Ganhando Estrelas
| Do Nosso Jeito |
Capítulo Três - Ganhando Estrelas
"Há tantas guerras que travamos
Há tantas coisas que nós não somos
Mas com o que temos
Eu prometo a vocês que
Nós estamos marchando em frente”
–Eu não entendo o motivo dessa reuniãozinha sem sentido. Você me faz perder meu precioso tempo, Forbes!
Uma gota de suor escorreu da cabeça do homem, já quase desprovida de cabelos, até sua testa, enquanto olhava disfarçadamente os pés da bruxa em cima de sua própria mesa. Engoliu a seco.
Bellatriz gargalhou alto. Que patético pequeno homem escolheram para ser o mais novo Ministro da Magia. Parecia estar prestes a urinar nas calças xadrez que usava.
–Vamos, seu homúnculo desprezível, deixe de blá-blá-blá e me diga logo do que se trata! – Ela falou, com impaciência, aterrorizando-o ainda mais.
–Bem... As pessoas não podem saber que Harry Potter está vivo, Sra. Lestrange – disse o homem chamado Forbes, mexendo-se desconfortável em sua cadeira. De repente, ela parecia tão pequena pro seu corpanzil. – Eu tenho trabalhado duro para cobrir todos os traços de existência que ele deixou para trás e...
Bellatriz avançou com a cabeça para frente, chegando centímetros do rosto oleoso do homem e cerrando perigosamente os olhos.
–Eu não ligo a mínima para o seu trabalho, Forbes! Harry Potter está vivo por enquanto! É só uma questão de tempo eu achar aquele traidorzinho sórdido.
A bruxa se afastou, permitindo-se descansar as costas no acolchoado da poltrona. Forbes se empertigou, parecendo prestes a desmaiar.
–A senhora precisa entender... O que a volta de Harry Potter significaria... Esperança. Eu não quero isso, e acredito que a senhora também não – ele soltou um pigarro após o singelo momento de coragem.
A boca de Bellatriz crispou-se.
–Eu acho que o senhor não entendeu – ela disse, a voz carregada de escárnio. – Aquele moleque matou Lord das Trevas e agora, meu marido! Eu não pretendo deixar o Potter vivo.
Forbes enxugou a testa com um pano branco dobrado duas vezes e encolheu a barriga, que começava a incomodar por trás do cinto das calças apertadas.
–Só não quero alarde, Bellatriz. Já tem sido difícil controlar as rebeliões. Parecem que as pessoas tem um certo tipo estranho de fascinação por esse garoto. Até Alvo Dumbledore, Mérlin!
–Um feitiço verde voando contra o peito dele e daquela Sangue-Ruim não é alarde, querido Ministro – Bellatriz disse, com aquela voz maníaca dela cheia de ironia. A varinha negra girava entre seus dedos distraidamente, num gesto intimidador.
Forbes tentou não olhar diretamente para os olhos de Bellatriz. Havia uma insanidade neles, uma fascinação esquisita, um desejo quase faminto. Um arrepio percorreu sua espinha, e, quase sem se dar conta, o Ministro pegou-se sentindo pena de Harry Potter. Certamente ele nunca iria querer tal mulher determinada a matá-lo.
–Estou curioso – disse, cruzando os dedos sob a mesa de mogno para que eles parassem de tremer. – Como pretende achar Harry Potter? Meus melhores homens estão empenhados em achá-lo e até agora, tudo que eu tenho são testamentos velhos e o corpo do caçula Weasley.
–Seus homens são medíocres, Forbes. Eu fui treinada com o melhor – Bellatriz inchou o peito, como se verdadeiramente se orgulhasse disso.
Forbes ergueu a sobrancelha, mas se arrependeu do gesto no segundo seguinte; não queria parecer que não acreditava no que a mulher estava dizendo. Bellatriz, que parecia cega de tanta soberba, que nem reparou na falha do Ministro. Ela levantou-se, fazendo os pés da poltrona arranharem o chão encerado, produzindo um som irritante aos ouvidos.
–Acredito que isso encera nossos assuntos.
–Obviamente Potter está muito bem escondido. Talvez até sob a proteção de terceiros – ele comentou, como quem não quer nada, assim que a mão de Bellatriz tocou a maçaneta da porta.
–A sua única proteção é aquela Sangue-Ruim – ela disse, as ondas de ódio emanando em seu tom de voz. – A magia sempre deixa rastros. E a dela, caro Ministro, eu reconheço de longe.
