Lembranças não vividas
Capítulo Um - Lembranças não vividas
A mulher abriu os olhos devagar, mas os fechou rapidamente. Uma forte luz branca a cegava de forma convicta, como se estivesse ali exatamente para lhe causar tal efeito. Sua mente começou a trabalhar para se perguntar o por que disso. Não entendia. Podia sentir seu corpo deitado e ereto. A posição não era das melhores, mas não conseguia abandoná-la. Ouviu um bipe irritante que lhe lembrava vida, embora não conseguisse entender porque.
Ela tentou abrir os olhos novamente, como se esperasse que a luz branca tivesse desaparecido. Porém a luz continuava lá, por isso a mulher piscou algumas vezes para se acostumar. Tentou ver alguma coisa além da luz branca, mas não pode. Por que nada havia a não ser o branco. Ela não gostou. Simples demais.
Tentou se levantar e, com dificuldade, postou-se sentada. Olhou para si mesma: as pernas estavam moles e a mulher se perguntou se eram realmente suas pernas que estavam ali, pois ela não conseguia senti-las. Estava coberta apenas por uma camisola curta e branca. Cada centímetro de seus braços estava coberto por agulhas e seringas, interligadas por tubos à alguns aparelhos e bolças de um líquido transparente. Ela se assustou com aquilo. Seu cabelos tinha algumas mechas presas à mais fios que também levavam aos aparelhos. Ela não entendeu o porque de se encontrar naquela forma.
As agulhas a assustavam. Ela não gostava de nada que perfurasse seus braços daquela forma. Com a mão tremendo, ela agarrou uma das seringas e puxou com força. Fez isso de forma tão abrupta que a agulha entortou dentro de seu braço, machucando-a. A mulher gritou. Tentou retirá-la com mais força e conseguiu. Jogou-a longe.
O acidente havia deixado-a com mais receio das outras agulhas, por isso retiro-as com calma, mas apressada. Havia tubos enfiados dentro de suas narinas também e ela sentia o ar entrar por eles. Ela retirou-os também. Um pregador interligado por um fio ao aparelho que emitia bipes estava em seu dedo, mas a mulher o soltou. O aparelho soltou um bipe permanente, o que a assustou.
A mulher caiu da cama onde se encontrava. Seus cabelos foram puxados por ainda estarem conectados aos fios de um aparelho, o que a fez soltar um gemido abafado de dor. Ela soltou os cabelos, puxando forte, o que fez algumas mechas serem arrancadas de seu coro cabeludo. Ela respirava com dificuldade devido à dor que aquilo lhe causara.
Percebeu que o chão do local também era branco. As paredes. A porta. A cama e os lençóis. Os aparelhos. Suas roupas.
Tudo era branco e isso a deixou apavorada. Onde estava? Porque estava ali?
A única exceção àquela cor sem vida era o grande espelho, que era negro. E ela soube imediatamente que não era um espelho. Algum lugar dentro de si sabia que havia alguém do outro lado. Não sabia como tinha conhecimento disso, apenas sabia.
A mulher se levantou. E caiu. Suas pernas não conseguiam mante-la de pé. Por isso ela rastejou até o espelho e, apoiada na parede, se levantou.
- Ei! - gritou, batendo no vidro com toda a sua força. - Eu quero sair! Eu quero sair! - ela gritava e batia ainda com mais força no vidro. Não houve resposta.
Virou-se com dificuldade e examinou o quarto com cuidado. Estava desesperada. Queria sair dali. Algumas lágrimas chegaram aos seus olhos. Precisava sair. Havia alguma coisa que precisava fazer e para isso necessitava de sair dali o mais rápido possível. Precisava... precisava... Porque ela precisava sair dali? O que realmente a incomodava?
Não se importava. Pensaria nisso mais tarde. Primeiro teria que sair dali. Mas como?
Olhou em volta novamente.
Havia o tubo de ar, mas estava fora de cogitação. Com as pernas daquele jeito, não consiguiria subir. E se fosse esperar que melhorassem, levaria muito tempo e aqueles que a prenderam ali poderiam voltar.
Com mais desespero do que o necessário para pensar, ela olhou em volta. A porta. A mulher experimentou dar um passo. Suas pernas cederam e ela quase caiu, mas manteve-se firme. Andou precariamente até a porta e procurou uma massaneta. Não encontrou. Havia um quadrado com botões e espaço para passagem de cartão ao lado da porta. Ela examinou a caixinha minuciosamente, tentando pensar em um modo de ativá-la e abrir a porta.
Apertou alguns de seus botões, pensando em que números apertar.
- Droga! - exclamou indignada. Havia letras também. Um código misto de números e letras. Milhares de combinações e apenas uma abria a porta. Levaria anos para sair dali.
Tentou uma vez: 26J788L. Na pequena tela apareceu uma mensagem que ela não soube o que dizia, mas entendia que a senha estava errada por causa da luz vermelha.
- Droga, droga, droga... - repetia fazendo mais duas tentativas antes de desistir totalmente da tarefa. - E agora?
Ainda havia a passagem para o cartão. Mas ela não tinha cartão algum. Virou-se novamente. Examinou o quarto procurando mais alguma saída que não havia considerado. Não encontrou nada que pudesse entender como uma saída, muito menos que pudesse abrir a porta.
