Mas eu sou uma vampira, e não
Capítulo 15
Mas eu sou uma vampira, e não uma viciada!
Chego em casa três minutos depois do toque de recolher. Provavelmente quebrei todos os limites de velocidade do livro para fazer isso, mas pensei que se algum policial viesse me dar uma multa, eu poderia acalmá-lo com meu Perfume Vampiro. Uma coisa tem que ser dita, com certeza este é um poder sobrenatural útil. (Exceto, é claro, quando se volta para secretárias lésbicas e professores esquisitos pervertidos. Que eu poderia passar sem).
Abro a porta da frente da minha casa e dou um passo para dentro. O lugar está completamente escuro. Pergunto-me se todo mundo já está na cama. Embora eu suponha que provavelmente Emma ainda está acordada, digitando no seu computador como de costume. O que é bom por que eu tenho que elaborar um plano com ela. Como eu não posso dizer exatamente à mamãe que eu estou saindo da cidade por alguns dias para fazer uma viagem improvisada para a Inglaterra na esperança de encontrar uma taça perdida de Cristo, que vai purificar o meu sangue e remover a mancha vampiro, minha querida irmã vai ter que me cobrir.
Entro no corredor, indo nas pontas dos pés. Não preciso acordar todo mundo. Mas o meu plano Manter Silêncio é imediatamente frustrado quando eu piso acidentalmente em uma laje solta. Maldição!
Uma luz se acende na cozinha, fazendo-me saltar para trás de surpresa, meu coração pulando para a minha garganta.
- Mione? É você?
Eu respiro, dando um suspiro de alívio. É apenas mamãe. Por uma fração de segundos, eu pensei que a Caçadora tivesse descoberto onde eu morava e estava fazendo um lanche à meia-noite, enquanto esperava para me transformar em pó.
No entanto, é muito possível que a conversa com mamãe sobre o toque de recolher, seja ainda mais doloroso.
- Sim, mamãe. Sou eu. - Olho para as escadas que levam até meu escuro e aconchegante quarto. A luz fluorescente da cozinha está me dando dor de cabeça, inclusive daqui. Mas eu sei que não há nenhuma maneira que eu consiga escapar da palestra neste momento.
- Você quer Toffuti? - ela pergunta. - Eu estou terminando de colocar em uma taça.
- Não, obrigada - digo, relutantemente me dirigindo para a cozinha. Só minha mãe consideraria fazer sorvete de tofu. Eu prefiro Ben & Jerry‟s Chunky Monkey¹ para mim e, ei, não são esses caras que trabalham para salvar o planeta, também?
Eu sento na bancada de café da manhã e esfrego os olhos com os punhos. Estou tão cansada. Eu não tive uma boa noite de sono desde que esta coisa toda começou. Ao mesmo tempo, sinto-me exausta e duvido que serei capaz de dormir bem esta noite. Pelo menos até o amanhecer, e em seguida, Emma terá que me arrastar para fora da cama. Pergunto-me se eu posso fingir estar doente e não ir para a escola... Eu realmente preciso de um bom dia de sono.
- Você tem certeza que você não quer? Eu tenho xarope de alfaborra² doce para colocar sobre - diz mamãe, segurando o frasco. Eu me encolho. Eu não gosto dessa imitação hippie de chocolate, mesmo antes que eu me transformasse em vampira. E eu certamente não irei desenvolver o gosto agora.
Minha mãe termina de esguichar o xarope de alfaborra no seu Toffuti e coloca o frasco e recipiente de volta na geladeira e congelador, respectivamente.
Então, ela se senta na minha frente, na bancada de café da manhã, e coloca uma colher enorme na sua boca.
- Mmm - ela diz, lambendo os lábios. - Você não sabe o que está perdendo.
Eu rio.
- Oh, sim, eu sei. Lembre-se que nos obrigou a comer essas coisas quando éramos crianças. Eu não gosto de sorvete natural desde a quarta série.
- Sim, e isso foi apenas por que a malvada Tia Edna corrompeu você. Um pedaço e você se tornou uma viciada em junk food, sem esperanças - diz mamãe com um suspiro, tomando outra colherada. - E você nunca mais olhou para trás.
Eu sorrio. Eu sei que ela não está chateada realmente. Ela criou Emma e eu para sermos nós mesmas. Para ter nossos próprios pensamentos, sonhos e idéias. E dietas. Ela nos ensinou o caminho, mas nunca insistiu que seguíssemos. Ela é legal com isso.