*
Eles aparataram em uma floresta de carvalhos altos e robustos, o chão coberto de folhas mortas, fatos que não permitiam a incidência direta do sol. Estavam no meio entre dois rios, que corriam lânguidos em direção ao distante mar. Harry olhou ao redor, e a única coisa que conseguiu ver foi verde e mais verde.
–Uau – ele deixou escapar, olhando para Hermione de esgueira. – Você se superou dessa vez, Mione. Esse lugar é simplesmente... Uau.
–É a Floresta de Dean. Eu costumava vir aqui com meus pais, nas férias. É o terceiro melhor lugar da Inglaterra para se criar uma família.
Ele olhou para a mulher, as sobrancelhas levemente arqueadas.
–Talvez devêssemos ficar aqui, Hermione. Até ficarmos velhinhos.
Ela sorriu suavemente, olhando-o com doçura.
–Na verdade, eu adoraria fazer isso. Mas, nesse momento, a minha cabeça e a sua juntas devem valer milhões de galeões. Aliás, a sua deve valer bem mais que a minha – disse Hermione, disfarçando um olhar preocupado.
–Você estava n'A Queda, Mione. Colocou vários Comensais pra dormir. Vale muito também – ele sentiu-se ligeiramente miserável. – Aliás, nunca tive a oportunidade de dizer como você foi incrível naquele dia.
Ela não respondeu, apenas entregou sua bolsa com feitiço de extendimento para Harry.
–Você pode montar a tenda enquanto eu faço os feitiços de proteção? Preciso reforçá-los. Não quero acordar com Bellatriz Lestrange me esperando novamente.
–Claro.
Hermione virou-se de costas, erguendo a varinha no ar.
–Salvio Hexia – ele ouvia a sua voz enquanto procurava com muita dificuldade a barraca dentro da bolsa. – Abaffiato Maxima. Repello Trouxatum.
–Você é a melhor nesses feitiços, Mione – comentou Harry, estendendo a barraca no chão quando finalmente a achou. Com um aceno na varinha, ela armou-se inteira sozinha. – Eu e Rony sempre esquecíamos de alguma proteção importante.
–Você não sente falta dela, Harry? – Quis saber Hermione, de repente, olhando-o e franzindo as sobrancelhas de uma forma incisiva. – Ginny?
Harry revirou a bolsa atrás de um dispositivo que comprara com Fred e Jorge fazia barulho se alguém de más intenções chegasse perto. Colocou no chão, ao pé da barraca.
–Sim – respondeu, por fim. –Sinto falta de todos.
Hermione soltou um suspiro. Harry virou de costas. Mérlin, que sensação de incômodo estranha era aquela que percorria seu corpo?
–Eu vou tomar um banho naquele rio – Harry apontou a margem de um dos rios caudalosos que corria calmamente perto deles. –Prometo que não demoro.
–Ah, sim. Esse é o rio Severn.
–O maior da Inglaterra? – Questionou Harry, lembrando-se vagamente das aulas de geografia na escola trouxa.
–Sim – Hermione pareceu satisfeita que ele soubesse dessa informação. –É um ponto turístico, Harry, portanto, tenha cuidado. As pessoas podem te ver...
–Ok – Harry piscou. – Vou tomar cuidado – ele já ia saindo quando se lembrou: –Ah, será que você pode conjurar uma toalha para mim, Hermione? – Coçou a cabeça, sem jeito. –As minhas sempre ficam pequenas ou finas demais.
Para deixar Harry se sentindo completamente estúpido, Hermione conjurou, com apenas três toques na varinha, uma toalha imaculadamente branca, que caberia dois dele enrolados, felpuda e que ainda continha um enorme H vermelho estampado.
Escolheu um lugar bem afastado da barraca onde Hermione se encontrava. Tirou a roupa e os chinelos, e repousando-os sobre uma rocha, lançou um feitiço impermeabilizante sobre suas coisas. A água estava gelada, e ele viu-se quase desistindo do banho. Quando a metade do seu corpo já estava submerso, ele fechou os olhos e mergulhou com força.
Ali, debaixo d’água, o frio invadiu seu corpo por um segundo, esvaindo-se no momento seguinte. Harry soltou uma respiração, e as bolhas de ar escaparam do seu nariz; ao fazer isso, ele sentiu-se um pouco mais relaxado.
Prendeu o ar restante, fechou os olhos com força, querendo saber até onde o seu corpo agüentava. Aliás, pensou com infelicidade, seu corpo ia bem. Estava inteiro, respirando, andando. Vivo. Sua mente, por outro lado...
