Passeio Noturno
| Do Nosso Jeito |
Capítulo Cinco - Passeio Noturno
"O mundo não é tão mau como dizem
Se todos parassem para notar isso
O amor poderia finalmente triunfar"
Harry andava pelas ruas de Godric’s Hollow sentindo-se um pouco satisfeito por ter conseguido comprar uma boa varinha. Não era como a sua antiga, mas pelo menos o respondia prontamente. Comprara uma nova tenda, também, ele e Hermione ainda iriam precisar. A garota recusava-se a permanecer no vilarejo, pois dizia que aquele lugar era vigiado de perto. Harry também não desejava trazer bruxos ruins para o local. Nutria certa afeição por ele. Talvez, pensou, quando tudo isso acabasse, pudesse morar ali. Talvez conseguisse convencer Hermione a fazer o mesmo.
Já ia voltando para a pensão que estavam hospedados, quando um pio conhecido chamou sua atenção. Ele olhou para cima, maravilhado com a cena que viu.
Ela não tinha mais a agilidade de antes, mas a envergadura de suas asas e a sua cor continuavam exatamente as mesmas. Edwirges planava acima dele, piando de felicidade. Ele deixou que ela pousasse em seu ombro. Amarrada em suas patas, havia uma pesada carta.
–Estava com saudade – ele disse, fazendo um carinho na cabeça da ave.
Edwirges soltou um pio de prazer, para em seguida bicas o dedo indicador do dono.
–Ai! – Reclamou Harry. – Eu sei que eu a deixei, mas eu lhe falei, não era seguro você vir comigo. Eu e Hermione... – A coruja o bicou de novo, em um diferente dedo. – Ai! E não fique com ciúme de Hermione, olhe, eu não tive escolha. Achei que você estaria a salvo longe de mim.
Andou apressado, não era bom que trouxas o vissem com uma conversando com uma coruja. Assim que chegou as escadas da pensão, Harry desamarrou a carta da pata de Edwirges, observando o pergaminho atentamente.
–É seguro? – Perguntou. Edwirges respondeu com um pio suave.
Nem notou que alguém, escondido do outro lado da rua, observava-o.
Ao abrir a carta, imediatamente reconheceu a letra.
Querido Harry,
Há alguns meses eu não recebo notícia alguma sua. Eu não sei onde você está. Eu não sei nem se você está vivo. Por isso estou mandando Edwirges. Sei que ela chama muita atenção, e você provavelmente está fugindo disso, mas sei também que ela é a única capaz de achá-lo, aonde quer que você esteja.
As coisas aqui não andam nada fácil. Jorge está completamente estranho. Fica a maioria do tempo fazendo piadinhas absurdas, a Loja entrou em decadência, e Angelina está quase se mudando para A Toca, pois ela é a única que consegue controlá-lo. Mas quem pode culpá-lo, não é verdade? Ele perdeu seu irmão gêmeo, seu parceiro de crime. Mamãe andou conversando com Jorge, e sugeriu que ele escrevesse uma carta para Fred. Em minha opinião, isso o deixou ainda mais infeliz. Ele não consegue mais conjurar um Patrono, pois em todas as suas lembranças de alegria, Fred está presente. É realmente muito triste.
Eu não sei o que aconteceu naquele trágico dia da Batalha de Hogwarts, só o que eu sei é que três pessoas sumiram, e duas delas eu amava com todo o meu coração. Você está vivo, Harry? Onde está o corpo de Ron? O que aconteceu com ele? E Você-Sabe-Quem, onde ele está? Vivemos na eminência de que ele volte, embora papai diga para mantermos o pensamento positivo, e acreditarmos em você. Sobre a minha mãe, ela anda acabada desde que Ron e Fred se foram. Ela sente muito a falta deles. Todos nós sentimos.
O Ministério está tomado, comandado por um covil de cobras, e sua função agora é caçar nascidos trouxas, onde Hermione encabeça a lista. Papai perdeu o emprego; e está sendo uma verdadeira batalha sobreviver.
