Feliz Natal - parte II



            Se eu devesse escolher entre o jantar de Natal de Hogwarts ou da senhora Weasley, não hesitaria em minha resposta e escolheria A Toca. Não poderia existir outra torta de abóbora melhor – e, em parte, senti pena das tortinhas da Madame Puddifoot – e, por mais que estivesse acostumada, cada pedaço de torta tinha um sabor diferente.  E por incrível que pareça, melhor. Harry riu ao ver minha expressão de satisfação quando degustava cada garfada do meu prato.


            A tradição da família Weasley era desejar Feliz Natal à meia noite do dia 25. O tradicional de todas famílias era um dia anterior, entretanto, pouco importava a data. Em alguns minutos eu iria abraçar o Rony e isto bastava.  Quando deu meia noite, senti meu peito explodir em milhões de pedacinhos e a alegria que eu sentia em poder abraçar o meu Ronald sem nenhum sentimento de culpa parecia exalar por todos os poros. Estava a sua procura quando dois braços consideravelmente longos com enormes mãos espalmaram minhas costas, eles eram quentes e senti meus ombros aquecerem quase instantaneamente, retribui o abraço, alheia de quem era o causador de tanto conforto. Seus cabelos ruivos como fogo tocaram meu ombro e eu senti o quão macio eram, pareciam pequenos fios de seda. Quando se afastou, senti que meu corpo era tomado pelo gelo novamente e não gostei dessa sensação, queria novamente aquele calor. O sorriso de Fred alargou-se consideravelmente ao ver minha expressão incrédula. Seus olhos tão ou mais azuis e brilhantes que o céu pareciam derreter e, por um momento, fiquei perdida neles. Ele não se importou e sustentou o olhar. Fiquei acanhada e quebrei o olhar.


            - Obrigada pelo livro. – minha voz saiu trêmula e eu me odiei por isso – É meu favorito.


            - Eu sei. – fiquei surpresa com sua constatação – Hum...eu tiro proveito da minha situação algumas vezes. – minha expressão tornou-se carrancuda e ele gargalhou – Brincadeira, sua boba, observei você lendo aquele dia que todos estavam jogando Quadribol e vi as anotações no rodapé de cada página. Era meio óbvio que aquele era um dos ou senão seu favorito.


            Ronald interrompeu minha curta conversa com Fred e, com uma expressão nada amigável, fez que o irmão saísse de perto. Seu olhar era tenso e repreensivo.  Não esperei sua atitude, imediatamente enlacei meus braços em seu pescoço e o abracei forte. Um sentimento de carinho apoderou-se de meu corpo. Ele passou seus braços – não tão longos quanto os de Fred – e me trouxe para perto de si. Ao nos afastarmos a sensação de vazio não chegou. Pelo contrário, o carinho ainda estava presente entre nós como uma enorme bolha impenetrável. Ginny interrompeu nosso “momento ternurinha” e disse que as histórias Weasley começariam. Ela saiu me arrastando e só parou quando chegamos na sala.


            As várias cadeiras dispostas em forma de círculo cobriam quase toda sala. A maioria estava preenchida por um membro da família e antes que pudesse escolher um lugar, Ginny sentou e me levou consigo. Uma voz doce e baixa inundou o ambiente, suas palavras bem articuladas e até antiquadas relatavam o primeiro encontro de Cedrella e Septimus. A história poderia fazer inveja a qualquer conto de fadas trouxa, do tipo que deixaria Cinderela chorando por anos. Quando chegou ao final, senti uma grossa lágrima escorrer em minha face e perder-se em meus lábios.  Observei a idosa levantar-se e ir em direção a cozinha. Levantei rápido e, tropeçando na cadeira, a segui.


            - Oi senhora Weasley. – falei quando, por fim, a alcancei.


            - Oi minha querida. – seus olhos enrugaram e ela sorriu docemente – Como vai?


            - Bem e a senhora? – retribui o sorriso


            - Ah estou ótima. Não precisa me chamar de senhora, pode ser vó ou Ced. – ela disse encarando meus olhos


            - Tudo bem em lhe chamar de vó? – perguntei emocionada – Eu nunca conheci nenhuma de minhas avós. – senti minha voz embargar – Mas imagino que elas tenham sido iguais a você, sabe, de cabelos presos em coque, olhos brilhantes, óculos redondos e vestidos tons pastel. – falei sonhadora e, por um momento, lunática como minha amiga Luna


            - Deve ter sido sim, Mione. – arregalei os olhos ao ouvi-la dizer meu nome, afinal eu nunca havia falado com ela – Meu neto falou sobre como você parecia comigo mais jovem. Eu era exatamente assim como você, uma das melhores alunas da minha escola. – acrescentou e indicou para sentarmos – Ainda lembro do meu primeiro dia em Beauxbatons.


            - Morava na França? – fiquei surpresa, ela não tinha sotaque francês


            - Não, sempre fui de Londres. Naquela época era comum garotas irem a Beauxbatons e garotos para Durmstrang. Ou Hogwarts que sempre foi uma escola mista. Mamãe e papai conheciam a diretora de Beauxbatons então quando recebi minha carta era de lá.