Matar Lestrange, por mais que ele fosse uma criatura odiosa, ia contra tudo que Harry acreditava e acreditou em toda sua vida. Quando lançara a maldição contra o bruxo, não desejava, na verdade, exterminá-lo da face da Terra. Queria apenas... Calá-lo.
Seus pulmões arderam, pedindo desesperadamente por ar, mas Harry recusou-se, as lágrimas salgadas se misturando com a água doce do rio. Ele sentia-se tão miseravelmente fraco, e inútil por não conseguir deixar de se sentir culpado.
E então, seu corpo não agüentou mais, e ele foi obrigado a submergir. Quando o ar penetrou pelo seu pulmão novamente, parecia que ele estava sendo desintoxicado. Seu melhor amigo morreu e você está ai sofrendo pelo Lestrange?, disse uma vozinha dentro de sua cabeça.
Lembrou que Hermione estava sozinha, então resolveu não se demorar. Jamais quebraria uma promessa feita a ela.
Hermione estava andando pra lá e pra cá em volta de umas plantas estranhas e nem ligou se ele demorara no banho ou não. Resignado, Harry entrou na tenda magicamente aumentada para pegar um pente; definitivamente, aquele vento que percorria o local com violência estava deixando seu cabelo num estado pavoroso.
Usou o espelho de Sirius para, pela primeira vez, olhar sua aparência. Concluiu, com infelicidade, que não era só o seu cabelo que estava pavoroso. Parecia que ele tinha sido espancado por um Trasgo Montanhês particularmente estressado.
Suspirou, tentando achar um ângulo melhor na imagem refletida. Harry virou o espelho em seus dedos e, em seguida, seus olhos capturaram Hermione coletando plantas à distância. Ele ficou impressionado. Ao contrário dele, ela parecia linda. Ao vê-lo, ela sorri, acena, e volta a sua tarefa. Sem perceber, ele deixara escapar um sorriso também.
Mais tarde, naquela noite, a barriga de Harry roncava de fome, e já fazia algum tempo que ele olhava Hermione de uma forma meio desesperada.
–Eu sei! – Ela disse parecendo aperreada, aquecendo uma chaleira. O vapor deixava suas bochechas rosadas, o que Harry achou engraçado. –Só mais uns minutos, Harry. Prometo.
Mérlin, ele estava desejoso até por um pedaço de pão seco.
–Não devíamos ter devorado todos aqueles morangos que você comprou – Hermione disse, com um tom de culpa na voz. –Por isso estamos sem ter o que comer agora!
Harry mexia-se impaciente. Não pôde deixar de pensar que, se Ron estivesse ali, provavelmente já teria desmaiado, ou feito uma cena bem dramática, deixando Hermione completamente perturbada.
Então, finalmente pegando a chaleira, ela derramou um chá de cor estranha dentro de duas xícaras. Harry, apesar de receoso com o cheiro, voou para beber o líquido, tamanha sua fome.
–Como estão os cogumelos? – Ela perguntou, parecendo apreensiva. – Parecem ser a única coisa comestível crescendo por aqui.
Harry tentou disfarçar as caretas enquanto mastiga. “Comestíveis” é claramente algo a se debater, em sua opinião.
–Estão ótimos – mente descaradamente. Hermione parece aliviada.
Após o jantar, os dois saíram da barraca e sentaram ao chão, assim que o fogo produzido por Harry numa fogueira improvisada era forte o suficiente para aquecê-los. Hermione tirou de sua bolsa dois agasalhos da Grifinória, oferecendo um para Harry e envolvendo o outro no pescoço.
–Você pensa em tudo mesmo.
Ela riu bobamente, sentindo-se lisonjeada. Harry sabia que ela apreciava quando ele lhe tecia elogios.
Harry deitou-se sobre as folhas e chegou mais perto dela. Esticou o pescoço e roçou o nariz pelo braço alvo dela. Fechou os olhos quase que inconscientemente. Seu cheiro lhe era tão familiar, o fazia sentir-se tão seguro e em casa, que, de repente, ele já não queria sair de perto.
–Não faça isso – murmurou Hermione. – Seu nariz está gelado.
Harry deixou escapar um suspiro pesado, olhando para as estrelas e sentindo-se ligeiramente frustrado por como a vida insistia em dar-lhe uma rasteira.
A mão de Hermione tateou nas folhas, à procura da mão de Harry. Ele fez um afago com o dedo no peito da mão dela.