Draco Malfoy está sendo procurado por ser um desertor. Provavelmente não aguentou tanta matança e sangue em suas mãos. Hogwarts só aceita bruxos puros, e seu número de alunos diminuiu consideravelmente. Londres está um caos. Está tudo ao avesso.
É por isso que estamos indo embora. Sinto te dar essa notícia. Não pense que é como se estivéssemos fugindo da luta, pois não estamos. Só não temos mais forças pra continuar. Você entenderia, se pudesse conviver nesta casa por uma hora.
Espero que você esteja com Hermione, pois sei que, contanto que vocês estejam juntos, sobreviverão.
Saudosamente,
Ginny M. Weasley
Harry aparatou ao lado da Casa dos Gritos, no vilarejo de Hogsmead. As casas e lojas já não pareciam do mesmo jeito. Estavam todas no mesmo lugar e inteiras, o cheiro de doces e cerveja amanteigada permanecia o mesmo, mas estava tudo estranhamente mais escuro e sombrio.
Ele marchou para frente e, ao chegar perto do muro do antigo lugar onde Lupin costumava se transformar, notou vários cartazes de procurado com seu rosto estampado colados nas paredes.
Continuou a andar vagamente, como se o medo da morte não o acometesse mais. A varinha também permanecia em sua mão esquerda, pronto para atacar qualquer pessoa que o ameaçasse. Entrou em uma rua escura, o calçamento de pedra. Havia várias mesas ao longo da calçada rodeadas de pessoas e, por mais que ele parecesse estranho – meio barbudo e com o rosto machucado – todos o reconheceram na mesma hora.
Era Harry Potter. E não era verdade menino-que-sobreviveu havia sobrevivido de novo? Ele estava ali, na frente de todos, para quem pudesse e quisesse ver.
“Ele está vivo”.
“Ele estava fugindo?”
“Ele parece insano”.
"O que há com o rosto dele?"
Ignorando os comentários, passou por uma menina de cabelos tingidos de pretos e maquiagem pesada, que o encarava. Harry parou e a olhou, notando uma tatuagem em forma de cobra se enrolando em seu braço. Ela pareceu ficar um tanto quanto nervosa. Ou talvez ela estivesse um pouco assustada pela expressão fechada no rosto dele. Mérlin. Ela parecia tão mais nova do que ele.
Ele agarrou o pulso dela e, para sua surpresa, ela não hesitou. Enfiou a ponta de sua varinha com força na pele desprotegida. Murmurou coisas incompreensíveis, mas ninguém se mexeu. O rabo da cobra começou a desaparecer da pele da menina, passando para seu corpo, até finalmente chegar à cabeça, a tatuagem sumindo por completo.
Largou o braço da menina e virou-se para os bruxos ali presentes, a varinha sempre firme em sua mão. Quando as coisas tinham chegado a esse ponto?, ele se perguntou.
–Ainda há motivo para acreditar.
–Ah é? – Gritou ironicamente um homem barbudo, ao longe. –Onde você esteve durante esses meses, Potter? Nos salvando é que não foi!
–Onde você esteve? – Rosnou Harry, com raiva. –Onde vocês estiveram? – Ele olhou para cada um dos rostos que o encaravam. –Como deixam tal coisa acontecer? Como deixam a escuridão ascender tão facilmente? Eu sou só um homem! Não posso carregar tudo em minhas costas!
–Pensávamos que você estava morto – explicou uma menina morena.
–Bem, não estou! – Harry sentia tanta raiva que tinha vontade de estuporar todos ali presentes. –E mesmo se estivesse, desde quando isso significa desistir da luta?
–O Ministério disse que Você-Sabe-Quem vai volt...
–Voldemort – interrompeu Harry, elevando a voz para ser ouvido e ignorando as caretas. – Está morto.
