Modelagem de Vestuário

CAPÍTULO 4:

 

 Hermione Granger estava sentada na biblioteca, mais uma vez cercada de livros, revisando uma redação para Harry, já que este estava enrolado com os treinos de quadribol e sem tempo de finalizar suas tarefas. Ela sabia que o quadribol era muito importante para ele, por isso decidiu ajudá-lo.

 Na verdade, Hermione sabia que no fundo estava fazendo isso por pura culpa. Andara se sentindo péssima nos últimos tempos por estar falando com Malfoy sem que ele soubesse.

 Suspirou, levemente irritada. Estaria ela fazendo a coisa certa? Era a milésima vez que se fazia a mesma pergunta e prometeu a si mesma não pronunciá-la mais.

 Destraidamente, pegou a uma mecha de cabelo que começou a penteá-la, separando os fios, como era de seu costume. Dessa forma, parecia que seus cabelos eram lisos, embora os deixasse extremamente armados.

 - Porque você separa os fios?

 O susto que Hermione levou foi tão grande, que a fez se levantar da cadeira de um salto. Ela pôs toda a força que conseguiu extrair de seu braço no golpe e acertou o nariz do invíduo com o punho.

 Mas ela simplesmente não contava que o ínviduo bem aventurado fosse Draco Malfoy, que agora gemia de dor e segurava o nariz.

 - Ah! – resmungou ele. - Merda, Granger!

 Hermione arregalou os olhos, mirando seu punho fechado e o rosto de Malfoy, meio assustada com a própria atitude. Por um momento, sentiu vontade de rir. Afinal, era Malfoy quem havia apanhado. Mas, ela pensou, ele está ajudando e não trapalhando. E se ele desistisse de ajudá-la?

 - Malfoy! – ralhou ela, começando a se sentir preocupada e beirando à raiva. – Você me assustou, seu imbecil!

 - Eu percebi.

 A garota deu um passo incerto na direção dele. Em uma situação comum, Hermione daria as costas ao garoto e sairia dali. Mas, se quisesse que aquela “parceria” desse certo, teria de se manter respeitosa com o sonserino por tempo indeterminado.

 - Machucou? – perguntou então.

 - Não, Granger. – respondeu Malfoy irônico. – Não está conseguindo ouvir minhas gargalhadas?

 A morena deu uma risada nervosa.

 - Venha, deixe-me te ajudar. – disse e hesitou, mas acabou pegando-o pelo braço e fazendo-o se sentar em uma cadeira.

 Malfoy estranhou aquela atitude, mas, como estava com o nariz arrebentado e moral mais baixa do que a Weasley Fêmea, deixou-se ser examinado pela grifinória.

 As mãos de Hermione examinaram o nariz de Malfoy, com cuidado para que não doesse mais do que já estava doendo.

 - Está tudo bem. – disse Draco, tirando as mãos dela de seu rosto. – Eu só tinha me esquecido do quanto doía. – comentou, se referindo ao soco que levara de Hermione no terceiro ano, quando fizera a besteira de falar mal do hipogrifo.

 Hermione riu, um pouco tensa.

 - Desculpe. – disse. – Foi impulso.

 - Ah, tudo bem. Isso só mostra que você não precisa de proteção.

 A garota abaixou a cabeça, envergonhada, mas não à ponto de corar.

 - Você é meu professor agora. – disse. – Não podia ter te batido. Devo, no mínimo, te respeitar.

 - Não espere o mesmo de mim.

 Hermione sorriu, marota.

 - E não espero.

 O silêncio que caiu ali foi perturbador. Hermione começou à guardar os materiais na mochila, com calma. Depois pegou os livros e os devolveu à prateleira. Malfoy não se dignou à ser cavalheiro e ajudar a garota e ela também não pediu ajuda.

 - Respeito, então? – perguntou Malfoy, finalmente.

 - Respeito. – concordou Hermione, estendendo-lhe a mão.

 Ambos trocaram um aperto de mãos e se afastaram, meio rápido demais.

 - Então – começou Hermione. – o que estava dizendo?

 - Antes de você me atacar?

 - Sim.

 - Bem, eu estava perguntando o porque de você separar os fios.

 Hermione fez cara de compreensão e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

 - Ah, isso...

 - Sim, isso.

 - Bem, é que quando eu separo os fios, meus cabelos ficam mais lisos.

 Malfoy não respondeu. Apenas se levantou e gesticulou para que ela o acompanhasse.

