Em um piscar de olhos
CAPÍTULO 14 - PARTE FINAL
A campainha soou pelo aposento, fazendo Sirius e Marlene pularem de susto ao escutá-la.
- Quem será? – questionou-se Marlene. – Ainda nem são onze horas.
Sirius deu de ombros. Antes que qualquer um dos dois tivesse outra reação, Lily saiu do quarto, fazendo um nó no cabelo para prendê-lo em um coque.
- Deixa. – disse, se dirigindo ao casal deitado no chão da sala. – Eu atendo. – e se dirigiu para a porta.
Lily agarrou a chave em cima da bancada e destrancou a porta despreocupadamente, se apoiando no batente ao abri-la. Esperava ver qualquer um, menos um certo garoto. A surpresa se estampou em seu rosto sardento.
A ruiva não conseguiu deixar de sorrir.
- James... – exclamou, sentindo a voz se encher de carinho. O garoto olhou à mulher a sua frente, de cima a baixo, tentando ignorar o fato de ela usar apenas uma blusa de mangas compridas surrada. Sem calça. Uma calcinha azul clara e simples era a única coisa que tinha.
Mas então lembrou-se do que ela fez...
James sentiu a raiva subindo pela espinha e, num impulso, levantou o livro e bateu na cara de Lily, jogando-a para dentro do apartamento, com força, entrando logo em seguida e batendo a porta atrás de si. Como ela podia? Como tinha coragem de se dirigir à ele daquele jeito? Como conseguia? Depois de tudo o que fizera, como conseguia?
Lily não conseguiu se equilibrar com o impacto do livro em seu rosto e acabou caindo no chão, batendo o rosto mais uma vez com força na base da bancada da cozinha. Sentiu um líquido quente escorrendo pela bochecha e passou a mão no local. Seus dedos ficaram vermelhos com o sangue. Ela se assustou. Da última vez que havia apanhado, foi quando seu pai decidira que era divertido.
Marlene, na sala, pulou de susto ao ouvir o estrondo da porta. Ela se levantou dos braços de Sirius e foi decidida até a cozinha, pronta para ralhar com Lily, por fazer tanto barulho, mas o que ela encontrou a fez congelar.
- LILY! – gritou, se ajoelhando ao lado da amiga, que, por sua vez, olhava James com os olhos arregalados. Ele havia... batido nela? – Meu Deus! – exclamou Lene, vendo o sangue no rosto de Lily, onde um corte profundo estava recém aberto.
Sirius, ouvindo o berro de Marlene, se levantou do chão da sala, o cobertor se enrolando em suas pernas (o que o atrasou) e correu para a cozinha. Olhou de James - parado, olhando para as duas mulheres - para Lily e Marlene, no chão.
- James? – perguntou, chocado. – O que foi que você fez?
James não respondeu. Encarava Lily. A raiva ainda fervendo impedia que sentisse arrependimento, embora este com certeza fosse vir mais tarde.
- Bateu nela! – gritou Marlene, olhando o livro na mão dele, ligeiramente respingado de vermelho. – ELE BATEU NELA! – berrou, indignada. Se levantou do chão e tentou ir para cima de James, mas Sirius a segurou no meio do caminho, passando os braços pela cintura dela. – BATEU NELA! – continuou gritando, tentando se soltar de Sirius.
Lily, que recebera o golpe, continuava no chão, olhando para James. Ele não precisou dizer nada. O olhar que ele lhe lançava – nojo, ódio – lhe informava que já sabia de tudo. Mas... quem contara? Leona não poderia ter dito nada a Ashley, ela não sabia de nada, então... Katherine. Katherine havia contado à Leona.
- James... – soltou Lily, se pondo de pé, ainda segurando o rosto. – James, eu...
James levantou o livro, mostrando-o à mulher, como se aquilo explicasse tudo. E realmente explicava.
- James, cara... – começou Sirius, ainda segurando Marlene, que lançava olhares mortais à James. – O que você ‘tá fazendo?
Sem uma palavra, o garoto jogou o livro na cara da ruiva, com ódio. O livro bateu com força em Lily e caiu no chão, estatelado. Marlene compreendeu o que estava acontecendo. Quando Kate disse que Leona sabia de tudo, ela quis dizer “tudo” mesmo. Sem nenhuma exceção.
- Como você pode? – perguntou James, entredentes.