Lágrimas caíram de seus olhos devagar e lentamente. Precisava sair dali. Encarou o branco total do quarto com desespero. A cor copiosa a assustava. Enlouquecia. O bipe descontrolado e permanente do aparelho continuava soando em seus ouvidos. Se não saísse dali iria ficar louca. Se não saísse dali morreria. Mas aquelas não eram suas maiores preocupações. A mulher procurava a cor verde desesperadamente em algum lugar e não conseguia encontrar. E se perguntou porque fazia isso.
Seus olhos pararam em alguma coisa em cima da cama que refletia a luz. A agulha.
Com pressa ela limpou as lágrimas e deu passos cambaleantes até a cama. Seus pés entortavam e isso doía, mas ela pouco se importava. Apanhou a agulha com as mãos tremendo. Voltou até a porta. Ou pelo menos tentou. No meio do caminho, ela caiu novamente com um estrondo. Doeu.
A mulher se arrastou até a porta e levantou apoiada na parede como havia feito da últimas vez.
Ela colocou a ponta da agulha no começo do espaço para cartão e começou a arrastá-la para baixo, percorrendo toda a extensão do espaço.
- Por favor, por favor... - ela pediu sussurrando, como se a agulha pudesse atender a esses desejos e abrir a porta. Porém quando chegou no meio do caminho, a agulha emperrou. - Não! Não, não... - ela repetia enquanto forçava a agulha à passar pelo espaço, mas este não cedia.
Impacientemente, ela forçou a passagem da agulha pelo local. Mas, como havia acontecido quando a mulher tentara retirar a mesma de seu corpo, a agulha entortou na abertura e atingiu algum ponto da pequena caixinha, pois uma luz verde indicou que a porta estava aberta.
A mulher examinou a luz verde que surgiu e perguntou-se se era aquela cor que ela procurava, mas não a identificou como sendo a que buscava. Sorriu vitoriosa e andou o mais firme que conseguiu até a porta aberta. A sensibilidade dos pés estava voltando e seu sorriso se alargou ao constatar que poderia andar com mais rapidez e sem se apoiar nas paredes do local. E se perguntou o porque de estar fugindo e para onde iria. Não encontrou resposta.
Mas, assim que colocou os pés para fora da porta, um alarme soou, mais alto e ainda mais assustador que o último e ela correu assustada.
Observou que as paredes e o chão dos corredores eram do mesmo branco doentiu do quarto em que estava, e isso a deixou um pouco temerosa. A vida já não era estranha demais para que tudo fosse branco? Diria isso para alguém mais tarde e talvez escrevesse um livro sobre a loucura que podia ser gerada em um ambiente como aquele.
Algumas pessoas começaram a ser vistas pelos corredores e a olhavam com curiosidade evidente. Outras que faziam anotassões em pranchetas, ou conversavam com outras pessoas, pararam para observar. Todos estavam vestidos pelo mesmo branco que a assombrava e algumas lágrimas caíram de seus olhos. Onde ela estava? O que fazia ali? Por que a haviam trancafiado em um lugar como aquele?
Homens começaram a persegui-la pelos corredores enquanto ela procurava uma saída. A mulher sentia frio. Suas roupas eram finas e curtas e o ambiente era gelado. Precisava sair dali.
- Moça! Por favor, pare! - gritou alguém que também a perseguia. A mulher continuou a correr. - Vai se machucar!
Ela não respondia, apenas continuava a fugir, com as lágrimas escorrendo pelo rosto frio.
No final do corredor que percorria - todos os corredores pareciam ser iguais -, havia uma homem parado. Ele tinha olhos azuis, era velho, tinha uma barba branca e longa e oclinhos de meia lua. Usava uma roupa colorida. A mulher não o reconheceu, mas achou que ele parecia a única pessoa normal do lugar. Estava acompanhado por uma mulher de pele bronzeada - resultado de horas de bronzeamento artificial - e cabelos loiros; usava um jaleco branco e tinha uma prancheta na mão; parecia uma médica havaina.
A mulher que corria, se dirigiu ao velho, gritando:
- Me ajude! - berrava. - Me tire daqui!
O homem pareceu reconhece-la. Mas a confusão tomou conta de sua face simpática. A mulher chegou até ele, finalmente, e agarrou suas vestes, pedindo desesperadamente:
- Por favor, me ajude! Não deixe que me tranquem naquele lugar de novo. - pedia repetidamente.
- Líllian... - o homem começou.
Mas antes que pudesse fazer mais alguma coisa, os homens de branco que a perseguiam os alcançaram, pegando a mulher pelos braços e a puxando para longe do velho.
- Me ajude! - gritava ela.
Sentiu uma agulha penetrar seu braço.
- Me ajude... - pediu mais baixo. O homem apenas observava com horror a cena. - Me ajude...
A mulher perdeu a consciência.
......................................................................................................................................................................................................
Uma cena de repetição perpassou pela mente da mulher assim que esta sentiu a consciência voltar aos poucos. Pedia mentalmente para que ela não estivesse naquela sala horripilantemente branca na qual acordara da última vez. Mas ela podia ouvir o bipe do aparelho que soava repetitivo novamente. Queria que alguém o desligasse. Podia notar que não estava mais frio; sentia uma coberta quente em cima de seu corpo. Apertou os olhos com força para impedir que se abrissem. Não queria acordar de novo se não fosse para sair dali.
