De Comportamentos Precipitados
N/A: Certamente vocês irão perceber que o Snape parece muito mais ameno neste e no próximo capítulo do que nos livros, mas lembrem-se que estamos tratando de Sonserinos e não de Grifinórios (principalmente Harry Potter!), como acontece na história de Rowling. ^_^0
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A semana correu sem nenhuma novidade, sem que Allard mudasse de atitude e sem que Draco obtivesse alguma resposta por parte de seu pai, o que o deixou particularmente incomodado, pensando que seu pai o julgara mexeriqueiro e indiscreto... Aurea, ainda triste pela perda do amigo que mal acabara de conhecer, procurou esquecer o ocorrido e fazer amizade com Pansy, que já lhe parecia muito mais simpática a despeito de sua afetação diante de Draco e a primeira impressão ruim que deixara. Porém, toda vez que seu olhar encontrava Warrick, sentia o estômago revirar com um misto de despeito, arrependimento e tristeza.
Estivera com a irmã mais velha, durante o fim de semana, em várias ocasiões e achou-a um tanto acabrunhada e melancólica, diferente do que vira nas aulas: uma professora empolgada que cumpria seu papel prazerosamente, dando atenção à todos e mostrando-se sempre disposta a ajudar, embora também tenha se mostrado muitíssimo rigorosa e passado uma tonelada de lição! Sentiu-se orgulhosíssima dela quando, após a primeira aula, Draco elogiara seu dinamismo, atitude e... "Além de tudo é uma mulher belíssima, com um porte nobre e altivo... Você se parece muito com ela, Aurea, as únicas diferenças são a idade e os olhos." Ainda lembrava, vaidosa, cada uma das palavras que ele usara.
Apesar da ótima repercussão de suas aulas, Lacrima não tinha vontade de comer nem dormir, sentia-se mais solitária que nunca e somente a sala de aula conseguia fazer-lhe esquecer de tudo e se divertir. Percebendo a profunda melancolia da jovem professora, o diretor mandara chamá-la à sua sala durante a tarde de sábado. Argo Filch deu-lhe o recado enquanto a professora afagava carinhosamente Madame Norra. Adorava gatos e por isso ganhou a simpatia do zelador.
- Boa tarde, diretor.
- Boa tarde, querida, sente-se, por favor.
- Obrigada.
- Professora Lunare, antes de mais nada, gostaria de parabenizá-la pela boa repercussão de suas aulas, os alunos apreciaram muito seus métodos. Mas eu não a chamei aqui para dizer-lhe algo que você já sabe. Chamei-a porque tenho percebido-a um tanto melancólica nos intervalos... Gostaria que a senhorita se sentisse à vontade para abrir-se comigo, assim eu posso tentar ajudá-la. - Dumbledore sorria tão gentilmente que ela se sentiu confortável para falar-lhe.
- Bem, é apenas uma pequena crise de solidão, creio que sou um tanto anti-social - disse com um meio sorriso completamente sem jeito.
- Ah, entendo... Acredito que uma mulher tão jovem e com uma história tão singular tenha mesmo dificuldade em se encaixar qualquer que seja a situação... Mas creio que você descobrirá histórias interessantes entre os professores. Ah, sim, providenciarei que um deles apresente-lhe os arredores de Hogwarts.
- Oh, por favor, não há necessidade de incomodá-los...
- Não será nenhum incômodo, as localidades são ótimas, é sempre divertido visitá-las! - disse sorrindo e antes que ela pudesse responder, o jovial velhinho mudou de assunto - Mas, e aquela adorável senhorita, sua irmã? Como ela está se saindo?
- Ah, Aurea tem uma personalidade expansiva, já fez várias amizades e está felicíssima por finalmente poder conviver com outras crianças.
- Que bom! Mas, ela não tinah coleguinhas de sua idade?
- Bem, receio que não... Ela viveu até os seis anos praticamente confinada no Nigra Nox acompanhada apenas por nossa avó e os poucos criados humanos que temos. Mesmo a mim, ela via muito pouco, só nos recessos da escola e no período que passei em casa, quando obviamente fui uma péssima companhia! Depois, ela foi viver com a Sra. Farfalla Foletti e a situação não foi muito melhor, já que sua presença lá era segredo.
- A Sra. Foletti me relatou toda a história e seus motivos...
A professora voltara mais animada da sala do diretor, onde ficara conversando por mais alguns minutos. Conversar sobre coisas que lhe eram familiares era sempre bom e o diretor fora muito gentil em evitar pontos ruins, pensava ela. Passou o resto do dia ajudando a irmã com as lições e usufruindo da maravilhosa biblioteca de Hogwarts.