Uma lágrima solitária rolou pelo rosto de Lily.
- James... – ela começou, com a voz embargada. O tom de voz dele doeu mais do que o ferimento no rosto.
- COMO É QUE VOCÊ PODE?! – o garoto berrou, interrompendo-a.
- E-eu...
- Como pode me usar desse jeito?! – ele continuou. – Como teve a coragem de fazer isso comigo?!
- N-não fo-foi minha inten-tenção... – Lily gaguejou, tentando se impedir de chorar. Não estava funcionando.
- Ah, não foi intenção?! – James, perguntou, irônico. – Qual era a intenção, então, Lily?! Esperava que eu não descobrisse?! Esperava me dar o fora e sair livre?!
Lily balançou a cabeça negativamente, escondendo o rosto nas mãos. Marlene olhava a amiga com pena, mas não tentava se soltar de Sirius, que, por sua vez, não compreendia qual a razão da discussão.
- James... – arfou Lily, levantando o rosto e olhando-o. – Me deixe explicar...
- Explicar o que?! Não tem o que me explicar! – o garoto apontou o livro no chão. – Esse maldito livro explicou tudo! Você só queria uma boa história! Só isso!
- James...
- Sabe, quando eu saí daquele apartamento atrás de Ashley, eu não queria implorar para ela voltar para mim... Estava pretendendo acabar tudo com ela, pedir desculpas pelo mal e voltar para COMPRAR SUA MALDITA VÍRGULA! – ele soltou de uma vez. – Mas ela fez o favor de me contar toda a verdade. E eu não acreditei... Eu achava que ia te contar essa história e nós dois íamos rir disso até não aguentar mais! Eu... vim até aqui para isso. Mas no meio do caminho eu vi o anuncio do seu livro em uma livraria de esquina e resolvi comprar. Não sei porque. Talvez para tentar provar que sua história não teria nada a ver comigo. – resmungou ele. – Mas, adivinhe? Encontrei os últimos meses resumidos em um volume de 520 páginas.
- Sinto muito... sinto muito...
- Sente muito?! – ironizou James, a voz cheia de veneno. – Não vem me dizer que sente muito! Meus segredos, meus erros, meus problemas... ‘Tá tudo nessa merda de livro e você vem me dizer que sente muito?! – revoltou-se ele. – Você descreveu tudo o que tivemos! Tudo nos mínimos detalhes! Como se fosse uma mera informação! Como se não valesse nada para você!
- James... – tentou Lily de novo, sentindo as lágrimas aflorarem. Ela limpou-as, mas outras desceram.
- Sabe o que mais me irrita?! – perguntou James, cortando qualquer coisa que ela poderia ter dito. – É o fato de tudo isso ter significado alguma coisa para mim!
Lily olhou-o nos olhos, um pouco chocada.
- Significou?
- É CLARO QUE SIGNIFICOU! – vociferou ele. – EU ESTAVA COMPLETAMENTE LOUCO POR VOCÊ! – admitiu, pela primeira vez. – E eu achava que você gostava de mim. Por um momento, eu pensei isso. – completou, sério.
- Eu gosto de você! Eu amo você, James!
James jogou a cabeça para trás e gargalhou histericamente.
- O que? – perguntou, em uma diversão bizarra. – Seu pai costumava dizer a mesma coisa para você depois de te foder a noite toda? Ou essa história foi pura mentira sua?
Marlene arfou. O queixo de Sirius caiu.
- O pai dela o que...? – perguntou o garoto.
Lily sentiu raiva, que se manifestou em forma de mais lágrimas. Dessa vez, era desespero. Ela estava desesperada.
- O que?! – perguntou, fungando, a voz falhando. – O que você disse?
- Você e seu pai são exatamente iguais. Ele usou você e depois te enfiou em um orfanato quando não prestava mais. – e acrescentou, sério: - O que é que você faz com as pessoas, Lily? O que foi que você fez comigo?
Foi o que bastou para ruiva cair de joelhos, soluçando. Alguns grunhidos guturais começaram a sair pela garganta dela. Eram gritos.
Marlene voltou a se sacudir nos braços de Sirius, a raiva voltando.
- Como você ousa dizer isso à ela?! – gritou.
- Como ela ousa usar a minha vida para ganhar dinheiro?! – rebateu James. – Como ela ousa tomar parte da minha vida para publicar um maldito livro e depois nem sequer olhar na minha cara?!