Lembrava-se vagamente das últimas horas desde que acordou. Ficara tão pouco tempo acordada e já estavam colocando-a para dormir de novo. Não desta vez. Ficaria acordada a qualquer custo até alguém lhe explicar o que estava acontecendo e depois pediria para sair dali. Se ninguém atendesse ao seu pedido, daria um jeito de ir embora.
Havia luz e ela sabia disso mesmo estando de olhos fechados. A claridade deixava suas pálpebras vermelhas.
A mulher entendia que havia mais alguém no quarto, pois podia ouvir sua respiração lenta e ritimada. Aquilo realmente a acalmava. Saber que pelo menos aquela pessoa podia respirar com calma. Enquanto ela só conhecia a respiração rápida de medo ou por causa da corrida pelos corredores do que parecia ser um hospital. Sua respiração fora apenas isso e mais nada. Que ela se lembrasse, claro.
Quem estaria ali? Fazendo-lhe companhia? Será que ela queria saber mesmo?
Com um suspiro resignado, a mulher abriu os olhos. A luz que encontrou não era descomunalmente branca. Era apenas clara e não a cegou. Ela esperou seus olhos se acostumarem com a claridade. Quando conseguiu enxergar de forma aceitável, ela examinou a si mesma: não havia agulhas, nem aparelho respiratório, nada puxava seu cabelo. Mas o pregador, conectado ao equipamento que produzia o bipe, continuava lá. Ela agradeceu intimamente por isso.
Levantou a cabeça de seu corpo estendido e fitou o local onde se encontrava. Ficou feliz em constatar que não era branco, mas de um amarelo claro. Os móveis eram de madeira e o chão também. A porta era de vidro e tinha a mesma caixinha quadrada, mas sem a entrada para cartão.
Havia duas janelas grandes com cortinas azuis marinho. Uma delas estava aberta, deixando claro que estava chovendo. Suas cobertas eram do mesmo azul das cortinas.
Finalmente, a mulher levantou os olhos para o homem sentado à sua frente. Era o mesmo que havia visto no corredor em sua fuga. Mas suas roupas, que antes eram vermelhas, estavam amarelas e ele usava uma gravata cor de rosa. Era a coisa mais alegre que ela já havia visto em toda a sua vida.
- Olá, Líllian. - ele cumprimentou.
A mulher se sentou ao ouvir tal afirmação e se encostou nos travesseiros brancos.
- O que? - perguntou à ele.
O velho a ignorou.
- Devo dizer que fiquei assustado com a cena do corredor e acho que por isso acabei tendo uma idéia, provavelmente errada, de que os trouxas são violentos. Mas logo discartei o pensamento. E ainda me pergunto o que era aquilo que eles espetaram no seu braço. A doutora me explicou, mas não entendi absolutamente nada. - ele fez uma pausa. - Depois disso, você ficou desacordada por dois dias. Fiquei preocupado. Achei que tivesse morrido, mas a doutora novamente teve a bondade de me explicar que enquanto o bipe, que escutamos agora, estivesse tocando, significava que você estava viva. - ele novamente fez uma outra pausa. A mulher apenas o encarava com grande interesse. - Pedi a eles que me mostrassem a sala onde estava sendo mantida e a achei um tanto sem graça e desconfortável, por isso pedi a eles que lhe trouxessem para esta. Muito melhor não acha? - perguntou olhando em volta com ar sonhador.
- Também acho. Mas... - ela começou, mas foi interrompida.
- Como esta se sentindo agora, Líllian? - perguntou.
A mulher o encarou sem entender. Quem era Líllian afinal?
- Bem. Principalmente por estar sem aquelas agulhas.
- Quanto às agulhas, a doutora fez uns exames em você e decidiu que não precisava mais delas. E me prometeu que quando você acordasse, ela despensaria o aparelho que produz o bipe. - ele disse. - Mas, me diga, está mesmo tudo bem? - ele quis se certificar.
- Estou bem. - respondeu.
- Tem certeza?
- Acho que... sim. - ela formulou uma nova pergunta. - Só não entendo aonde eu estou.
O homem sorriu para ela, compreensivo.
- Depois do incidente com Voldemort, você foi encontrada por alguns trouxas que ligaram para a polícia. Eles te trouxeram para este local e começaram uma investigação. Eu acho inútil. Não encontrarão nada que pudesse revelar o que houve com você. Achei um ultrage envolver os trouxas nisso, mas seria muito suspeito se dissessemos que não podem investigar um crime. Claro que só fiquei sabendo disso um pouco depois, porque estava cuidando da segurança do Harry. - ele pareceu se lembrar de alguma coisa importante e disse: - Harry esta vivo, Líllian.
Ela se confundiu. Quem era Harry? Quem era Voldemort? Mas o homem não deu tempo para que ela respondesse ou sequer perguntasse algo.
- Logo, fui convocado pelo Ministro para vir checar se era mesmo você. O Ministro trouxa nos disse que havía uma de nós no mundo trouxa, então eu vim ver quem era. E, sim, era você. Está viva. Poucos acreditaram, mas está aqui e isso é de extrema importância. - ele sorriu. - Devia ter acompanhado a reação da Ordem quando ficaram sabendo... Mas receio dizer que Tiago não teve o mesmo destino que vocês. - o homem pausou. - Ele morreu, Líllian. Sinto muito.