Ouviu-se um murmurinho geral.
–Como você sabe? – Perguntou o homem barbudo, a expressão desconfiada no rosto.
–Eu vi – Harry bateu com a varinha na lente dos óculos redondos. – Eu vi com meus próprios olhos.
–Você o matou? – Perguntou um adolescente de cabelos vermelhos, que lembrava estranhamente Gui Weasley.
Harry hesitou.
–Não – respondeu, por fim.
O homem barbudo deu um passo, cerrando os olhos para Harry. Ele mancava.
–Nós ouvimos a Profecia, Potter! Sabemos que só você pode matá-lo!
O choque de surpresa pegou Harry tão despreparado que ele não teve reação, a não ser abrir a boca e arregalar os olhos. Profecia?
–C-como? – Gaguejou.
–É isso aí que você ouviu! – Respondeu o homem, apontando, com dificuldade, um cajado que servia de bengala que usava para o peito de Harry. –O Ministério tem anunciado de que o Lord das Trevas vai voltar, e que você está morto, e a última edição do Profeta Diário nos descreveu a Profecia detalhadamente!
–Apenas algumas pessoas conheciam tal Profecia! – Afirmou Harry, confuso e abismado. –Como caiu nas mãos do Ministério?
–Sibila Trelawney – disse uma menina loura, com timidez. –Minha mãe me contou que quando ela descobriu que estavam atrás de uma Profecia relacionada a você, tentou fugir de Hogwarts – a voz tremeu um pouco. –Mas Bellatriz Lestrange a capturou.
–Aquela mulher é louca – comentou um senhor de cabeça branca, com asco. –É capaz de dar sua própria alma para ter Você-Sabe-Quem de volta.
Um zumbido impedia Harry de pensar. Era informação demais, ele sentia-se levemente tonto. Balançou a cabeça levemente e então voltou a encarar a pequena multidão que o cercava.
–Escutem – disse, sustentando um olhar firme em direção àquelas pessoas. – Voldemort não vai voltar, isso eu posso garantir.
Todos ficaram calados, e alguns desviaram o rosto. Harry buscou apoiou com os olhos, não os encontraram. Precisavam acreditar nele. Ele desejou desesperadamente. Mas ninguém se pronunciou. Nenhuma sequer palavra foi dita. Ele suspirou, resignado.
–Eu acredito.
Harry ouviu uma voz suave e muito baixa atrás dele, e imediatamente virou-se para olhar. A menina da tatuagem de cobra o encarava, os olhos brilhando muito destemidos.
–Não quero pensar que o mundo irá ser assim para sempre, não quero mais viver fingindo ser o que eu não sou. Eu acredito em você, Harry.
Um por um, sorrisos foram surgindo para ele, palavras de aprovação, de alegria, e finalmente esperança. O último e mais resistente, foi o homem barbudo, que não pareceu aceitar muito bem a história de Harry, mas, mesmo assim, bateu o cajado no chão, e todas as lamparinas de Hogsmead se acenderam, iluminado as trevas que ali se decaíram.
Harry puxou o garoto ruivo que parecia com Gui Weasley pelas vestes para um canto e sussurrou:
–Você sabe quem são os Weasley?
–S-sim – respondeu o garoto, parecendo muito nervoso.
–Ótimo. Preciso que você faça um favor para mim.
–Qualquer coisa, senhor.
–Quero que você os encontre, e assim que os encontrar, informe-os que eu estou vivo, e que Voldemort está morto e não irá voltar. Diga que eu estava lá com Ron. Diga que ele foi um herói, e que eles devem se orgulhar muito dele. Entendeu tudo?
–Sim, senhor.
–Acha que pode fazer isso?
–Sim, senhor.
–Um herói. Não se esqueça!
Harry soltou o garoto e saiu de mansinho dali, não queria que começassem uma festa e atraíssem muita atenção para si. Esgueirou-se pela cerca de madeira da Casa dos Gritos e entrou.