- Então como foi a prova de hoje? - Mamãe pergunta, estudando-me com olhos que na superfície parecem completamente inocentes. Mas eu sei que ela está fazendo uma pergunta de peso.
- Urn, tudo bem. Bem - balbucio. Eu realmente odeio mentir. Ao contrário de Emma, que poderia entrar nos Jogos Olímpicos da Mentira e ganhar a medalha de ouro, sem esforço. Quero dizer, eu pensei que os gêmeos deveriam ter DNA idênticos, mas de alguma maneira Emma ficou com o gene Bom Mentiroso e eu fiquei com o Rosto Mostra Sempre Tudo.
- Hum-hmm - minha mãe diz, parecendo mais do que um pouco cética. - E sua noite hoje? Você teve uma boa noite?
- Sim, foi tudo bem - digo, rezando para que ela não continue. Mas parece que os deuses do interrogatório não têm planos de misericórdia para mim.
- Onde você esteve?
- Hm, um café em Nashua. - Serei o mais verdadeira possível, sem mencionar toda a coisa de vampiro, é claro.
- Sei. - Minha mãe pressiona os lábios por um momento. - E o que você fez lá?
- Tomei café...? - Bem, dã.
- E com que você foi beber café?
Contorço-me no meu assento.
- Er, alguns amigos.
Por favor, não pergunte quem, por favor, não pergunte quem, por favor, não pergunte quem.
- Quem?
Maldição!
- Hm... com Rachel e Charity... - Que me deram uma taça do seu próprio sangue para beber. Me imagino contando a ela. Não foi tão agradável da parte delas? E então Harry apareceu. O General dos Vampiros, você sabe. Foi proteger Draco, o rei dos vampiros e meu companheiro de sangue por toda a eternidade, ao menos que eu possa ir para a Inglaterra amanhã e pegar o Santo Graal. Você não se importa se eu faltar a escola por isso, não é?
Eu gostaria de saber quantos milissegundos ela levaria para discar para os homens de branco?
- Rachel e Charity?. - Mamãe repete, batendo em sua têmpora com o dedo esquerdo. - Não acho que eu tenha ouvido você mencioná-las antes. Elas vão para a escola com você?
- Cara, quem está no terceiro grau, mãe?. - Replico, incapaz de deter a minha indignação por mais um momento. - Quero dizer, desde quando você se importa com quem eu saio ou o que estou fazendo?
Nossa. Esqueço toda essa coisa de mãe legal. E cada ponto de mãe legal que eu dei para ela no último ano. Acabou. Hoje à noite, ela é uma dor no traseiro como o resto das mães dos meus amigos.
- Desde quando eu me importo? - ela repete, erguendo as sobrancelhas. Uh-oh. Eu não gosto dessa coisa de sobrancelhas levantas. Nunca acaba bem. - Você quer saber desde quando? Eu acho que é desde que a sua irmã me disse que você estava estudando na biblioteca durante toda a noite. Sozinha.
Ah.
Droga, eu sabia que deveria ter ligado para o celular de Emma no caminho de casa para saber se ela tinha feito algo para que não me descobrissem.
- Oh. Certo - eu digo. Eu tenho que salvar isto ou vou ser castigada e vai ser muito mais difícil para eu ir para a Inglaterra com Draco. - Nós estávamos estudando. Bebendo café e estudando. Realmente, esse lugar é um tipo de biblioteca-e-café. É a nova coisa “in”, na verdade. Todas as pessoas dizem que as cafeterias são as novas bibliotecas. Você toma seu café e, logo em seguida, estuda. É fantástico e...
- Mione, você está usando drogas? - Mamãe pergunta repentinamente, à queima-roupa.
Eu paro de falar imediatamente, mas eu acho que a minha boca ainda está aberta em estado de choque.
- Se eu estou usando... Drogas? - Repito, incrédula. Ela tem que estar brincando, certo?
- É uma pergunta simples.
Ela não está brincando. Eu posso dizer pela sua expressão oh-sou-tão-séria em seu rosto. Eu não posso acreditar!
- Eu sei que é uma pergunta simples, mas por que você iria perguntar isso? - Exijo, me sentindo muito insultada nesse momento. - Parece que eu estou usando drogas? - Minha mãe dá de ombros.