Por Deus, quem era Tiago? Ela não sabia, mas sentiu um aperto desconhecido no peito.
- Espere! - pediu antes que o velho continuasse. - O que é este lugar? - perguntou.
- Um centro de recuperação. - ele disse à ela. - É para este lugar que os trouxas vem quando sofrem grandes acidentes e precisam de exames para comprovar sua lucidez. Normalmente, eles não ficam mais que alguns meses. Por isso fique tranquila. Você logo sairá. - prometeu.
A mulher o olhou com um misto de confusão, incredulidade e tristeza.
- Como sabe de tudo isso? - perguntou.
- Ah, o Ministro me pediu para que cuidasse de você e de Harry. - respondeu.
- Mas quem é você? - perguntou. Como esse homem podia cuidar dela, se nem ao menos se conheciam?
O homem arregalou os olhos para essa pergunta. Estava extremamente surpreso com aquilo tudo. Examinou a mulher à sua frente para ter certeza de que a havia reconhecido certo. Como ela podia não saber quem era ele?
- Eu sou Dumbledore. - o homem lhe disse.
- Dumbledore. - ela repetiu para que o nome penetrasse em sua mente. Enfim descobrira quem era o homem. Mas não o conhecia. Não se lembrava de tê-lo visto. Salvo o dia em que o encontrara no corredor do local enquanto fugia.
- Você está bem? - Dumbledore perguntou à mulher.
Ela pareceu meditar um momento antes de dizer:
- Sr. Dumbledore, por que eu estou aqui?
- Ora, porque você e sua família foi atacada por Voldemort... - ele foi interrompido:
- Quem é Voldemort? - a mulher perguntou.
- É simplesmente o homem mais perigoso que o mundo já conheceu. Matou tanta gente inocente e entre suas vitimas estão Tiago e Harry.
- Ele queria me matar? - perguntou a Dumbledore.
- Sim e não. - ele pausou. - Voldemort apenas matou Tiago e tentou te matar, por que vocês tentavam protejer Harry.
A mulher pensou sobre aquilo.
- Porque ele nos atacou?
- Por causa que Harry nasceu e foi feita uma profecia contando que ele seria capaz de matar o Lord das Trevas, ou seja, Voldemort.
- E nós tentamos protegê-lo?
- Sim.
Ela baixou os olhos e examinou o piso de madeira fosco e bonito por ser simples. Um homem tentara mata-la, porque ela e o tal Tiago tentavam proteger Harry. Como não se lembrava disso?
- Quem é Harry? - perguntou.
A mulher observou Dumbledore arregalar os olhos em choque com a pergunta.
- Harry é seu filho. - respondeu.
- Meu filho? - se certificou.
- Sim.
- E quem é Tiago?
Dumbledore parecia cada vez mais chocado com tudo aquilo.
- Tiago era seu marido.
Ela perdeu a voz por alguns instantes. Se casara com um homem chamado Tiago e eles tiveram um filho camado Harry. Quando ele nasceu, foi feita uma profecia, prevendo que ele derrotaria o tal Voldemort. Este quando soube que seria derrotado, caçou-os, matou o marido, tentou matá-la e tentou matar o filho. Mãe e filho sobrevivem, mas o pai morre. Por que não se lembrava disso então?
Seu marido acabara de morrer e ela não conseguia chorar por ele. Não o conhecia, portanto como sentiria sua falta?
- Quem é Líllian? - perguntou.
Dumbledore, já conformado com as perguntas dela, suavizou sua expressão e resolveu respondê-las com paciência.
- Você. - disse simplesmente.
- Eu?
- Sim; seu nome é Líllian Evans Potter; você tem vinte e cinco anos; seu marido, Tiago Potter, esta morto; seu filho, Harry Potter, sobreviveu e esta morando com sua irmã, Petúnia. - explicou calmamente. - Oh, espere! - pediu, como se lembrasse de algo.
Enfiou a mão dentro do paletó e retirou um pedaço de papel dobrado em dois. Ele entregou a Líllian, que pegou o papel com relutância.
Líllian abriu-o e examinou. Era uma foto em preto e branco e estava amassada. Nela as pessoas se mechiam em um parque, sentadas na beira de uma fonte e ela pode observar um bebê, que identificou como Harry. Ao lado dele havia um homem de óculos parecidíssimo com a criança. Do outro lado do bebê, havia uma mulher. Era bonita. Seus cabelos longos caíam em ondas pelos ombros. Tinha uma sorriso bonito e feliz. As feições eram delicadas, mas independentes.
- Quem é essa mulher? - perguntou à Dumbledore.
- Você. - respondeu mais uma vez.
Como ela podia não se lembrar das próprias feições? Ela se lembrava vagamente de ter ficado frente à frente com um espelho, mas estava tão concentrada no que havia atrás dele, que não se importou com o que refletia nele. Líllian virou a foto para ver o verso. Nele estava escrito, em uma letra caprichosa, a seguinte frase:
"Olá, Sirius.
Estou lhe enviando esta foto para que possa participar do primeiro passeio de Harry ao parque. É uma pena que não esteja aqui.