Ao contrário das ruas de Hogsmead, as coisas ali permaneciam exatamente do mesmo jeito, como se as pessoas não entrassem ali por ainda temer que ela fosse amaldiçoada. Sentou-se em uma das camas com lençóis com cheiro de mofo, mas não ligou.
Seu coração estava apertado e inquieto, como se uma nuvem negra tivesse o encobrido. Quando fora ali atrás de caçadores ou, com muita sorte, Comensais da Morte. Procurava por confusão, azarar alguém, esganar, descontar toda a sua raiva, que, naquele momento, voltava à tona.
Ele se ergueu, e, apontando a varinha para um móvel de madeira, gritou, despedaçando-o em mil pedaços, buscando sentir alguma coisa. Ou talvez não sentir nada.
Apontou a varinha para o teto, e uma lamparina que estava pendurada por um fio que balançava por conta do vento explodiu. Os cacos voaram por todo canto, alguns batendo nas lentes de seus óculos.
As lágrimas queimaram seu rosto. Estava tudo tão horrivelmente errado.
*
Quando Harry desaparatou, no outro dia de manhã, surpreendeu-se que Hermione estivesse esperando-o. Ela estava de pé ao lado da porta, seus olhos vermelhos de lágrimas, e a expressão fechada, os braços cruzados sobre o peito. Edwirges estava empoleirada na janela, as asas abertas em protesto.
Ele virou-se para o banheiro, com a intenção de tomar um banho.
–Onde você estava? – Ele ouviu Hermione perguntar, a voz endurecida.
Harry voltou-se para ela, os olhos cerrados, a raiva de repente invadindo-o de um modo arrebatador.
–Eu não devo exatamente explicações a você.
Hermione avançou pra cima dele, e antes que Harry pudesse sequer pensar, ela o acertou um sonoro tapa no rosto.
–Não espere minhas lágrimas por você, quando você sumir assim e aparecer morto – ela disse, a raiva faiscando em seus olhos. Ela deu as costas e sumiu pela porta.
A ardência se espalhou pela bochecha de Harry, e ele permaneceu parado, a mão em cima da marca vermelha de dedos de sua amiga. Não conseguiu explicar nem para si mesmo seu comportamento.
*
Harry já havia perdido as contas dos dias que haviam se passado naquela tenda desde a briga dos dois. Tudo estava um pouco turvo, e os dias pareciam fundir-se um com o outro, arrastando-se pela eternidade das horas. Eles não se falavam, e Harry estava mais infeliz do que nunca. Ele até tentara uma aproximação, que Hermione recusara veementemente. Na verdade, ele sentia-se muito estúpido por ter abandonado Hermione sem lhe dizer nada e depois ser grosso com ela.
Na manhã de uma segunda feira, em uma floresta nos arredores de Londres, ao acordar, Harry viu que Hermione já estava comendo. Ele sentou-se ao seu lado. Arriscou olhá-la.
–Bom dia.
Ela deu um aceno na cabeça em resposta. Harry suspirou alto.
–Mione, por favor – pediu, com a voz cansada. –Eu já pedi desculpas mil vezes. Você não pode estar com raiva ainda!
Hermione ergueu as sobrancelhas, os lábios crispando-se em uma linha fina.
–Sabe, eu estou – ela deu os ombros. – Mas eu não tenho que exatamente dar satisfações a você – acrescentou, em tom de ironia.
Harry se levantou abruptamente.
–Ela me deixou, ok? – Disse, desviando os olhos para a chama de uma vela que estava prestes a morrer.
–Do que você está falando? – Perguntou Hermione, parecendo impaciente.
–Naquele dia, eu recebi uma carta de Ginny por Edwirges – diante dos seus olhos, o fogo finalmente parou de agonizar e morreu. Ele virou-se para a amiga – Ela foi embora. Ela me deixou.
Hermione cerrou os olhos.
