Capítulo 24



Com o "abandono" de Salazar da Escola, os ares melhoraram incrivelmente. É claro que, no entanto, a Casa do fundador fugido, ficou a de maior inimizade. Os outros três ainda tentavam fazê-los reconciliar-se, mas sem muitos resultados positivos.


Merlin decidiu, algum tempo depois, que precisava fazer outras coisas importantes em outras partes. Já havia feito o que lhe era devido ali e novas tarefas lhe foram dadas.


Godric, Rowena e Helga resolveram então deixar de dar aulas e cuidar da administração do Colégio. Contrataram profissionais de outros países e poucos da própria Inglaterra – já que, como aquele foi o primeiro Colégio de Bruxaria do país, não haviam ainda muitos formados em ensino. – e acrescentaram outras matérias. Uma delas História da Magia com o professor Binns.


Um homem entediante de voz calma e sonífera.


Com a precoce aposentadoria dos fundadores, a única coisa que era mantida por Godric, era o Clube dos Duelos que se provava muito útil e ele tinha um enorme prazer em ensinar.


Depois de um longo dia no início das aulas de agosto, olhou-se cansado no espelho.


- Meu Deus! Eu estou ficando velho! – passava as mãos, exasperado, pelo rosto.


- Não está nada! Continua bonitão. – Rowena riu e deu um beijo no rosto do amigo.


- Você que continua linda. Eu to ficando velho... – choramingou.


- Por que nunca se casou? Você era capitão do exército britânico antes daqui...então como não tinha várias mulheres a seus pés?


- Quem disse? – sorriu malandramente. – Eu tinha. Possuía inclusive uma noiva. – suspirou.


- Mesmo? Como eu não sabia disso? – ajeitou os cabelos castanhos de Godric que agora tinham vários fios brancos.


- Não achei necessidade de falar. Tive que fingir que morri, lembra? E também não gostava tanto dela...


- E a bruxa que você está namorando? Não acha que já está na hora de casar? Na verdade, mais do que na hora. – falou puxando um fio branco da cabeça dele.


- Ai! É...quem sabe? – riu sem graça. – E a Helga?


- Pobrezinha. Ela disse que nunca vai ficar com mais ninguém. Já se recuperou do caso "Salazar", mas falou que não quer outra pessoa.


- Soube que ele fugiu?


- Fugiu? – Rowena disse espantada.


- Disseram que voltou para a Inglaterra, mas não acho que vá aparecer aqui novamente. Nem conte isso a ela.


- Claro que não.


- E Helena? Tem notícias dela? – Rowena ficou com um ar triste. Sua filha sempre fazia tudo o contrário do que ela sugeria. Não queria deixá-la casar com homem que por um tempo foi seu namorado. Mas assim que disse que concordava com o matrimônio, Helena nunca mais quis nem olhar para o pobre Barão.


E agora, havia desaparecido. Mesmo depois de todas as precauções que tomou, todos os feitiços de proteção, Helena conseguiu roubar sua tiara e fugiu para longe dela.


Sorriu pensativa. Era uma ótima bruxa. Conseguiu superá-la.


Queria apenas que ela estivesse ali. Afinal de contas, apesar das desavenças, fazia parte da sua família e a amava.


Nunca contou para seus amigos que sua própria filha a roubara.


- Vamos para o Salão. Mais um ano de Seleção. – sorriu, disfarçando os segundos em silêncio que havia ficado pensando. Mesmo com o passar dos anos continuava linda.




O tempo continuou a voar para Hogwarts e seus fundadores. Mesmo depois de incontáveis anos, um dia o derradeiro momento chega.


Rowena foi a primeira a partir. Apesar de todos os esforços que tivera, sua filha não retornou para vê-la suspirar pela última vez. Nunca soube que na realidade ela havia morrido pelas mãos do homem que dizia a amar. Talvez tivesse sido melhor assim, sua partida teria sido muito mais sofrida.


Por muitos outros anos, Helga e Godric fizeram companhia um ao outro – quando Godric não estava com sua esposa e seus filhos. Dois meninos bonitos e viris.


A lembrança que Helga deixou para os descendentes de sua Casa, foi uma bela taça de ouro que ganhara de presente de um ex-aluno. Ela sempre foi adorada por quase todos os estudantes e bruxos que a conheciam. Ganhara diversos presentes, mas o que mais gostou foi a taça de duas asas que usava apenas em ocasiões especiais.


Um dia antes de morrer, sentiu uma incrível vontade de beber vinho naquela taça e Godric a acompanhou.


