Capítulo 23
Passado um tempo, ninguém voltou a falar com Salazar. As reações eram adversas.
Rowena ainda o respondia ou falava poucas palavras quando necessárias, Helga o ignorava completamente e às vezes parecia que ia, a qualquer momento, cair no choro, mas a pior reação era de Godric.
Este fechava o semblante completamente e parecia prestes a socá-lo quando ele passava.
Salazar não estava menos irritado. Em resposta a Godric passou a implicar constantemente com os alunos da Casa dele e favorecer a sua.
Os alunos sentiam que a atmosfera do castelo estava diferente e pesada. Os da Slytherin ficaram cada vez mais arrogantes com a predileção do professor e sem ver a antiga amizade dele com Godric, havia mais brigas e implicância e Salazar simplesmente fingia não ver, principalmente se era um aluno com símbolo do leão.
Parecia que o Colégio tinha se divido entre Slytherin e os outros.
Porém, o cenário apenas piorava.
Ultimamente alguns alunos andaram desaparecendo e a situação estava ficando alarmante. O Ministério queria intervir, mas eles sabiam que se isso acontecesse, em breve as portas teriam que ser fechadas.
Em quase dez anos de Hogwarts era a primeira vez que havia uma crise nessas proporções e o medo do sonho acabar era iminente.
Godric conversava seriamente com Merlin no escritório do diretor.
Merlin havia envelhecido incrivelmente, mas sempre que falava com seus queridos escolhidos ou alunos, parecia jovem e animado.
Rowena entrou no escritório após bater na porta e esperar o "entre" de Merlin. Estava pálida e com o rosto coberto de pânico.
- Outro aluno sumiu! Ah Merlin, não sei mais o que faremos! – seus olhos encheram-se de lágrimas e sentou-se cansada em uma poltrona em frente a mesa do diretor. Enfiou o rosto nas mãos e continuou. – Vamos ter que fechar Hogwarts! Os pais estão desesperados!
- Calma minha querida. Tome esse chá. – enquanto dizia, fez aparecer uma xícara com um líquido quente dentro.
- Quem foi que sumiu dessa vez? – Godric falou cansado.
- Arnold White.
Um "clique" no cérebro de Godric o fez levantar de forma tão brusca que quase derrubou a cadeira em que sentara.
- O que houve?
- Merlin! Você tem a lista dos alunos que sumiram?
- Deixei as fichas separadas, sim. – abriu calmamente uma gaveta e entregou a ele.
- Nessas fichas tem dados sobre a família das vítimas? – passou os olhos em uma por uma.
- Não. Para isso tem que olhar em outro registro. Fica ali naquela prateleira.
Godric correu até onde Merlin apontara e procurou pelos registros de todos os nomes das fichas em suas mãos.
- O que você está procurando? – Rowena levantou-se e foi até o afobado Godric. Ele a ignorou com os olhos correndo em diversas folhas.
- Não acredito! Não... – seu rosto estava pálido e voltou a sentar-se na cadeira.
- Será que dá para você falar, caramba?
- São todos de famílias trouxas! – murmurou sem acreditar. – Eu não queria acreditar mas...está aqui.
- Meu Deus! – Rowena levou as mãos à boca entendendo instantaneamente o que o amigo falava. Merlin abaixou a cabeça e ficou em silêncio.
- Eu deveria ter previsto isso... havia um traço negro sobre ele quando o vi pela primeira vez... – Merlin falava mais para si mesmo do que para os outros dois.
- Temos que tirá-lo de perto dos alunos! - a bruxa exclamou.
- Aqueles trouxas desaparecidos também...como não ligamos uma coisa a outra e automaticamente a ele?
- Godric! – Rowena gritou assustada, tirando o amigo de seus devaneios. – Temos que tomar uma atitude!
- Sim, claro! – levantou-se deixando todos os papéis caírem. – Temos que avisar a Helga.
- Céus, isso vai ser terrível.
Salazar estava preparando poções para a próxima aula, quando sua porta escancarou-se e os três entraram com suas varinhas apontadas.
- O que está acontecendo aqui? – levantou-se de pronto e olhou para cada um. Helga parecia lívida e furiosa.
- ASSASSINO! – gritou e foi andando em direção ao homem com sua varinha na altura do rosto dele.
- O que? – falou surpreso.
- Não se faça de desentendido! Não sei como, mas você vem matando alunos nascidos trouxas!
Godric achou que ele com certeza negaria, faria de desentendido. Contudo, seu olhar frio pousou sobre os presentes e sorriu.
- Sim. Matei. O que vão fazer?
- Vou te matar! – Helga começou a falar algo que parecia um feitiço, mas Rowena a segurou.
- Não! Não vamos nos rebaixar ao nível dele!
- O que pretendem fazer? Entregar-me para a justiça dos trouxas? – gargalhou alto e friamente. – Tentem!
- É claro que não iremos fazer isso. – Godric respondeu. Mas agora que parara para pensar, não sabia realmente o que fazer. As obras da futura cadeia dos bruxos estavam longe do fim.
- Ahhh...acho que não pensaram nessa parte. – sorriu maliciosamente.
- Vamos te deportar para seu país.
- O que? – por um momento ficou sério, mas depois sorriu de volta. – E acham que ficarei paradinho, lá na Dinamarca, obedecendo a vocês?
- Lá tem uma cadeia para bruxos, sei disso. Foi feita há alguns anos, lembra-se?
Novamente seu rosto endureceu-se.
- E como pretendem fazer isso? Vocês três não conseguem me deter. Sou muito mais forte.
- É verdade. – Merlin entrou pela porta com o semblante calmo. – Mas eu posso.
- Há! Você? Um velho?
- Sim, eu.
Salazar apontou sua varinha, mas antes mesmo que conseguisse pronunciar um feitiço, Merlin o estuporou sem emitir uma só palavra.
- Hum...acho que usei muita força. Ele vai ficar bastante tempo desacordado. – chegou perto do corpo desmaiado e conjurou cordas incrivelmente fortes. – Levem-no para o navio que vá para a Dinamarca. Tenho certeza de que vão adorar revê-lo. Soube que não era muito querido por lá.
- Eu levo. – Godric o levantou usando "Locomotor" e saiu pela porta. – Avisem amanhã aos alunos, que Salazar abandonou o Colégio.
Merlin saiu logo em seguida deixando Helga chorando abraçada a Rowena.
***
Esse é o penúltimo capítulo. Semana que vem, junto com o último, vou postar a nova fic do Tom Riddle, caso alguém se interesse em saber.
Neuzimar - acho que ser fã de qualquer coisa não tem idade. Isso tem a ver com o que aquela história e os personagens significam para você e porque você se identifica com eles. Eu ignoro os comentários de "isso é coisa para criança" ou "é subliteratura" como uma professora disse uma vez. E como eu estudo em faculdade de literatura eles têm muito preconceito com qualquer coisa que não seja considerado "clássico". Em todo caso, essas pessoas não são felizes como a gente :D
Bem, obrigada, como sempre, pelo apoio e espero que seu amor pelo mundo bruxo não acabe nunca ^^
Beijos.
Comentários (1)
Meio difícil de este amor acabar. é sempre bom sonhar, ter na vida alguma magia. E acho que você tem razão quanto aos seus professores preconceituosos. E me espanta que tantos "clássicos" da literatura, absolutamente chatos, pesados, desinteressantes e, por vezes, depressivos, sejam tão bem cotados entre os "intelectuais e literatos". Mas todos têm direito à sua opinião ... Quanto a este FIC, já estou sentido saudades e quero acompanhar seu novo trabalho. Muito sucesso! bjs.
2012-01-08