daqui alguns dias na Capa de Merlim. Tanta ansiedade em só uma pessoa como pode?


Eu havia acabado de levantar e automaticamente procurava por minhas roupas, aonde estava minha meia da sorte?

— Maggie, você viu minha meia? Aquela que eu sempre uso, com fios de ouro. — berrei para Meggie.

Maggie era minha elfo doméstica, mais do que isso. Sempre diziam para não confiar em elfos domésticos, mas com Maggie aprendi que aquilo era somente mais um ditado para esnobes. Faltava apenas um dia para que completasse onze anos e recebesse minha carta para a Capa de Merlim. Oh, aquela carta com aparência amarelada e selada com um carimbo de séculos significava tudo para mim. Conhecer bruxos de outros lugares, outros estados. Desci as escadas, com os cabelos emaranhados e o olhar de desaprovação de mamãe em mim. Estranhei o ato involuntário de papai. Sentado ao sofá desdobrando seu exemplar da Folha de São Paulo, um jornal trouxa! Bebericando um gole de café que acabara de conjurar. O fato é que ele sempre fora obcecado por invenções trouxas.

— Sofia, sente-se aqui. — ele ergueu os olhos á mim. — Você faz onze anos daqui dois dias, não?

Eu sentei-me no pequeno sofá cujo papai indicará. Ansiosamente esperando por notícias sobre a minha escola de magia. Eu simplesmente sacudí a cabeça indicando que sim. Onze anos!

— Amor, pode levar a Sofia para comprar as vestes da escola? Pela rede de flu, pode ser? — era papai olhando para Elisa, minha mãe e sua esposa. Ela indicou que sim.

— Sofia, vista-se e venha tomar seu café, daqui a pouco iremos ao Magical Center.

Vesti-me com minhas melhores roupas e minha meia da sorte cujo Maggie conseguira encontrar embaixo de minhas camisolas de seda. Penteei os cabelos e usei uma poção para alisamento que ganhei de papai da ultima vez que fomos noMagical Center. Me sentia tão comum lá, como qualquer um. Haviam tempos que não me sentia assim.

— Desça logo, Sofi. Vamos comprar um presente para você...

Desci as escadas rapidamente me aprontando para entrar na lareira. Mamãe me aguardava com um pote de vidro decorado com desenhos de ervas na tampa. Ela jogou uma pitada deles na lareira e segurou minha mão direita anunciando o destino.

— Magical Center. — senti como se uma mangueira estivesse me engolindo e me espremendo a cada segundo da viagem com o flu.

Chegamos então em um grande campo de concreto com inumeras lojas para bruxos, recebendo-nos então em uma gigante lareira de portal do Magical Center. As crianças apontando para os mini-pufes e as corujas coloridas (sim, elas eram coloridas) com as mães espremendo suas mãos e pressionando suas luvas contra os dedos. As garotinhas com as bochechas rosadas que iriam para a Amudsen muito mais sortudas que eu, obviamente! Eu e mamãe entramos em uma loja com uma vitrine com dizeres em cores chamativas 'Uniformes Amudsen e Shacklebolt Magic School com desconto', ao entrarmos na loja com cores tom de pastel, um sino tocou e uma sorridente vendedora com um uniforme vermelho-rosado veio nos atender com uma frase totalmente ensaiada e dita em um fração de segundos:

— Bem-vindas ao Uniformes e Cia desejam alguma coisa garotas?

— Os uniformes da... da escola Capa de Merlim. — gaguejei tentando explicar a garota que olhava fixamente em meus olhos sorrindo com um batom vermelho bem-passado.

Mamãe colocou sua mão em meus ombros enquanto a vendedora sorridente nos guiava pela imensa loja com papel de parede verde com passarinhos e quadros de bruxos costureiros. O chão brilhara tanto que eu pudera enxergar meu rosto no azulejo. A garota sorridente parou ao lado de uma arara com uniformes femininos da Capa de Merlim. Eram lindos. Vestidos sem decote, retos no ombro que não alcançavam o joelho e luvas azuis até os cotovelos com uma sapatilha azul-escura. Esse era o traje feminino para o colégio, mesmo sem vê-lo, pelos uniformes a escola deveria ser melhor que Beauxbatons, Durmstrang, ou Amudsen... Não definitivamente não, Amudsen era a melhor de todas. Perdera somente para Hogwarts na pesquisa recente do minstério.