No dia de seu velório, uns bruxos parentes de Helga exigiram aquela lembrança da mulher, a taça que enfeitava Hogwarts. Godric tentou negar pois Helga desejava que ficasse para seus futuros alunos admirarem, como uma peça de museu. No entanto, como nada havia sido dito no testamento, eles levaram aquele último fragmento que Godric possuía da amiga.


Este foi o que ficou sozinho. Andava pelos corredores vazios do castelo. Os alunos dormiam, mas ele ainda assim ouvia diversos sons.


Sons dos pulos animados de Rowena quando criava um novo feitiço ou aprendia coisas novas, do sorriso singelo e de aparência infantil de Helga e até mesmo das gargalhadas e conversas de Salazar, que apesar de tudo fora um grande amigo.


Olhou por uma das janelas de sua torre e ficou a admirar o céu, a distante cidade de Hogsmeade e lembrou quando tudo aquilo era um grande e extenso vazio e Hogwarts era apenas um sonho não realizado.


Como pôde ter vivido tanto tempo sem aquilo, sendo um simples capitão?


Olhou sua espada brilhante, com seu nome inscrito. Um belo presente.


Agora não conseguia pensar em uma existência sem os pestes dos alunos, sem as aulas do Clube...


Voltou para sua sala e colocou a espada em cima de uma prateleira perto do console da lareira, ao lado de onde deveria estar localizada a taça de Helga e a desaparecida tiara de Rowena.


Suspirou e sorriu.


O sonho tinha se completado. Podia ir feliz para junto dos seus amigos.




Salazar, agora com longos cabelos e barba prateados e com rugas que antes não possuía, olhava pela janela da casa em que morava. A esposa que arranjara para poder continuar sua descendência, dormia um sono pesado.


Era bruxa, de sangue puro e inglesa. Não poderiam mais expulsá-lo do país. Claro que também não poderia aparecer demais, pois havia fugido há muitos anos.


Seus filhos e netos estudaram em Hogwarts, mas com outro sobrenome. Quando voltou fez questão de tomar tal providência. Nem todos da sua família sabiam do seu passado. Não queria seus descendentes exibindo-se por aí dizendo que eram da família de um dos fundadores de Hogwarts. Contava apenas quando já estavam na idade certa.


Suspirou e olhou a esposa. Bonita e pensava exatamente como ele. Usava feitiços das Trevas. Deveria ser sua alma gêmea. Assim como várias outras garotas que encontrara antes de casar-se...e não foram poucas.


- Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?


Fechou os olhos impedindo uma lágrima cair, suspirou e dormiu.


***


Bem, gente...chegamos ao derradeiro fim. Espero que tenham gostado e obrigada por me acompanharem até aqui ^^


Último comentário de review dessa fic:


Neuzimar de Faria - concordo com quase tudo. Realmente a maioria dos clássicos são mesmo depressivos rs, mas eu não os acho chatos. Eu os amo *.* Como exemplo, não sei se você já leu "Dom Casmurro" ou viu a minissérie "Capitu", mas essa é a fala do Bentinho sobre a Capitu (Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?). Eu choro sempre que leio/vejo rsrs ainda mais na série que é seguida pela música "elephant gun" do Beirut. Nossa, essa música é linda! Se puder, procure no youtube "última cena capitu". Mas talvez não tenha a mesma emoção se não tiver visto a série...sei lá.


Obrigada pelo apoio e semana que vem vou postar duas shorts fics sobre os fundadores. Agora vou postar a fic do Tom.


Beijos para todos ^^ Até mais.

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Comentários (2)

  • Neuzimar de Faria

    Olá! Nem sei se você ainda passa por aqui, mas achei que devia lhe dizer que faz falta. Seria bem legal se você se encantasse de novo pelo universo de Harry Potter e escrevesse mais um pouco sobre o Tom.  É difícil aceitar este convite, não é ? Mas, pelo sim pelo não, achei que não custava tentar. Quem sabe, não é? Até!

    2013-03-15
  • Neuzimar de Faria

    Realmente, nem todos são chatos (mas muitos são! rsrs). E muitos são importantes pelas críticas diretas ou subentendidas que contêm (O crime do Padre Amaro é um bom exemplo). Mas os "entendidos" terão que se conformar com o fato de que a série "Harry Potter" tem um alcance tão grande que, provavelmente daqui a alguns anos, também será citada como um clássico infantojuvenil, ao lado de Senhor dos Anéis e Crônicas de Nárnia (também excelentes). No mais, vou seguir seus conselhos e também vou acompanhar suas próximas fics, certamente tão excelentes quanto esta. bjs.

    2012-01-16
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