Líllian"
Líllian fechou os olhos e respirou fundo.
- Quem é Sirius?
- O melhor amigo da família Potter e padrinho do seu filho.
- O que exatamente esta acontecendo aqui? - ela perguntou.
- Você é uma bruxa. - ele disse. - E no mundo bruxo, há o poder comandado por aqueles que não merecem obtê-lo. Voldemort, o bruxo mais perigoso de todo um século, podia ser derrotado. Por isso, ele decidiu não deixar isso acontecer e partiu em busca daquilo que o ameaçava: Harry Potter. Vocês tentaram se proteger, mas alguém os entregou e Voldemort matou seu marido e tentou matar a você e seu filho. Não conseguiu. Foi destruído.
- Voldemort morreu?
- A maioria prefere acreditar que morreu. Mas eu não acredito em nada disso e espero que você também não acredite.
- Quem nos traiu? - perguntou.
- Sirius Black.
- O homem para quem eu destinei a foto?
- Sim. - respondeu.
Líllian abriu os olhos e encarou Dumbledore.
- Por que não me lembro? - perguntou.
- É exatamente isso que vou perguntar à sua médica. Volto em alguns minutos. - ele se levantou e saiu.
Ela pensou que Dumbledore talvez tivesse um disturbio de personalidade múltipla. Ele era imprevisivel e mudava de atitude com uma frequencia exagerada. Mas, embora mal o conhecesse, ela acreditava nele. E isso a perturbava.
Olhou janela afora e se perguntou o que faria agora. Estava sozinha. Sim, ainda tinha família segundo Dumbledore, mas não se lembrava dela. Tinha um filho que não sabia que existia. Seu marido estava morto e ela não sentia nada por isso. Estava em um lugar estranho e tinha vinte e cinco anos, mas sentia-se como uma criança que acaba de nascer e descobre a casa onde vai viver o resto de sua vida.
Líllian observou a chuva cair e escorrer pelo vidro da janela. Examinou uma gota em particular, acompanhando seu trageto até que não pudesse mais vê-la. Pensou que a vida era exatamente daquele jeito: você a vivia até que ela desaparecia e então chega a morte.
Será que sua vida podia ser considerada dessa maneira? Será que podia chamar aquilo de vida?
......................................................................................................................................................................................................
N/A: aqui esta o primeiro cap da minha idéia. Por Favor, Por Favor, Por Favor:
COMENTEM!!!
COMENTEM!!!
Tudo era branco e isso a deixou apavorada. Onde estava? Porque estava ali?
Virou-se com dificuldade e examinou o quarto com cuidado. Estava desesperada. Queria sair dali. Algumas lágrimas chegaram aos seus olhos. Precisava sair. Havia alguma coisa que precisava fazer e para isso necessitava de sair dali o mais rápido possível. Precisava... precisava... Porque ela precisava sair dali? O que realmente a incomodava?
Não se importava. Pensaria nisso mais tarde. Primeiro teria que sair dali. Mas como?
Olhou em volta novamente.
Havia o tubo de ar, mas estava fora de cogitação. Com as pernas daquele jeito, não consiguiria subir. E se fosse esperar que melhorassem, levaria muito tempo e aqueles que a prenderam ali poderiam voltar.
Com mais desespero do que o necessário para pensar, ela olhou em volta. A porta. A mulher experimentou dar um passo. Suas pernas cederam e ela quase caiu, mas manteve-se firme. Andou precariamente até a porta e procurou uma massaneta. Não encontrou. Havia um quadrado com botões e espaço para passagem de cartão ao lado da porta. Ela examinou a caixinha minuciosamente, tentando pensar em um modo de ativá-la e abrir a porta.
Apertou alguns de seus botões, pensando em que números apertar.
- Droga! - exclamou indignada. Havia letras também. Um código misto de números e letras. Milhares de combinações e apenas uma abria a porta. Levaria anos para sair dali.
Tentou uma vez: 26J788L. Na pequena tela apareceu uma mensagem que ela não soube o que dizia, mas entendia que a senha estava errada por causa da luz vermelha.
- Droga, droga, droga... - repetia fazendo mais duas tentativas antes de desistir totalmente da tarefa. - E agora?
Ainda havia a passagem para o cartão. Mas ela não tinha cartão algum. Virou-se novamente. Examinou o quarto procurando mais alguma saída que não havia considerado. Não encontrou nada que pudesse entender como uma saída, muito menos que pudesse abrir a porta.
Lágrimas caíram de seus olhos devagar e lentamente. Precisava sair dali. Encarou o branco total do quarto com desespero. A cor copiosa a assustava. Enlouquecia. O bipe descontrolado e permanente do aparelho continuava soando em seus ouvidos. Se não saísse dali iria ficar louca. Se não saísse dali morreria. Mas aquelas não eram suas maiores preocupações. A mulher procurava a cor verde desesperadamente em algum lugar e não conseguia encontrar. E se perguntou porque fazia isso.
Seus olhos pararam em alguma coisa em cima da cama que refletia a luz. A agulha.
Com pressa ela limpou as lágrimas e deu passos cambaleantes até a cama. Seus pés entortavam e isso doía, mas ela pouco se importava. Apanhou a agulha com as mãos tremendo. Voltou até a porta. Ou pelo menos tentou. No meio do caminho, ela caiu novamente com um estrondo. Doeu.