–Ah, é? – Ela questionou, avançando para cima dele até que seus narizes quase se encostassem. – Ela te deixou?
E então, Hermione fez algo que nunca tinha feito com Harry antes.
–RONY ESTÁ MORTO! – Berrou ela, as faces pintadas de rubro. Empurrou Harry pelos ombros com toda a força que conseguiu reunir. – Você pelo menos ainda se lembra disso? – Ele recuou, assustado. – Ele está morto!
Ela limpou brutamente as lágrimas que saíam de seus olhos com a manga da camisa.
–Não se esqueça do sacrifício que fizemos e temos feito por você!
Harry permaneceu calado. Desde que Rony se fora que ele esperava por isso: o dia em que Hermione se saturaria, e iria finalmente querer ir embora de toda aquela loucura. Não podia culpá-la.
–Você foi um idiota, Harry Potter! – Ela cuspiu as palavras. – Era esse seu objetivo? Pois bem, parabéns! Você superou as minhas expectativas!
–Hermione... – Gaguejou Harry.
–NÃO! – Ela o atropelou, apontando o dedo para o rosto dele. – Não fale nada, se não quiser que eu largue a mão em seu rosto novamente.
Ela saiu da tenda pisando fundo. Demorou um ou dois minutos para que Harry a seguisse.
–Hermione, por favor, perdoe-me...
Ela sequer virou-se, mas mexeu a mão, acenando para que ele ficasse em silêncio. Harry aproximou-se dela, e seguiu a direção de seu olhar. Logo notou uma moita robusta farfalhando levemente. Como se alguém estivesse...
–Petrificus Totalus! – Bradou Hermione, apontando a varinha, para as plantas.
Um barulho de sólido batendo contra o chão foi se ouvido, e Harry precipitou-se para a moita, esperando encontrar um Comensal da Morte, ou um trouxa curioso.
Mas o que ele encontrou foi o corpo de adolescente conhecido, estarrecido no chão úmido, a expressão de imenso desagrado estampado em seu rosto.
–Quem é? – Hermione perguntou, ainda com a varinha no ar.
–Draco Malfoy.
–Malfoy? – Disse, abaixando a varinha lentamente e chegando perto de Harry. –Você não colocou os feitiços de proteção que eu pedi, Harry? – Perguntou, com irritação.
–Coloquei! – Respondeu ele, na defensiva. Cutucou Malfoy com a ponta do pé. – Como você nos achou?
Draco cerrou os olhos, impossibilitado de fazer qualquer outra movimentação.
–Vamos amarrá-lo e tirar a maldição, Hermione – sugeriu Harry. – Assim, ele pode responder nossas perguntas.
Ela concordou, e conjurou cordas para que Harry amarrasse os pés e as mãos de Draco. Tateou os bolsos do casaco do sonserino atrás de sua varinha e quase pôde ouvir Malfoy o amaldiçoando.
–Soltem-me! – Falou Malfoy, tentando se livrar das cordas apertadas assim que Hermione o liberou da maldição.
–Economize saliva, Malfoy – disse Hermione, apontando a varinha para a bochecha do garoto. – Você não vai escapar.
–E então – disse Harry, cutucando a lateral do corpo de Malfoy com pé novamente. – Como você nos achou?
–Eu vi sua coruja pelos arredores de Godric’s Hollow, Potter – ele disse, respirando com dificuldade. –Segui você até as escadas da pensão. Mas ai você aparatou. Pensei que tinha perdido você de vista, mas pela manhã você voltou. Imaginei que você estava com a Granger, então, quando vocês vieram para cá, aparatei logo atrás. Eu não sabia exatamente onde estavam, mas pensei ter ouvido a Granger gritar.
–Pra quem você está trabalhando? – Perguntou Harry, com raiva. – Qual é a sua missão?
Draco olhou para o garoto, incrédulo.
–Missão? Ensandeceu, Potter? Minha cabeça está sendo tão caçada como a sua!