— Gostou, Sofia? — mamãe tornara a olhar nos olhos penetrantes da vendedora. — Vamos levar dois!

— Setenta galeões e dois nuques cada um! Ou seja, cento e quarenta galeões e quatro nuques.

Mamãe tirou de sua bolsinha de contas o valor solicitado pela vendedora cujo o crachá dizia que seu nome era Vania. Entregando o dinheiro ao caixa, saimos da loja aonde mamãe disse que teria uma surpresa para mim.

— Chegamos. Abra os olhos, Sofia. — estavamos no Mundo das Corujas. — Pode escolher!

Haviam porções de corujas enfileiradas em gaiolas douradas e polidas em prateleiras coloridas nas paredes. Eu fui passando minha mão em todas as gaiolas e as corujas permaneciam quietas, não se moviam. Cheguei á uma gaiola cujo uma coruja dourada roçou sua cabeça em meus dedos.

— Mãe, por favor pode ser essa? — a encarei com cara de cachorrinho solitário.

— Mas, Sofia! Ela custa o dobro das outras e... — fiz beicinho. — Tudo bem, Sofia. Trinta galeões, por você.

Saí feliz da loja segurando uma gaiola dourada que prendia minha futura coruja, Ivy e um pacote de comida para aquela raça — corujas da Noruega. Voltamos para casa pelo pó de Flu que o governante exigia em colocar uma bacia enorme cheia de. Justo na hora em que fomos apanhar um pouco, ele acabou.

— Vamos ter que aparatar. — mamãe foi caminhando até o posto aonde deveríamos aparatar. — O que acha da Ivy?

— Ela é legal.

 
— Chegamos! — mamãe anunciou deixando sua bolsinha na escrivaninha de mármore branco.

— E como foi minha garotinha? Gostou dos uniformes, Sofi? — papai me rodopeava.

— Adorei, mesmo papai. Olha, essa é a Ivy — disse colocando a gaiola perto de seu rosto.

— Ela é linda, quase como você! Agora suba e vá arrumar seu quarto.

Eu subí as escadas como se fosse o caminho para o céu, agora cheia de expectativas. Eu vou para Capa de Merlim, eu vou. Eu vou. Agora iria atualizar Maggie com as mais recentes. Comprei também um pouco de chocolate para ela no meio do caminho. Peguei um daqueles lápis de cortesia das lojas — Maggie é colecionadora!

— Maggie, adivinha o que eu comprei pra você?

— Maggie pode saber o que a senhorita comprou para ela? — tampei seus olhos com minhas mãos — Por que apagou á luz, minha senhora? A Maggie fez algo de errado? Me desculpe! — Maggie pôs-se a soluçar.

Assentí suspirando ao drama de Maggie.

— Maggie, não! É uma surpresa. Vamos adivinhe. É de comer.

— Chocolate da Candyshop? — Um fato muito interessante sobre os elfos domésticos é que eles tem o olfato bem apurado. Coloquei então o lápis na frente de seu nariz. — Um lápis! — tirei minha mão de seus olhos.

Maggie abraçou-me agradecendo os presentes. Entrei então em meu quarto. Ele tem papel de parede branco com enfeites, um mural trouxa cor-de-rosa, uma cama de casal branca com edredom azul claro, um tapete grande e um pequeno sofá verde claro ao lado de uma poltrona da mesma cor. Uma pequena porta que leva aos aposentos de Maggie cujo decorei perfeitamente com sua cor favorita — laranja!


“Capa de Merlim
Diretora Marrie Delgado.
Rua Umberto Galeu, 1189.

Senhorita Sofia Bonist, estamos culpados de informar-lhe de que o ano letivo na escola de magia e bruxaria Capa de Melim começa em uma semana.

Ao anexo vai uma lista com os materiais solicitados pela escola. Apenas podem ser comprados pela Magical Center ou encomendados da Cornélio Fudge Materiais Escolares. O preço não excede a taxa de trezentos galeões.

Esperando que esteja bem,
Marco Solitan
(Vice-diretor, diretor substituto, coordenador)”


Era o que dizia naquela carta em que deixara o envelope no criado mudo ao lado de minha cama. Comecei a gritar estéricamente até Maggie perguntar-me com um bastão de basebol (aquele esporte trouxa) nas mãos o que estava acontecendo.