A mulher se arrastou até a porta e levantou apoiada na parede como havia feito da últimas vez.
Ela colocou a ponta da agulha no começo do espaço para cartão e começou a arrastá-la para baixo, percorrendo toda a extensão do espaço.
- Por favor, por favor... - ela pediu sussurrando, como se a agulha pudesse atender a esses desejos e abrir a porta. Porém quando chegou no meio do caminho, a agulha emperrou. - Não! Não, não... - ela repetia enquanto forçava a agulha à passar pelo espaço, mas este não cedia.
Impacientemente, ela forçou a passagem da agulha pelo local. Mas, como havia acontecido quando a mulher tentara retirar a mesma de seu corpo, a agulha entortou na abertura e atingiu algum ponto da pequena caixinha, pois uma luz verde indicou que a porta estava aberta.
A mulher examinou a luz verde que surgiu e perguntou-se se era aquela cor que ela procurava, mas não a identificou como sendo a que buscava. Sorriu vitoriosa e andou o mais firme que conseguiu até a porta aberta. A sensibilidade dos pés estava voltando e seu sorriso se alargou ao constatar que poderia andar com mais rapidez e sem se apoiar nas paredes do local. E se perguntou o porque de estar fugindo e para onde iria. Não encontrou resposta.
Mas, assim que colocou os pés para fora da porta, um alarme soou, mais alto e ainda mais assustador que o último e ela correu assustada.
Observou que as paredes e o chão dos corredores eram do mesmo branco doentiu do quarto em que estava, e isso a deixou um pouco temerosa. A vida já não era estranha demais para que tudo fosse branco? Diria isso para alguém mais tarde e talvez escrevesse um livro sobre a loucura que podia ser gerada em um ambiente como aquele.
Algumas pessoas começaram a ser vistas pelos corredores e a olhavam com curiosidade evidente. Outras que faziam anotassões em pranchetas, ou conversavam com outras pessoas, pararam para observar. Todos estavam vestidos pelo mesmo branco que a assombrava e algumas lágrimas caíram de seus olhos. Onde ela estava? O que fazia ali? Por que a haviam trancafiado em um lugar como aquele?
Homens começaram a persegui-la pelos corredores enquanto ela procurava uma saída. A mulher sentia frio. Suas roupas eram finas e curtas e o ambiente era gelado. Precisava sair dali.
- Moça! Por favor, pare! - gritou alguém que também a perseguia. A mulher continuou a correr. - Vai se machucar!
Ela não respondia, apenas continuava a fugir, com as lágrimas escorrendo pelo rosto frio.
No final do corredor que percorria - todos os corredores pareciam ser iguais -, havia uma homem parado. Ele tinha olhos azuis, era velho, tinha uma barba branca e longa e oclinhos de meia lua. Usava uma roupa colorida. A mulher não o reconheceu, mas achou que ele parecia a única pessoa normal do lugar. Estava acompanhado por uma mulher de pele bronzeada - resultado de horas de bronzeamento artificial - e cabelos loiros; usava um jaleco branco e tinha uma prancheta na mão; parecia uma médica havaina.
A mulher que corria, se dirigiu ao velho, gritando:
- Me ajude! - berrava. - Me tire daqui!
O homem pareceu reconhece-la. Mas a confusão tomou conta de sua face simpática. A mulher chegou até ele, finalmente, e agarrou suas vestes, pedindo desesperadamente:
- Por favor, me ajude! Não deixe que me tranquem naquele lugar de novo. - pedia repetidamente.
- Líllian... - o homem começou.
Mas antes que pudesse fazer mais alguma coisa, os homens de branco que a perseguiam os alcançaram, pegando a mulher pelos braços e a puxando para longe do velho.
- Me ajude! - gritava ela.
Sentiu uma agulha penetrar seu braço.
- Me ajude... - pediu mais baixo. O homem apenas observava com horror a cena. - Me ajude...
A mulher perdeu a consciência.
......................................................................................................................................................................................................
Uma cena de repetição perpassou pela mente da mulher assim que esta sentiu a consciência voltar aos poucos. Pedia mentalmente para que ela não estivesse naquela sala horripilantemente branca na qual acordara da última vez. Mas ela podia ouvir o bipe do aparelho que soava repetitivo novamente. Queria que alguém o desligasse. Podia notar que não estava mais frio; sentia uma coberta quente em cima de seu corpo. Apertou os olhos com força para impedir que se abrissem. Não queria acordar de novo se não fosse para sair dali.
Lembrava-se vagamente das últimas horas desde que acordou. Ficara tão pouco tempo acordada e já estavam colocando-a para dormir de novo. Não desta vez. Ficaria acordada a qualquer custo até alguém lhe explicar o que estava acontecendo e depois pediria para sair dali. Se ninguém atendesse ao seu pedido, daria um jeito de ir embora.
Havia luz e ela sabia disso mesmo estando de olhos fechados. A claridade deixava suas pálpebras vermelhas.
A mulher entendia que havia mais alguém no quarto, pois podia ouvir sua respiração lenta e ritimada. Aquilo realmente a acalmava. Saber que pelo menos aquela pessoa podia respirar com calma. Enquanto ela só conhecia a respiração rápida de medo ou por causa da corrida pelos corredores do que parecia ser um hospital. Sua respiração fora apenas isso e mais nada. Que ela se lembrasse, claro.