- Por favor, me deixa explicar... – suplicou Lily, no chão, o rosto manchado de lágrimas. Onde estava aquela mulher decidida?
- Sabe qual a explicação para isso? – perguntou James, chegando perto da mulher, olhando-a de cima, com desprezo. – Você é fraca. Não encara a própria vida, então usa a vida das outras pessoas. Não confronta seus problemas, então procura os problemas dos outros.
- James...
- Espero que viva feliz, Lily. – interrompeu-a. – Porque depois que você morrer, vai encontrar seu pai no inferno.
Como um último ato, James cuspiu na cara dela. Virando as costas, ele saiu pela porta.
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Sirius teve que pegar Lily no colo para fazê-la se levantar do chão. Ela não parecia estar em condições de se levantar sozinha. Estava chorando no mesmo lugar havia mais de duas horas e nada do que diziam parecia fazê-la parar. Ela nem mesmo os olhava.
Marlene havia ligado para Katherine, que aparecera pouco antes das três da tarde, com Leona em seu encalço. Kate e Lene tentaram convencer Lily a tomar um banho, mas também não obtiveram resposta. Quanto à Leona... bem, ela também chorou, mas por um motivo muito diferente do de Lily. Ela se arrependera, ainda mais agora, vendo o estado da mulher.
Por fim, tiveram que obriga-la a sair dali. Foi Sirius quem a carregou até a banheira, aonde Katherine e Marlene tiraram as roupas de Lily, para lhe dar um belo de um banho e limpar o ferimento na bochecha. Leona foi atrás de um kit de primeiros socorros que Marlene jurara existir em algum lugar nos armários de seu banheiro, para tratar do corte.
Limpa e vestida, Lily se recolheu em sua cama, embaixo dos cobertores, e voltou à chorar. Por um tempo, suas amigas lhe fizeram companhia. Até mesmo Sirius e Leona se juntaram à elas. Mas estes logo se dispersaram, pensando que talvez fosse melhor a ruiva ficar sozinha.
Lily não queria chorar. Mas era impossível se impedir de fazê-lo. Se sentia triste, quebrada, nojenta, repugnante, decepcionada, acabada, destruída... E tantas coisas mais. E sabia que era mesmo tudo aquilo.
Seu pai costumava dizer a mesma coisa para você depois de te foder a noite toda?
As palavras voltavam em sua mente. E ela se sentia uma criança de novo, com seus oito anos de inocência, ouvindo os passos do pai no corredor, indo até o seu quarto. Era como se pudesse ouvi-lo. Como se ele estivesse ali, tentando alcança-la. Tentando abrir a porta do quarto.
Por vezes, ela se encolhia em posição fetal para chorar. Sentia sono, mas não queria dormir. Sabia, de algum modo, que sonharia com alfinetes entrando em seus braços e com seu pai rindo de sua dor, enquanto a observava sangrar no lençol.
Ou essa história foi pura mentira sua?
Como James pudera cogitar essa idéia? Porque ela mentiria sobre aquilo? Nem com toda sua criatividade poderia inventar aquilo! Aquela história podre, macabra e completamente bizarra.
Lembrou-se da dor que sentiu quando seu pai entrara pela primeira vez e começara a lhe tirar as roupas. Lembrou-se de seu desespero. Das lágrimas. Da risada satisfeita dele ao terminar. De tê-la deixado machucada e chorando, agoniada, na cama.
Não. Nunca poderia ter inventado aquilo.
O que não fazia diferença. James achava que Lily era igual ao pai. E ela sabia que era. Talvez por isso doesse tanto.
O que é que você faz com as pessoas, Lily? O que foi que você fez comigo?
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Na manhã seguinte... ou talvez fosse a manhã seguinte: Lily Evans não se lembrava de quanto tempo ficara no quarto. O fato era que o dia estava nublado, mas sem previsão para chuva. O frio era leve e o vento era congelante. E, naquele dia, ela vestira um sobretudo preto e pegara o carro, planejando dirigir alguns quilômetros.
Iria fazer uma coisa que não fazia à muito tempo: iria visitar o túmulo de sua mãe. Melanie Elizabeth River dormia em um cemitério na zona norte de Londres, perto da região rural da cidade. Haviam-na enterrado perto de uma árvore de tronco grosso. Lily ainda se lembrava do local.