- Na verdade, sim, parece. Você fica fora até altas horas da noite e você mente sobre onde está. A primeira coisa que você faz pela manhã é vomitar. Seus olhos estão completamente vermelhos e suas pupilas dilatadas. Suas mãos estão tremendo e você está mais pálida do que Emma com sua maquiagem. Então, sim, eu devo dizer, que você parece que está usando drogas.
Ok, tudo bem. Ela tem um ponto. Mais ainda...
- Eu não estou - nego, sabendo que soei hesitante. Mas como posso me defender sem contar a louca verdade, que ela de qualquer maneira nunca vai acreditar?
- Mione, você pode me dizer se você estiver - diz mamãe, colocando a colher em seu Toffuti. - Eu sei que muitos adolescentes experimentam. Até eu me interessei muito na década de setenta. Maconha, ácido, pode
nomear um, eu provavelmente tentei usar. Mas se você pretende partilhar, você precisa fazer com segurança. E eu quero ter certeza que você não está fazendo nada perigoso. Eu te amo e não quero perder você.
Eu seriamente quero bater a minha cabeça contra a mesa em frustração. Não posso acreditar que a minha mãe acha que eu estou usando drogas. E eu não tenho idéia do que fazer para convencê-la do contrário. Quero dizer, tudo que ela listou é basicamente um sintoma de se transformar em um vampiro, ainda que eu não possa lhe dizer isso.
- Posso garantir a você, mamãe - digo, engolindo de volta a minha raiva. Eu sei que ela está só tentando me ajudar, mas eu estou cansada e irritada e só quero ir para cama. - Eu não estou, nem planejo a qualquer momento no futuro próximo ou distante, usar qualquer tipo de droga.
Minha mãe suspira profundamente, passando a mãe pelos longos cabelos grisalhos. Ela sempre brinca que é Emma que causa os seus cabelos grisalhos prematuros. Esta noite, eu acho que ela está colocando a culpa em mim também.
- Você sabe, eu esperava que nós tivéssemos uma relação mãe-filha, aonde você iria se sentir livre para conversar comigo sobre esse tipo de coisa -diz ela, tristemente. - Eu sei que isso soa clichê, mas eu queria ser uma amiga sua, assim como sua mãe. Alguém com quem você gostaria de compartilhar as coisas e saber que eu não iria julgá-la por isso. Eu queria ter um tipo diferente de relacionamento com você e Emma do que eu tive com a minha própria mãe.
- Você tem. Somos amigas! - grito, colocando a minha mão sobre o seu antebraço, sucumbindo a um ataque de culpa. - Eu conto tudo para você. Eu te amo, mamãe. Eu só, honestamente, não tenho nada dessa vez para contar. Eu simplesmente não estou usando drogas. Ponto. Fim da história.
Minha mãe balança a cabeça lentamente. Eu vejo uma lágrima escapar do canto do seu olho. Ótimo. Agora eu deixei ela totalmente aborrecida. Mas o que eu posso fazer? Eu não posso contar a verdade para ela neste momento. Não há nenhuma maneira. Mas, por manter silêncio, eu faço parecer que não confio nela.
Gah, isso é tão difícil.
- Mione, eu odeio fazer isso com você - mamãe diz, limpando sua lágrima em sua manga. - Mas eu sinto que é para o seu próprio bem.
Uh-oh.
- Se você não está usando drogas, então, você está obviamente doente ou algo assim. Por que você não parece bem. Então eu quero que você permaneça aqui, até que você pareça melhor.
- Você está me castigando? - Droga. Eu não posso ficar de castigo. Tenho que ir para a Inglaterra amanhã. Como posso ir para a Inglaterra amanhã, se estou de castigo?
- Não, não castigando, exatamente.
- Mas eu não posso sair.
- Correto.
- Para nenhum lugar.
- Você pode ir para a escola...
- Então como é que não é castigo? - exijo.
Ela dá de ombros.
- Então acho que é. Sempre odiei esse termo. Soa tão... autoritário.
- Então, por que ser um ditador fascista? - eu tento.
- Mione, por favor. - Minha mãe esfrega sua têmpora com seus dedos indicadores. - É tarde. Estou cansada. Você tem escola amanhã. Vá para a cama.
- Tudo bem. Tanto faz - replico. Salto do banco onde eu estava sentada e sigo para a sala. - Que mãe legal você acabou se tornando - murmuro sob a minha respiração, secretamente esperando que ela possa me ouvir.
***
¹ É esse sorvete aqui: http://budgetlexicon.files.wordpress.com/2009/07/fairtrade-chunky-monkey-21.jpg
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