Quem estaria ali? Fazendo-lhe companhia? Será que ela queria saber mesmo?
Com um suspiro resignado, a mulher abriu os olhos. A luz que encontrou não era descomunalmente branca. Era apenas clara e não a cegou. Ela esperou seus olhos se acostumarem com a claridade. Quando conseguiu enxergar de forma aceitável, ela examinou a si mesma: não havia agulhas, nem aparelho respiratório, nada puxava seu cabelo. Mas o pregador, conectado ao equipamento que produzia o bipe, continuava lá. Ela agradeceu intimamente por isso.
Levantou a cabeça de seu corpo estendido e fitou o local onde se encontrava. Ficou feliz em constatar que não era branco, mas de um amarelo claro. Os móveis eram de madeira e o chão também. A porta era de vidro e tinha a mesma caixinha quadrada, mas sem a entrada para cartão.
Havia duas janelas grandes com cortinas azuis marinho. Uma delas estava aberta, deixando claro que estava chovendo. Suas cobertas eram do mesmo azul das cortinas.
Finalmente, a mulher levantou os olhos para o homem sentado à sua frente. Era o mesmo que havia visto no corredor em sua fuga. Mas suas roupas, que antes eram vermelhas, estavam amarelas e ele usava uma gravata cor de rosa. Era a coisa mais alegre que ela já havia visto em toda a sua vida.
- Olá, Líllian. - ele cumprimentou.
A mulher se sentou ao ouvir tal afirmação e se encostou nos travesseiros brancos.
- O que? - perguntou à ele.
O velho a ignorou.
- Devo dizer que fiquei assustado com a cena do corredor e acho que por isso acabei tendo uma idéia, provavelmente errada, de que os trouxas são violentos. Mas logo discartei o pensamento. E ainda me pergunto o que era aquilo que eles espetaram no seu braço. A doutora me explicou, mas não entendi absolutamente nada. - ele fez uma pausa. - Depois disso, você ficou desacordada por dois dias. Fiquei preocupado. Achei que tivesse morrido, mas a doutora novamente teve a bondade de me explicar que enquanto o bipe, que escutamos agora, estivesse tocando, significava que você estava viva. - ele novamente fez uma outra pausa. A mulher apenas o encarava com grande interesse. - Pedi a eles que me mostrassem a sala onde estava sendo mantida e a achei um tanto sem graça e desconfortável, por isso pedi a eles que lhe trouxessem para esta. Muito melhor não acha? - perguntou olhando em volta com ar sonhador.
- Também acho. Mas... - ela começou, mas foi interrompida.
- Como esta se sentindo agora, Líllian? - perguntou.
A mulher o encarou sem entender. Quem era Líllian afinal?
- Bem. Principalmente por estar sem aquelas agulhas.
- Quanto às agulhas, a doutora fez uns exames em você e decidiu que não precisava mais delas. E me prometeu que quando você acordasse, ela despensaria o aparelho que produz o bipe. - ele disse. - Mas, me diga, está mesmo tudo bem? - ele quis se certificar.
- Estou bem. - respondeu.
- Tem certeza?
- Acho que... sim. - ela formulou uma nova pergunta. - Só não entendo aonde eu estou.
O homem sorriu para ela, compreensivo.
- Depois do incidente com Voldemort, você foi encontrada por alguns trouxas que ligaram para a polícia. Eles te trouxeram para este local e começaram uma investigação. Eu acho inútil. Não encontrarão nada que pudesse revelar o que houve com você. Achei um ultrage envolver os trouxas nisso, mas seria muito suspeito se dissessemos que não podem investigar um crime. Claro que só fiquei sabendo disso um pouco depois, porque estava cuidando da segurança do Harry. - ele pareceu se lembrar de alguma coisa importante e disse: - Harry esta vivo, Líllian.
Ela se confundiu. Quem era Harry? Quem era Voldemort? Mas o homem não deu tempo para que ela respondesse ou sequer perguntasse algo.
- Logo, fui convocado pelo Ministro para vir checar se era mesmo você. O Ministro trouxa nos disse que havía uma de nós no mundo trouxa, então eu vim ver quem era. E, sim, era você. Está viva. Poucos acreditaram, mas está aqui e isso é de extrema importância. - ele sorriu. - Devia ter acompanhado a reação da Ordem quando ficaram sabendo... Mas receio dizer que Tiago não teve o mesmo destino que vocês. - o homem pausou. - Ele morreu, Líllian. Sinto muito.
Por Deus, quem era Tiago? Ela não sabia, mas sentiu um aperto desconhecido no peito.
- Espere! - pediu antes que o velho continuasse. - O que é este lugar? - perguntou.
- Um centro de recuperação. - ele disse à ela. - É para este lugar que os trouxas vem quando sofrem grandes acidentes e precisam de exames para comprovar sua lucidez. Normalmente, eles não ficam mais que alguns meses. Por isso fique tranquila. Você logo sairá. - prometeu.
A mulher o olhou com um misto de confusão, incredulidade e tristeza.
- Como sabe de tudo isso? - perguntou.
- Ah, o Ministro me pediu para que cuidasse de você e de Harry. - respondeu.