E era lá que ela se encontrava agora. Sentada, embaixo da árvore, encarando o pedaço de bronze quadrado e gravado com os dizeres Aqui jaz alguém que foi feliz que fora o que sobrara de Melanie.
Melanie, ou Elizabeth, não fora uma mulher muito amada pela família. Os River nunca foram muito unidos e raramente se viam. O enterro de sua mãe pareceu-se mais com um reencontro de família na véspera de Natal do que com a morte de um ente querido. Todos desejaram seus pêsames educadamente, mas depois passaram a conversar sobre coisas que variavam entre o emprego e a banda preferida.
Lily nunca entenderiam como alguém conseguia se preocupar com música ou problemas de salário quando um cadáver está estendido à alguns metros de você.
As únicas pessoas que realmente pareciam sofrer com a morte da mulher era o homem de cabelos negros e barba mal feita e a garotinha ruiva, que olhava tudo com curiosidade, sem entender nada mais do que seus cinco anos de idade lhe permitiam.
A garotinha estava enfiada em um vestido preto, com as mangas fofas, que algumas tias que ela mal conhecia insistiram em colocar nela. Seus cabelos ruivos estavam presos em duas trancinhas que caiam pelos seus ombros. Ela estava sentada em um banquinho alto, observando o pai receber os “convidados” e tentando entender porque a mãe estava dormindo em uma cama com um formato tão engraçado.
Melanie havia sido preparada para um enterro com um vestido branco e simples, que se fundia na cor do caixão. Os cabelos encaracolados e ruivos haviam sido arrumados confortavelmente nos ombros. Um terço estava enrolado em suas mãos, que jaziam cruzadas na altura do ventre. Nos lábios, um batom vermelho. Pétalas de rosas cobriam-lhe as pernas como um lençol.
Lily se lembrava de não entender por que sua mãe insistia em dormir justo ali, quando a família finalmente resolvera se juntar. Ela se lembrava de ter saído do banquinho e corrido com seus passinhos até a cama, esticando-se nas pontinhas dos pés e sacudindo o braço da mãe com a mão gordinha.
- Mamãe – sussurrara. – Acorda, mamãe. – pedira. – Você tem que colocar uma blusa se estiver com frio. – acrescentara, sentindo como a pele de Melanie estava fria ao toque. – Porque está dormindo? Você dormiu bastante. Está dormindo desde que o papai foi te buscar no hospital, mamãe. Você não quer ver o papai? Ele está ali, olha. – e apontara o dedinho na direção do pai, que ajudava um tio de Melanie à pegar a tampa da cama engraçada. – Você tem que sair daí. Eles vão fechar a cama.
Lily balançou a cabeça, saindo do devaneio. Lembrava-se de poucas coisas sobre sua mãe e aquela era sua memória mais permanente.
Ela esticou a mão e encostou no pedaço de bronze, preso ao chão, alisando o nome que estava gravado ali. Uma lágrima desceu por seu rosto, solitária e triste, mas o vento logo a secou.
- Tenho feito muitas besteiras desde que você morreu, não? – disse, como se conversasse com a mulher enterrada, provavelmente completamente destruída depois de tanto tempo. – É culpa sua. Não podia ter me deixado aqui sozinha.
Outra lágrima, e outra, e outra, e outra... Será que elas não acabavam?
- Se tivesse ficado, eu talvez fosse uma pessoa muito melhor do que sou hoje.
Será que teria mesmo?
- Não tinha o direito de me deixar sozinha.
Sim, sozinha. Porque o homem que deveria tê-la criado fez isso de um jeito que ela nunca entenderia.
- Não, ela não tinha. – uma voz respondeu, atrás de Lily, que congelou, assustada. – Não tinha o direito de nos deixar aqui, sozinhos.
Lily não quis olhar. E talvez nem precisasse. Reconhecia aquela voz das vezes em que dissera ao seu ouvido para que não gritasse, ou seria pior. Um medo invadiu as estranhas dela, que sentiu um ímpeto de sair correndo. Perto dele, seria sempre fraca.
Mas Lily olhou, porque não conseguiu se controlar. Porque estar de costas para ele era um problema. Se levantou e olhou. Olhou e sentiu todas as lembranças virem como um tapa na cara.