–O que aconteceu? Virou “traidorzinho do sangue”, agora?
Draco fuzilou Harry com os olhos.
–Você não tem idéia, não é? – Falou, com a voz fria. – Você não têm idéia de como Londres está – encarou Harry, com os olhos sem vida. – Um trouxa morto em cada esquina, Potter. É assim que está.
–Não era isso que você queria, Malfoy? – Perguntou Hermione, que parecia muito mais calma do que Harry.
Ele tornou os olhos para Hermione, parecendo horrorizado.
–Não! – Respondeu, com a voz esganiçada.
Harry encarou Hermione, e eles pareceram conversar em silêncio. Harry tinha suas reservas contra Draco, mas Hermione queria confiar.
–Será que vocês podem me soltar? – Acrescentou Draco, agora com um pouco de impaciência.
–Não! – Responderam Harry e Hermione em uníssono.
Harry virou para Hermione.
–Você acha...
–Não.
–Mas no jornal...
–Eu sei.
–Está confusa?
–Sim.
Draco encarava os dois como se eles fossem dois alienígenas. Hermione virou-se para olhá-lo.
–Olhe – começou Draco. – Eu estava com Neville, Luna e Astória. Mas caçadores nos encontraram e tivemos que nos separar.
–Luna? Neville? – Harry disse, alarmado, segurando os ombros de Draco e sacudindo. – Eles estão bem?
Malfoy fechou a cara.
–Eu estava na esperança que você me dissesse isso. Não os vi desde que nos separamos.
–Deixe-me ver se entendi – Hermione pigarreou. – Você estava escondido... Com Neville Longbotton e Luna Lovegood?
–E Astoria Greengrass.
–Não se faça de espertinho, Malfoy – avisou Harry, cutucando o peito dele com a varinha.
–Eu não estou mentindo! – Berrou Malfoy, frustrado. Encarou Hermione profundamente nos olhos. Sabia que era mais fácil dobrar a garota do que Harry. –Dumbledore estava certo. Eu não sou um assassino. Não aguentei ver todas aquelas mortes, e nunca quis isso. A única decisão certa em minha vida que tomei foi fugir com Astória. Encontrei Neville nos arredores do St. Mungus, e, depois disso, partimos para buscar Luna em Hogwarts, pela Casa dos Gritos. Você tem que acreditar em mim.
Hermione desviou os olhos, respirando profundamente. Os três ficaram em silêncio por um segundo.
–Qual foi a última vez que você comeu? – Ela perguntou, por fim.
–Têm uns dois dias – murmurou Draco.
–Deve estar faminto – Hermione passou a mão pelos cabelos, parecendo cansada – Eu vou fazer alguma coisa para você e Harry comerem.
Dizendo isso, ela se retirou para dentro da tenda. Harry sentou-se próximo a Draco, encostando as costas no tronco de uma árvore.
–Como estão Neville e Luna? – Perguntou, ainda olhando desconfiado para Malfoy.
–Se apoiando. Xenófilo foi preso por suas publicações.
–Você tem notícias de Ginny e dos Weasley?
Draco encarou Harry por um segundo, parecendo penalizado.
–Não, desde a Batalha de Hogwarts. Escute, Potter, sei que tivemos nossas diferenças – ele engoliu seco antes de continuar. – E eu sinto muito por isso. Estava errado sobre você, e sobre a Granger e o Weasley.
Harry coçou os olhos, sentindo-se ligeiramente cansado.
–Você sabe que eu não acredito em você, e que você não vai me levar nesse papinho sentimental.
Draco não falou, apenas procurou uma posição mais confortável, arrastando-se como uma cobra pelo chão. Harry fitou a nova tenda, perdendo-se em seus pensamentos. O cheiro da comida de Hermione, apesar de não ser exatamente gostosa, já começava a penetrar em suas narinas. Sua barriga roncou em protesto.