Hermione encarou a face luminosa da lua, perdendo-se em seus pensamentos. Harry tentou apreciar o quanto a noite estava bonita. Mas estava tão difícil enxergar, depois de tanta morte, tanta guerra, tanta dor. Tentou então, imaginar o que Hermione estava pensando, e, surpreendeu-se ao notar que quase nunca sabia o que passava pela cabeça da amiga quando se tratava de seus próprios sentimentos.
–Sabe o que eu queria? – Perguntou Hermione. – O que me deixaria realmente feliz?
Harry levou as mãos entrelaçadas deles para cima de sua barriga. Respirando calmamente, tentou contar as estrelas daquela noite. Estavam tão brilhosas. Desejou estar em Hogwarts.
–O que?
–Ter uma casa. Digo... Dormir em uma cama de verdade. Sentar-se à mesa com você – Sua respiração fez uma nuvenzinha de fumaça. Talvez o inverno estivesse chegando. – Ou pelo menos ter um teto – ela fitou Harry com os olhos. – Não é sonhar demais, é?
–Não, Mione. Claro que não.
–Olhe! – Disse Hermione, de repente, apontando o céu. – Uma estrela cadente! – Os dois a viram riscar o céu, iluminando as outras estrelas rapidamente com seu brilho. –Faça um pedido!
Harry desejou apenas sentir-se em paz para o resto da vida, justamente como se sentia naquele momento ao lado dela.
*
–Hermione, não vai doer nem um pouquinho – ele disse, seguindo a amiga enquanto ela aventura-se por dentro da floresta, alguns metros de onde a tenda estava armada.
–Eu já disse que não, Harry – ela respondeu, revirando os olhos.
Harry choramingou, enquanto a amiga abaixava e pegava uma planta viscosa com as mãos. Ela quase bateu o topo da cabeça no queixo dele quando se ergueu novamente.
–Você já viu esse lugar? – Insistiu Harry, com a voz de quem não acredita na resistência da amiga. – Já deu realmente uma olhada em como isso tudo é bonito? Não acha que seria bom umas...
Hermione virou-se pra ele abruptamente, o rosto enfezado.
–Não! Você-parece-uma-criança! – Ela disse, batendo com os tentáculos da planta no peito dele a cada palavra pronunciada.
Harry arregalou os olhos, olhando sua camisa, antes branca, escorrendo muco verde.
–Você estragou minha blusa! – Rebateu Harry, articulando com as mãos, indignado.
–Você obviamente está me perturbando! – Ela retornou a colher plantas, andando a passos largos. Harry a seguiu.
–Só uma voltinha. Você pode ir junto!
–Arg!
Hermione voltou-se novamente para ele, só que dessa vez, seu rosto não estava tão sério. O sorriso estava quase escapando de seus lábios, por mais que ela tentasse segurá-lo. O esforço deixava seu rosto vermelho.
–O que? – Ela perguntou, olhando para Harry como se olhasse para uma criança de cinco anos. Ele deu um sorriso animado.
–Uma voltinha.
–Harry, querido... – Hermione pôs-se na ponta dos pés para segurar o rosto dele com as duas mãos. –Não! – Disse, voltando às plantas e rindo da expressão de decepção dele.
–Hermione! Eu estou dizendo... Você vem junto!
–Não! – Ela abaixou-se perto de uma planta vermelho vivo. – Eu odeio voar. Você sabe disso. – Tocou na planta com as mãos protegidas por luvas de couro de dragão e Harry pôde jurar que viu o vegetal enrolar-se levemente nos dedos da amiga. – Hummm... Estou em dúvida sobre você, querida. Seria bom ter Neville por perto nessas horas.
Por fim, resolveu não colher essa em particular, avançando um pouco mais adentro da Floresta, com Harry a seu encalço.
–Imagine ver o rio Saverne e o Wye lá de cima – ele apontou para o céu, que estava num tom azul claro radiante. –Talvez vê-los desaguar no mar.
–Oh, estou certa de que será uma visão linda – ela comentou, distraída. – Que eu nunca vou ter.
Harry bufou. Estava entediado ao extremo. Precisava fazer alguma coisa, e há horas não conseguia tirar da cabeça que sobrevoar a Floresta do Dean seria uma das coisas mais fantásticas que faria na vida. Mas Hermione estava irredutível.
–Não ache que eu estou sendo chata, Harry – ela disse, olhando-o. –Só acho que é perigoso demais. E outra, há turistas trouxas nessas áreas.