- Mas quem é você? - perguntou. Como esse homem podia cuidar dela, se nem ao menos se conheciam?
O homem arregalou os olhos para essa pergunta. Estava extremamente surpreso com aquilo tudo. Examinou a mulher à sua frente para ter certeza de que a havia reconhecido certo. Como ela podia não saber quem era ele?
- Eu sou Dumbledore. - o homem lhe disse.
- Dumbledore. - ela repetiu para que o nome penetrasse em sua mente. Enfim descobrira quem era o homem. Mas não o conhecia. Não se lembrava de tê-lo visto. Salvo o dia em que o encontrara no corredor do local enquanto fugia.
- Você está bem? - Dumbledore perguntou à mulher.
Ela pareceu meditar um momento antes de dizer:
- Sr. Dumbledore, por que eu estou aqui?
- Ora, porque você e sua família foi atacada por Voldemort... - ele foi interrompido:
- Quem é Voldemort? - a mulher perguntou.
- É simplesmente o homem mais perigoso que o mundo já conheceu. Matou tanta gente inocente e entre suas vitimas estão Tiago e Harry.
- Ele queria me matar? - perguntou a Dumbledore.
- Sim e não. - ele pausou. - Voldemort apenas matou Tiago e tentou te matar, por que vocês tentavam protejer Harry.
A mulher pensou sobre aquilo.
- Porque ele nos atacou?
- Por causa que Harry nasceu e foi feita uma profecia contando que ele seria capaz de matar o Lord das Trevas, ou seja, Voldemort.
- E nós tentamos protegê-lo?
- Sim.
Ela baixou os olhos e examinou o piso de madeira fosco e bonito por ser simples. Um homem tentara mata-la, porque ela e o tal Tiago tentavam proteger Harry. Como não se lembrava disso?
- Quem é Harry? - perguntou.
A mulher observou Dumbledore arregalar os olhos em choque com a pergunta.
- Harry é seu filho. - respondeu.
- Meu filho? - se certificou.
- Sim.
- E quem é Tiago?
Dumbledore parecia cada vez mais chocado com tudo aquilo.
- Tiago era seu marido.
Ela perdeu a voz por alguns instantes. Se casara com um homem chamado Tiago e eles tiveram um filho camado Harry. Quando ele nasceu, foi feita uma profecia, prevendo que ele derrotaria o tal Voldemort. Este quando soube que seria derrotado, caçou-os, matou o marido, tentou matá-la e tentou matar o filho. Mãe e filho sobrevivem, mas o pai morre. Por que não se lembrava disso então?
Seu marido acabara de morrer e ela não conseguia chorar por ele. Não o conhecia, portanto como sentiria sua falta?
- Quem é Líllian? - perguntou.
Dumbledore, já conformado com as perguntas dela, suavizou sua expressão e resolveu respondê-las com paciência.
- Você. - disse simplesmente.
- Eu?
- Sim; seu nome é Líllian Evans Potter; você tem vinte e cinco anos; seu marido, Tiago Potter, esta morto; seu filho, Harry Potter, sobreviveu e esta morando com sua irmã, Petúnia. - explicou calmamente. - Oh, espere! - pediu, como se lembrasse de algo.
Enfiou a mão dentro do paletó e retirou um pedaço de papel dobrado em dois. Ele entregou a Líllian, que pegou o papel com relutância.
Líllian abriu-o e examinou. Era uma foto em preto e branco e estava amassada. Nela as pessoas se mechiam em um parque, sentadas na beira de uma fonte e ela pode observar um bebê, que identificou como Harry. Ao lado dele havia um homem de óculos parecidíssimo com a criança. Do outro lado do bebê, havia uma mulher. Era bonita. Seus cabelos longos caíam em ondas pelos ombros. Tinha uma sorriso bonito e feliz. As feições eram delicadas, mas independentes.
- Quem é essa mulher? - perguntou à Dumbledore.
- Você. - respondeu mais uma vez.
Como ela podia não se lembrar das próprias feições? Ela se lembrava vagamente de ter ficado frente à frente com um espelho, mas estava tão concentrada no que havia atrás dele, que não se importou com o que refletia nele. Líllian virou a foto para ver o verso. Nele estava escrito, em uma letra caprichosa, a seguinte frase:
"Olá, Sirius.
Estou lhe enviando esta foto para que possa participar do primeiro passeio de Harry ao parque. É uma pena que não esteja aqui.
Líllian"
Líllian fechou os olhos e respirou fundo.
- Quem é Sirius?
- O melhor amigo da família Potter e padrinho do seu filho.
- O que exatamente esta acontecendo aqui? - ela perguntou.
- Você é uma bruxa. - ele disse. - E no mundo bruxo, há o poder comandado por aqueles que não merecem obtê-lo. Voldemort, o bruxo mais perigoso de todo um século, podia ser derrotado. Por isso, ele decidiu não deixar isso acontecer e partiu em busca daquilo que o ameaçava: Harry Potter. Vocês tentaram se proteger, mas alguém os entregou e Voldemort matou seu marido e tentou matar a você e seu filho. Não conseguiu. Foi destruído.
- Voldemort morreu?
- A maioria prefere acreditar que morreu. Mas eu não acredito em nada disso e espero que você também não acredite.
- Quem nos traiu? - perguntou.
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!