 Eles seguiram pelos corredores de Hogwarts, vez ou outra parando para verificar se não haviam pessoas. Não queriam serem vistos caminhando juntos, em silêncio, sem nenhum insulto sendo dirigido.

 Mas, como em qualquer história que se preze, houve uma complicação. No último corredor antes da tapeçaria em frente à Sala Precisa, havia um grupo de sonserinos.

 Com um olhar, Draco e Hermione combinaram que ela seguiria em frente primeiro e depois de alguns minutos ele iria atrás dela.

 Hermione andou até o grupo parado no corredor e tentou passar despercebida, porém a tentativa foi fracassada.

 - Olha só, se não é a sangue-ruim da Granger... – disse um deles.

 A garota o ignorou e continuou andando. Ignorar sempre fora a melhor maneira de se livrar dos idiotas.

 Hermione chegou em frente à tapeçaria e aguardou pacientemente que Malfoy aparecesse. O loiro apareceu cerca de dois minutos depois, um sorriso distraido no rosto.

 Sem dizer uma palavra, ele abriu a Sala Precisa.

 - Porque simplesmente não pára de lutar contra a natureza? – perguntou Malfoy, por fim.

 - O que quer dizer?

 - Seus cabelos... – explicou ele. – são encaracolados, não?

 - Sim.

 - Então, porque você tenta deixá-los lisos?

 - Porque... bem, me sinto mais bonita assim. Todas as garotas tem cabelos lisos e eu gost...

 - ‘Tá legal, pare. – Draco interrompeu-a. – Você disse “todas as garotas” tem cabelos lisos. E é justamente por isso que deve deixar seus cabelos cacheados. É isso que a fará diferente.

 - Acho que sei o que quer dizer... – meditou Hermione.

 Malfoy pegou as coisas dela e acomodou em uma das poltronas.

 - Venha. – chamou.

 Hermione o seguiu até um ponto na sala onde havia um espelho enorme, ocupando toda uma parede. Malfoy posicionou a garota e ficou logo atrás dela.

 - Posso? – ele perguntou, estendendo uma mão, incerto, para o cabela de Hermione.

 Ela deu de ombros, mas ficou rígida quando o loiro pegou uma mecha de seu cabelo.

 Malfoy analisou a mecha com os olhos, enrolando-a nos dedos, sentindo a textura, examinado a cor. Depois, ele enroscou seu dedo indicador na mecha e fez movimentos circulares, enrolando o cabelo no dedo, juntando os fios. Ficou assim por poucos segundos, antes de Malfoy deixar a mecha ondular de volta ao seu lugar.

 O cacho balançou um pouco e parou. Hermione encarou a mecha de seu cabelo: o volume havia desaparecido e agora um cacho tomava seu lugar. Um cacho grosso e elegante.

 - Ficou bom. – ela elogiou.

 - Esse é o seu cabelo de verdade. E é assim que deve deixá-lo. Entende?

 - Claro.

 - Ótimo, agora vamos nos sentar.

 Ambos seguiram para o meio da sala onde havia duas poltronas, um tapete e uma mesa de centro. Tudo verde. Hermione revirou os olhos.

 Ela se sentou e arrumou a saia.

 - O que foi? – perguntou, instando o garoto à continuar.

 - Como vai o seu relacionamento com o Weasley Pobretão?

 - Não o chame assim. – ela pediu.

 - Apenas responda, Granger.

 Hermione hesitou, mas acabou por decidir que contaria logo à ele.

 - Bem, não estamos nos falando. Harry vem tentando nos juntar, mas eu me recuso à ficar perto daquela loira pegajosa que está sempre com ele. Eu o ignoro e ele me ignora. Mas eu acho que ele sabe que eu tenho ciumes daquela loira oxigenada da Lilá Brown e às vezes finge que se importa com isso, mas eu sei que na realidade ele só quer... – e foi interrompida.

 - Pode parar.

 Hermione o olhou confusa.

 - Parar com o que? 

 - Pare de agir dessa maneira. Se você deixar claro que tem ciúmes dele, o Cabeça de Cenoura não vai parar de te provocar com a tal da loira oxigenada. O que tem que fazer é fingir que aceita e fazê-lo sentir ciúmes. – ele pausou, fazendo cara de inteligente. – Sabe o que isso significa, Granger? – perguntou maliciosamente.

 A garota se afastou dele, com os olhos ligeiramente arregalados.

 - Tenho até medo de perguntar e tenho certeza de que irei me arrepender, mas... – ela deu de ombros. – O que exatamente isso significa, Malfoy?