Finalmente ele desistiu, mas Hermione talvez tivesse ficado com peso na consciência ao ver o semblante triste do amigo.
–Podemos dar uma volta no rio, pelo menos?
Hermione deu um sorrisinho.
–Bem mais sensato!
Harry estava tão animado por ter conseguido fazer com que Hermione aceitasse algo que quase não conseguiu tirar a blusa para pular no rio direito, correndo e sorrindo como um menino. Hermione gargalhou, quando ele caiu de barriga na superfície do rio, espalhando água pra todo canto.
Quando Harry subiu a superfície, balançando os cabelos rebeldes, pôde notar, cheio de satisfação, que os olhos de Hermione brilhavam de alegria. Harry não se lembrou de tê-los visto tão bonitos como naquele momento.
–Ande! – Gritou, para que a garota pudesse ouvir da margem. –Venha logo pra cá!
–Harry... – ela choramingou. –Está muito frio!
–Vem, Mione!
Ela desceu a margem devagar, pisando nas pedras com cuidado. Colocou apenas um pé na água, depois pareceu se arrepender e recolhê-lo. Harry olhou pra ela com escárnio, apressando-a com palavras. Resignada, Hermione pôe novamente os pés na água. Estava tão gelada sob sua pele. Mas o sorriso de Harry parecia esquentar tudo.
Apesar de tudo, a água estava uma delícia. Hermione mostrou-se uma companhia agradável, e eles conversaram sobre bobagens por quase duas horas. Talvez Harry até pudesse sentir uma fagulha de felicidade em seu peito.
–Você tem que ver o que eu aprendi a fazer – Ele disse, saindo da água e revirando suas vestes atrás de sua varinha.
Uns dois dias atrás, resolvera que precisava urgentemente aprender transfiguração, se quisesse sobreviver sem depender totalmente de Hermione. Andara treinando com os livros dela, cheio de anotações nos versos. Ela mostrou-se uma excelente professora, mesmo que através de rabiscos em páginas amarelas.
Ele apontou sua varinha para a superfície do rio, e, com um movimento, uma porção de água se elevou ao ar, mudando a sua estrutura até ficar parecida com o formato de um pássaro. Os bichinhos d’água sobrevoaram a cabeça de Hermione, enquanto ela os acompanhava com o olhar, impressionada.
–Em uma semana eu vou estar melhor que você! – Provocou Harry, enchendo o peito de ar.
Hermione deu um sorriso maroto.
–Ah sim, claro.
E então fez algo incrível. Fez um sinal com os dedos, e os pássaros que rodeavam sua cabeça saíram voando bravamente para cima de Harry. Ele nem reagiu; cinco passarinhos d’água acertaram-no em cheio, no rosto, no peito, nas pernas. Harry cuspiu a água da boca, sentindo-se ligeiramente afogado. Hermione gargalhava e ele nem conseguiu sentir raiva.
Minutos depois, eles estavam andando de volta para a tenda calmamente, apesar do vento frio às suas costas. Por vezes, Harry pegou-se encarando Hermione, que parecia totalmente alheia aos seus olhares.
–Eu estava lendo um livro esses dias – comentou ela, de repente e ele imediatamente lembrou-se do livro de capa vermelha que Hermione carregava para cima e para baixo. –E me deparei com uma frase interessante.
–É? – Questionou Harry, interessado. –Qual?
–“Da mais bela amizade, nasce o mais belo amor”. – Hermione o fitou com curiosidade. –Você acha que isso pode acontecer?
Harry ponderou por um momento. Não sabia exatamente a resposta que deveria dar, mas tentou ser sincero.
–Sim – respondeu, por fim. – Acredito que sim.
Hermione soltou um sorrisinho.
–Acho que Ron nunca pensaria assim, não é?
Harry instantaneamente sentiu-se triste. Até seu porte mudou; os ombros arquearam, a expressão fechou-se e eles permaneceram em silêncio por um longo tempo.
Ele andava na frente, a mente tão confusa e cheia de informações que ele estava até tonto. Não sabia o que Hermione queria dizer com aquela frase e não compreendia, principalmente, o porquê de ter trazido o assunto Ron à tona. Eles tiveram uma tarde tão prazerosa, então, por qual motivo? Harry não podia evitar sentir-se miseravelmente infeliz toda vez que a morte do amigo rodava em sua cabeça, como um filme assustadoramente em câmera lenta.