Os dias que se seguiram foram calmos e sem maiores novidades, mas a quarta-feira traria diferentes ânimos ao nosso grupo de primeiranistas sonserinos...
Durante o café da manhã, Draco exibira um sorriso vitorioso após ler algo que lhe chegara via coruja e no caminho para o almoço, estando acompanhado de Aurea, Pansy, Crabbe e Goyle, alcançou Allard em um corredor.
- Boa tarde, Sr. Warrick... Oh, é esse mesmo o seu sobrenome?
O rosto do garoto passou do branco pálido para o escarlate em questão de segundos, enquanto Malfoy continuava o discurso:
- Pergunto isso porque as caridosas bruxas do Orfanato Elektra Lakatus de Hogsmeade costumam dar sobrenomes aleatórios para os filhos de pais desconhecidos...
Allard queria fugir, mas sentia-se como se pesasse toneladas, seus pés não levantavam do chão. Draco, com um sorriso irônico fruia os resultados de sua provocação enquanto os outros, parados, exibiam apenas surpresa no rosto.
- Nem você sabe quem é, não é mesmo, Allard? Talvez você seja mais um daqueles sangue-ruins que os bruxos abandonam por pura vergonha! Que ridículo!
Draco começou a rir cinicamente, acompanhado por Crabbe e Goyle que sempre o imitavam sem nem mesmo saber o que faziam, enquanto isso, Pansy lançava um olhar interrogativo a Aurea, perguntando mudamente como deveria agir, mas antes que obtivesse qualquer resposta da surpresa amiga, Allard, tomado de um ódio implacável, vociferou:
- Não tem motivo melhor para rir, Malfoy? Experimenta isso! - e tirando a varinha do bolso num movimento inesperado, berrou - Rictusempra!
Na fração de segundo que precedeu o baque, Draco arregalou os olhos em terror e teria feito menção de pegar a varinha, mas o feitiço o atingiu e ele sentiu uma forte contração no ventre, seguida por gargalhadas compulsivas que ele não podia controlar.
Allard respirava fundo, ainda descarregando a raiva, parado no mesmo lugar, sem saber o que fazer, enquanto os dois brutamontes, aparvalhados, tentavam se decidir se ajudavam o amigo ou espancavam Warrick.
- E agora?! O que podemos fazer?!
- Ah, como se desfaz um feitiço?!
- Não sei, vamos chamar alguém!
As meninas trocaram essas palavras e saíram em direção ao corredor para procurar alguém que pudesse ajudar. À vista disso, Allard pôs-se a correr na direção oposta, fugindo do local, mas não pode ir muito longe. Madame Norra cumprira seu papel e agora Filch o segurava com força pelo braço.
- O que significa isso?!
- Senhor, esse Warrick enfeitiçou Malfoy! - Dizia Goyle, atropelando as palavras e, enquanto narrava o acontecido, Aurea e Pansy chegaram com a professora Sprout.
- Ora, ora! Finite Incantatem!
A professora apontou a varinha para Draco, lançando o contra-feitiço e o menino parou imediatamente de rir, segurando o ventre dolorido, fingindo-se mais afetado do que realmente estava.
- Sr. Filch, por favor, chame o professor Snape. Sonserinos são responsabilidade dele. Vá que eu vigio estes moleques!
Draco gemia fingidamente enquanto Pansy tentava acalmá-lo, Allard, mais pálido que o normal, permanecia imóvel, frente à Crabbe e Goyle que o olhavam ameaçadoramente. Aurea encostada na parede, permanecia cabisbaixa.
Snape chegou, apressado, com Filch em seu encalço e, esbravejando, perguntou o que houvera, mas obteve todas as respostas ao mesmo tempo.
- Um de cada vez! Srta. Lunare, responda-me você!
Aurea pensou por um momento e respondeu, temerosa:
- Malfoy humilhou Warrick por sua origem e Allard lhe aplicou o Rictusempra...
- Entendo... Os dois me acompanhem até minha sala, conversaremos sobre a detenção. - Dizia num tom comedido, mas ameaçador.
Sentaram-se assustados nas cadeiras defronte a escrivaninha do professor, enquanto este andava de um lado para outro, mãos às costas, silencioso como um felino.
- Pois bem. Passarão a noite de hoje cumprindo tarefas para se lembrarem das nossas regras. O Sr. Malfoy vai ajudar o Sr. Filch na ronda noturna durante uma hora e o Sr. Warrick vai atualizar os rótulos de meus ingredientes e reorganizá-los nas prateleiras, em ordem alfabética.
Allard estava tão aturdido que nem mesmo pode protestar contra a injusta diferença nas punições quando constatou a absurda quantidade de frascos que o esperavam.
Ambos saíram sem se olhar e todo o dia foi quieto e cinzento para o grupinho de sonserinos.
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