Ele mudara, o que era de se esperar depois de tantos anos. Estava mais franzino, mais calvo, mais enrugado, mais branco. Mas ainda era ele.
- Olá. – Alexander Evans disse, ao vê-la. – Qual seu nome?
Confusão. Ele não a reconhecia? Não fazia idéia de quem ela era?
- Tem certeza de que não sabe? – Lily perguntou, com uma raiva súbita. Sempre sentiria raiva dele. Durante todos esses anos, a única coisa que sentira era raiva dele. Jurava todas as manhãs que o mataria se o encontrasse. Mas, agora que acontecera, voltara a ser a garotinha instável e cabeça oca que um dia fora abusada.
Alexander franziu a testa, examinando a ruiva de cima à baixo, tentando se lembrar se já a havia visto. Ninguém lhe veio à cabeça. Talvez, se ele tivesse se lembrado de olhar em seus olhos, teria visto os olhos de Melanie e então se lembraria.
Mas ele não o fez.
- Desculpe. – foi o que ele disse. – Mas realmente não lhe conheço.
- Deveria. – retrucou Lily, entredentes. – Pensei que depois de todos aqueles anos, servindo de brinquedo sexual, você me reconheceria.
Então, Alexander viu. Os olhos. A fisionomia. Era tão parecida com a mãe que chegava a doer olhá-la.
- Lily? – exclamou, surpreso. – Filha?
Lily fez uma careta de desgosto.
- Não sou sua filha.
Alexander riu, feliz.
- Como não?! Você está aqui! – disse, se aproximando, os braços estendidos como se fosse abraça-la. Lily se afastou, assustada, como uma criança. – Sangue do meu sangue! Por Deus, você cresceu! Está tão bonita! Virou uma bela mulher... Com quantos anos está? Vinte e cinco?
Lily estremeceu com o elogio “bela mulher”. Será que ele se atreveria, depois de tanto de tempo...? Não. Não deixaria que ele a tocasse.
Alexander deixou os braços penderem ao lado do corpo, a felicidade baixando consideravelmente, ao ver a expressão da mulher à sua frente. Estava mais do que claro que Lily não lhe responderia e não tinha nenhum interesse em saber nada sobre ele.
- Lily, meu amor... – fez ele. – Parece que está magoada comigo...
- Esperava que eu não estivesse?
- Não depois de todos esses anos.
- Achou que passaria assim tão rápido?
- Passaram-se 14 anos...
- Sinceramente, espera que um dia eu supere?
O homem velho suspirou, cansado.
- Não foi assim que eu imaginei nosso reencontro... – lamentou.
- Com certeza não foi. – respondeu Lily, sarcástica. – Provavelmente envolveria camas, alfinetes e eu estaria amarrada.
- Seus pensamentos sobre mim parecem não ter sido os melhores nos últimos anos...
- O que esperava? – Lily perguntou, sentindo que estava prestes a cair em prantos. - Que eu corresse para os seus braços? Que sentasse no seu colo e te chamasse de “papai”? – ele não respondeu. – Francamente! Você é um porco imundo e sádico! Um canalha estuprador!
- Não fale assim... – pediu Alexander, triste. – Eu te amo, minha filha.
Seu pai costumava dizer a mesma coisa depois de te foder a noite toda?
- Acho que tenho esse direito. Depois de tudo o que fez comigo. – rebateu Lily, deixando algumas lágrimas rolarem, fechando as mãos em punhos.
Alexander fez uma expressão dolorida, como se aquilo tudo o machucasse.
- Não sabe como eu me arrependo.
- Não acredito em você. – retrucou Lily. – Me largou naquele hospital e foi embora. Isso não parece coisa de quem se arrepende.
- Procurei você depois disso.
- Não, não procurou. E se tivesse procurado, eu com certeza teria fugido. Não me arrependo de ter passado metade da vida naquele orfanato. Foi muito melhor do que passa-la com você. – ela quase cuspiu as ultimas palavras.
- Pensei que poderia me perdoar.
- Pensou errado. – rebateu. - Aliás, essa foi sua pior hipótese. Nunca vou perdoar você. Espero que se lembre disso. – Lily fez menção de virar as costas e ir embora, mas voltou e acrescentou, apontando o túmulo: - E nunca mais volte aqui. Você não tem moral para vir visita-la.
- Ela também fez parte da minha vida, Lily. Não pode me obrigar a ficar longe.