            - Ah...notei que não tinha sotaque francês. – sorri


            - Querida, receio que devo ir para casa. Está tarde para pessoas como eu e o Septimus...temo que daqui a instantes sinta sono e não consiga aparatar. Nos veremos em breve - disse sábia e com um beijo estalado em minha bochecha foi despedir-se dos filhos.


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            A maioria das pessoas haviam desaparatado e o clima pós-Natal era visível: todos cansados deitados no sofá ou acomodados nas cadeiras. Segui em direção ao quintal, conjurei um tapete e sentei de pernas cruzadas pouco importando se estava ou não de vestido. Observei as estrelas e por um ínfimo segundo desejei ter estudado Adivinhação para saber o que o futuro guardava para mim. Seria eu tão feliz quanto Cedrella? Meu primeiro encontro seria tão emocionante quanto o dela? Se meu futuro fosse com Ronald Weasley a resposta seria não. Nunca tivemos um primeiro encontro, embora nosso primeiro beijo tenha sido em um lugar lindo e calmo. Ela tampouco contou se durante todo o tempo de namoro havia visto Septimus nos braços de outra.


            A lembrança do meu ex-namorado trouxe-me a tona de toda confusão que estava minha vida. Lembrei de suas desculpas sobre nosso término e vi o quanto aquilo ainda me machucava. Eu o havia desculpado, é claro, melhor ter sua amizade do que nada...Confesso que fiquei feliz ao ver que a culpa não era de todo minha e sim do seu excesso de testosterona. Entretanto, nada mudara em mim. Meu coração ainda clamava por amor.


            Comparei Lavender a uma gorda e asquerosa aranha que tece teia a teia até prender sua presa e, por um instante, não a culpei. Ela, visivelmente, sempre o amou e decidiu mostrar não só a ele como a todos o quanto poderia ser boa. Ainda que seja injusta a forma que ela o fez, uma aranha também não é justa com suas presas visto que tece fios perfeitos e transparentes. Ri amarga para ironia da vida: Ronald odiava aranhas e agora, ele amava ser devorado por uma. Não, a culpa definitivamente não era de Lavender. Era única e exclusiva de Ronald que não soube controlar seus instintos. A mágoa que eu tinha não iria cicatrizar tão cedo e, seja qual forma fosse, eu deveria buscar o meu amor em outro lugar – longe de qualquer ruivo babaca imaturo de olhos azuis.


 


N/A: Capítulo grande esse! Espero corresponder as expectativas de vocês. Beijos e boa leitura!



Oi Morgana! A Mione ainda está calma, né? Pode ter certeza que muita coisa ainda vai acontecer...Obrigada pelo comentário! 


Mariana e Melissa esperem que a querida tia Muriel ainda vai dar muito trabalho!! Obrigada pelos comentários!



Summer, eu nunca havia pensado sobre ela ser cachaceira mas, realmente, ela parece ser uma ahaha. Obrigada pelo comentário!

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Comentários (2)

  • MarianaBortoletti

    Concordo com a Summer, Hermione começou a me dar nos nervos com esse nhê-nhê-nhê com o Ron. Mas dá para entender, óbvio; isso só prova que ela ainda gosta dele, que se importa. Querer encontrar os braços dele para o abraço de natal foi o máximo disso. E adoro que tenha coisas assim na fic, porque isso acontece na vida real. Eu sei que a fic é ficção, mas se a gente consegue imaginar perfeitamente situações assim na vida real, porque não? Vai demorar para ela conseguir se livrar disso, desse sentimento maluco. Mas, pelo menos, ela entendeu que a culpa foi do Ron e não da Lavender (gosto da Lavender, acho que sou a única) ou dela mesma. Eu ia reclamar que ela não tinha percebido o Fred ainda, mas cara, ela ainda tá tão na do Ron que vai demorar séculos para ver o ruivo dando sopa... Adoro essa fic, adoro ficar criando teorias e viajando nos comentários, poluindo a página com mil suposições e análises... rsrsrs *-* Ótimo capítulo, nem preciso dizer.

    2011-07-29
  • Summer Cooper

    Quero uma avó igual a Cedrella ): Minha avó parece a mãe do Sirius, me xinga de um monte de palavrão, fala de honra à família vinte e quatro horas e acha que tudo tem há ver com Deus '-' Nada contra Deus. Eu imagino a tia Muriel super cachaceira KKKKKKK Dessas que ficam bebendo pra esquecer os problemas e ouvindo aquelas musicas bem bregas que a senhora Weasley ouve. Em nome de Merlin, que raiva da Hermione, que vontade de dar uns cascudos nela pra ela partir pro ataque com o Fred. A-D-O-R-O um romance. Sou uma romântica incurável, confesso. Como sempre os capítulos são incríveis né, to adorando ler a fic, meu primo disse que vai começar a ler de tanto que eu falo dela *-* Espero que continue postando hehe, boa sorte.

    2011-07-29
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