Fechou os olhos. Parecia até que ele podia ouvir a voz de Ron lhe dizendo: “É tudo sua culpa. Não se esqueça disso”.
–Harry! – A voz desesperada de Hermione o chamou, com urgência.
Ele ergueu as vistas; o dispositivo de Fred e Jorge piava ensandecidamente.
E o que viu quase o cegou.
*
N/A:
Trecho no início do capítulo = Marching On, OneRepublic
Comentários (16)
O que será está esperando por eles rsrsrsrsrsrsrsrAdorei os momentos do harry e da hermione no lago, mas principalmente dele pedindo a permissão dela para voar e a forma como eles lidam com isso, parabéns, agora vou morrer um pouquinho de curiosidade pra saber o que vem por aí, beijos.
2011-09-17COMO, EM NOME DE MERLIN, VOCÊ TERMINA UM CAPITULO ASSIM? Você quer me matar? Aiiiin, eu adoro essa casal fofooooooooooooooooooo, eles são lindos de mais. UHAUHSUHAH, você escreve muuuuuuuuuuuito bem! Por Merlin, eu preciso de atualizações
2011-09-17Concordo com a Mila, acho que o capítulo não deveria ter acabado por aqui... a curiosidade ta matando!! =]
2011-09-17OMG!!!! Mais um capítulo indiscutivelmente I-N-C-R-I-V-E-L-L-L-L XD Por Merlin você escreve muito bem!!! A cada novo capítulo eu fico mais e mais impressionada =D Bellatriz estava realmente assustadora, até eu fiquei com medo!!! Ela vai mesmo seguir o Harry pelos rastros de magia da Mione??? (em choque) Torço para que os dois consigam fugir logo dessa maluca, ela não vai descansar até acabar com eles... (quase morri do coração quando a própria Bellatriz disse que a proteção do Harry era a Mione, todo mundo reconhece que ele depende muito dela e isso é tãaaaaaaaaaaoo fofoooooo) *-* Ahhhh adorei os momentos dos dois na floresta de Dean!!! Simplesmente perfeitoooo!!! O Harry pedindo para ficarem lá até ficarem velhinhos (morri), ela perguntando meio desconfiada sobre a Gina(ciumes talvez???), ele dando umas olhadinhas pra ela(hmmm...)... ri pakas com Harry tentando convencer a Mione a voar com ele (sonhando) e os dois no riooooo(*-*)!!! Foram momentos tão doces, tão lindos, tão cúmplices, tão especiais entre eles =) amei amei ameeeei XD Mas o Harry ainda continua fugindo do assunto (Rony), quando será que ele vai finalmente encarar a realidade??? Até a Mione tem mais coragem de lembrar dele do que o Harry =( AAAAAAAHHHH!!!! Como você pára logo agora????? O dispositivo dos gêmeos a mil e eu aqui morrendo de curiosidade para saber o que aconteceuuuuu!!!! Foi a Bellatriz??? Finalmente o Draco Malfoy??? Será a Gina??? (não ,não, Gina não iria fazer o dispositivo disparar...) Ahhh pleaseeee não me tortura tantoooo!!! Estou ansiosíssima pelo próximo cap!!!
2011-09-17Jessica!! =] Fiquei muito feliz de ver sua fic atualizada! Essa semana que passou foi triste, quase nenhuma fic H² atualizada... Eu esqueci de comentar no capítulo anterior, embora tenha lido e agora to aqui!! Vou dizer mais uma vez, acho que nem preciso dar idéias não, sua fic ta muuuuuuuito legal!! =] Essa parte do rio e da Hermione mandando os pássaros para cima do Harry fizeram todos os amantes H² sorrir... pena que o Harry logo voltou a pensar no Rony... é impressão minha ou o Rony se sacrificou na luta? Não vejo a hora de saber o que rolou! E quando veremos Gina e os demais Weasley dando as caras na história? Fico imaginando como eles estão e como vão reagir ao ver o Harry e a Hermione! Só mais uma pergunta (por hoje!!), o Hagrid está vivo? Eu quero muito ver o Harry e a Hermione juntos e pelo que parece os dois também querem, mas enquanto essa ferida ronaldiana não cicatrizar vai ser dificil, certo? E antes disso acontecer aposto que você vai fazer os dois sofrerem bastante! Bjus, boa semana!
2011-09-17Ah eu adorei o cap, mas senhor como assim você para bem nessa parte? To super curiosa, não demora pra postar, kkk beeijos
2011-09-17