- Se ela soubesse o que fez com a filha dela, tenho certeza de que abriria mão de suas visitas. – respondeu, dando as costas à ele e começando a andar.
- Lily... – Alexander chamou, indo atrás dela e tentando agarrar-lhe pelo cotovelo.
Lily sentiu o medo avançar sobre sua espinha e se esquivou dele, segurando o cotovelo, como se tivesse acabado de feri-lo.
- NÃO ENCOSTE EM MIM!
O homem se afastou, chocado com a explosão dela.
- NUNCA MAIS ENCOSTE UM DEDO EM MIM!
- Lily...
Mas ela virara as costas e correra para longe dali, pedindo desculpas mentalmente à sua mãe, sabendo que nunca mais voltaria para vê-la agora que sabia que ele também frequentava aquele lugar.
Jamais colocaria os pés ali novamente.
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N/A: eai?! Quem gostou? Ficou bom? Legal? Trágico? Triste? Não tem opinião?
Bem, eu sou do povão sem opinião, que não sabe se fica ou não com raiva da Lily... Mas, ao assunto: eu não sei como terminar a fanfic. Sério. Essa é a última parte que eu tenho pronta. Sirius e Marlene vão ficar juntos, como vocês devem ter notado. Kate e Leona... bem... sei lá. Acho que a Kate vai acabar perdoando a namorada, né? Remus... ah, ele que se foda!
Restam duas alternativas: James e Lily ficam juntos ou não? Não sei se vocês odeiam a Lily (que fez a burrada) ou odeiam o James (que terminou com ela) ou odeiam a Leona (que causou a merda toda).
Eai? O que vocês querem? Eu já tenho toda a situação bolada, só preciso de um final, mas queria a opinião da maioria, porque se eu terminar por conta própria e vocês não gostarem, vai ferrar comigo...
Enfim, comentem!
Comentários (5)
Thomas amiguinho lindoacho que eles devem ficar junto sim.... Lily e James, mas antes Lily teria que escrever um outro livro, contando o quanto se apaixoonou e sua propria historia pro James ver que ela e sincera e o amavaele tem que cair na real que foi um idiotamas enfimtem que ficar juntos!!
2012-11-19Foi muito... trágico?! Não sei mas foi bem chocante.Claro que a Lily e o James devem ficar juntos, nem atrevas-te a fazer outra coisa fora disso que nós matamos-te e metes um face Thomas R.I.P. Tá muito bomBjs
2012-11-16Eiiii, fiquei muito feliz com o capitulo, apesar de ele ter sido triste. Tipo fiquei com pena da Lily, mas existe aquilo de causas e consequencias, não tô com raiva de nenhum dos três. Acho que a Leona já chorou demais pelo fez, se arrependeu bastante, mas sabemos que a Lily não ia conseguir manter esse tipo de mentira por muito tempo. Eu acho que o James vai se arrepender de tudo que disse a Lily e por ter batido nela também, ela já está arrependida, acho que o arrependimento é o começo de tudo. Lily e James deveriam sim ficar juntos. Amooo eles, Sirius e Lene também e ainda bem que eles vão ficar juntos, sobre Leona e Kate....Acho que você decide kkk , mas gostaria também que elas ficassem juntos e o Remus que se exploda né?! A parte da Lily e do pai foi tensa, por um momento eu achei que ele faria algo contra ela, mas felizmente a Lily soube se defender, vamos dizer assim...Concordo com a Neuzimar, a musica define muito eles, eu particularmente acho uma musica fanfastica *-*bjoos
2012-11-15Ah, tenho até uma música para sugerir (se você me permite,rsrs). Da Lily para o James: The only exception (Paramore). Bjs.
2012-11-15Oi, Thomas. De volta à leitura e eu gosto da sua história (que novidade!). Gostei do capítulo e gostaria que a Lily e o James terminassem juntos (se não ficar muito "clichê"). Ele não parou para pensar e tentar compreender os motivos que ela tinha para se tornar tão insegura quanto a relacionamentos, mas, talvez, quem sabe, depois que a cabeça "esfriar", ele raciocine melhor e compreenda o sofrimento que ela carrega e disfarça, sob a aparência de mulher segura e independente, há anos. Acho que esse reencontro com o pai pode ser libertador para ela. Bjs.
2012-11-15