–Eu não acho que você vai querer ficar conosco, Malfoy – avisou Harry, como quem não quer nada. – Sua querida tia está nos caçando com uma força de vontade absurda.
O rosto de Malfoy imediatamente ficou lívido.
–Bellatriz?
–Acertou.
Harry ficou satisfeito ao ver a expressão de Malfoy, ele parecia prestes a vomitar de tão nauseado. Continuava o mesmo Malfoy, com algumas eventuais melhorias.
–O que você fez, afinal? – Perguntou Draco, de repente.
–O que?
–O que você fez para fazer a Granger gritar daquele jeito?
Harry fechou a cara.
–Não te interessa.
–Não precisa ficar irritado, Potter – disse Malfoy, de mau humor. –Foi só uma pergunta.
–Uma pergunta que não lhe cabe, diga-se de passagem.
–Você sabe qual é o seu problema?
–Não, e nem quero saber – respondeu Harry, revirando os olhos.
–Eu vou falar mesmo assim, Potter! – Disse Draco, com superioridade. – Você acha que a Granger é forte, e esquece-se de notar a enorme quantidade de vulnerabilidade que existe em sua personalidade.
–Por Mérlin, Malfoy, o que você realmente sabe sobre a Hermione? – Quis saber Harry, olhando para o garoto com um misto de incredulidade e raiva. –Além do fato de que ela é nascida trouxa, que foi a única coisa que você sempre notou?
–Você tem razão, seu débil, eu sempre a tratei mal, e ainda assim, aí está ela, fazendo alguma coisa para eu comer. Não acho que tal pessoa tenha uma personalidade tão difícil assim de se desvendar. Até pra você, que tem uma capacidade mental visivelmente reduzida.
–Cale a boca, sua doninha maldosa.
Harry se levantou, fez um aceno na varinha, apertando as cordas que prendiam Malfoy um pouco mais. E, antes que pudesse ver o sonserino reclamar, entrou na tenda, deixando-o sozinho do lado de fora.
Hermione, que estava perto de um mini-fogão improvisado, esquentando água para chá, ergueu os olhos quando ele entrou.
–Onde está Malfoy? – Ela perguntou.
–Lá fora – respondeu Harry, não entendendo a pergunta da amiga.
–Não faça isso – ela repreendeu. – Está muito frio! Traga-o para dentro.
Ele arregalou os olhos.
–Mas Hermione...
Ela balançou a cabeça.
–Só mantenha as amarras.
Harry suspirou e, mesmo que não achasse isso uma grande idéia, voltou para buscar Draco Malfoy.
*
N/A:
Trecho no início do capítulo = Come Home, OneRepublic feat. Sarah Bareillis
Ps: Especial Fred&Jorge no próximo!
OBS:
De qualquer forma, estou com uma nova FIC, ela é uma NC e também é H&Hr, sendo pós-epílogo de Rdm. Basicamente, a fic parte do pressuposto de que Harry e Hermione têm um caso desde o terceiro ano de Hogwarts, mas nunca contaram para ninguém, e devido às atribulações da vida, acabam se casando com os dois Weasleys. A fic junta pontas soltas dos livros de J.K com coisas que eu escrevi, mostrando do primeiro beijo até o último. :) Chama "Eu sei que vou te amar"
Quem puder ler e der uma conferida. eu agradeço! Segue o link:
[ http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=41339 ]
Comentários (12)
Oi, sobre a nova fic, eu já postei lá, sabe que estou amando suas fics né?!Em relação a este capítulo, acho que foi necessário essa explosão da hermione com o herry pra ele começar a ver o que é bom na vida dele e o Draco, adorei, esperando por mais deles no próximo, beijos.
2011-10-06ótimo capítulo, e não se preucupe com brigas pois elas fazem parte da vida. e malfoy é realmente confiável? espero mesmo uma linda reconcialização abraços, até o próximo capítulo
2011-10-06