 - Significa que você terá aventuras com outros garotos.

 - Que tipo de aventuras?

 - Não finja que não sabe.

 - E isso será realmente necessário?

 Draco Malfoy se levantou, caminhando calmamente até um canto vazio da sala, aonde se acomodou, encostado na parede.

 - Será tão necessário quanto aperfeiçoar seu vestiário. - Hermione se levantou calmamente e andou até o garoto. - Não chegue muito perto, Granger, posso ser infectado por você.

 A morena levantou as sobrancelhas, ironicamente.

 - Pensei que tínhamos dito “respeito”. – comentou.

 - Não desrespeitei você, apenas pedi que não chegasse perto.

 A grifinória bufou.

 - Podemos ir logo com isso?

 - Claro. – ele respondeu e se desencostou da parede para dar espaço para um enorme guarda-roupa. – Bem – riu-se ele ao ver a cara de Hermione. – como eu havia dito antes, não vamos mudar você. Vamos aperfeisuá-la. E isso inclui o modo como se veste.

 - O que há de errado como me visto?

 - Roupas compridas demais, na minha opinião. Mas esse é o seu jeito. Você faz o estilo tímida/certinha. Então mudaremos apenas as combinações de roupas. Entende? – disse Malfoy.

 - Entendo.

 

*****************

 

 Hermione Granger olhou algumas vezes no espelho, inserta. Estava um pouco atrasada para o café, mas não se importava. Estava mais preocupada com a sua imagem no espelho. Ela apertou um pouco o nó da gravata, nervosa. A morena passou as mãos pelos cabelos recém lavados, os cachos balançando graciosamente nas costas, sem volume.

 Ela vestia o uniforme habitual da escola, mas sem a capa. Malfoy havia dito que a capa escondia o corpo e isso era um problema. Então, estava com a camisa branca com poucos botões abertos, a gravata vermelha um pouco larga, a saia no comprimento certo. Nos pés, uma sapatilha preta.

 Simples. Mas Malfoy havia dito que a simplicidade lhe caia bem.

 Com um suspiro um tanto forte, Hermione pegou sua bolça e desceu as escadas, as bochechas corando só de pensar nas pessoas que olhariam para ela assim que chegasse ao Salão Principal.

 E foi exatamente isso que aconteceu.

 Assim que pisou no Salão Principal, Hermione corou ainda mais. Devagar, ela andou até a mesa da Grifinória e não demorou para ser notada. Uma série de assovios vindos dos grifinórios fizeram eco no enorme salão.

 Um corvinal que passou por Hermione, exclamou:

 - Uau!

 Sem graça, Hermione sorriu para ele e se sentou entre Harry e Gina.

 - Puxa, Mione. – comentou Gina. – Você está ótima.

 - O-obrigado.

 - O que fez no cabelo? – perguntou a ruiva.

 - Nada... eu só... decidi parar de lutar contra a natureza. – respondeu, passando as mãos pelos cabelos.

 - Ficou bom. – elogiou Gina.

 Harry concordou com a cabeça, olhando para Rony que se encontrava sentado em frente à ele, agarrando Lilá.

 - Olá, Hermione. Você está muito bonita hoje. – cumprimentou Simas, passando ao lado de Dino.

 - O-oi. – cumprimentou a garota, abaixando a cabeça.

 Rony se soltou de Lilá com uma rapidez exagerada, apenas para encarar os dois garotos com a cara emburrada. Depois, não acreditando que Hermione estava diferente, olhou-a de lado. Sentiu sua boca se escancarar.

 - Oi, Hermione. – ele soltou, sem querer. Lilá fechou a cara.

 O primeiro impulso de Hermione foi ignorá-lo, mas lembrou-se de Malfoy dizendo que não deveria deixá-lo perceber que tinha ciúmes.

 - Oi, Rony. – disse e sorriu. – Como vai, Lilá?

 Harry engasgou com o suco e Gina se ocupou em bater nas costas dele, um pouco confusa com a atitude da amiga.

 Ao longe, Malfoy assistia tudo com um sorriso satisfeito no rosto. Nem ele esperava que ela ficasse tão bonita.

 

*****************

 

 

N/A: esse capítulo ficou menor do que eu poderia imaginar, mas acho que foi produtivo. Creio que no próximo vamos poder ver um pouco mais do “respeito”. Pretendo começar começar com o romance perto do capítulo sete, portanto tenham paciência.

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