— Maggie. Chegou. Merlim. Carta.

Maggie agora ofegava apoiando as mãos nos joelhos. Maggie era diferente dos outros elfos! Bem-cuidada. Ela era branca meio-amarelada e não tinha rugas, grandes olhos verdes e uma boca corada. As orelhas não eram tão grandes como as de outros elfos. Magie vestia roupas adoráveis, era livre. Mas realmente me considerava muito e escolheu trabalhar para mim mesmo livre. Ela usava sempre roupinhas brancas e vestidos com babados.

— Mamãe, chegou minha carta para a Merlim! — berrei.

— Já, Sofi? Desça aqui, venha jantar e logo após iremos ver a lista de materiais!

Uniformes:
- Um vestido acima do joelho azul bebê.
- Um par de luvas até os cotovelos.

Uniformes para Inverno:
- Blusa com mangas azul bebê, com o símbolo do colégio.
- Um suéter azul.
- Uma gravata branca e azul.

Livros Solicitados:

Forças das Trevas, por Angie Marcell
Manual de Feitiços Úteis, por Cammy Jensen
De uma pena para um rato, por Matilda Dias
Guia de Herbologia para Iniciantes, por Neville Longbt.
Poções para Primeira Série, por Emílio Gilberto
Animais Fantásticos e Seu Habitat, por Newton Sc.
História da Magia, por Gunhilda de Goorsemoor.

Básico:
- Cem metros de Pergaminho.
- Tinteiro de vidro.
- Uma Varinha Mágica
- Um Caldeirão (estambo, pad. 1)
- Um telescópio trouxa
- Uma balança de Latão



Mamãe conjurara a lista de materiais de meu quarto no fim do jantar e a lera até o fim duas vezes até o cem metros de pergaminho. Ela sorriu e acariciou meus cabelos. Conjurando então um pedaço de pergaminho e um tinteiro, enviou por Ivy uma coruja á Cornélio Fudge Materiais Escolares. Ela simplesmente duplicou a minha lista de livros com um feitiço e anexou á carta que abrigava trezentos galeões.


Era de manhã, eu havia acabado de acordar e os livros haviam sido colocados na minha escrivaninha. Alimentei Ivy que como de costume roçara sua cabeça em meus dedos. Mamãe anunciara então que íriamos ao Magical Center, que como muitos não sabem fica escondido em uma de muitas cavernas de Minas.

Vesti-me e pedí a mamãe que me levasse á uma loja trouxa para comprar tecidos. Comprei. Comprei um de seda dourado, outro meio peludo rosa, prateado, outros dois metros de seda roxa. Chegando em casa, mamãe usou um feitiço para encapar meus cadernos com aqueles tecidos. Ficaram lindos.

— Sofia, vamos ter que passar pela passagem oculta. Está tendo um problema na rede de flu.

Aparatamos em um lugar lindo, uma paisagem completa! Árvores, cavernas, arbustos. Tudo em harmonia. Minas, óbvio. Haviam alguns trouxas fazendo trilas ou trilhas, — vou lá saber o que é isso? Mamãe sacou a varinha me levando para uma gruta aonde haviam uns doze bruxos mais ou menos, todos atravessando uma linha oculta que os levava para a Candyshop do Magical Center. Mamãe me pegou pela mão, e atravessamos juntas a passagem. Os chocolates da Candyshop, todos cremosos. Feijõezinhos de todos os sabores, sapos de chocolate, mais de cinco tabletes de chocolate expostos em uma vitrine ao lado de bombons trouxas decorados. Uma loja especializada em doces trouxas de um homem mestiço, na vitrine havia um cartaz com a foto de um sorbet, uma espécie de doce trouxa. Dizia que Alvo Dumbledore adorava, e que sempre que podia aparatava ali e comprava alguns. Mas Dumbledore já não habitava mais a face da terra, digamos de maneira mais educada. Saímos então da Candyshop e fomos na Cornélio Fudge Materiais Escolares.

— Sofi, vou comprar esse tinteiro para você. — mamãe dizia segurando um tinteiro de vidro com adesivos bem colocados em forma de flores cor-de-rosa. Compramos também uma pena e uma caneta douradas, cadernos rosa claro e azul bebê com desenhos de flores. Ufa! Agora só falta a varinha, o caldeirão, o telescópio e a balança. 

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